366 Rabiscos escrita por Priy Taisho


Capítulo 16
Capitulo 16 - Aquele da festa


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, olha eu aqui!!
Quem é viva sempre aparece, não é mesmo?
Perdão, sintam-se livres pra me mandar mensagem cobrando ahahhahaha A verdade é que eu tava focada no meu livro original (publicado lá no wattpad, pra quem lê por lá) e apesar do capítulo quase finalizado, não conseguia escrever nada que me agradasse aqui.
Mas hoje (é, hoje mesmo, tem umas duas horas que eu to escrevendo as últimas partes desse capítulo), deu tudo certooooooo!!!
Espero que gostem,
Boa leitura!



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12 de Março de 2016 – 09:45min

 

Eu tinha a terrível sensação de que meu dia daria errado e isso havia sido comprovado no momento em que desci para tomar café.

A matriarca dos Uchiha estava ocupando seu lugar a cabeceira da mesa e antes que eu pudesse fingir que havia esquecido algo no quarto, ela havia me fitado com seus intensos olhos perolados e indicado que eu deveria ocupar o lugar vago ao seu lado.

Hoje ela vestia um elegante vestido preto e seu cabelo não possuía um único fio fora do lugar, fazendo com que eu me questionasse a todo o instante sobre minhas escolhas de roupa e logo cheguei à conclusão de que o nosso conceito de casual era muito diferente.

— Seremos nos duas por enquanto. – Kaguya sorriu de maneira cortês. – Sasuke está atrasado, pelo visto. – Eu murmurei algo em concordância e ela continuou com seus olhos fixos em mim. – Talvez tenha algo a ver com o fato de que ele não dormiu no próprio quarto.

Engoli em seco e estiquei o braço para pegar um dos copos de suco que estava sobre a mesa. Kaguya continuou a me encarar sem descrição alguma e eu já me afundava em constrangimento.

— Ele não dormiu no próprio quarto? – Perguntei me fazendo de desentendida e ela estreitou os olhos. – A última vez que o vi foi ontem, pouco antes de arrumar minhas malas. – Tentei utilizar o meu melhor tom polido, mas aquela mulher parecia ser extremamente rápida em pegar mentira descabidas de adolescentes.

— Ah, eu entendo. – Ela murmurou após alguns instantes, servindo um pouco de chá para si mesma. – Vocês jovens e seus relacionamentos liberais, não vejo como eu me encaixaria nessa geração. – Soprou para esfriar o liquido quente e deu um gole, depositando a xícara sobre o pires novamente. – Agora começo a compreender melhor.

— Compreender o que, senhora Uchiha? – Perguntei me sentindo incomodada. Apesar da infinita variedade de coisas dispostas sobre a mesa, eu sentia que meu estomago estava embrulhado e não tive coragem de comer nada, mantendo uma das minhas mãos firmes sobre o copo de vidro com meu suco. – Sasuke e eu temos um relacionamento comum.

— É exatamente esse o problema, querida. – Kaguya falou em um tom satisfeito, fazendo com que eu franzisse o cenho. – Nenhum dos homens da família Uchiha podem se submeter a relacionamentos comuns, porque não são homens comuns. – Ela tornou a beber mais um gole de chá e sorriu para mim. – Então uma garota comum como você, não pode ficar com o meu extraordinário neto. Independentemente do sucesso dos seus pais, você não é boa o suficiente para o meu Sasuke e não vou deixar que ele se perca como Fugaku fez.

— O que quer dizer com isso?

— Espero que você aproveite a sua estadia aqui. – Ela manteve o sorriso nos lábios enquanto se levantava, satisfeita pela expressão de surpresa meus olhos. – Porque será a última vez que nos veremos.

Quando Kaguya passou por mim, consegui sentir o cheiro forte e doce de seu perfume, mas não me dignifiquei a olhar em sua direção enquanto ela saia da sala de jantar. Estava ocupada demais carregando o peso das palavras dela lançadas sobre mim e por um momento, fiquei com medo de que ela me afastasse de Sasuke para sempre.

X-X-X

12 de Março de 2016 – 16:55min

Eu não havia visto muito de Sasuke durante o dia e particularmente, tinha me sentido decepcionada em perceber que eu estava sozinha na mansão Uchiha, com exceção dos empregados que iam de um lado ao outro.

Uma das moças havia me contado que Kaguya arrastou Sasuke para fora de casa antes mesmo que ele pudesse tomar café e considerando que todos os outros estavam entretidos com suas próprias tarefas, tive que me contentar em ficar sozinha.

Depois de organizar todas as minhas roupas, concluí que não tinha nada de interessante ou que fosse adequado para a festa dos Uchiha. Eu tinha a leve sensação de que Sasuke me prometeu que nós não seríamos obrigados a comparecer, mas o pouco que eu havia conhecido sobre Kaguya me deixava claro que ela faria questão de fazer com que nós fossemos mesmo que eu tivesse de usar pijama.

