Cobaia 0013 escrita por Juuclaudina


Capítulo 20
Capítulo 20 - Come Back Home


Notas iniciais do capítulo

Oi oi
Eu aqui de novo.
Nesse capitulo tem música (link nas notas finais)
Espero que gostem ^-^



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"Pele bronzeada, parecia reluzir

Olhos claros e brilhantes

Em sua boca um sorriso

Que me enchia de felicidade

.

A pele parecia sem vida

Olhos cheios de lágrimas

Sua boca formava palavras de forma contida, mas precisa.

'Eu te amo ' "

Abri os olhos e a iluminação me cegou momentaneamente. Os fechei de novo e passei para aquele momento pós-despertar.

Aquele momento em que tudo vai voltando a sua mente, como se seu cérebro acordasse e começasse a processar informações para o novo dia.

Lembrei de forma rapida como foi meu dia com Kalena.

De nós jogando vídeo game

Nós acordando

Lutas

Explosões

"Eu te amo"

Me sentei sobressaltado.

Olhei pra frente e Otousan estava sentado na ponta da maca em que eu estava, tinha pequenos machucados no rosto e uma tala no braço esquerdo. Estávamos em um dos corredores da Companhia e várias pessoas corriam para todos os lados era um inferno.

—O - Otousan... Seu braço..

—Eu estou bem filho. E você?

— Eu... - Me sentia bem... fisicamente. Mentalmente me sentia esgotado. E sentia um buraco se formar em seu peito. Como se algo fosse tirado de mim. - Kalena.- Sussurrei

Olhei para Otousan.

Ele estava visivelmente cansado e ... triste.

—Ela... Kalena... -Ele pigarreou- Ela foi...

—Rapitada. - Sussurrei novamente.

Silêncio.

—Que dia é  hoje? -Perguntei desconfiado, apesar da movimentação ainda tinha minhas dúvidas.

— Hoje é  segunda - feira. Ainda está de manhã, parece que os tranquilizantes são metabolizados facilmente pelo seu organismo, mesmo tendo sido atingido tantas vezes.

—Certo, e você? 

—Todos fomos pegos de surpresa. Alguns dos Goblins deviam ter granadas. Uma espécie de homem- bomba talvez? Quem sabe?

Aí me dei conta.

Tantos goblins se entregando.

Tantos sendo presos.

Tantos ali dentro, conosco.

—Como não percebemos?

Olhei para Otousan, ele não respondeu olhava para o lado com pesar nos olhos, observando aquele pandemônio.

— E os invasores?

— Foram embora assim que pegaram Kalena. Nosso reforços chegaram e pelo jeito os invasores preferiram recuar.

—Eu... Eu. .. Preciso dela. - disse simplesmente.

— Sr. Haysawa. - Era agente Isabella. E trazia consigo um telefone que Otousan rapidamente pegou de suas mãos.

— Haysawa falando. - Disse e saiu caminhando as pressas.

Levantei da minha maca.

Isabella segurou em meu braço.

—Yamamoto. Eu...

— Eu sei, agente Isabella. Só por favor. Me prometa que vai me ajudar a encontra - la.

—Todos nós vamos.

Sai e fui em direção ao meu quarto.

A porta estava aberta, mas tudo estava em seu devido lugar.

Coloquei minhas roupas habituais e sai para ajudar na Companhia.

07-09-5026    Sexta-feira

Um mês  se passou e só aí a Companhia pareceu melhorar.

O mês  todo foi um caos.

A ala hospitalar estava cheia de agentes.

Paredes, janelas, salas inteiras quebradas.

A segurança aumentou de forma drástica

E é  claro. Otousan não me deixava se quer pensar em colocar meus pés para fora da Companhia.

O mês  passou arrastado. Por mais que me mostrasse prestativo e fizesse qualquer coisa que me pedissem, nada,realmente, nada fazia o tempo passar, o dia acabar e eu poder me deitar para ficar rolando na cama até dormir por exaustão.

E sonhar com Kalena.

Seus olhos.

Seu sorriso.

Seus beijos.

Momentos preguiçosos e divertidos com ela.

Para depois, do nada, como que para me lembrar que nada daquilo era real, os sonhos mudassem para o último momento em que a vi.

Todas as noites mal dormidas.

E depois desse mês  talvez eu conseguisse falar explicitamente com Otousan sobre procura-la.

Fui até sua sala. Ele, como sempre, falando ao telefone. Esperei pacientemente, ou quase, pelo fim da conversa.

