La Vie En Rose escrita por clariza


Capítulo 3
La Complainte De La Butte


Notas iniciais do capítulo

HEEEELLOOOOO
aqui, cap novinho ♥



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Freya prendeu dois grampos no cabelo tentando manter o cacheado em seus fios de cabelo perfeitos. Era o grande dia, ela tinha trabalhado tão duro e por tanto tempo nisso, nada a tiraria da linha, antes mesmo que Greta acordasse ou qualquer outra pessoa na casa ela já tinha tomado banho, e vestido uma roupa bonita que passasse credibilidade.

Ela tinha em mente a sua posição, era mulher, muito provavelmente não seria levada a sério, mas o pai acreditava nela e queria que ela fosse a sua parceira de pesquisa e ela poderia ajudar de verdade. Freya colocou os saltos caramelados que fazia que ela parecesse mais alta do que era junto com o vestido cor de chumbo e o chapéu vermelho escuro que a fazia parecer mais velha do que era, havia escolhido a roupa no dia anterior com a irmã, que pareceu mais animada em brincar de trocar de roupas do que a oportunidade da sua irmão mais velha mudar o rumo da guerra.

Greta estava animada desde o dia anterior, quando Oskar ao chegar do quartel informou que traria um amigo para jantar e ela assumiu que seria um potencial pretendente desde que a sua noite de cozinhar, como a maioria dos dias da semana desde que Freya e as panelas eram inimigas naturais. Tinha deixado uma lista de coisas para comprar já que ela passaria metade do dia no seu curso de enfermagem e era o dia de folga de Oskar, então assim que fizesse as comprar ela mandaria tudo para casa com o irmão e seguiria para o laboratório onde o pai a esperaria para apresentá-la ao dono das pesquisas e explicaria as suas ideias.

Quando ela desceu, tanto o pai quanto o irmão mais velho estavam a postos, saíram juntos de casa o senhor lhe deu dinheiro para pegar o taxi, juntamente com o endereço e instruções de como entrar na Agencia e seguiu para o trabalho, deixando-os para seguirem para o mercado, não era uma caminhada longa, mas o dia começava na vizinhança, mulheres carregando os seus filhos para a escola os homens se despedindo de suas esposas.

―Em alguns anos pode ser você― Oskar disse apontando com a cabeça para um casal que se beijava na porta, ela com um vestido branco de enfermeira e ele usando um traje verde militar.

―É mais provável que seja você irmão, não teve jeito mesmo com Rosemary?

―Ela é louca, mal nos conhecíamos já queria marcar a data do nosso casamento, veja só.

―Não podemos dizer que ela não é visionária. ― zombou a garota.

―Isso realmente não podemos negar, mas, Effy, não desvie o assunto. Não quer um dia se casar? Ter filhos?

Ela ficou quieta, olhando para baixo os próprios sapatos.

―Eu não acho que seria uma boa ideia. ― respondeu simplesmente.

―Por que não? Não tem medo de ficar sozinha?

―Eu não acho que eu vá ser uma boa esposa ou boa mãe, eu sou obcecada com números, eu falo de coisas que só podemos ver nos microscópios como se falasse de artistas de cinema, não me sinto a vontade em ir a festas por que eu acho que eles estão rindo de mim ou do meu sotaque, eu sou teimosa e tenho pesadelos todas as noites. Não vejo como alguém gostaria de se casar com uma pessoa assim.

Eles entraram no mercado, Oskar pegou uma cestinha de ferro para colocar as coisas enquanto Freya começava a selecionar os alimentos e produtos de limpeza, para que a governanta Miranda fizesse o que tinha de fazer.

―Mas, Alexei estava disposto. ―Freya soltou uma risada amarga enquanto pegava as cebolas.

―Alexei disse que nem todos os banhos do mundo seriam necessários para se limpar de ter se envolvido com porcos judeus como nós, Oskar.

―Oh.

―Sim, eu deveria ter jogado soda caustica em cima dele, talvez soltar um pouco de gás de mostarda no quarto dele ― ela respondeu, levemente perdida em pensamentos.

Ele não sabia disso, ela tão pouco parecia magoada em se lembrar de tal coisa, machucada ela parecia, dava pra ver em seus olhos como aquelas palavras haviam machucado ela. Freya amava Alexei, ela estava feliz com ele, de todas as pessoas machucadas em sua família Freya era a que tinha chegado ainda mais ao fundo do poço, ela realmente tinha perdido tudo.

―Eu não sabia disso, sinto muito Effy. ―ela colocou os tomates na cesta.

―Tudo bem, ele não entendia o conceito de números primos, era um idiota.

―Está melhor sem ele.

―Muito melhor ― ela seguiu procurando alimentos frescos.

―Mas você não pensa em ir a encontros de novo? Eu conheço uma porção de caras decentes que adorariam te conhecer, você é jovem e bonita.

―Obrigada cara de salmão, infelizmente não posso dizer o mesmo.

―Responda a pergunta.

―Não cara de salmão, eu estou focada no que estou fazendo agora, não tenho tempo para isso, além do mais eles não iriam gostar de mim nem do meu sotaque, ele é forte e fica gritando “olha a alemã ali” eles iriam ficar envergonhados.

