Iminente destino escrita por AsgardianSoul


Capítulo 8
Capítulo 7 — Transcendente


Notas iniciais do capítulo

Hello, everyone! Desculpe a demora. Faculdade e tals. Mas chega de problemas, porque agora é fanfic time *w*
Continuaremos vendo resoluções dos nossos heróis. Algumas vocês podem concordar, outras não. Veremos!
Boa leitura!



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You don't know my mind
You don't know my kind
Dark necessities are part of my design and
Tell the world that I'm falling from the sky
Dark necessities are part of my design

https://youtu.be/Q0oIoR9mLwc

Os olhos dela pesavam. A sensação estava de volta outra vez. Tinha visto algo. Lea arqueou corpo ao recobrar a consciência, mas foi logo contida por duas mãos gentis em seus ombros. Aos poucos focalizou o rosto da enfermeira negra de cabelos ondulados, controlou a respiração e voltou a se deitar no leito da enfermaria.

— Quanto tempo fiquei desacordada? — perguntou, apreensiva.

— Cerca de meia hora — respondeu calmamente a enfermeira. — Você desmaiou na sala de treinamento e Kate a trouxe. Sua pressão arterial estava um pouco elevada e os joelhos esfolados, fora isso, nada de anormal. Como se sente?

A pergunta fez Lea refletir. Repetiu-a para si mesma. Parecia que sua mente tinha travado no contraste do vermelho com o branco. A angústia retornara. Subitamente se encolheu no leito, acometida pelo medo do desconhecido.

— Qual o seu nome? — Desviou da resposta com outra pergunta.

— Claire.

— Claire, por favor, chame Steve. Preciso falar com ele — pediu, cerrando os punhos de tensão.

Claire observou a expressão atemorizada da garota. Com medo de que tivesse outro colapso, ela obedeceu. Foi até a entrada e abriu a porta. Kate a aguardava ansiosamente.

— Como ela está? — perguntou, se aproximando.

— Ela está bem, porém, não falou quase nada. — A arqueira deu um passo adiante para entrar, mas foi impedida pela enfermeira. — Por favor, ela não quer ver ninguém, a não ser o Capitão Rogers.

Kate afastou-se, numa expressão quase magoada, e retornou para junto de Clint. A negra olhou adiante e viu Sam e Steve, que já se adiantava, com o semblante duro. Não soube dizer se de preocupação ou cansaço. Estava sendo tempos difíceis para todos. Steve parou junto dela, esperando qualquer informação adicional.

— Ela acabou de acordar, então aconselho pegar leve. — Ele assentiu.

Os passos de Steve tornaram-se mais comedidos ao entrar na enfermaria. Não queria piorar o estado de Lea com seus problemas. Nunca saberia como era passar pelo que ela estava passando, só imaginava que ver uma coisa acontecendo diante de seus olhos e não poder fazer nada deveria ser um pesadelo. Aproximou-se do leito e a encontrou encarando o teto, controlando-se para segurar as lágrimas. O soldado pousou a mão devagar sobre o punho cerrado dela, que diminuiu um pouco a rigidez ao toque.

— É um fardo pesado demais para se carregar, eu sei — começou ele, exprimindo um meio sorriso. Ela o encarou, forçando-se a também sorrir. — Eu estou aqui, pode falar o que quiser.

— Desculpe pelo transtorno, não foi minha intenção — desculpou-se, antes de tudo. — Eu estava com Kate na sala de treinamento. Nós tínhamos acabado de treinar uns golpes, quer dizer, ela me ensinou, aí demos uma pausa. Não sei o que desencadeou aquilo, só sei que de repente senti frio e meus pés estavam cobertos de neve. O horizonte era tão alvo que não consegui enxergar nada, então abaixei os olhos; foi onde vi um rastro de sangue na neve.

As lágrimas contidas desde que recobrou a consciência vieram à tona. O contraste do vermelho no branco fazia aquilo com ela. A sensação de estar presa entre a fantasia e a realidade tornava-se cada vez mais enlouquecedora. Simplesmente não conseguia lidar.

