Trakai - Love Is Unpredictable escrita por lotusflower


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Não tenho muito pra falar dessa vez... Não sei vocês, mas eu achei que esse capítulo, apesar de paradão, vai ter váaaaarias informações preciosas pro futuro...
Espero que gostem!



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Porém, o lugar agora abrigava algumas coisas das meninas, estava um pouco modificado com a presença delas. Regina deixara alguns de seus ursos de pelúcia por lá, levara um lençol de seda romana para cobrir a cama e um grande lençol indiano com trama percal que usavam de tenda para brincar. Gastavam horas e às vezes, o dia todo brincando por lá.

– Olha, Regina! - Emma tirou de dentro de sua bolsa de pano que carregava consigo uma boneca de pano. Não tinha olhos, nem boca, apenas o formato do corpo, e um vestido azul. O cabelo de lã amarela era o que chamava mais atenção de Emma, já que eram iguais aos seus. - Minha avó fez pra mim!

– Que linda! - Regina pegou a boneca com cuidado. - Ela tem os cabelos iguais aos seu. - Regina achou graça. - Ela é muito bonita, Emma!

– Pode brincar com ela o quanto quiser. - Emma sorriu e sentou-se no colchão, enquanto Regina se distraía com a boneca. - Você não tem bonecas, Gina?

– Tenho algumas... Mas elas são de porcelana, não posso brincar com elas, e... Eu não gosto muito delas. São estranhas. Minha mãe disse que são de um lugar muito, muito longe e que são muito valiosas para que eu brinque e quebre-as. Além do mais, não se parecem nada comigo.

– Ah. - Levantou-se e montou a tenda delas, pegou duas varetas polidas por seu pai, que deixavam guardadas no pequeno armário de madeira, e que usavam para brincar de varinhas mágicas. Passaram um bom tempo rindo, brincando, correndo de um lado pro outro, e Regina não largou a boneca de Emma nem por um minuto.

– Em, acho melhor voltarmos... Se eu perder o início das aulas, não poderei mais brincar com você. - Regina suspirou triste.

– Tudo bem. - A loira assentiu chateada e começou a desmontar todo o universo que haviam criado e arrumar tudo como fora encontrado.

– O que vai fazer enquanto eu estiver na aula? Não se divirta sem mim. - Regina brincou, enquanto dobrava o lençol.

– Pode deixar. Vou ficar no estábulo com o meu pai. Ele disse que vai me deixar treinar com o arco e flecha da minha mãe.

– Legal! Pode fazer um favor pra mim? Pode entregar uma maçã para o Rocinante IV? Faz tempo que não o agrado.

– Tudo bem, posso fazer isso.

– Obrigada. Tome sua pequena Emma. Obrigada por me deixar brincar com ela. - Regina agradeceu, entregando a boneca, antes de saírem.

– Não precisa agradecer, Regi. Pode brincar com ela quando quiser. Vamos.

Ao voltarem para o quarto de Regina, Snow preparou-a para o almoço e levou ela e Zelena, que já estava um pouco melhor graças ao chá que Ruby recomendara implicitamente ao conhecimento da rainha Cora, para o saguão, onde os reis estavam esperando. Emma seguiu sua mãe até a cozinha onde foram almoçar com os outros criados, o que já era de praxe. Depois disso, foi diretamente para o estábulo com seu pai e sua mãe ficou para acompanhar as crianças na aula.

– Pai, pode pegar uma maça da árvore para mim? - Emma pediu, sem tirar os olhos de uma maça bem brilhante no topo da macieira que se encontrava em frente ao estábulo. David pegou uma maçã de um galho baixo e entregou-a para Emma, com um sorriso em seus lábios que tentavam decifrar o que a cabeça maluquinha de Emma estava arquitetando.

– Emma... o que pretende fazer?

– Nada. Regina pediu para que eu agradasse Rocinante IV para ela com uma maçã. - Ela disse, entregando a fruta ao cavalo, que se animou notavelmente com o presente. - O senhor me disse que iria me deixar usar o arco e flecha da mamãe...

