Gilbert Grissom

Não estava mais aguentando ficar sem informações. Ninguém falava nada e não sabia nada de Sara, também não sabia nada de Sophia. Fabio havia voltado para casa para avisar Deise do ocorrido, assim talvez ela pudesse fazer algo. Não avistava nem Henrique e menos ainda Hank. Caminhando de um lado para o outro achei que faria um buraco no chão.

Quando a enfermeira passou pelo corredor, quase a ataquei. Por sorte ainda estava com roupa social e bem arrumado. Se estivesse como geralmente estou já haveriam me expulsado dali, agora que parecia “gente” todos me tratavam como um humano e ela não se assustou.

– Como ela está?

– Ela ainda está dormindo, mas está bem. – Sorriu respeitosamente. – Não posso lhe fornecer mais detalhes, o médico irá vir falar com você em seguida.

– Está certo.

Esperei por mais alguns minutos até que Henrique apareceu. Ele veio até mim esbaforido.

– O que aconteceu?

– Ela ficou louca ao saber que Sophia havia voltado em coma, ela desceu do carro como louca e atravessou a rua a frente do hospital sem nem olhar para os lados, o carro nem teve chance, acertou-a de leve, mas foi o suficiente para deixar ela inconsciente. Foram rápidos em atendê-la. A enfermeira me disse que ela estava bem, mas não que me dar detalhes.

– Eu estava com Sophia na ala infantil quando soube de Sara. Sophia passou muito mal, teve uma reação a medicação que tomava para as dores, teve alucinações e entrou em coma novamente. Porém os exames mostram que a cirurgia é possível. – Suspirou. – Vou ver como Sara está.

Ele então se moveu afastando-se e entrou no quarto onde se encontrava Sara. Sentei-me em um banco ao lado do quarto e fiquei esperando. Ansioso por vê-la e preocupado. Sara querendo ou não estava se tornando uma pessoa importante para mim, uma grande amiga, alguém com quem compartilhava sentimentos, uma pessoa que me apoiava e que tornava a perda de Judy pouco à pouco uma coisa mais fácil de se superar.

Já havia conversado com ela, logo voltaria para minha casa. Tinha de voltar para lá antes que fosse invadida por outra família e perdêssemos nosso único lar, mas havia prometido para ela que sempre estaria por perto, e estaria. Não imaginava mais minha vida sem Sara.

Levantei o olhar quando ouvi a porta do quarto de Sara sendo aberta. Henrique estava um pouco pálido, e me lançou um olhar duro. Muito duro. Nunca havia visto um olhar assim, não vindo dele, e por um momento senti que segurei o ar por alguns segundo, assustado. Ele se aproximou de mim.

– Como ela está?

– Ela está bem. Recém havia acordado quando entrei, já conversei com o médico, e ela ficará em observação, mas ficará próxima de Sophia para ficar mais calma. Peço que fique com ela essa noite aqui. Deise não se importará de cuidar de Alicia e Arthur.

– Certo, então posso vê-la agora?

– Não. – Foi enfático. – Primeiro iremos conversar.