— Calma, Lea, esta não é a sua primeira visão — afirmou Steve, apertando a mão dela entre a sua.

— Não é a visão, são os sentimentos que elas despertam, Steve — gritou, levando a mão livre a face. Nem ela entendeu o grito, apenas deixou sair. — Eu nunca senti nada igual, foi um sentimento de perda inigualável. E novamente sinto que não posso fazer nada!

Repentinamente, Steve entendeu. Não eram as visões ou os sentimentos, era a sensação de impotência.

— Então é isso...? É sobre fazer algo? — perguntou para si, mesmo sabendo a resposta. — Lea, você não está mais sozinha agora. Nós podemos ajudar.

— Será mesmo?

A desconfiança doeu em Steve. Deixou isso passar, pois ela estava abalada. Quando estamos com muita coisa na cabeça fazemos coisas que não são do nosso feitio. Aprendeu isso horas atrás. Não iria agir errado da próxima vez. Se pelo menos Wanda estivesse presente, saberia lidar melhor com a situação. Logo lembrou-se que ela foi capturada e aprisionada em uma cela submersa no meio do oceano, portando uma coleira sórdida que a impedia de usar os poderes. Sangue quente correu por suas veias.

— Sim, nós podemos — respondeu, por ela e por todos que não pôde ajudar. — Você viu mais alguma coisa?

— Não, eu apaguei depois, e não tenho ideia do que isso possa significar — informou, antes que ele pudesse questionar.

— Já parou para pensar que esta visão pode ter vindo para ser interpretada e não ser uma previsão? — inquiriu ele, olhando adiante. Ela o encarou, confusa. — Pode ser que algo ruim venha a acontecer com a gente, aqui.

— Desculpe, Steve, mas o que vejo sempre acontece — retrucou. — Se eu vi sangue na neve, haverá sangue na neve. Não é como um sonho, onde você pode interpretar.

— Isso não é bom, Lea, porque você viu algo relacionado a mim que nenhum de nós quer que aconteça — sentenciou, resoluto. — Marque minhas palavras: aquela visão não irá acontecer, assim como esta.

A habilidade de inspirar tropas antes da batalha ainda funcionava, constou ele. Isso veio a calhar. Lea não chorava mais, nem cerrava os punhos. O semblante também parecia melhor. Não sabia se era isso que ela realmente estava sentindo, ou se fingia para não o deixar preocupado. De qualquer forma, suas palavras fizeram algum bem aos dois.

— Obrigada, Steve — agradeceu ela, envolvendo a mão dele entre as suas. Ele sorriu em resposta.

Depois de se desvencilharem, ele partiu. Ao sair da enfermaria as mesmas pessoas o aguardavam. Sam tinha se juntado a uma conversa despretensiosa com Kate e Clint. Antes que qualquer um deles pudesse perguntar, ele resmungou um “está tudo bem” e fez sinal para que Sam o seguisse. Clint observou os dois se afastarem com olhos de rapina.

— Essa garota é problema — resmungou Clint, crispando os lábios.

— Não me lembro de você ser tão ranzinza assim — provocou Kate, recebendo um olhar mortífero. — Vamos lá, Clint, não banque o velhote implicante. Lea é legal.

— Ela é um risco, Kate, não consegue ver? — falou, rude. Ela não estava reconhecendo aquele temperamento. — Sabe-se lá o que ela viu que deixou o Capitão tão apreensivo e cheio de segredos. Você viu como ele me excluiu? Eu sou parte do time, droga.

— Você está exagerando. Desde que cheguei aqui, notei que ele sempre tem mais afinidade com o Sam — esclareceu ela. — Acho que você está com ciúmes, isso sim! — Riu, dando tapinhas nas costas dele.

— Você tem uma mentalidade infantil, Bishop. Por essas e outras nunca será boa o suficiente para se juntar aos Vingadores — sentenciou, com desdém, sabendo que acertou no ponto mais fraco.

