Geranium escrita por Oyundine


Capítulo 4
Geranium IV: Blue Feeling.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem! Sei que demorei masis do que o aceitavél! É que eu ando REALMENTE ocupada, e pra somar eu andava realmente sem inspiração. Esse capítulo é mais curto por que digamos que não tem muita história e sim muita reflexão. Er... Bom!
De qualquer modo aqui o capítulo 4! Finalmente! Obrigada a todos que leream até aqui! E muito obrigada pelos amaveis reviews!



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Provavelmente, todos já ouvimos o ditado “só damos valor a algo depois que já perdemos”. Eu costumava acreditar fielmente em tal ditado, desde canetas a animais a amigos. Eu só passava a ligar para as coisas depois que sentia falta das mesmas. Já Com você nunca foi assim. Eu nunca consegui imaginar uma vida sem poder ao menos olhar para seu sorriso. Nunca te desvalorizei no meu coração nem por um momento. Por que então, você não está aqui agora? Você sumir assim do nada não fazia parte dos meus planos. Você sumiu tão de repente quando apareceu.

Ugh droga. Meu peito dói.

 

Geranium – Blue feeling.

 

- Gokudera-kun...

         O chefe apertou os olhos, sabia que o pedido que faria ao seu braço direito era egoísta, e acima de tudo, cruel. O italiano por sua vez não olhava nos olhos do décimo, tinha uma rama de flores em suas mãos, eram gerânios azuis. Quando era menor, uma de suas babas costumava estudar os significados das plantas, flores principalmente. “estupidez” Era isso que aquela planta que ele tinha em mãos representava. Juudaime havia dito que no velório haviam lírios brancos, eram as flores erradas. Gerânios combinariam muito mais. Mordeu o lábio inferior e esmagou a flor que se desfez em pétalas amassadas. Seu olhar deprimido acompanhou os restos da planta que despencavam de seus dedos. Tsuna encarava o guardião preocupado. Gokudera já estava daquele jeito há algumas semanas desde...

“Morto”

A palavra martelava na cabeça do italiano. “Morto, Morto”

- E não vai voltar.

Repetiu Gokudera novamente naquele dia. O peito do décimo Vongola doía cada vez que o braço direito voltava a balbuciar frases sem nexo. Como tudo havia chegado a aquilo?

“Hahaha, não me odeie. Não era para as coisas chegarem a tudo isso, quer dizer, era pra ser simples não era? Quem imaginaria que ao invés de dois caras, haveriam uns vinte? Não fui culpa de ninguém a não ser a minha. Eu tive a escolha, eu me despedi com promessas que nunca vou conseguir cumprir e desapareci. Não foi justo com você e eu sei disso. Acho que agora entendo por que meu pai vivia dizendo para tomarmos cuidado com as promessas. Ele costumava dizer... Não prometa o que não vai cumprir.

Porém, juro que não foi intencional, você sabe que eu nunca faria uma coisa dessas. Eu tinha certeza que iria voltar. Alias, nunca teria saído do seu quarto aquela noite, se eu soubesse que as coisas iriam terminar assim. Nunca havia me sentido tão fraco, eles me desarmaram, eu estava vulnerável e principalmente com medo.”

- Desculpe.

O guardião da chuva repetia sorridente, coçava a nuca, nervoso. Sozinho. O dia estava incrivelmente quente, e se lamentava por ter que usar aquele terno tão quente. Sua gravata já estava praticamente solta, e se abrisse mais sua blusa poderia ser acusado de atentado ao pudor. Não entendia como o resto dos guardiões conseguiam se manter arrumados naquele forno em forma de roupas. Esticou-se, ficar tantas horas sentado também era frustrante. Normalmente não era assim, mas com a famiglia em crise, varias reuniões eram marcadas, onde muita coisa era colocada em questão e praticamente nada era decido. Sentia que era como um teatro, e que na verdade todos tinham outro plano. Por que ele tinha que ficar de fora não sabia. Por isso havia aceitado aquela missão. Levantar da cadeira e ir fazer algo pra variar, mesmo que a missão em si não combinasse com ele, nem com seu papel de guardião. Aquele sufoco todo estava o deixando nervoso. Porém, não esperava aquela reação exagerada de todos, eles eram mafiosos afinal. Aquilo traria problemas, por que as pessoas não podiam ser simples?