– Ah, pensei que estivesse emburrada ainda... - Ele riu, mas manteve a sua promessa e já tinha separado a arma da mãe. Fez um alvo improvisado de madeira e pregou-o no cômodo onde guardava as celas e ferramentas para os cavalos. - Certo, Emma. Você já sabe usar o arco e flecha menor. Esse é igual, mas, por ser maior, o rebote é também mais forte. Cuidado, e preste atenção no alvo. Não se machuque.

Emma se preparou, fixou o olhar no alvo, arrumou a postura e lançou a flecha. Acertou a parede de madeira, mas foi bem próximo ao alvo.

– Você foi bem, querida. Continue tentando. Estou aqui fora escovando os últimos cavalos, certo? Qualquer coisa, me chame.

– Sim.

No castelo, Snow sentou-se no canto da sala, em uma cadeira de madeira, e enquanto tomava conta das 10 crianças, bordava um novo capuz para David. A sala estava inquieta, afinal, o volume de crianças era proporcionalmente direto à conversas, mesmo que o Mestre conseguisse manter a calma. Com um quadro de madeira clara e um pedaço mínimo de giz, ele escrevia algumas letras e ensinava às crianças noções de linguagem, de cálculo e a parte que Regina mais gostou, História. Era nítido, tanto para o professor quanto para Snow que Regina seria uma brilhante rainha: tinha ideais revolucionários -sempre omitidos e oprimidos para que o Mestre não fosse acusado de motim contra a Rainha-, era inteligente e aprendia rápido, mas algo nela não conseguia fazer com que as outras crianças gostassem dela, nem mesmo o fato de ser princesa de um dos três melhores reinos da península. Zelena interagia com Robin de Locksley, que vinha todos os de seu reino ao dela para estudar. Ambos se davam muito bem, faziam os deveres juntos, e ele sempre ajudava a ruiva quando esta tinha problemas em se relacionar sendo um tanto quanto má com os outros. Ela logo seria introduzida ao mundo das festas e viagens reais, e principalmente, os preparativos de seu casamento já estavam começando pelo castelo, mesmo que ela nem imaginasse quem seria seu noivo e futuro rei.

Todos os dias se seguiam da mesma maneira: Emma e Regina brincavam por toda a manhã, de diversas coisas, tanto no sótão de Dom Quixote quanto embaixo da macieira, com ou sem a presença de Zelena, e então, à tarde, se separavam. Regina gostava da ideia de estudar, mas a cada dia que passava, sentia mais medo tinha das crianças -que eram todas mais velhas que ela-, enquanto Emma ia para o estábulo com seu pai e o ajudava com os cavalos reais, treinava com um espadim ou o arco e flecha, ou simplesmente sentava e brincava sozinha.

Num final de semana, Snow acordou cedo e chamou Emma, porém a loirinha não se mostrou animada para ir ao castelo. A verdade era que já tinha combinado algo com seu pai: o mesmo não iria trabalhar no dia que se seguia, devido ao uso dos cavalos pelos cavalariços para ir cobrar impostos na cidade, e então iria viajar até as montanhas atrás do vilarejo mais próximo, até a casa de sua mãe.

– Emma, o que você tem, meu bem? Você sempre é animada para ir ao castelo... Você e Regina brigaram?

– Não, mamãe. Eu só... não quero ir hoje.

– Está doente? - A morena colocou a mão na testa e nas maças do rosto de Emma para verificar sua temperatura, mas estava normal.

– Não, mamãe. Por favor, avise Regina que eu ainda a amo e que volto para brincar amanhã?

– Tudo bem. - Snow afirmou com a cabeça e despediu-se com um beijo dela e de David, ainda achando tudo muito estranho.

– Emma, Emma... o que será que a senhorita está aprontando? - David riu.