— Ela adoraria me constranger. – Murmurei resignada enquanto jogava uma blusa sobre a cama.

Uma única pessoa podia me ajudar e eu tinha certeza de que ela não me atenderia de imediato. Disquei o número da minha mãe e tive de insistir mais uma vez até que ela resolvesse me atender.

— Oi querida. – A voz melodiosa de mamãe soou com empolgação. – Por que me ligou tão cedo?

— Não sentiu minha falta?

— Claro que senti, querida. – Mebuki Haruno respondeu com desaprovação e logo pude ouvi-la dispensando alguém que eu não soube identificar. – Pronto, estou à disposição.

— Você está trabalhando hoje?

— Talvez. – Ela respondeu com graça. – Não é nada demais, passei no escritório para conferir algumas coisinhas e ajustar outras. Mas de qualquer forma, não é sobre mim que estamos falando, Sakura. É sobre você viajar e ligar pra sua mãe durante a tarde de sábado. – Minha mãe enfatizou como se eu tivesse feito algo ultrajante. – O que aconteceu?

— Preciso de um vestido. – Respondi sem rodeios. – Tem uma festa dos Uchihas hoje e eu não trouxe nada para usar...

— Por que não levou um dos seus vestidos?

— Eu não achei que tivesse de participar da festa.

Minha mãe ficou em silêncio por alguns instantes e eu aguardei pacientemente, enquanto observava o teto branco do quarto.

— Querida, você é a namorada de um dos herdeiros da companhia Uchiha, achou mesmo que não iria à uma festa importante? – Ela me acusou e eu revirei os olhos. – Sinceramente Sakura, com a sua idade eu era muito mais esperta.

— Obrigada pela parte em que me toca, mamãe. – Resmunguei ignorando os demais sermões dela. – Pode me ajudar ou vou ter que recorrer às lojas dessa cidade que eu sequer conheço?

— Bom, mães não fazem parte de um serviço de ajuda a filhas desesperadas. – Minha mãe falou com tranquilidade. – Mas posso dar um jeito. Contanto que você me prometa uma coisa.

— O que?

— Vai usar o que eu mandar.

— Não vai me deixar escolher?

— Não. – Mebuki me respondeu irredutível. – Você vai ter algo da Má Cherrie, combinando com belos sapatos e vai me mandar todas as fotos que eu quiser.

— Essa é a sua contraproposta?

— E recusar não é uma opção. – Ela disse com graça e ao fundo, consegui ouvi-la digitando algo no computador. Minha mãe não era lá a pessoa mais delicada do mundo. – E eu sei o quanto a Kaguya é tirana. – Comentou com distração e o barulho dos dedos dela contra o teclado ficaram ainda mais altos. – Mikoto me contou boas histórias.

— Você quer dizer péssimas histórias?

— Algo assim. – Minha mãe ficou em silencio novamente e eu aguardei até que ela voltasse sua atenção para mim novamente. – Bom querida, eu preciso desligar. Vou fazer algumas ligações para resolver os nossos problemas, mas aguarde uma caixa bonita às seis.

— As seis?

— Você tem uma mãe incrível, não é? – Ela ignorou minha pergunta e o bom humor que minha mãe estava exibindo, aos poucos, começava a me contagiar. – Preciso desligar, um beijo querida. – E antes que eu pudesse me despedir, ela encerrou a ligação.

Quando afastei o celular do ouvido, vi que tinha uma notificação de uma nova mensagem e não me surpreendi por ser de Sasuke. Relutei em abri-la de imediato, mas como não sou uma pessoa que nega os instintos da própria curiosidade, cliquei na notificação.

Sasuke:

Eu sei que você deve me odiar agora.

Te perdoo porque eu sei que também te odiaria se ficasse sozinha em um lugar que não conheço, vacilei, me desculpa.

Minha vó me arrastou do quarto logo cedo, sem chances para tomar café. Aparentemente, ela precisava de um capacho para carregar umas compras e eu fui o escolhido.

Maldito Itachi, não sei onde ele se enfiou, mas conseguiu fugir e apareceu quase agora com um sorrisinho ridículo na cara. Aposto que ele deu um jeito de encontrar a Izumi.

De qualquer forma, estou voltando pra casa agora.

Adoraria que você respondesse minhas mensagens, já que está visualizando tudo em tempo real.

Tenho um presente pra você, tenho certeza de que vai gostar.

Sakura:

Espero que seja um bom presente para compensar o seu vacilo de hoje.

Sasuke:

Sakura, tudo o que eu faço é no mínimo... Excepcional.

Já devia saber disso.

Sakura:

Você é muito convencido, Sasuke.

