Na sala de aula só existia um assunto: O fim de Xavenise e como ele foi causado .

                -A Denise nem veio hoje!-Disse Cascão para os amigos.

                -Verdade, você sabe por que Xaveco? –Provocou Cebola.

                -Não enche!-respondeu Xaveco de forma mais grosseira possível.

                -Acho que essa não era a resposta certa. –Rebateu Cebola cruzando os braços.

                -Você não acha que está cuidando demais da minha vida?-Disse Xaveco se levantando e ficando na frete de Cebola.

                -Tá mudando de assunto por que?-Diz Cebola se levantando também. – Sabe que é culpa sua.

                -Cala a boca!

                -Cala você! Ou prefere que eu chame a Marina para te ensinar quanto é dois mais dois?

                A fala de Cebola causou um efeito que fizesse com que todos que prestavam atenção na discussão, que era a sala inteira (incluindo a professora), virassem para observar a garota mencionada por meio minuto. Essa porém só observava a discussão sem demostrar nenhuma reação.

                -Ou a Carmem para te calar com um beijinho !-Fala Titi fazendo graça chamando a atenção ele e a discussão.

                -Não se intrometa. –Disse Xaveco com olhos ameaçadores mas pode ouvir um murmuro “me intrometo sim.” -E   quanto a você... –Apontou para Cebola.- Cuide de seus próprios problemas.

                -EU CUIDO ! Mas a Denise é minha amiga e oque você fez não foi justo!-Gritou Cebola e a professora viu que era hora de agir.

                Caminhou apressadamente  até os dois e disse alto:

                -Chega de briga, ou eu coloco vocês pra fora. –Caminhou até a frente da sala e deu um berrinho –Todo mundo estudando.

                A aula passou e para a alegria da professora foi uma aula tranquila, claro que com alguns cochichos mas isso é comum.

                -Hey Mari? –Magali chamou pela segunda vez a amiga.

                -Sim?-Disse ela voltando para Terra.

                -Por que fez aquilo ontem?

                -Sei lá iria gostar que fizessem isso por mim.

                -Se um dia for preciso irei fazer isso, mais acho que vai machucar muito. -As  duas riram um pouco com a fala e depois retornaram a postura anterior. –Você acha que o Xaveco gosta mesmo da Denise?

                -Eu ?Tenho certeza !

—Mas depois do que ele fez?

—Ai Magali lembra de quando a gente tinha 12 anos?-Ela balançou a cabeça em forma de sim. –Ele era louco por ela e continua sendo.

—Mas...-Marina a cortou.

—Algumas pessoas só dão valor nas coisas quando perdem.

...

Carmen seguia para a saída do colégio sobre múrmuros como:

“A maquiagem dela nem é tão boa quanto ela fala, olha da pra ver a marca do anel da Marina.”

“Olha a talarica.”

E outros.. .Chegou em casa e correu para o quarto se ajoelhou no chão e começou a gritar e chorar como louca.

[...]

—XAVECO? –Já era a quarta vez que a sua mãe lhe chamava.

—Oque foi? –Perguntou Xaveco ao sair de seus devaneios.

—Você mal tocou na comida-Sua mãe deu a bronca.

—Foi mal mãe estou sem fome!-Saiu correndo pela escada sobre os gritos de sua mãe.

Entrou em seu quarto batendo a porta e se jogando na cama deixando algumas lagrimas cair sobre seu rosto. Era o arrependimento batendo.

Ouviu o toque de seu celular não queria ver o que era só ficar ali deitado chorando, mais a vida tinha que continuar com ou sem Denise. Olhou  para a tela era uma mensagem de Cascão, resolveu ler logo.

“Ainda dá tempo de pedir desculpas.”

Nem respondeu só ficou ali por mais alguns minutos pensando antes de tomar alguma decisão.

...

Respirou fundo mais uma vez esperando a porta se abrir. Denise abriu a porta com suas antigas Marias-Chiquinhas presas na cabeça e o rosto seco. Olhou aquele loiro que despedaçou seu coração.

—Oque quer Xaveco?-Foi direto ao ponto.

—Quanto tempo não vejo essas Marias-Chiquinhas –Coçou a nuca –Desde os 12 anos!-Deu um Falho sorriso.

—Oque quer?-Perguntou novamente.

—Você está sozinha em casa? Posso entrar?-Ela respirou fundo e deu a passagem para ele entrar. Sentou no sofá e fez um gesto para que Xaveco também sentasse.

—Então oque quer?-Perguntou pela terceira vez.

—Eu quero pedir desculpas!-Pegou em suas finas mãos. –Eu quero você!

Denise, porém, olhou para baixo procurando pensar no que dizer olhou para aquelas mãos que seguravam as suas. Olhou naqueles olhos que olhavam nos seus e não resistiu se entregou ao beijo.

Se separaram e mesmo que negassem esse foi um beijo doce e com amor, diferente dos outros. O mais verdadeiro de todos. Ficaram em silencio, um silencio que os matavam por dentro.

—Então voltamos?-Perguntou Xaveco torcendo que sua resposta fosse “sim”.

—Xaveco nunca estivemos juntos nunca foi real. Entende ? eu sei lá não consigo explicar oque eu sinto.

—Eu sei que deve ser difícil, está tudo confuso para mim também.

—Eu não sei oque dizer você e a Carmen brincaram comigo e com meus sentimentos, e isso  doí.

—Foi tudo armação da Carmen eu não tive culpa... –Recebeu um olhar de repreensão de Denise. -Talvez eu tenha um pouco de culpa mas eu estou arrependido você não sabe quanto.

—Foi muita humilhação para mim, eu nunca fui tão humilhada em toda a minha vida. –Algumas finas lagrimas escorreram dos olhos de Denise.

—Hey não chora! –Xaveco a confortou com um abraço.

Foi aí que os olhos se perderam novamente dando lugar a um outro beijo. Porém esse foi atrapalhado por um bichinho branco, que passava a patinha sobre a mão dos dois.

—Ah Mingau!-Denise o pegou no colo.

—Você ainda não o devolveu pra Magali?-Perguntou Xaveco.

—Lembro de quando ele chegou, ele fugiu da casa da Magali quando a gente tinha 13 anos, fiquei tão apegada a ele que nunca mais devolvi. –Disse fazendo carinho no animalzinho.

—Quanto a nós? –Perguntou Xaveco.

—Eu posso pensar?-Perguntou Denise.

—Claro, para você todo o tempo do mundo. –Deu um beijo em seu rosto.-Tchau.-E seguiu para a saída.

—Tchau.