– Nada! - A menina sorriu amarelo, enquanto vestiu seu capuz azul feito por sua mãe, a bolsa de pano e parou à porta.

–Pronta? - O loiro de olhos azuis, certamente o doador das mesmas características na menina, perguntou e viu-a afirmar com a cabeça que sim, mas analisou a filha da cabeça aos pés. - Luvas e cachecol?

– Ah.

Em um instante, Emma já estava vestindo as luvas com o cachecol enrolado na cabeça e então David a pegou no colo, e saíram para os fundos da casa. Os únicos bens que possuíam além dos poucos móveis de madeira eram uma vaca, não muito jovem, mas que produzia bastante leite quando tinha um bezerro - que era sempre vendido para fazer um dinheiro extra-, e um cavalo. Era um cavalo forte, porém cego. Motivo este que foi o que impulsionou o rei à doá-lo para David. O cavalariço não acreditava muito no potencial de Aklas, o cavalo cego que recebera o nome de Emma, contudo, justamente por causa da filha, começou a treiná-lo e o cavalo se saia sempre muito bem. Agora, além de ser o mascote da família, também era o meio de transporte para longas distâncias. Claro, o equino não era tão rápido quanto o pior dos cavalos do rei, mas era forte, aguentava os caminhos extensos, o frio e não os deixava na mão.

– Papai, o que você gostaria que eu fosse, quando eu for adulta?

– Porquê a pergunta, minha querida?

– Eu gostaria de saber.

– Gostaria que fosse muitas coisas, mas a principal é que seja feliz.

– Isso é gentil. - A menina sorriu e se agarrou mais em seu pai, como um abraço.

– O que tem em mente?

– Regina vive dizendo que seus pais querem que ela estude porque ela tem que ser uma rainha boa e rica.

– Bem, infelizmente, ela está certa. A nobreza tem suas funções e vida definidas desde antes de nascerem, Emma. Mas isso não significa que não sejam felizes.

– Sim...

Emma voltou radiante da viagem à casa de sua avó paterna, com várias histórias e lendas, penduricalhos e retalhos, além de uma energia sem fim. Enquanto estava tomando banho com um pouco de água quente, Snow e David conversavam do lado de fora, e a mulher esperava o restante da água esquentar no forno à lenha.

– David, você não ouviu as histórias que sua mãe contou à Emma? Ela não vai dormir! - Snow esbravejou. Era um fato interessante: ninguém via Snow brava, porque ela simplesmente não conseguia. Até tentava, mas era delicada demais para ter sucesso.

– Ela não me parece com medo dos lobisomens e dragões de olhos vermelhos.

– Pode ser, mas do jeito que está animada, não vai dormir tão cedo. O que ela queria tanto com Vera?

– Não sei. Ficaram um bom tempo conversando enquanto eu alimentava Aklas para a viagem de volta.

– Acho que ela está planejando algo...

– Ela é criança. Deixe-a se divertir enquanto não precisa pensar nos problemas... - David abraçou a esposa e ela entendeu o recado. A colheita do reino era sempre demais para abastecer quatro vezes com fartura o vilarejo e oito vezes o castelo, mas a última safra não foi tão boa e os preços aumentaram à medida que a produção caiu. Até o momento, nada faltara para eles, todavia, era algo inevitável e os atingiria em breve.

– Emma! Eu senti sua falta ontem! - Regina disparou na direção da amiga e pulou em seu abraço.

– Eu tive que ir visitar minha avó... Mas já voltei. Vamos brincar lá fora hoje?

– Se sua mãe deixar... - Regina insinuou a pergunta para a moça que estava no quarto com ela e não evitou um sorriso. - Podemos ir, Snow? - a princesa sorriu angelical e travessa.

– Podem, sim. Mas, já conhecem... Voltem antes do...

– Antes do almoço. Já sabemos. - As duas meninas falaram juntas, relembrando da recomendação cotidiana. - Zel pode ir?

– Acho que semana que vem sua irmã estará melhor, Regina - Snow olhou à menina que se retorcia na cama com cólicas.