Ele terminou a ligação e se voltou para mim.

—Sim, Daisuke?

—Temos que fazer algo. Temos que procurar por Kalena.

— Isso já está nos planos.

—Nos "planos"?

—Sim. -Respondia sem olhar para mim, anotava algo em alguns papeis.

— Como assim?

— Vamos fazer isso, filho. Com toda certeza. Mas estamos com poucos recursos e agentes. Alguns já estão à procura dela.

—A procura de Kalena ou a procura dos invasores? - Eu falava com rispidez, sabia disso.

E, só assim, ele me olhou.

— Pelos dois. - Respondeu por fim.

Inacreditável.

Sai de lá, batendo a porta.

Como ele podia falar dessa forma? "Pelos dois". Era mentira!

Otousan era diferente do que eu pensava. Do começo do ano pra cá passei a conhece-lo realmente. Tantos segredos revelados se é que não haviam mais deles.

 Sem olhar por onde andava, perdido em meus pensamentos acabei trombando com alguém .

—Hey, Daisuke. - Era Robert.

—Oi. - Continuei andando e ele segurou meu ombro.

—Daisuke?

— Você está na equipe de busca pela... Pelos invasores?

Ele respirou fundo.

— Em partes.

—Por que não me disse?!

— Não queria que se preocupasse.

—Mais do que já estou preocupado?! Impossível!  Por que todos parecem esconder coisas de mim? Ninguém confia em mim! Achei que pelo menos você confiasse!

—Daisuke, você não está pensando com clareza!

—E como se faz isso? -Gritei. Depois me virei e apoiei a cabeça em uma das paredes do corredor. - Como se faz? - Sussurrei e algumas lágrimas  teimosas corriam pelo meu rosto sem permissão.

—Daisuke. - Ele me chamou, não respondi. Não  conseguia responder. Não quero que as pessoas tenham pena de mim. Quero ajuda.

Preciso de ajuda.

—Daisuke... Eu. . Eu .. sinto muito. Assim que tivermos algum sinal de Kalena eu te avisarei.

Eu sai dali em direção ao meu quarto.

Não conseguia dizer uma só palavra.

Andei pelos corredores sem realmente reparar por onde andava. Eu caminhava de forma mecânica, sem realmente pensar no que fazia. Era a mesma coisa quando comia, conversava, tomava banho, dormia.

Tudo de forma mecânica,  algo que eu sabia que devia fazer, não porque queria fazer .

Cheguei em meu quarto e simplesmente chorei.

Chorei tudo o que tinha para chorar. Tudo o que eu ainda havia evitado chorar naquele mês que havia se passado.

Chamei por Kalena, desesperado em meu quarto bagunçado.

Como ela devia estar?

Onde devia estar?

Será que estava morta?

Não.

Não podia se quer pensar nisso.

Eu só sentia o buraco em meu peito aumentar cada vez que me lembrava dela. E não sabia bem se as lágrimas ajudavam ou pioravam essa dor.

Não aguentava ficar ali preso.

Decidi subir até o terraço da Companhia.

Estava frio, mas não nevava já que logo a primavera chegaria.O Sol estava se pondo então o céu começava a ter tons alaranjados e o vento frio bateu contra meu rosto. Fechei os olhos e levantei o rosto aproveitando aquela sensação. Depois me sentei no local onde havia sentado com Kalena.

E aquele buraco só aumentava.

—Droga Kalena... Eu estou tentando encontrar você. ..

Eu ... Eu realmente estava?

Ou só estava esperando outras pessoas fazerem isso por mim?

Comecei a andar pelos corredores tentando parecer o menos alterado  possível.

Cheguei a ala de tecnologia, era uma sala imensa cheia de agentes imersos em seus respectivos computadores,  atendendo ligações,  andando de um lado para outro.

Procurava por Robert.

Eu não entendia daquilo tudo e ele era a única pessoa que eu conhecia e que entendia sobre isso.

Vi ele andando a passos largos com alguns papeis em mãos.

— Robert! - Coloquei a mão em seu ombro.

—Daisuke, estou meio ocupado.

—Está a procura dos invasores?

—Não no momento.

—Por favor, me deixe ajudar.

—Olha, Daisuke...

—Por favor, Robert. Eu já não aguento mais ficar parado esperando por algo.

—Eu realmente não sei.

—Ok! - Eu não iria insistir. - Eu me viro. - menti. - Ninguém aqui quer me ajudar, já entendi que não faço realmente parte da Companhia, sou só o filho do patrão que brinca de ser um agente.