- Hahahaha!

Soltou uma gargalhada literalmente do nada, como estava sozinho não havia ninguém pra estranhar mesmo. Lembrou-se que a pessoa mais complicada que ele conhecia, era ironicamente a que ele mais amava.

- Hayato...

Murmurou ainda rindo, o italiano havia ficado muito irritado com a história da missão. Aquilo traria problemas. “Tempestade em copo d’água”. Repetia para si mesmo o tempo todo. Não havia nada de mais naquela missão, ele já havia feito aquilo. Já havia matado... Uma vez, há muito tempo. Mas estava seguro que conseguiria de novo.

- Tudo pelo bem da Vongola, não?

Murmurou sozinho. Era por isso que o bebe havia indicado ele para a missão, para essas mentiras todas sumirem de uma vez, mas como ele explicaria? Naquela época, fora obrigado a matar. Devido a circunstancias, se não tivesse feito aquilo seu pai teria morrido, o que na realidade foi em vão. Pois seu pai foi levado poucos anos depois. Porém, naquela época se houvesse contado que tinha matado alguém... Estava em seu auge com Hayato, eles haviam acabado de decidir que iriam sair. Não estragaria o clima com uma noticia trágica daquelas. Era muito mais fácil manter segredo. Não, fácil não era a palavra. Seguro. Sim, preocupar Hayato a aquela altura seria ridículo.

O japonês jogou-se na cama, aquele era na teoria um quarto de hospedes, mas apenas Yamamoto o usava quando ficava na base. Até suas coisas já estavam acomodadas ali, e ele e Gokudera frequentemente passavam as noites ali... Aquela cama parecia tão solitária e fria sem o italiano repousando sobre ela. Não, não era a cama que estava solitária. Estendeu uma mão para o alto, como se fosse alcançar o teto. Tão quieto, tão frio, tão calmo. E pela primeira vez em muito tempo, Yamamoto amaldiçoou a calma que o rodeava. Precisava de força, de vontade, da tempestade que destrói tudo sem deixar rastros.  Queria Hayato em seus braços, mas sabia que pra isso muito havia que ser dito, e muito havia que ser feito. E sua cabeça doía só de pensar.

Era pra ser tão simples! Ir, matar, voltar, amar. Quatro verbos, só isso. E não era como se ele entendesse de gramática. Diversas vezes ele se perguntava “por quê?”. Por que tudo aquilo? Pessoas, gente, universo, animais. Quando era mais jovem, tudo aquilo era simples, as coisas existiam e pronto, era um fenômeno maravilhoso. E só isso. Agora ele começava a se fazer tais perguntas, tão filosóficas que ele sabia que nunca seria capaz de responder. Ele nunca estudaria o suficiente pra isso, além do que evitava tais questões tão profundas. Mas ultimamente elas voltavam a sua cabeça o tempo todo, e ele sabia que não precisava respondê-las pra ser feliz. Sabia muito bem o que queria fazer.

- Me espere Hayato.

Voltaria da missão, e faria aquilo. O que importava o resto? Só precisava conseguir ir, era algo que precisava provar a si mesmo antes de voltar e tomar definitivamente aquela decisão. Estava quase adormecendo quando escutou batidas leves em sua porta, levantou-se de supetão. Quem seria? Sabia que não era a única pessoa com quem queria conversar ou ver, andou em passos lentos até a porta do cômodo.

- Sim?

Sorriu, o pequeno guardião do trovão estava parado à sua frente, com seu olho direto fechado como de habitual. Ele tinha uma cara um tanto angustiada... E Yamamoto sabia que era sua culpa, ele andandava preocupando todos à toa.

- O Vongola... Está te chamando.

Disse Lambo no seu tom despreocupado de sempre, porém, o japonês sabia o quão curioso e confuso o líder bovino estava.