– Tudo bem.

Os dois capuzes desapareceram do castelo e pararam em frente à macieira, alguns instantes depois.

– Olha como está linda! - Regina olhou para a árvore, observando cada detalhe, cada folha verde, cada fruto, cada musgo.

– É só uma macieira, Gina. - Emma sentou-se no banco, rindo.

– Não é só uma macieira... É a única do vilarejo todo e tem os frutos mais bonitos. Além do mais, sabia que elas são conhecidas como a árvore da ciência e do amor? Deve ser por isso que sou tão amável. - Regina gargalhou e sentou-se ao lado da amiga, que também ria.

– Acho que você poderia ser menos convencida...

– Talvez... Emma, porque você não foi me ver ontem? Achei que estava brava comigo. Você não está brava, está?

– Não! Não estou. Porque eu estaria? Eu fui visitar minha avó, queria pedir ajuda pra ela em algo...

– O que era?

– É segredo.

– Você disse que nunca teríamos segredos uma da outra! - Regina sorriu de modo persuasivo e travesso.

– Ah, Gina! Isso não vale! É segredo de... família. Um dia eu te conto. Mas agora não. - As crianças que teriam aula com Regina já estavam chegando aos poucos no castelo e estavam se aproximando de Emma e Regina sentadas embaixo da árvore. - Olha, seus colegas! Vamos chamar eles pra brincar? - Os olhos verdes como esmeraldas perguntam.

– Não! Emma, não. Por favor. Vamos brincar só nós duas. Eles não vão querer brincar comigo... - Regina implorou.

– Qual o problema?

– Oh, corte! Aplaudam a rainha idiota que ficará pobre com dois dias de poder! Tragam sua manta real feita de sacos de trigo!

– E a coroa de palha? Onde está?

– Será que ela já aprendeu a contar quantos milhões perderá?

O grupo de crianças, com meninas e meninos da corte, se aproximou zombando de Regina e da dificuldade que a menina tinha com números e com os ideias que a menina tendia à apresentar nas aulas: o de uma futura rainha bondosa que preza por ajudar o povo e uma política mais igualitária.

– Não falem assim com ela! - Emma foi defender.

– Ah, a princesa de Trakai precisa de uma cavalariça pra ajudar a se defender? Não pode se proteger sozinha?

A amiga mais nova não pensou duas vezes e quando o grupo começou a se aproximar demais, Emma atirou uma adaga na direção deles.

– Vocês não vão falar assim com Regina. Ela é muito melhor que todos vocês juntos.

A faca não acertou os meninos, claro. Parou atravessada no largo tronco da macieira, e que pelo tamanho, não surtiria efeito nenhum. Mas foi o suficiente para afastar as outras crianças e fazê-las recuar.

– Regina, pegaremos você sozinha... Sua amiguinha pobre não vai estar por perto. - Um dos garotos ameaçou. - Eu não vou ser liderado por uma rainha pobre! - Ele jurou e saiu com os outros. Enquanto isso, Emma retirou a adaga cunhada com o nome de seu avô no cabo de aço e guardou-a na bolsa. Era melhor esconder aquilo logo, apesar de estar em sua posse há dois anos, quando David a ensinara a atirar, nunca podia sair de casa com ela.

– Emma, não queria que se envolvesse nessas coisas.

– Eles iam te machucar! Gina, qual a parte do: “somos amigas e não vamos deixar nos machucarem” que você não entendeu? Vem! - Emma pegou a mão de Regina e levou-a para o estábulo.

– O que você vai fazer, Emma? - a princesa perguntou, já entrando no estábulo, sendo puxada pela amiga que passou correndo pelo pai e entrou na salinha das selas. A plebeia soltou a mão da amiga e pregou a placa de madeira que seu pai havia feito na semana passada.

– Vou te ensinar a se defender.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?? Gostaram?
Comentem aí embaixo :)
Obrigada e utas&beijas



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