Eu já saia de lá tentando pensar em uma outra alternativa quando Robert bufou e me puxou até o corredor de frente para ala em que estávamos.

—Me espere aqui.

E eu esperei.

Ele voltou e indicou com a cabeça que eu devia segui - lo. Fui andando atrás dele por um tempo até chegarmos  no que parecia ser sua mesa. Pegou um banco simples e indicou para que eu me sentasse.

Começou a digitar com agilidade e permaneceu assim por um tempo.

—Ainda estão trabalhando nisso desde o primeiro ataque, em que os invasores deixaram um recado nada amigável a Companhia procura por "eles" com mais intensidade.

—Com mais intensidade?

— Sim, já procurávamos por "eles" antes, por conta das cobaias que havíamos encontrado, mas nunca havia tido um contato tão direto quanto na invasão.

Eu acenei mostrando que havia entendido.

—Temos fichas das Cobaias e informações sobre elas, principalmente locais onde são vistas. Existem locais onde mais de uma foi vista.

— Existe algum local próximo a Barkesfield?

Robert  se levantou.

— Venha comigo.

O segui novamente e agora andávamos por corredores mais estreitos e menos iluminados que os outros da Companhia.

Haviam várias salas dos dois lados. As salas tinhas grandes janelas que tomavam boa parte da parede e portas de vidro.

Chegamos a uma sala vazia e Robert fechou as persianas das janelas e das portas.

Na sala havia uma mesa retangular, grande e escura  com o tampo grosso e com varias cadeiras em volta. Robert procurou algo  com os dedos do lado do tampo da mesa e de repente a mesa se iluminou como uma tela de computador.
Um holograma de teclado apareceu e Robert teclavam rapidamente o que ele digitava aparecia em frente ao seu rosto em forma de holograma também.

Logo após Barkesfield apareceu na mesa assim como outras cidades uma linha vermelha saindo de nossa cidade foi traçada até uma pequena cidade.

—Ghriffitis parece deserta. Por isso é  estranho algumas pessoas aparecerem ali, ainda mais sendo Cobaias. Mas isso não é realmente uma prova.

Ele fez um movimento com as mãos fazendo com que a cidade fosse ampliada depois à girou como se analisasse todos os pontos desta.

—E ainda existem outros locais. - Afirmou.

Ele digitou novamente e um mapa do mundo apareceu. Agora apareciam poucos pontos verdes espalhados e vários vermelhos.

—Os pontos verdes são locais que temos quase certeza que "eles" estão. Já os vermelhos são pontos em que desconfiamos.

—Isso é  muito vago. São tantas possibilidades.

—Exatamente.

—Ghriffitis é  um ponto verde ou vermelho?

—Vermelho. Apesar da aparição de Cobaias nunca houve nada demais lá, a cidade é  deserta, mas as vezes é  um caminho mais curto para conexão com outras cidades.

—Droga. -Exclamei e apoiei as duas mãos na mesa.

—No dia do ataque alguns agente tentaram seguir os invasores, mas estavam mal prepararados, logo outros mais equipados foram ajudá-los. Agora alguns agentes estão em campo procurando alguma pista que nos de idéia de onde Kalena está. Só podemos esperar por alguma noticia.

.

Sai de lá e fui em direção ao meu quarto, mas ao invés de ir direto para este parei com meu braço no ar em meio ao movimente de abrir a porta.

Queria ir ao quarto de Kalena.

Comecei a andar na direção do quarto dela.

Eu devia ir lá?  Provavelmente não.

Cheguei rapidamente e apoiei a mão na maçaneta.

Talvez estivesse trancado não é  mesmo? 

Virei a maçaneta e não, não estava trancado.

                    Come Back  Home

 " 1, 2, 3 você me abandonou

 Mas ainda escuto sua respiração de algum lugar."

Abri devagar e liguei o interruptor. Estava tudo organizado, a cama feita e tudo limpo. Entrei receoso, não sei bem o porquê e meu coração batia descompassado. Olhava ao redor como se fosse a primeira vez que estava ali.

Era a primeira vez que eu entrava ali sem ela.

"Mais uma vez, 4, 5,6 lágrimas vermelhas caem

 Sinto falta do seu cheiro à minha volta"

Em cima da pentiadeira estava o seu caderno de desenhos. Era um pequeno caderno de capa dura vinho.

Não resisti, peguei o caderno e sai do quarto.