- Ah é mesmo? Vamos lá então.

Riu, sim, era importante lembrar-se de rir, o tempo todo. Caso contrário as coisas ficariam ainda piores, os outros não conseguiam mais sorrir, era algo que ele devia manter. O sorriso da Vongola era sua responsabilidade. Andava ao lado do pequeno guardião do trovão, Yamamoto achava incrível como Lambo havia mudado. Antes ele era aquela criança hiperativa sempre fazendo bagunça, e agora era aquele adolescente que precisava sempre passar uma imagem “cool”, porém, ele continuava com seus ataques de choro. Era um cara engraçado.

- Obrigado por me avisar Lambo.

Bagunçou os cabelos do menor que o olhou levemente irritado por estragar seu penteado perfeitamente desarrumado. Entrou na sala lentamente, não havia ninguém além de Tsuna que lia um livro distraído. Assim que Yamamoto adentrou no cômodo o décimo fechou o romance que lia e sorriu na direção do guardião da chuva, porém, um sorriso tão amarelo que sequer parecia sair dos lábios do Vongola.

- Yamamoto! Eu preciso falar com você!

- É, o Lambo me avisou.

O japonês sorria, já sabia qual seria o tema da conversa. Aquilo era uma perda de tempo, independente dos argumentos de Tsuna. Ele faria isso, não que ouve-se um grande motivo para ir na missão, mas era uma ótima oportunidade pra acabar com aquela mentira tão velha de uma vez e ainda ajudar a Vongola. Tsuna pediu para que Yamamoto se sentasse, porém, não começou a falar. Antes que Yamamoto conseguisse perguntar o que seu chefe estava esperando, batidas fortes na porta soaram pela sala.

- Entre.

Sawada tinha uma expressão mais séria agora, a porta maciça de madeira se abriu. Yamamoto não conseguiu evitar se assustar.

- ... Gokudera?!

O italiano encarava-o frente à porta com uma expressão de ódio e superioridade estampada no rosto. O moreno olhou confuso para Tsuna, que abaixou a cabeça levemente como em um sinal de desculpas. Ah, Yamamoto entedia agora, não era uma reunião com Tsuna, e sim com Hayato. Claro, após a discussão que não havia levado ambos os guardiões da tempestade e chuva a lugar nenhum da noite anterior, Gokudera estava apelando para o chefe.

- Bom dia Juudaime.

O italiano primeiramente ignorou Yamamoto. O moreno cruzou as mãos nervoso, sua testa estava franzida e suas sobrancelhas quase se juntavam. Era tão odioso assim? Matar era tão repugnante para Hayato? Apoiou a testa nas mãos, por que havia que ser tão odioso? Se Hayato soubesse a verdade... O que faria? De repente, o japonês se sentia completamente domado pelo medo. Não conseguiria contar, não poderia ir a tal missão, não se Gokudera fosse o odiar dessa forma, não suportaria... Gokudera era sua vida agora, baseball, seu pai. Nada daquilo lhe importava, passado. Não havia como voltar a aquelas coisas. Porém Hayato estava aqui, no presente. E Yamamoto queria poder garantir que estaria no futuro.

 

O dia passou, reuniões começaram e acabaram. Opiniões foram formadas, discussões foram feitas, coisas foram faladas. E algo foi decidido.

- Yamamoto, fique a vontade pra escolher.

- Obrigado Tsuna.

- Fique certo que vai fazer a coisa certa.

- Certo.

E escolhas foram tomadas. Algumas corretas, outras coerentes, mas nem todas elas.

 

“ E naquele momento, eu só conseguia pensar em uma coisa. Droga. Drogra, droga e droga. E logo depois, desculpas. Eu falhei, como guardião, como amigo, e como amante. Hayato, eu gostaria de poder ter dito a chance de voltar, sorrir, te abraçar. E então te fazer aquele pedido. A dor que meu corpo sentia, o sangue que cobria meus olhos, não eram nada comparados a dor que eu sentia por saber que nunca mais te veria. No momento do golpe eu já sabia, que aquela fora a ultima vez. E que eu nunca teria a oportunidade de me despedir. Coisas certas, se tornam automaticamente erradas quando algo assim acontece.

