Quando desliguei o telefone, fitei Fabio.

— Me largue no hospital Fabio, por favor. Depois leve Grissom para casa.

— Aconteceu algo Sara? – Gil fitou-me preocupado.

— Na realidade sim. – Eu já tinha os olhos marejados.  – Hank disse que já está tudo bem, mas ela teve algumas alucinações, provavelmente provocada pelos medicamentos. Ele disse que ela não para de me chamar. 

— Quer que eu fique contigo lá?

— Não. Volte e fique com as crianças, eu vou passar a noite com Sophia.

— Tudo bem. 

Parecia que Fabio dirigia feito uma lesma, queria chegar logo e aquele carro não saia do lugar. Eu estava com pressa e parecia que o tempo ficara cada vez mais lento. Troquei de roupa no carro mesmo, trocando o vestido de festa por uma calça e uma camiseta. A maquiagem era leve então continuei com ela.

Estávamos longe do hospital e o transito não ajudava e meu coração estava apertado. Queria ver Sophia naquele exato momento. O telefone tocou de novo, e novamente era Hank.

— Alô, Hank? Eu estou a caminho. Quer falar com quem? Gil?

Estranhei o fato de Hank querer falar com Gil, e vi-o ficar pálido com a notícia. Quando Gil desligou o telefone, fitei-o.

— Gil, o que aconteceu?

— Sara, eu vou ficar com você no hospital. Tudo bem? Hank pediu para falar comigo, por que ele achou que era uma noticia um pouco pesada para falar por telefone. E eu preciso que você seja forte.

— Gil, pelo amor de Deus, o que aconteceu. – Meus olhos já começaram a marejar, minha maquiagem borrada, e meu coração já não cabia dentro do peito. Gil ainda calado. – Não me diga que ela... Oh meu Deus. – Chorei ainda mais pensando no pior.

— Não Sara, ela não se foi. – Ele me abraçou forte. – Mas ela não está muito bem Sar. – Murmurou me puxando para seus braços, tentando me fazer sentir segura.

— Gil, o que aconteceu? – Eu já não conseguia parar de chorar. 

— Ela entrou em coma. – Disse relutante.

— Não. – Gritei chorosa. Não queria reviver tudo aquilo, não de novo. Estava tudo indo tão bem, já imaginava ela em casa, não estava pronta para aquilo. – Diz que é mentira Gil, diz que é mentira. – Agarrei-me nele.

— Sara, tem que ser forte por ela. Por favor.

Quando vi Fábio estacionar o carro, do outro lado da rua na frente do hospital, joguei-me para fora, saí correndo em direção a entrada, atravessando a rua sem nem olhar para os lados. Ouvi apenas o freio de um carro e quando dei por mim já estava caída no chão.