Acordei com algo abafado em minha nuca, era a respiração de Damon, me virei de frente para ele e fiquei o admirando por longos minutos, até que seus olhos azuis se abriram e fecharam novamente.

— Você está me assistindo dormir? – ele perguntou sem abrir os olhos.

— Um dos melhores programas para se assistir – sorri, acariciei seu rosto.

 Nossas pernas se entrelaçaram, e ele me abraçou, estava um pouco frio então ficamos em baixo do edredom, apenas abraçados em silêncio, sem nenhuma vontade de se mover.

— Ainda vamos lá ver a minha mãe? – ele perguntou brincando com meus dedos.

— Vamos sim, mas não agora – choraminguei e coloquei minha cabeça em seu peito nu.

 Sentir o cheiro de sua pele era inebriante, minha cabeça me levou para longe.

— Elena? – ele disse me afastando para olhar meu rosto.

— Sim? – disse voltando de meu devaneio.

— Você ouviu o que eu disse? – ele riu.

— Desculpe, não ouvi.

— O que estava te distraindo tanto?

— Nada – dei de ombros e me soltei de seus braços. – o que estava dizendo?

— Que era melhor irmos agora, porque é um pouco longe.

— Tudo bem – sorri, dei um beijo nele e me levantei.

 Fui até o banheiro, estava tomando banho quando senti mãos em minha cintura, o que causou um arrepio na espinha.

— Se importa? – ele disse me lançando seu sorriso malicioso.

— Nem um pouco – então me virei para ele e o beijei.

 Meia hora depois terminamos nosso banho, saímos enrolados em nossas toalhas até o quarto, Damon vestiu uma roupa que trouxera, fui até o closet e escolhi uma calça jeans branca justa, que era rasgadinha nas coxas para baixo, uma blusa meia manga creme, mesclada com um tom de pêssego, calcei uma sandália rasteira, suas tiras eram trançadas, e apenas uma tira trançada no peito do pé. Damon já estava pronto arrumando as coisas do Lord, nós comemos e saímos. Deixamos Lord na casa do Damon, e pegamos a estrada á caminho da casa da Lilly.

— Você está agitada – analisou Damon.

— Um pouco, sei que já a conheço, mas eu não me lembro dela, então é como se eu fosse conhece-la.

— Elena a pior parte é ela te conhecer, na primeira vez sempre tem aquelas perguntas, será que ela vai gostar de mim? O que será que ela vai pensar? Minha mãe já te conhece, e ela te adora, então não tem porque se preocupar.

— Você tem razão.

 Uma hora e meia depois nós paramos em frente á uma grande casa de madeira, pintada toda de branco, respirei fundo e desci do carro. Damon pegou minha mão e deu um beijo no meu rosto, e caminhamos até a porta vermelha.

— Elena querida que saudade de você – ela me puxou para um abraço apertado, eu apenas retribui, e então ela me soltou. – Me desculpe – ela me lançou um sorriso envergonhado – É que fazia tanto tempo, e eu fiquei tão preocupada.

— Não tem problema – eu sorri, seus olhos azuis eram iguais ao de Damon, e ela tinha um sorriso tímido.

— Elena, reconheça minha mãe, Lilly Salvatore – Damon sorriu, sua mãe me deu mais um abraço rápido e suspirou.

— Fico tão feliz de você estar bem Elena.

— Obrigada - sorri.

 Fomos até uma sala grande, com dois sofás, a casa era bem aconchegante, tinha uma lareira, e todas as paredes eram brancas.

— Então, vocês estão se dando bem? – perguntou ela.

— Sim, como minha memória insiste em não voltar, resolvemos começar de novo – disse animada.

— Bom, pelo menos vocês estão juntos, e felizes, é o que importa – ela sorriu pegando minha mão.

 O almoço ficou pronto e nós almoçamos, conversando sobre diversas coisas, a mãe dele era muito doce, dava para ver nos olhos dela como ela admirava e amava o filho, seus olhos brilhavam olhando para ele, isso me deixou ainda mais feliz.

— Nós precisamos ir mãe, já está ficando tarde, e leva um tempo para chegar em casa.

— Tudo bem querido – ela suspirou com tristeza – mas venham me visitar mais vezes, eu estou muito sozinha aqui.

— Nós viremos mãe – ele a abraçou.

— Tchau Elena – ela me puxou para um abraço e cochichou no meu ouvido – Se cuida, e cuida do meu menino – e então me soltou.

— Pode deixar – sussurrei para ela.

 Fomos embora, o céu já estava sendo tomado pelo azul da noite, Damon ia me contando as coisas de sua família, o porque da mãe estar sozinha e a afastada de tudo e todos. Damon parou o carro em frente ao meu prédio.

— Hoje não vou poder ficar, tenho que resolver umas coisas.

— Tudo bem – forcei um sorriso.

— Posso vir aqui amanhã á noite?

— Claro – o beijei. – Até amanhã.

 - Até.

 Assim que entrei no prédio ele saiu pela rua. Cumprimentei o porteiro e subi, o apartamento estava totalmente silêncioso, acendi as luzes e andei até a sala, me deitei no sofá e liguei a tv, passei os canais até achar um filme que me agradasse.

                                                                                                           *

 Hoje era o primeiro dia de setembro, e a temperatura já caira bruscamente, levantei e fui direto para o chuveiro, tomei um banho bem quente, vesti uma calça jeans preta, uma blusa de manga comprida de tecido fino cinza clara, um par de botas de salto grosso e cano baixo marrom, coloquei um lenço cinza e por cima um blazer preto. Passei em uma cafeteria para tomar café, a parte boa é morar mais perto do trabalho, e eu estava adiantada. Comi panquecas, tomei um chocolate quente, e continuei caminhando até a Boutique, não tinha ninguém lá dentro, então abri com a minha chave, acendi as luzes, liguei o computador e fiquei sentada na banqueta batendo os dedos no balcão preto, Dani abriu a porta e ficou surpresa em me ver.

