Depois de tomar um belo de um banho, fui para o jardim refrescar a cabeça. Tinha muita coisa com que me preocupar; não era filha do homem que achei que fosse a vida inteira. Cassandra Headey e suas provocações imbecis que me tiravam do sério. A Seleção. Nataniel. Saber quem era o meu pai de verdade. Tudo na minha cabeça se misturava, era uma loucura sem fim. 

Passei o resto da tarde no meu quarto, pedi para Clarisse trazer o almoço no meu quarto.

— Por que não vai comer com as outras Selecionadas? - me perguntou Clarisse.

Olhei para a comida que se chamava "Bela Sintra" que consistia em; Bacalhau, azeitona preta, brócolis, batata, tomate, alho fatiado, cebola e sal, pimenta-do-reino a gosto. Era um dos pratos prediletos de Henry, imaginei se foi ele quem fez. 

— Porque tem uma garota que não gosta de mim e que vive me provocando. - respondi para Clarisse. - prefiro ficar aqui sozinha do que ir lá.

Ela assentiu, obediente e profissional.

— A sobremesa. - Clarisse me deu uma bandeja com suflê de chocolate amargo.

Depois do almoço fui até o salão das mulheres onde algumas das Selecionadas - que incluíam Eleven, Daphne e Cassandra - conversavam e cuidavam da aparência. Quando cheguei, todas elas me olharam, algumas com curiosidade já outras com desprezo.

Cassandra logo que me viu se levantou da cadeira e veio tirar satisfações; - você e o príncipe... o que tem entre vocês dois?

— Com licença. - pedi entre dentes. Aquela garota conseguia invocar o pior em mim.

— Eu os vi juntos. - ela bradou, furiosa. - passaram o almoço lado a lado, não foi?

Ignorei a pergunta e passei direto, me sentei entre Daphne e Eleven. 

— O que foi? - perguntei com ferrosidade para as Selecionadas que ainda me encaravam. Nunca fui uma pessoa que fala com ignorância mas nesse caso vi que era preciso. - nunca me viram não?

Envergonhadas desviaram o olhar, exceto Cassandra que ainda exalava uma ira tremenda. Eleven se remexeu na cadeira, inquieta.

— Os boatos que você e o príncipe Nataniel passaram a hora do almoço juntos é verdade? - perguntou Eleven, baixinho para mim. 

— Como? - franzi as sobrancelhas, sem entender.

— Cassandra viu você e ele sair de mãos dadas em direção à cozinha, hoje depois do chá em um corredor deserto. Nenhum dos dois almoçaram conosco hoje... - me respondeu Eleven. - deduzimos que ficaram juntos.

Fiquei calada, não afirmei nem neguei. Já não era frustrante o bastante dar motivos para virar alvo de fofocas. Não nos falamos muito, escultava Eleven  comentar sobre uma das Selecionadas, Juniper, ser a sobrinha neta de uma atriz famosa.

Na hora do jantar me sentei com Daphne. Eleven tinha passado muito mau e ido à ala hospitalar. Comemos frango recheado, almondegas e macarrão, para a sobremesa provamos Bavaroise de chocolate. Estava tudo muito gostoso, a comida do castelo era o que me surpreendia mais a cada dia. 

Tudo correu bem até a hora de dormir, Clarrise me deu uma camisola de tecido leve e lenções quentes e limpinhos.

Já passava da meia-noite quando acordei e senti vontade de beber água. Levantei da cama e caminhei na pontinha dos pés em direção á cozinha, não avia sinal de ninguém, estava tudo muito calado.

Quando levava o copo em direção à boca, ouvi um baque surdo e um vento passar bem próximo dos meus cabelos, olhei para o chão; por cerca de centímetros um prato não me atingiu. 

— Valerie sua imunda, o que faz à essa hora na cozinha? - ouvi a voz embargada de alguém logo atrás, me viro e me deparo com o rei Rufos.

Não precisava ser muito inteligente  para perceber que ele estava completamente bêbado, seu halito que vinho dava para ser sentido de longe.

— Senhor... - gemi.

— Não me venha com desculpas, sua infeliz. - ele bradou e jogou outro copo em cima da mesa no chão, a alguns metros dos meus pés. Infelizmente um caco de vidro voou e direção à minhas pernas e se alojou na canela esquerda. - sua Austríaca nojenta, o seu pai não lhe ensinou a ser uma boa filha?! Nunca foi uma esposa descente, onde estão seus modos?!  Tire essa roupa do corpo, não são vestes apropriadas para uma rainha!

Entrei em pânico. Nunca tinha visto alguém agressivo antes, papai nem ao menos me dava tapinhas no bumbum. Rufos parecia louco, pensei em correr a qualquer momento. 

— Por que está me olhando desse jeito? - ele gritou e se aproximando com violência, rasgou uma parte da minha camisola. Comecei a gritar, me sentia violada, um lixo. Aquele homem era um bêbado, nojento e porco imundo. Eu queria que alguém me tirasse daquele lugar. Oh, céus! - Pare de berrar, Valerie! - ele me puxou pelos cabelos, aquilo doía muito. 

— Papai! - era a voz alterada de Nataniel, ele correu em nossa direção e me pegou, tirando-me das garras daquele monstro nojento. Naquela altura do campeonato, minhas pernas tremiam tanto que quase fui parar no chão, por sorte Nataniel me segurava firmemente.

— Solte-a, solte sua mãe! - Rufos gritava. - deixe-me ensina-la a ser uma esposa melhor. Eu mato essa desgraçada ainda hoje!

— Saia logo daqui - pediu Nataniel, em pleno ato de desespero. - depois conversamos, tentarei acalma-lo. 

Não pensei duas vezes, sai daquela cozinha o mais depressa possível.