— Ocorreu um descuido apenas uma vez, - admiti – e ela me garantiu que iria se precaver.

— Grissom, até parece que não a conhece. Com todos esses problemas de Sophia, ela se esquece de tudo. E outra, como você se atreve a ir morar na casa dela, e se aproveitar da minha filha deste modo?

— Desculpe senhor Sidle, mas Sara não é nenhuma criança. – Por um momento quase disse que a ideia de sexo casual fora ideia dela, mas preferi me calar. – E o que ela faz ou deixa de fazer compete somente a ela, e neste caso a mim. O senhor pode ter certeza que nunca a obriguei a nada, tudo que aconteceu vou consensual.

— Fala muito bem para um mendigo. – Cuspiu as palavras.

Levantei-me pronto para ir embora, poderia partir a cara dele, mas era o pai de Sara então resolvi partir dali já que não necessitava de mais má educação.

— Olha, - ele disse por fim se acalmando. – Desculpe-me, estou nervoso. Sophia acaba de entrar em coma, Sara sofre um acidente, perde um filho que provavelmente ela nem saiba que existe, e eu estou estressado.

— Eu também. – Disse firme. – Não sei se o senhor entende, é o meu filho. – Enfatizei.

— Compreendo sim. – Respirou fundo. – Mas agora temos que pensar em Sara, em tudo que ela está passando. Creio que não seja o melhor momento para saber que perdeu um filho. Seria muita coisa para ela.

De primeira concordei, mas com o passar do tempo acreditava que Sara deveria saber, embora Henrique achasse que o melhor seria que ela jamais soubesse da existência dessa criança. Tive de aguentar toda aquela dor sozinho, como era possível amar alguém que só soube da existência depois de não existir mais?

Fechei meus olhos e quando os abri vi Catherine caminhando em minha direção.

— Grissom, - ela me olhou espantada – não deveria estar com Sara?

— Deveria. – Assenti tentando esconder minha tristeza, mas pareceu muito bem notada por ela.

— O que aconteceu? Não vá me dizer que Sophia piorou e...

— Não, Sophia está ótima e a essa altura já deve estar em casa com Sara.

— Então aconteceu algo entre vocês dois não é?

— O que aconteceu? – Era Warrick chegando na sala, ele tinha o dom de pegar a conversa pela metade e querer se inteirar da mesma.

Logo ambos se sentaram para ouvir minha história, e se eu conhecia bem aquele casal, sabia que não me deixariam sair dali antes de contar tudo. Novamente fitei o casal, Catherine estava sentada de perna cruzada levemente recostada no marido que passava a mão sobre os ombros dela. Havia muito amor ali. 

Algo que eu sentia que poderia ter com Sara, mas havia perdido.

Contei tudo para o casal e depois ambos me incentivaram a ir falar com Sara, me disseram que se explicasse tudo direito, que ela entenderia, que ela saberia que tudo que fizemos fora para seu bem. E que no fundo se de algum modo erramos foi tentando acertar.

Estava mais confiante. Tentaria falar com ela mais tarde quando se acalmasse.