— Chegou mais cedo? Que milagre é esse? – ela riu vindo em minha direção.

— Cheguei e trouxe um café para você – entreguei uma bandeja com um copo grande de café e um brownie para ela.

— Que linda – ela sorriu – o que você quer? – eu ri.

— Nada, só te agradecer pela ajuda sexta-feira.

— De novo? Já disse que só vai estar pago quando eu usar um dos seus Louboutin – ela piscou para mim e entrou pela porta rosa.

 Troquei e-mails com o fornecedor e com o entregador responsável de hoje, ele chegaria ás 10h.

— E então, o que achou de morar sozinha? – ela perguntou se apoiando no balcão á minha frente.

— É bom, mas chegar em casa e não ter ninguém é um pouco desconfortável, quando eu morava com o Damon sempre ele estava lá, ou o Lord, na minha mãe ela já estava lá sempre.

— E o que você esperava? – ela riu.

— Eu sei, mas eu preciso disso, por um tempo pelo menos.

— Claro que sim – ela sorriu.

 A manhã passou rápido, Louise não veio trabalhar então ficamos apenas nós duas hoje, o que foi um alivio, não aguentava mais ver a cara de mosca morta de Louise.

— Estou indo almoçar, quer algo? – perguntei a Dani.

— Não, obrigada.

 Agora sim eu estava vendo o lado ruim do meu uniforme ser vestido, o termômetro marcava 10ºc  e eu estava com o vestido pouco acima do joelho em um tecido leve, e um blazer por cima, corri para um restaurante. Almocei sozinha, isso para mim já era normal, pois na maioria das vezes Dani tinha que ficar. Voltei trinta minutos depois.

— Voltou mais cedo? – ela perguntou.

— Sim, está muito frio, prefiro ficar aqui dentro com aquecedor, e aproveitar meus últimos minutos de almoço no sofá assistindo televisão.

 E assim eu fiz, fiquei sentada no sofá assistindo televisão e comendo um pacote de jujubas, Dani ficava ali comigo alguns minutos, até ouvir o som da porta se abrir, então revirava os olhos e voltava lá para frente.

 Meu horário de almoço terminou, me sentei na banqueta e vi Dani sair pela porta de vidro e estremecer com o frio. Estava realmente entediante hoje, pouquíssimas pessoas entravam, fiquei reorganizando algumas coisas no computador, até ouvir a porta se abrir e a brisa gelada entrar.

— Boa tarde – disse com meu tom usual com os clientes, e no momento que levantei os olhos, desejei não ter dito nada. – O que você quer aqui?

— É assim que você fala com os clientes? – disse Matt com um sorriso falso nos lábios.

— Quando eles são um babaca, manipulador cretino, sim, eu falo – lancei-lhe um sorriso falso.

— Bom, eu vim comprar algumas coisinhas para uma amiga, vou precisar da sua ajuda para escolher.

 Bufei e me levantei num pulo, fui em direção á ele de má vontade.

— Então, o que deseja para a pobre coitada?

— Quero um vestido, sexy mas não vulgar.

— Certo – andei até a arara do outro lado, e peguei um vestido de alças finas e bem decotado, preto e curto, me virei o mostrando e ignorando que era Matt.

— Não gostei, queria algo mais longo.

 Revirei os olhos e fui até a arara de vestidos longos, passei e então achei um vestido vinho, ele era longo e tinha uma fenda que começava na altura da coxa, ele era tomara que caia e bem cinturado.

— Gostei desse – ele me lançou um sorriso forçado – Queria também algo mais casual.

 Ele não ia embora? Que saco, caminhei pelas araras e comecei a passar as roupas, senti sua respiração na minha nuca.

— Você ficaria maravilhosa nesse vestido – tinha maldade em seu tom de voz, engoli seco e respirei fundo.

— Acho que esse deve servir – entreguei-lhe um vestido azul claro justo na cintura e um pouco mais folgado na parte da saia, ele era bem delicado. – Esse vai ser perfeito.

— Estou sentindo que quer se livrar de mim – ele me lançou seu sorriso malicioso e se aproximou, dei um passo para trás.

— O que mais você quer Matt?

— Quero que você os experimente, e mostre para mim como ficou.

— Sinto muito, isso não faz parte do meu trabalho, vai querer ver mais alguma coisa?

— Não, vai ser só isso.

— Ótimo – tomei os dois vestidos da mão dele e levei até o caixa, vi o valor no monitos e disse a ele, que me entregou o cartão de crédito, ouvi a porta abrir e o frio tomar o lugar, fiquei aliviada de Dani estar ali de volta.

 Passei o cartão, ele digitou a senha e então eu dobrei os dois vestidos, coloquei na embalagem e depois na sacola, e entreguei-lhe.

— Obrigado – ele sorriu com maldade, e senti meu estomago revirar.

 Ele saiu andando com as sacolas em mãos, assim que o vi desaparecer pela rua, suspirei.

— O que foi? – Dani viu minha reação.

— Aquele era o Matt – disse encarando a porta – e algo no olhar dele fez eu me sentir mal.

— Mal o conheço e já não suporto – ela passou a mão no meu braço vendo que eu encarava aporta sem parar. – Relaxa Elena, ele já foi.

 Forcei um sorriso e voltei a mexer no computador procurando algo para me distrair.