Para Além da Beleza escrita por Ami Ideas


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Eu pessoalmente gosto deste capítulo, sei que muita gente estava a espera de um fim desastroso para Joanne, mas aposto que vão se divertir com a rendenção da megera.

Sem deixar de agradeçar a todos que sempre acompanharam, dizer que estamos a dois capítulos do fim.

Só espero que continuem desse lado!

Boa leitura,



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O primeiro gole desceu pela garganta ajudando a libertar a secura antes ali presente. O corpo também precisou relaxar, uma vez que os nervos tinham tomado conta de tudo em si. Os olhos claros do Chef de cozinha a encaravam sem pudor, parecia despir até a sua alma e ver o coração podre cheio de vermes.

— Não entendo o interesse em ouvir tudo o que lhe contei. — Não vira o tempo passar, nem sabia dizer de onde vinha o à-vontade em falar tudo o que a magoava para um completo desconhecido. E o mais esquisito era que se sentia bem agora, pois o homem não parecia em nenhum momento a julgar, nem mesmo após o relato da sua história.

— Se por um acaso o lobo mau soubesse falar e escrever, não teríamos apenas a versão da Capuchinho-vermelho. — Abayomi estava sério, os dedos brincavam com a sua taça de vinho ainda intacta. — Darcelle tem sido uma boa amiga para mim, e você está atrapalhando a felicidade dela. Mas não é sobre isso que lhe quero falar.

— O que é então? — Levantou uma sobrancelha de maneira lenta.

— É sobre você. Durante o pouco tempo em que ouvi todo o problema, creio que sempre foi mal-entendida. Julgada e condenada, e nunca ninguém parou para lhe dar um abraço e dizer que tudo vai ficar bem. Ama seu filho?

— É claro que amo, mas que pergunta! — Parecia desconfortável na cadeira, sempre se mexendo um quanto inquieta, e deixando o vinho escorregar goela abaixo de segundos em segundos.

— O que seria o amor? Não é abrir mão dos nossos próprios sentimentos em prole daqueles que amamos? — Encheu mais a taça de Joanne, e também bebeu do seu vinho. — Se ama seu filho, deixe-o ser feliz com o pai porque se o Damien não for feliz, também não conseguirá deixar de olhar para a criança e saber que em parte foi por ela. E o menino não tem culpa! Você está criando tudo isso, e sabe que mais? Sem necessidade.

— Isso porque não foi com você!

— Eu tenho dois filhos. A mãe me deixou porque eu a traia muito e eles cresceram a ouvir isso sobre mim, da boca dela. Que eu não prestava e era um canalha. — Recostou o corpo definido na cadeira, os braços fortes e delineados mostravam as horas que passava no ginásio. — Hoje os meninos passam tempo comigo e condenam a mãe por ter misturado os assuntos.

— Eu não preciso de toda essa moral. Não mesmo! — Embraveceu.

— Veja bem, quantos anos tem? Trinta e dois e três? Passou toda vida arquitetando uma vingança descabida quando poderia ter feito mil e uma coisas. Aproveite agora que já não tem preocupação nenhuma, e viva! Durma com um homem... há quanto tempo não sente o calor de um...

— Por favor, senhor Abayomi! — O rosto dela corou visivelmente, e baixou os olhos castanhos para a travessa com os acepipes que lhe pareceram deliciosos. Forçou a saliva pela garganta abaixo.

— A vida é urgente, um dia vai acordar velha com atrite e vai se perguntar o que fez. Não mais se preocupe com Beauchamp ou com Johnson, deixe eles e se foque em si, você também merece. — Sentiu quando a mão grande e quente segurou seu queixo para obriga-la a olhar para si. — Aos olhos de muitos você pode ser a mais bela de todas. Então pare de olhar para trás e fique atenta com o que pode estar na sua frente.

Joanne afastou-se do toque, meio constrangida e com um certo calor a percorrer o corpo esguio. Levou a mão ao cabelo para certificar que estava preso e ergueu o queixo para frente.

— Devo ir para casa. — Decidiu se levantar e sentiu as pernas falharem no movimento. Preferiu atribuir a culpa ao vinho.

— Está de carro? Posso leva-la? — Antoine se levantou, oferecendo-se.

— Não se preocupe. Eu chamo um táxi. — Fugiu como o diabo foge da cruz, agarrando sua bolsa com força, mal se lembrando do que fora ali fazer.

— Pense no que lhe disse, Joanne...

— Senhora Charlton — corrigiu.

— Pense apenas no tempo que está a perder com toda essa besteira, o que passou, passou. Limpe seu coração e siga atrás de sua felicidade.