Não é tudo isso.

Sasuke:

Você tem razão, é muito mais do que isso.

Sempre soube que você é a minha fã número 1, Sakura.

Sakura:

Nós seus sonhos.

Sasuke:

Neles principalmente.

12 de Março de 2016 – 18:08min

Fazia exatos cinco minutos que eu estava encarando a caixa branca que estava cuidadosamente disposta sobre o colchão. Ela era muito maior do que eu estava esperando, MUITO maior.

Uma mulher incrivelmente arrumada havia tocado a campainha da casa às seis em ponto, como minha mãe havia dito. Ela tinha o cabelo escuro, preso em um coque elegante e usava um vestido vinho com uma pequena placa com seu nome.

Nós trocamos poucas palavras e ela me disse que minha mãe havia pedido que eu ligasse para ela assim que visse o vestido, antes de se despedir apressadamente.

— Não é como se fosse uma bomba. – Sasuke falou após alguns minutos em silencio e permaneceu sério mesmo quando meus olhos pousaram sobre ele. – Você olha como se isso fosse explodir a qualquer momento. – Ele indicou a caixa com o queixo.

— Talvez exploda. – Murmurei voltando a olhar para a caixa. – Eu só pedi um vestido, não precisava de tudo isso.

— Como pode saber que é muita coisa se você sequer abriu?

— Eu conheço a minha mãe. – Falei e Sasuke concordou com um muxoxo, levantando-se da cadeira em que ele estava sentado. – Abre pra mim?

E sem contestar, Sasuke arrancou a tampa da caixa livre de qualquer receio. Dentro da caixa haviam outras duas, uma delas era azul e a outra exibia orgulhosamente o nome Má Cherrie em letras douradas e cursivas.

— Qual das duas?

— Eu...

E antes que eu pudesse escolher, Sasuke removeu a tampa da caixa azul e ergueu os ombros quando recebeu meu olhar inquisitivo.

— Se esses são os sapatos, fico imaginando o que ela preparou para o vestido. – Sasuke murmurou agarrando um dos saltos para observá-lo de perto. – Você sabe andar nisso?

Olhei para o sapato com atenção antes de aquiescer. Eu tinha certeza de que conseguiria ficar em pé, mas não sabia quanto tempo duraria sem tropeçar em meus próprios pés.

O salto era fechado, em um tom rosé e tinha detalhes dourados que ornamentavam o salto como pequenas ramas que entrelaçavam-se entre si, formando pequenos botões de flores rosadas que tinham pedras verdes que brilhavam conforme a luz. Olhando com atenção, era possível ver que até o tecido parecia cintilar levemente.

— Ela não entende o conceito de simples. – Murmurei pegando o outro sapato para vê-lo de perto. – Fico me perguntando como que ela conseguiu isso tão em cima da hora...

— Sério que você tá se perguntando isso? – Sasuke arqueou uma das sobrancelhas e revirou os olhos ao notar minha expressão confusa. – Eu preciso te explicar alguma coisa ou posso esperar pelo momento de epifania?

— Você é ridículo. – Retruquei mal humorada. – A que horas nós vamos?

— As oito e meia.

— Então você pode me deixar sozinha agora. – Avisei pegando o sapato que Sasuke ainda segurava. – Aliás, você ainda não me entregou o meu presente. – Comentei sob o olhar irritado que o Uchiha me lançou.

— É por isso que você esteve conversando comigo esse tempo todo?

— Obvio. – Respondi enquanto recolocava os sapatos na caixa com cuidado. – Você não merece minha atenção depois de me deixar sozinha todo esse tempo.

— Sakura, eu já te pedi desculpas. – Sasuke refutou com frustração, enquanto eu o puxava pelo braço em direção à porta. – Você tá mesmo me expulsando?

— Estou pedindo licença. – Dei um sorriso e ele revirou os olhos. – Eu vou ser a garota de cabelo rosa descendo as escadas.

— Vou anotar essa informação.

— Ela é extremamente importante. – Garanti e com um sorriso nos lábios, comecei a fechar a porta, sendo impedida por Sasuke repentinamente. – O que foi?

— Quer saber? Deixa pra lá. – Ele falou afastando a mão da porta. – Nos vemos daqui a pouco.

— Você é esquisito. – Comentei enquanto Sasuke se afastava pelo corredor com as mãos nos bolsos da bermuda jeans. – Sasuke? – Chamei e ele me observou com os olhos escuros por cima do ombro. – Eu só queria ser a última a dizer tchau.

Fechei a porta antes que ele pudesse dizer algo e com um pequeno sorriso nos lábios, observei a caixa que minha mãe havia preparado com curiosidade.

Eu sabia que se não começasse a me arrumar naquele momento, me atrasaria vergonhosamente perante a família de Sasuke e bem, isso era uma coisa que eu definitivamente não queria.

