— Alicia. – Gil disse em tom repreensivo, mas Alicia voltou para a cozinha.

— Gil, eu posso falar com ela?

— Se quiser tentar, vá em frente, mas não diga que não avisei.

Peguei Arthur no colo e entreguei para Gil em seguida, logo vi ele indo para o quarto de Sophia com ele. E eu fui para a cozinha falar com Alicia, ela estava sentada a mesa, suas perninhas ainda tão pequenas que seus pequenos pés não alcançavam o chão. Sentei-me a mesa a frente dela.

— Oi Alicia, podemos conversar? – Ela não respondeu, e nem me olhou. – Ei, olhe para mim Alicia. Você é grandinha não precisa ficar se escondendo, não é?

Ela então virou o rosto para mim, mas ainda calada.

— Você não gosta de mim?

— Você salvou meu irmão, ajuda a gente, e...

— Não, não. Esqueça tudo isso, se eu não tivesse feito nada, se eu apenas a conhecesse e você me conhecesse. Tirando todo o resto que aconteceu. Você gostaria de mim? Você gosta de mim.

— Gosto. – Admitiu meio contragosto. – Mas...

— Mas?

— Não quero que você namore o papai e eu não quero uma nova mãe.

— Eu nunca tomaria o lugar da sua mãe meu amor.

— Mas Arthur...

— Foi uma opção de Arthur, Alicia. Você alguma vez viu eu dizendo para ele me chamar de mãe? Eu não quero tomar o lugar da mãe de vocês, seu pai me contou como Judy era boa, como ela era uma ótima mãe, o quanto cuidava de vocês...

Então Alicia começou a chorar, provavelmente as lembranças a machucavam muito.

— Isso ainda dói não é? Você sente falta dela.

— Muita. – Ela disse entre um soluço dolorido.

— Venha cá, venha? – Afastei a cadeira da mesa e chamei-a para o meu colo.

Ela hesitou por algum tempo, mas logo veio até mim. Peguei-a no colo e ela se encolheu no mesmo, tão pequena, tão indefesa.

— Mamãe fazia isso quando eu estava triste. – Ela falou enquanto seu olhar estava perdido e distante.

— Quer que eu pare? – E ela fez não com a cabeça balançando singelamente.

Ficamos quietas alguns minutos, enquanto ela encostava a cabeça no meu peito, provavelmente pensando. Eram tantas mudanças, sua cabeça ainda estava a mil.

— Como está Sophia? – Alicia quebrou o silêncio quase vinte minutos depois. – Papai disse que não gosta de falar nisso, por isso nunca perguntei. Ela é o seu bebê? – Eu apenas assenti com a cabeça. – Tinha vontade de conhecer.