Ela assentiu com a cabeça sem nem mesmo ter ideia sobre o que concordava, apenas despediu com um aceno rápido, e saiu a tropeçar sobre os próprios Louboutin. Correu para fora do África, entrando no primeiro táxi que viu, para depois conseguir voltar a respirar assim que se viu bem distante de Abayomi.

Quando chegou a casa reparou nas horas tardias, Emma estava sentada a ver um Talk-show. E virou o pescoço para observar a afogueada Joanne.

— Está tudo bem? O que se passou? — Ficou preocupada com o visível desconcerto da irmã. Raramente a via assim.

— Fui falar com sua ex empregada mas dei de cara com um cozinheiro intrometido — resumiu de forma breve, atirando a carteira para cima de uma mesa de apoio e rumando à cozinha para beber um copo de água. Sentiu que a bela irmã lhe seguia. — Onde está Gio?

— William o colocou para dormir. Está a treinar para ser pai. — Esboçou um sorriso discreto, e pela primeira vez Joanne conseguiu perceber a felicidade da mais nova. Namoravam há tanto tempo e estiveram sempre ali junto dela, era mais de que certo que deveriam seguir suas vidas.

— Desculpe se em algum momento eu obriguei a fazer o que não querias. Eu...

— Não se preocupe. Você é como uma mãe para mim, tudo o que quero é que fique bem. O Giovani também. — Emma foi carinhosa e por fim deu um abraço forte na mais velha, se demorando ali por um tempo. — Você fez tudo por nós, Jo. Só temos a lhe agradecer, tanto eu quanto o Will.

— Nunca deveria ter mandado minha pequena para os braços daquele... — Por um momento sua voz embargou, demonstrando que ia chorar. — Estou tão cansada, Emma.

— Só quero que seja feliz, de verdade. — Quando se afastou do abraço olhou bem na cara da outra, e sorriu. — Esse cozinheiro é que te deixou assim corada?

— Nada disso, Emma, eu hein. Ele é negro! — Virou as costas com uma mão no peito, e pousou a outra mão em cima dos balcões de mármore escuro.

— Deve ser bem lindo e gostoso, porque do jeito que tremes não é normal! — retrucou cheia de graça, se divertindo por vê-la naquele estado. Não se lembrava de alguma vez Joanne parecer tão suscetível.

— Ah por favor! — resmungou e saiu dali a fingir uma irritação que não sentia. Foi direto para o quarto. Andou de um lado para o outro, tentou tomar um banho para relaxar e foi-se deitar ainda com o aquecimento incrível por todo corpo.

***

O ambiente no restaurante de luxo era muito intenso quando estavam na cozinha e a casa estava cheia. Abayomi gritava e criava todo um momento de estresse e algum receio nos trabalhadores. Quando tudo terminava e recebiam os elogios, a maioria deles percebia a razão de tamanha pressão e se encontravam satisfeitos ao fim do dia.

Darcelle não acreditou quando viu Joanne entrar naquela tarde, era verdade que o Chef contara da conversa, mas ver a mulher fria caminhar decidida sob os sapatos caros, a fez recuar. Não era com ela que queria falar.

— Senhor Abayomi?

— Por favor. — O homem vestido de cozinheiro parecia ficar ainda mais sensual, tendo obrigado a visitante a desviar o encontro do seu olhar.

— Vim a trabalho e portanto serei breve. Vou fazer uma receção para apresentar a minha nova casa para alguns amigos, um almoço no jardim, e queria contratar os seus serviços. — Quando Antoine sorriu revelando os dentes brancos como chicletes, um arrepio cobriu a espinha dela, se sentindo maluca por alguns instantes.

— Eu cobro caríssimo, minha senhora, como bem pode ver este lugar está sempre cheio, e preciso de um bom motivo para me deslocar. — Cruzou os braços, com a cabeça virada para baixo para poder olhar para ela.

— Faça o seu preço, dinheiro não é problema. — respondeu de maneira desafiante.

— Por favor, me acompanhe até a minha sala.

Charlton passou reto por Darcelle, ignorando-a como se não a conhecesse, e seguiu pelo corredor pintando em tons encarnados, até uma sala não muito grande com móveis simples e bem enquadrados, e uma janela coberta por persianas.

— Prefiro tratar de negócios longe dos olhos dos meus trabalhadores, aceita alguma coisa para beber? — perguntou enquanto se desfazia do avental e afastava a cadeira para a cliente se sentar.

— Pode ser breve? — Permaneceu em pé.