Já no meu quarto, me sentei com as costas apoiadas na cabeceira da cama e abri o caderno.

 "Você disse que tudo era pra mim, como uma mentira  você friamente se foi

 Por quê? Por quê? Você se foi."

Tinham vários rabiscos em tons diferentes, parecia um teste de intensidade do lápis.

Depois haviam esboços de olhos e cabelos.

Na outra página haviam olhos e meu olho de dragão.

Voltei a respirar e nem ao menos tinha percebido que havia prendido a respiração.

  "Volte para casa.

Você pode voltar para casa?

Não me deixe no fim desse mundo frio, apenas volte para o meu lado

Volte para casa

Você pode voltar para casa?

Todas as dores, deixei elas para trás

Eu ainda espero por você.

Agora você tem que fazer o que tem que fazer. "

Virei a página e havia um esboço  do meu rosto sério.

Na próxima página esboços meus socando e chutando.

E aí o desenho da menina com vestido e coroa de flores. O que eu vi no dia em que Kalena trabalhou comigo.

Eu sorri. E voltei para a página em que tinham esboços meus enquanto eu treinava.

—Por isso não queria que eu visse os outros desenhos não é, Kalena?

"Eu te odeio muito por não me responder

Queria saber se você também sente minha falta as vezes, yeah

Eu estou presa num tempo que não tem você

Eu não consigo ver adiante, eu estou com tanto medo"

Avancei um pouco e vi um desenho meu e eu sorria. Nessa mesma página estava a rosa lilás,  agora seca que eu havia dado para ela no dia do baile. No dia em que nos beijamos.

Lembrei de uma conversa que tivemos, quando assistimos a uma comédia romântica juntos.

"Os muitos dias que estão inacabados, parece que estão a nossa espera

Onde está?  Onde? Longe demais.

Volte para casa. Você pode voltar para casa?

Não me deixe no fim desse mundo frio, apenas volte para o meu lado

Volte para casa

Você pode voltar para casa?

Todas as dores, deixei elas para trás

Eu ainda espero por você.

Agora você tem que fazer o que tem que fazer. "

~Flash Back on~

Estavamos sentados com as costas apoiadas na cabeceira  da cama como de costume. O filme era legalzinho... Mas eu preferia o outro.

Numa cena a protagonista mostrava vários vestidos de madrinha de casamento para um repórter (que eu achava que seria o par romântico dela).

—Você guardaria tudo isso? -perguntei.

—Acho que sim.

—Sério?

—Sim... Eu sou do tipo de pessoa que guarda tudo que tem algum significado especial, que represente algo, alguém ou simplesmente um dia especial sabe?

—Sei. .."

~Flash Back Off ~

Uma lágrima caiu na página aberta.

Fechei o caderno rapidamente e o tirei de perto colocando este perto de meu travesseiro.

Eu já não aguentava mais chorar.

Desde quando havia me tornado assim tão dependente de Kalena? Ela chegou de repente e tomou posse de seus pensamentos depois disso.

"A única coisa que resta aqui é  sua sombra

Minha distância de você  tortura mais que a solidão.

Parece que ainda consigo ouvir o som do seu riso.

Mas os momentos, francamente, se espalham como um castelo de areia

Todas as noites eu tenho pesadelos

Mesmos nos meus sonhos eu chamo seu nome

Em uma época em que tudo muda a única coisa que não muda

É  que sou sua rainha e você é  meu comandante."

Me deitei ainda com lágrimas nos olhos e me lembrei do dia do baile, de como ela sorria, como dançava..

Me lembrei do momento em que estávamos no lado de fora da mansão e de como ela ficava linda ao luz do luar.

Lembrei de como me declarei pra ela, e agora, sentia meu coração bater contra o peito da mesma forma, como se estivesse lá novamente.

Lembrei do nosso Beijo.

E adormeci.

"Volte para casa. Você pode voltar para casa?

Não me deixe no fim desse mundo frio, apenas volte para o meu lado

Volte para casa

Você pode voltar para casa?

Todas as dores, deixei elas para trás

Eu ainda espero por você.

Agora você tem que fazer o que tem que fazer. "

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Ai aí. .
Por hoje é só pessoal.
Até a próxima.
Links:
Versão acústica (prefiro que escutem essa, e foi essa versão que coloquei na historia): https://m.youtube.com/watch?v=dmo-_GCpoYw
Versão original: https://m.youtube.com/watch?v=vLbfv-AAyvQ



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