Antes que Kate pudesse explodir com ele, Clint deu meia volta e partiu para a superfície. Ela cerrou os punhos com toda força que conseguiu extrair de si mesma e rumou para a sala de treinamento. Enquanto planejava mentalmente como extravasar toda sua fúria, Steve e Sam dividiam o cômodo mais ermo da base, na tentativa de ter uma conserva privada e sem qualquer interrupção.

— Você está interpretando uma visão sem pé nem cabeça, Steve — afirmou Sam. — O que isso tem a ver com a segurança da base?

— Sam, não estou interpretando nada, só estou com um mau pressentimento — esclareceu. — Além do mais, já ficamos por tempo demais aqui.

— Nisso concordamos. Têm olhos em todo lugar, fora que alguém pode se descuidar e acabar sendo seguido. Será o fim da linha para nós.

— Então está decidido, vamos realocar a base da Resistência.

— Vou iniciar os preparativos — informou Sam, de saída.

Steve o interrompeu antes que alcançasse a porta. Mediu minuciosamente cada palavra do que iria dizer, pois era uma coisa que só poderia pedir a um amigo realmente de confiança.

— Sam, se o que Lea disse se confirmar, preciso que você esteja apto a fazer o que é necessário. — O negro deixou as palavras assentarem por um instante. Não, ele não está fazendo isso. — Se eu me juntar à Hidra, você terá que me parar.

* * *

Não demorou para que os litros de sorvete que Bob ingeriu fizessem efeito. Dominado pelo sono, foi para o sofá tirar um cochilo, só que ao passar pelo computador, reparou numa série de letras subindo na tela. Aproximou-se e estreitou os olhos. Não sabia se por efeito do açúcar, mas julgou estar vendo coisas. Leviathan is coming não fazia nenhum sentido para ele. Digitou várias teclas e nada de finalizar o loop, até que por fim desligou a máquina direto na fonte. Ainda ficou um tempo encarando a tela; passou por sua cabeça o jeito como Natasha saiu do apartamento. Ela parecia assustada. Para uma espiã altamente treinada como ela mostrar-se assustada com algo, esse algo deveria ser muito grande.

Decidiu-se duma vez, não iria embora. Sentou-se no sofá, refletindo sobre os últimos acontecimentos. Nem sabia para onde Natasha levou sua mãe. Não partiria mesmo! Cansado, deitou-se no sofá. Não demorou até entrar em sono profundo. Não soube por quanto tempo dormiu até despertar com um barulho. Virou-se para o outro lado desajeitadamente, atribuindo o som aos gatos no telhado. De repente arregalou os olhos; não havia telhado, muito menos gatos, e não estava na sua casa. Prestou mais atenção. Outro barulho seguiu-se, menos intenso, vindo da cozinha. Levantou-se com cautela, pé ante pé e espiou pela soleira da porta. Assim que distinguiu a imagem, chocou-se.

O corpo de Natasha lutava para manter-se de joelhos no chão da cozinha. Seus cabelos estavam desgrenhados, com algumas mechas chamuscadas. Uma mão apoiava-se no piso e a outra pressionava o sangramento no braço. Bob correu até ela e evitou sua queda. A cabeça dela pendeu para trás e parecia delirar. Ele afastou os fios ruivos do rosto dela. Seu olho esquerdo estava roxo e um filete de sangue escorria do canto da boca.

— Natasha, o que houve? — inquiriu Bob, desesperado, tentando mantê-la acordada.

— A... força tarefa... Ross.— Gemeu em busca de ar, como se cada palavra machucasse.

Bob compreendeu sem muito esforço. Seus punhos cerraram-se automaticamente. Mal conhecia a russa, mas o que fizeram foi desumano. Tentou tranquiliza-la, mesmo sabendo que ela tinha certeza da própria situação. Com dificuldade, carregou-a nos braços até o quarto e a estendeu sobre a cama. Não sabia muito sobre primeiros socorros, porém, pelo menos tentaria remediar os ferimentos maiores.

Conforme tratava os ferimentos, ela começava a reagir; ora cerrando os dentes ou resmungando pelo incômodo. Não demorou para que despertasse. Tentou se sentar, mas foi impedida por Bob, que finalizava o curativo no braço.