— Está bonita — elogiou ao ver o novo corte até ao pescoço que realçava os olhos castanhos e lhe conferia um ar mais jovial. A amargura parecia aos poucos desaparecer do rosto feminino.

— Obrigada. — Jurou para si mesma que estava a ser solícita devido a educação, e não que sentia um bando de gnomos malandros correrem dentro da sua barriga.

— Podemos nos sentar para decidir qual Menu devo preparar?

— Pode ser qualquer um à sua escolha, devo confiar no seu bom gosto. Eu agora preciso ir! — A pressa imediata a denunciou tal como conchas debaixo de um mar cristalino. Sentiu quando a mão máscula a impediu de sair porta a fora, virando-a de frente.

— Para o que realmente veio, senhora Charlton? — Abayomi arqueou o sobrolho, sentindo como o corpo pálido estremecia pela proximidade. — O que mais quer para além de que eu cozinhe para seu almoço?

— Eu... er... Nada. Nada! — A última palavra foi pronunciada de forma mais certa.

— Então tudo bem — concordou e soltou o braço da mulher, mas sem sair de perto. Joanne não conseguia parar de observar Antoine tão perto de si, e não se esquivou quando os lábios carnudos tocaram os seus, aquecendo a alma fria e o coração vazio. Uma química bem desconcertante para Charlton, que não conseguia lidar corretamente com a situação, deixando-se levar pela boca cheia de avidez e as mãos ásperas e atrevidas. Há quanto tempo não era tocada daquele jeito, por um macho que demonstrasse todo o desejo em desbravar suas fronteiras.

O Chef tinha um beijo paciente e firme, a conduzia com maestria como se ensinasse uma criança a se equilibrar numa bicicleta. Deixou as mãos brincarem no seu pescoço e descerem para os seios, tão pequenos que desapareciam quando a palma se fechava neles. Os mamilos enrijeceram automaticamente, sentia mil sensações desconhecidas trilharem pelos toques de um estranho. Era tal como uma manteiga derretida e perdeu a compostura quando sentiu uma mão invadir o interior da calcinha. Estava molhada como nunca, e nem saberia dizer como chegara tão depressa a tal estado.

— Por trás dessa mulher toda arranjada, afinal sempre tem uma fogosa — murmurou entre os lábios rosados, e sorriu ao puxar a leve renda com força, rasgando-a sem rodeios. Com facilidade a carregou até em cima da mesa de secretária, e desfez o cinto da calça social. Sorria de lado ao perceber a vergonha na cara dela, mas em nenhum momento parou.

Abriu os botões da blusa e desceu a boca atrevida no bico dos seios, passeando a língua e se demorando na brincadeira. Podia ouvi-la gemer baixo, as palavras perdidas dentro da própria boca. Afinal sempre havia um jeito de calar a fera. Abayomi desceu a mão para a entrada, e em pouco tempo a boca tomou o mesmo rumo, beijou a intimidade com toda volúpia e introduziu a língua cálida e experiente, arrancando gritos desesperados de Joanne. Quando ergueu o corpo para estar quase a altura dela, seu membro estava duro e apontava para o teto, por isso procurou nas gavetas pela proteção, e se preparou para invadir o interior quente e apertado. Foi um pouco difícil no início, mas com cuidado e insistência sentiu as unhas lhe arranharem os braços quando o falo foi de encontro ao limite.

Antoine começou a movimentar o corpo viril em contraste com o suave e aveludado da nova mulher ali entregue, por um momento não lhe pareceu a mesma amargurada que passara dias antes no seu restaurante, e sim, uma nova pessoa disposta para a vida. A cada movimento de vai-e-vem o prazer era acentuado, e os beijos acompanhavam o ritmo excitante. Não tinham muita pressa, por isso se amaram por um bom tempo.

Quando saíram do escritório, Charlton estava despenteada e sem a roupa interior. Tinha o rosto corado e mal conseguia caminhar direito. A blusa tinha alguns botões perdidos, e por isso, levara a bolsa de marca para junto do peito a fim de esconder.

— Senhora Charlton — chamou Darcelle se aproximando com o seu casaco na mão, e lhe estendeu como se percebesse a necessidade da outra mulher. Viu Joanne engolir em seco, parecia lutar contra algum demónio interior.

— Obrigada. — Aceitou e não demorou a vestir a peça feminina por cima da blusa. — Eu mando Étienne devolver amanhã.

— Tudo bem. — A futura cozinheira concordou, acenando com a cabeça e se afastando em passos lentos.