―Nós somos poloneses. ― corrigiu o irmão.

―Como se fizesse alguma diferença.

―Na verdade, faz toda a diferença ― ela lhe entregou um pacote com a carne que Greta iria cozinhar mais tarde erguendo uma sobrancelha. ― Um amigo meu te viu um dia desses, falou por horas sobre você tentando extrair alguma informação.

―Oh, céus. O que você disse?

―Que você estava solteira, e ele esta realmente interessado, queria até te envia flores e pegar o seu numero.

―Então você convidou o pobre coitado pra jantar?

―Sim, e você vai ser boazinha, ele e bem apessoado e eu posso mantê-lo na linha para que ele não quebre seu coração.

Ela soltou um suspiro exasperado.

―Eu não preciso que você me arranje maridos, eu não quero Oskar.

―Não me culpe por tentar trazer um pouco de felicidade a sua vida.

―Se que felicidade na minha vida faça com que aquele idiota do Howard Stark me contrate! Me dê de volta a minha antiga vida ou faça que Hitler nunca tenha nascido, assim eu estaria perfeitamente bem e feliz, não me casando e sendo uma esposa estúpida que vive pra servir a porcaria do marido, ganhe essa maldita guerra e me deixe voltar pra casa e eu serei a pessoa mais feliz do planeta!

―Não me ataque, eu só estou querendo ajudar.

―fick dich ― ela xingou, tirando o dinheiro da bolsa e entregando ao irmão ― tenho que ir agora, terum emprego e tentar fazer o que você e seus amiguinhos armados ainda não fizeram, derrubar o terceiro reich.

Howard Stark a olhou da cabeça aos pés, demorando-se mais que o necessário no decote recatado que ela estava usando, conhecia a fama do senhor Stark, e não queria dar motivo para alguma coisa dar errado.  Ela sorriu sem graça, olhares demais sempre a deixavam ruborizada. Abraham pigarreou, trazendo a atenção de volta do rapaz moreno um com um bigodinho infame.

―Desculpe-me eu estava tentando compreender como uma moça tão bonita veio do senhor doutor Erskirne, sem ofensas.

―Não estou ofendido, mas ― ele apontou o lugar para que a filha se sentasse junto com o Stark e ele entre os dois ― Freya é uma moça muito bonita, puxou a mãe. Mas ela também é muito inteligente, me ajudou diversas vezes com formulas químicas e algumas ideias para diversos projetos, inclusive me ajudou a finalizar o projeto do super soldado e ela tem ótimas ideias, algumas que eu creio que possa ser usadas pelo comitê de guerra.

―Como o que?

―Eu vou deixar que ela explique ― ele disse, sorrindo orgulhoso para a filha.

―Um dos maiores problemas da guerra e como conseguir fazer contato com os nossos espiões sem sermos detectados, códigos foram elaborados, mas de alguma forma sempre somos pego por que os nossos inimigos sabem o que procurar, deveríamos mandar quem eles nunca desconfiariam, melhores que qualquer arma secreta.

―Isso seria? ― Perguntou, curioso inclinando-se em direção a moça.

―Garotas, se eu entrasse aqui com diversos códigos secretos ninguém nunca desconfiariam de mim, logo não podem fazer nenhuma revista detalhada, nossos bravos homens estão nas trincheiras, não acha que é tempo de levarmos mulheres dispostas a ajudarem o seu pais?

―Então nós enviamos um bando de meninas tagarelas pro outro lado do atlântico?

―Não, mulheres treinadas, para entregar e decodificar.

―O governo da América não vai se responsabilizar a mandar garotas para a guerra, não importa o quanto elas sejam bem adestradas.

―Não somos cachorras para sermos adestradas, senhor stark. ― ela disse, um pouco mais agressivamente.

―Ela tem outras ideias, entretanto. ―interrompeu o pai.

―Enviar bebês pra guerra?

―Não, obviamente não mister Stark, ela ouviu que o senhor produziu um tipo de radiação chamado vita, não está correto?

―Absolutamente ―Respondeu o moreno, completamente orgulhoso de si mesmo.

―E meu pai e eu desenvolvemos um soro, o soro do super soldado que eu suponho que ele já tenha lhe falado sobe ― o homem concordou ― eu estava pensando, que a radiação vita poderia liberar efeitos do soro que não são completamente desenvolvidos apenas pelo soro, essa radiação quando concentrada no corpo em questão, irá melhorar o soro. Criando um melhor soldado e sem os efeitos colaterais que ocorreram na ultima tentativa.

―Acho que esse seria o trabalho para o seu pai e eu. ― ele respondeu.

―Mas eu posso ajudar! Eu sou boa nisso, conheço o soro tão bem quanto o meu pai, na verdade depois dele eu sou a pessoa no mundo que mais entende sobre ele.

