Proibida Pra Mim escrita por GabriellySantana
Meu corpo está exausto, letárgico e implorando para que eu continue deitada, inerte. Mas eu não quero e não posso. Tento me mover, mas não importa o quanto de força eu empregue não consigo mexer um único músculo. Começo a sentir o desespero crescer e se enraizar dentro de mim a cada nova tentativa frustrada e isso é tudo que não posso permitir.
Respire, Alice. Respire.
Abandono as tentativas falhas e me concentro. Dito um ritmo controlado e profundo a minha respiração e cada vez que meus pulmões se enchem de ar e esvaziam-se, consigo sentir meu corpo lutando.
Mantenho o ritmo constante da minha respiração enquanto relembro cada acontecimento dos últimos dias e busco, ao máximo, pela última lembrança.
De repente sou tomada pela imagem enfurecida do rosto do barão. A imagem fria dos olhos dele é substituída por cenas que reproduzem de forma confusa e trêmula. Como se estivesse revivendo suas agressões, quase posso sentir a dor causada pelos impactos rápidos e dolorosos das mãos dele açoitando o meu rosto. A raiva que senti no momento crua e selvagem. Agora sou dominada pelo ódio de antes e, abruptamente, abro meus olhos. A luminosidade do cômodo ataca minha íris e por mais rápido que as pupilas se contraiam, não conseguem evitar a ardência.
Pisco várias e espero durante um tempo até que meus se acostumem com a luz do ambiente. Respiro fundo e o ódio que jurei sentir pelo Barão a poucos segundos, se transforma em uma dor que jamais imaginei que sentiria.
Respiro fundo várias vezes e mais uma vez e volto a comandar minha respiração.
Me concentro.
Tento mais uma vez me mover, mas apesar de conseguir sentir que alguns músculos das mãos me respondem, ainda não é o suficiente. Fecho meus olhos e lembro da imagem de um senhor de idade sentado ao meu lado nessa cama e sei agora que ele injetou alguma droga em mim. Não sei a quanto tempo a minha briga com o Barão aconteceu e nem a quanto tempo estou aqui. Mas, o que sei estão injetando doses altas de algum sedativo em mim. Puxo nas lembranças algumas aulas que tive na faculdade a respeito de sedativos e calmantes e baseado nisso, a única coisa que consigo mensurar é que estão injetando essa merda em mim a muitos dias. Por que os efeitos que estou sentido, me dizem que meu sangue e sistema nervoso estão inundados de algum calmante forte.
Me exaspero.
Desejo levar as mãos ao rosto, em um sinal claro de desespero, e quase me assusto ao sentir meu próprio toque. Abro meus olhos e estico um pouco mais a mão a minha frente para tentar tornar a imagem a minha frente um pouco mais focada. Bem vacilante, tento arrastar uma das pernas sobre a cama e tomada por uma euforia contida quando consigo.
Lentamente mexo um pouco cada parte do meu corpo e me arrasto de vagar até conseguir sentar. Olho para os meus braços e as manchas roxas só confirmam tudo o que estava pensando. Direciono meus olhos para a Paloma e rapidamente deixo que eles examinarem o corpo dela de cima a baixo.
Solto o ar.
Ela está bem. Apagada, como eu estava. Mas aparentemente bem.
Olho ao meu redor e lembro do cômodo exatamente como está agora.
Gustavo.
A imagem dele explode na minha mente e meu peito dói por não saber como ele e o Felipe estão. Desejo estar com eles agora, mas que qualquer outra coisa na vida e isso desperta uma dor forte no meu peito. Aperto firme a mão sobre a boca, para que soluços não me escapem, mas as lágrimas escorrem grossas por meu rosto. Balanço forte a cabeça de um lado para o outro e decido, nesse momento, que vou sair daqui.
Seja como for.
Escorrego meu porto até a lateral da cama até que meus pés encostem no chão. Assim que saio da cama me sinto tonta e meu corpo quase vacila. Fecho meus olhos e me mantenho de pé, escorada na cama.
— Você precisa ficar acordada, Gatinha.
Ouço a voz do Gustavo firme dentro de mim e resisto, por um fio, a vontade louca de sucumbir a fadiga inexplicável que estou sentindo. Contorno lentamente a cama até chegar a Paloma. Tiro o cabelo liso do seu rosto e a olho com atenção. Sua respiração está lenta e ritmada, mas sua pele está pálida como mármore e isso não é um bom sinal.
Olho mais uma vez ao redor a procura de qualquer coisa que possa nos ajudar a sair daqui, mas não tem nada. Dou as costas para a cama, e me deparo com uma janela aberta. As grades que a preenchem são as mais grossas que já vi. Lá embaixo, estão os carros que nos trouxeram até aqui, mas não tem ninguém.
Nenhum homem.
Olho para mais além, mas tudo o que vejo é mata. Uma floresta fechada e ao que parece, a estrada mais próxima é bem mais longe do que imaginei. Meus pensamentos são interrompidos pelo barulho da chave rodando na fechadura da porta. Volto minha atenção até ela e mal tenho tempo de reagir antes que o Barão entre.
Ele quase parece surpreso ao meu ver em pé, ao lado da cama. Mas um sorriso frio e perverso aparece no seu rosto e ele me olha de cima a baixo.
— Olá, filha.
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