— Darcelle! — Ouviu a voz altiva a chamar, e virou-se para encarar a irmã de Emma. — Se você for uma má madrasta, eu te mato.

— Não serei. — Garantiu sem segurar um sorriso. — Não serei.

***

Jamie estacionou o carro em frente à mansão Beauchamp, e olhou para a prima que parecia ter uma pedra gigante acoplada às costas, tamanho ar carregado nos olhos escuros.

— Estou com medo. — Darcelle não escondeu, estalava os dedos a mostrar os nervos.

— É que foste bem má, Darci. Sequer lutaste por ele ou procuraste uma forma alternativa de arranjar outra solução. — A médica não poupou as críticas. — Damien veio atrás, disse que te amava. A senhorita simplesmente colocou barreiras e a vida seguiu numa boa.

— Você não tem muita moral para me criticar — respondeu efusiva, se mostrando magoada por ouvir aquilo.

— Não estamos a falar de mim. — Deixou claro antes que começassem com as mesmas discussões de sempre. — Vá, desce!

— Sabes bem o quanto eu sofri.

— Eu sei, mas vai falar isso para ele. Vai logo que eu tenho de ir visitar a minha progenitora no hospital.

— A convivência com Dash é notável. Adeus. — Despediu e desceu do carro com o coração a bater sem parar. Andou pelos caminhos conhecidos até tocar a campainha da casa muito bem conhecida. Giovana abriu a porta e os lábios pintados de batom cor de pele, formaram uma curva para cima ao identificar a jovem negra.

— Por favor, entre.

— Obrigada.

Johnson sentiu um tremor ao encontrar Damien sentado na poltrona vitoriana, tinha a perna cruzada e segurava um licor na mão direita. A mãe dele os deixou a sós, saindo a passos largos para longe dali.

— Não parece surpreendido em me ver — iniciou a conversa ainda parada diante do amado. O peito sangrava por dentro e reclamava pelo seu amor.

— Deveria? — Questionou. O maxilar rijo demonstrava o esforço para não mostrar certa tristeza latente. Os olhos azuis por sua vez sequer pestanejaram ao fixar a silhueta dela.

— Eu sei que eu fui dura, sim. Não queria entrar no meio de uma turbulência, fui fraca e abandonei você quando mais precisava. — Atirou todas as culpas para si própria e suspirou num lamento. — Me perdoa. Eu realmente não soube gerir a situação, foi um empecilho forte e não quero que pense que vou sair voando nos próximos obstáculos.

— E o que quer que eu pense? — Continuava com a expressão firme mas sem revelar o que lhe ocorria na cabeça.

— Que eu não sou perfeita, tenho meus medos e falhas e preciso de alguém que me ajude a superar isso. — Deu dois passos para frente a fim de se aproximar mais. — Me perdoa?

— Você fez o que achou certo, não tenho porquê a perdoar. Foste correta contigo acima de tudo, e sim, isso doeu muito mas eu compreendo. — Falava devagar, sem deixar o manto frio e invisível cair do seu rosto. — És uma mulher decidida e forte, tenho a certeza de venceres na vida. Qualquer homem queria estar ao seu lado.

— Eu quero estar do seu. O que posso fazer para provar isso? Merda! Fui tão má para nós dois. — Houve uma admiração repentina no rosto de Damien ao ouvir o palavrão proferido por Darcelle. O convívio com Abayomi era visível.

— Não se preocupe. Vem até aqui. — Convidou-a a sentar em seu colo, e assim que estavam perto, Darci pousou a cabeça no ombro dele.

— Eu te amo.

— Eu também.

Encostou o nariz gelado no pescoço cicatrizado, arrancando um arrepio do corpo de Beauchamp, e foi subindo até estar perto dos lábios apetecidos, não demoraram a unir as bocas sem esconder a ansiedade. A ausência tinha sido dura mas agora, ali, um nos braços do outro, nada mais parecia ter importância. Era tudo passado.

O beijo era molhado e lento, sem pressa de terminar a demonstração do sentimento. Uma lágrima rolou pela face dela, exibindo o alívio que era tudo ter terminado.

— Vamos para o quarto — Johnson sussurrou. — Tive tantas saudades.

— Já vamos, por ora fique aqui nos meus braços. Preciso abraçá-la para ter a certeza que é de verdade. — Desta vez, Damien sorriu.


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Notas finais do capítulo

Ohhh que lindos né? ansiosa para ver o que acharam.

Comentários, críticas, elogios, sugestões, RECOMENDAÇÕES? qualquer coisa, por favor na caixa abaixo! Não tenham medo de mim, sou boazinha.



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