―Não é sobre quem entende mais senhorita Erskirne, isso é uma guerra e nós não podemos correr riscos, não podemos jogar garotas com metralhadoras no meio de num fronte de batalha, assim como ninguém estaria disposto a colocar garotas para chefiar um laboratório, não é natural ― ele deu uma risada forçada, vendo a expressão da moça se contorcer a cada palavra, de choque a raiva ―Não é sobre a senhorita em particular, mas mulheres foram feitas pra ficarem ao ar livre, serem bonitas e doces, a senhorinha nunca pensou em ser atriz?

―Em primeiro lugar eu uso o sobrenome da minha mãe, Konstantinovka e em segundo lugar eu e a senhora Marie Curie discordamos do senhor, ela inclusive é responsável pela grande base em suas pesquisas, uma mulher o mesmo sexo que se recusa a empregar agora, sempre pensei que fosse um homem visionário e não se deixaria abater por barreiras de gênero.

―Não sou eu senhorita, eu adoraria ter um rosto tão bonito quanto o seu por perto.

―Não me mantenha por perto pela aparência, eu sou esperta e capaz quanto qualquer homem que possa contratar, de fato eu poderia ser melhor que qualquer um deles já que sou mais detalhista e aplicada e sei como me custaria conseguir um emprego que condiga com a minha capacidade mental.

―De qualquer jeito eu ainda não vejo como eu poderia contratá-la para um trabalho tão perigoso.

Ele segurou a mão dela, coberta pela luva enquanto Freya se segurava para não usar a mesma mão para enchê-lo de bofetadas.

―Eu vejo o seu ponto, mas continuou desapontada, esperava encontrar um homem visionário que projeta carros que podem voar e não um rapaz tão jovem com a cabeça de um senhor.

―Eu sou um visionário, um homem a frente do meu tempo e eu acredito que você seja capaz, eu só não posso te jogar no meio disso, você é uma moça muito bonita e jovem, vá viver, se casar e ter filhos.

―Eu não nasci pra ser uma dona de casa senhor Stark, eu não creio que eu tenha uma mente como a minha para ser desperdiçada desse jeito. E já que não está disposto a me ajudar a se ajudar, eu vou para casa não vale a pena perder o tempo um do outro.

Ela saiu sem esperar que alguém a acompanhasse até a porta, estava extremamente furiosa ela sabia que provavelmente não seria levada a sério, porém não esperava que fosse tão brutalmente colocada de lado. Ele mal a ouviu, apenas a tratou como mais uma garotinha, Freya adoraria ser forte nesse momento, mas tudo que ela queria fazer era chegar em casa e se encolher e chorar por algumas horas, em poucos momentos da sua vida fora tão desacreditada.

Seu pai havia lhe dito milhares de vezes que ela podia ser quem ela quisesse na vida, que ela não deveria se abalar por comentários como os que Howart Stark tinha feito, que ela deveria conhecer o seu próprio valor. Isso era demasiadamente difícil de acreditar quando Freya era diminuída como cientista apenas pelo fato de ser mulher, como se isso de alguma forma interferisse no seu cérebro ou capacidade mental, por anos ela foi ajudante do pai, sempre a frente dos demais estudantes homens dele.

Ela chegou em casa para constatar que apenas Oskar se encontrava na residência, ouvindo rádio muito alto usando roupas civis com um copo de whisky com gelo na mão, ele estava na poltrona, encarando a anela aberta com um olhar distante. Freya jogou a bolsa em cima do sofá e tirou os sapatos, agradecendo o tapete felpudo que tinha na sala, antes que o irmão protestasse ela já havia tirado o copo de suas mãos e tomado um gole, o liquido amadeirado aquecendo a sua garganta. Ela fez uma careta.

―Eu odeio Whisky ― afirmou, ainda com o copo em mãos indo até a bancada e enchendo o copo com mais whisky.

―Assumindo o seu descontentamento com o álcool e o fato que está tomando do mesmo jeito, presumo que não tenha ido muito bem lá.

―Howart Stark é abominável, espero que ele morra de um jeito horrível.

Oskar gargalhou enquanto ela se sentava no sofá em frente a ele.

―Foi tão ruim assim?

―Você não faz ideia, ele foi tão rude. Queria socar a cara dele o tempo todo e arrancar aquele bigodinho ridículo. ― ela tomou mais um gole, dessa vez sem fazer careta ― Ele agiu como se eu fosse uma palhaça de circo tentando enviar bodes pra guerra ou uma garota bobinha, sugeriu que eu fosse uma atriz.

Ele esticou a mão e ela deu o drink para ele, que tomou um gole.

―Babaca, você é mais esperta que ele, eventualmente vai cair em si da idiotice que cometeu.

Ele passou de volta o copo pra ela.

―Eu realmente espero que ele não possa ter filhos, o planeta não ia suportar dois daquela raça. ― ela olhou para o irmão ― Ainda vamos ter o jantar? Meu humor está terrível, não vou ser capaz de ser boazinha hoje.

―Ainda vamos ter convidados pro jantar, Greta já telefonou duas vezes para confirmar, se eu desmarcar ela vai me matar enquanto eu durmo. E eu sinceramente prefiro não ter esse tipo de risco na minha própria casa, não arrisco com vocês.

 


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