Talvez assim seja melhor. Você estava certo desde o início, sempre está. Eu devia ter-lhe dado ouvidos, se depois de tudo isso eu acordar, por favor, ria da minha cara e diga animado

- eu avisei idiota!

Seria um privilégio, depois disso eu sorria e te envolveria em meus braços. Contente por ter saído vivo, quando a oportunidade chegasse eu faria o pedido. Você ficaria encabulado e irritado, mas aceitaria. E as coisas voltariam a um clima agradável ”

- Gokudera-kun, estavam arrumando as coisas dele... e acharam isso. Acho que era pra você.

O italiano segurou com seus dedos trêmulos a caixinha de veludo que seu chefe lhe entregara. Tsuna tinha os olhos mais magoados que nunca, não conseguia sequer imaginar a dor que seu braço direito sentia. Gokudera arregalou os olhos, aquilo não podia... E as lágrimas que a pouco haviam parado de rolar voltaram a escorrer pelos olhos esmeralda do italiano. Um par de anéis prateados. O décimo se assustou ao ver o conteúdo da caixa, então... Realmente. Segurou no ombro de Gokudera que desabava no choro, um choro silencioso e recluso. Dados alguns minutos Gokudera colocou um dos anéis em seu dedo anelar esquerdo. Encarou desconcertado o outro anel solitário que restara dentro da caixa, estava prestes a tirar o anel que tinha nas mãos, quando Tsuna pegou o anel que restara na caixa e colocou-o delicadamente dentro da urna de cinzas que tinha em mãos. O braço direito deu um sorriso, coisa que não fazia há muito tempo. Levantou-se, apertou a mão esquerda com força, passando os dedos sobre o anel que agora ocupavam seu dedo. Não tinha como, e nem havia porque negar nada. Todos pareciam saber, e ele não andava ligando pra isso. Recentemente ele não andava ligando pra nada.

Segurou as malas, ele e Tsuna estavam voltando para Namimori. Uma visita rápida. Decidiram jogar as cinzas no campo de baseball de lá. Não haveria lugar melhor. O décimo pedira para o seu braço direito acompanhá-lo, pois sabia que era o certo a se fazer. Gokudera tinha que fazer aquilo, porém, Tsuna sabia que ele não teria forças suficientes para realizar tal façanha sozinho. Estavam a caminho do aeroporto. Ao ver que o italiano estava pronto pra continuar, Tsuna segurou a urna mais forte contra o corpo. Aqueles anéis, provavelmente Yamamoto pretendia fazer algo quando voltasse algo que nunca aconteceria. Lembrou-se de ter visto o moreno procurar por ofertas de bons apartamentos na Itália, era por isso? Definitivamente uma história triste, mordeu o lábio inferior, precisava se concentrar em ajudar Gokudera agora.

Ambos saíram andando em passos lentos até o carro que os esperava pacientemente. Eles haviam saído a tempo, porém, Gokudera havia tido uma crise, se encolhera e começara a falar coisas sem sentido. Tsuna sabia que era culpa da flor que o italiano arrancara do canteiro. O chefe ligara para o aeroporto trocando as passagens para mais tarde e então se concentrara em ajudar o seu amigo. Somente um bom tempo depois, foi que Gokudera se acalmara, nesse momento Tsuna o entregou os anéis, e após outra pausa, voltaram seu caminho até o taxi. Gokudera não notou, porém, mas ao andar pisou nas pétalas azuis do gerânio que ele havia despedaçado antes.

 

“Estupidez certo?”

 

Geranium – Blue feeling End.

 

Continua....

 


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Notas finais do capítulo

Bom, espero não demorar tanto pra postar o proximo, mas do jeito que as coisas vão é bem possivél... Desculpem MESMO! e MUITO obrigada por lerem! Reviews! Não custam nada e aquecem o coração da autora atrasada!



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