Paciente escrita por Jude Melody


Capítulo 2
Final alternativo




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— Eu... — começou o loirinho, mas as palavras entalaram em sua garganta.

— Estarei aqui quando você voltar — disse o Paradinight. — É uma promessa.

Kurapika sorriu de novo e assentiu de leve. Saiu do cômodo e fechou a porta.

Cansado, Leorio caminhou até a cama e se sentou sobre o colchão. Esfregou o rosto, desanimado. Agora que o Kuruta sumira de seu campo de visão, ele estava triste. Michelle entrou no cômodo sem aviso. Tinha uma careta em seu rosto, mas ela logo se suavizou quando viu o estado deplorável de seu estagiário.

— Está tudo bem, Leorio?

— Ah. — Ele ergueu a cabeça, confuso. — Doutora Michelle. Está tudo bem, sim. Já vou voltar ao trabalho.

Ela mordeu o lábio inferior, preocupada.

— Parece cansado. Por que não tira o resto do dia de folga? Eu abono suas horas.

Ele soltou um sorrisinho sarcástico.

— Olha só quem fala. Você tem se olhado no espelho ultimamente, Doutora? Está com olheiras bem profundas.

Michelle tocou seu rosto, pesarosa.

— Sim. Eu acho que tem razão. Quer que eu feche a porta?

— Ah, não. Deixe-a aberta, para o caso de a Senhora Figg aparecer.

Michelle sorriu. Um sorriso genuíno.

— Ela gosta muito de você.

— Eu sei.

A Doutora inspirou fundo.

— É porque você é paciente — acrescentou. — Você escuta os outros. Eu gosto disso. Será um bom médico, Leorio.

Ele piscou, surpreso. Era a primeira vez que Michelle o elogiava assim. Pensou em agradecer, mas ela já havia saído do quarto.

Leorio suspirou. Era melhor tirar logo aquelas luvas — por que, raios, ainda estava vestindo aquele troço? — e se preparar para quando a Senhora Figg chegasse. Ele limpou a bagunça que fizera mais cedo. Lavou as mãos de novo e começou a organizar o quarto, como sempre fazia quando estava com a cabeça cheia demais. Ao pegar o estetoscópio, deteve-se por um instante, lembrando-se dos sonhos que sempre tinha. Aqueles sonhos mágicos...

Seus pensamentos foram interrompidos pelo som alto de vidro quebrando.

— Ah, desculpa! — A voz de Tohru alcançou-o pelo corredor.

O Paradinight esfregou o rosto mais uma vez. Tohru certamente havia derrubado alguns frascos de novo. Será que ela nunca aprendia?

— S-seu braço! — Ela exclamou em algum canto lá fora, visivelmente perturbada.

— Está tudo bem — respondeu uma voz masculina.

— Ma-mas, senhor...

— Está tudo bem!

Leorio sentiu o coração dar um pulo em seu peito. Afastou a mão no rosto no exato segundo em que um Kurapika ofegante surgiu na porta do quarto. Os cabelos loiros estavam um pouco bagunçados, e as faces exibiam um leve rubor. Ele se aproximou com passos mansos e fez menção de dizer alguma coisa.

O mais velho calou-o, mas não com um beijo. Pousou o diafragma do estetoscópio em seus lábios.

— O quê? — O Kuruta riu, sentindo um leve calafrio por conta do metal gelado. — Leorio!

— Você não disse que precisava ir? — indagou o Paradinight, provocante.

O loirinho deu um passo para trás e mostrou a mão ensanguentada. Leorio detectou vários caquinhos de vidro na palma do mais novo e compreendeu tudo sem precisar de palavras. Tohru esbarrara no Kuruta enquanto carregava um suprimento de frascos e os dois caíram no chão. Kurapika tentou protegê-la durante a queda e pressionou a palma da mão sobre os cacos de vidro. Idiota! Por que simplesmente não segurara a garota antes que ela caísse sobre ele?

— É terça-feira. — A voz despertou o Paradinight de seus pensamentos, e ele piscou, abobado.

O Kuruta ergueu os olhos muito azuis e abriu um sorriso travesso. Aquele era um momento único.

— Eu me machuquei.


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