— Achei anestésicos no kit de primeiros socorros no banheiro — começou Bob. — Pode ser que eu tenha errado na dose, não sabia do seu peso, mas não é nada que possa matar. — Riu, lembrando-a da ocasião em que ela lhe aplicou adrenalina.

— Meu metabolismo...

— Eu sei, eu sei — interrompeu-a. — Grande fã, esqueceu?

Finalizado o braço, passou para o rosto. Umidificou uma gaze com antisséptico e deslizou sobre o sangue seco abaixo dos lábios dela. Seus orbes azulados tremeram. O local ainda doía ao toque.

— Acho melhor você ir embora enquanto é tempo — advertiu ela.

— Não, acho que não conseguiria conviver com a culpa de deixar alguém morrer à míngua — retrucou.

— Huggins, isso não é um jogo. Sua situação já é bastante complicada, caso saia agora, ainda poderá se salvar — treplicou seriamente.

Bob foi acometido de um acesso de raiva. Odiava quando as pessoas o tratavam como se fosse incapaz de tomar suas próprias decisões. Entendia que Natasha só estava tentando protegê-lo, mas, a esta altura, esperava que ela já tivesse entendido que eles estão no mesmo barco. Entregou a gaze para que ela se limpasse sozinha, levantou-se e a deu as costas por um momento, depois virou-se novamente. Todo o humor havia se esvaído de sua expressão.

— Ir embora? Para me salvar? Sério, Natasha?! — Deu uma pausa. Ela ia tentar argumentar, só que ele continuou: — Quando você diz que não faço ideia do quão encrencado estou, está certa, porque não tenho mesmo. Mas sou inteligente o bastante para saber que se eu pôr o pé lá fora serei um homem morto. Então, não me diga para ir, porque não vou!

A cabeça da ruiva latejava. Engoliu três aspirinas à seco. Jurou fazer Ross pagar por isso um dia, pois no momento tinha assuntos mais importantes a tratar. Estava decidida a voltar à Rússia para investigar o renascimento da traiçoeira Leviatã.

Uma década depois da Segunda Guerra Mundial, ex-membros da KGB e agentes de inteligência secreta ao redor do globo, entre eles Dum Dum Dugan, Nick Fury e Daniel Whitehall, foram chamados para formar a Grande Roda do Zodíaco, onde cada membro recebeu um codinome a partir do calendário zodiacal. Conforme o grupo foi realizando missões, alianças conspiratórias foram se formando. Dois membros em especial começaram a conspirar e traíram a Grande Roda, roubando as tecnologias adquiridas em suas missões, o que permitiu a criação de super-humanos e outros milagres da ciência.

O que é segredo para o grande público é que o fim da Grande Roda levou à criação de organizações como SHIELD, Hidra e outras. Os dois conspiradores iniciais foram os responsáveis pela ascensão da Leviatã; juntos, passaram pelo processo de criação de super-humanos e se tornaram quase invencíveis. Após alguns ataques de organizações inimigas, Leviatã escondeu-se nas brumas do tempo, pronta para erguer-se no momento certo. Parecia que o dia havia chegado.

— Estou indo para a Rússia — revelou ela, na esperança de fazê-lo desistir. — E não sei quando e se retornarei.

— Tem alguma coisa a ver com esse tal Leviatã? Não pude deixar de notar o loop no computador — justificou ele. Natasha suspirou. — Olha, se vai enfrentar aquilo, precisará de mim. O cara que conseguiu inserir aquele código no microchip e ainda criar um loop infernal daqueles não é páreo para qualquer um.

— Você tem ideia do que está falando? Seria como levar um civil para o campo de batalha!

— Depende. — Ela o encarou, cética. — Quantos civis você conhece que saem voando por aí num jetpack? Mas falando sério agora, acho que terei mais chance de sobreviver na Rússia do que aqui.

Natasha suavizou a expressão facial, permitindo-se entortar o canto do lábio.

— Isso é o que vamos ver.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Concordam ou discordam das resoluções? Polêmica!
Beijinhos invernais!



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