12 de Março de 2016 – 20:09min

Eu conhecia o lado exagerado da minha mãe – o qual ela chamava de precavida— mas dessa vez, ela havia se superado. Além do vestido, Mebuki Haruno tinha feito questão de me mandar um babyliss pequeno (o qual eu agradecia, já que a minha única opção além dessa era pedir ajuda a dona Mikoto) e um par de brincos pequenos que combinava com um colar.

Fiz uma maquiagem que combinasse com as peças que minha mãe havia escolhido, não era minha especialidade, mas eu conseguia me virar. Meus olhos pareciam ainda mais verdes quando foram ressaltados pelo delineador e deixei todo o destaque da minha produção neles, optando por um batom nude.

Após certo esforço, consegui fazer um babyliss caprichado e confesso que me surpreendi com o resultado quando fiquei pronta.

— Sakura, por que você não me ligou antes? – O rosto da minha mãe surgiu no momento em que ela aceitou a chamada de vídeo. – Você está tão linda! – Ela colocou uma das mãos sobre os lábios enquanto me observava. – Coloca esse telefone em algum canto, eu quero ver a produção completa. – Ordenou antes que eu pudesse dizer algo.

— A senhora definitivamente se superou dessa vez. – Falei enquanto puxava a escrivaninha para apoiar o celular. – Juro que não esperava por isso.

— Eu te disse que você tinha uma mãe incrível, querida. – Minha mãe ostentava um sorriso satisfeito quando eu comecei a me afastar. – Ah Sakura, eu não tenho palavras. – Ela fingiu limpar uma lagrima do rosto. – Vamos, me mostre direito. – Acrescentou com impaciência.

O vestido era de alças finas e tinha um decote em V elegante. O busto era composto por pedrarias rosadas e douradas, acompanhadas pelas ornamentações de ramas parecidas com as que estavam no sapato e eu fiquei surpresa com o quão delicado tudo parecia. 

As costas eram nuas e minha cintura aparentava ser mais fina por conta do tipo de desenho que minha mãe havia feito para o busto da peça.

A saia abria-se delicadamente, também seguindo a linha rosé que minha mãe havia escolhido, em um tom mais apagado do que a cor do meu cabelo, quase perolado. Ela era de cetim e possuía duas fendas que deixavam os sapatos em destaque a cada passo que eu dava.

Me senti como uma princesa saída diretamente de um conto de fadas e sob o olhar de aprovação da minha mãe, fui de um lado para o outro no quarto, apreciando a sensação do tecido contra a minha pele.

— Ficou muito melhor do que eu imaginei. - Minha mãe disse repleta de orgulho e eu sorri em resposta. - São peças que serão lançadas na próxima coleção querida, então tome cuidado. - Ela me advertiu com um tom brincalhão.

— Mãe, você é incrível. – Falei me aproximando do celular novamente. – Não sei como te agradecer.

— Me agradeça se divertindo muito essa noite. – Minha mãe disse satisfeita. – E não se esqueça de tirar muitas fotos com o meu genro.

— Mãe!

— O que? Uma mulher da minha idade precisa de um pouco de diversão. – Ela disse de maneira inocente. – Bom querida, é melhor você ir. Não vai querer se atrasar, não é mesmo?

Nós conversamos por mais algum tempo e assim que me despedi, enfiei o celular na bolsa que eu havia levado e saí do quarto faltando poucos minutos para o horário que Sasuke havia me dito que nós sairíamos.

O que me surpreendeu, foi que o Uchiha realmente levou a sério a conversa sobre me esperar ao pé da escada. Ele ainda não havia me visto, mas eu conseguia vê-lo claramente de onde eu estava.

O cabelo de Sasuke estava penteado e ele usava um terno preto com camisa branca, muito semelhante aos que Fugaku costumava usar. A semelhança entre todos os homens Uchiha era ainda mais evidente naquele momento.

Ele me encarou com surpresa e entreabriu os lábios enquanto escolhia as palavras certas para o momento; admito que a intensidade do olhar de Sasuke fez com que meu coração acelerasse e por um momento, me esqueci de que nós estávamos ali para fingir um relacionamento que não existia.

— Sakura, você...

Antes que ele pudesse concretizar sua fala, um assobio alto chamou nossa atenção e logo Itachi apareceu, agarrando uma de minhas mãos e me fazendo girar, enquanto o rosto de Sasuke transformava-se em uma expressão séria com leves pontadas de irritação.

— Você está magnifica, cunhadinha. – Ele falou dando um de seus sorrisos galanteadores. – Se você não fosse o amor da vida do meu irmãozinho, tenho certeza de que seria o meu.

— Esse é o tipo de cantada que você usa quando quer conquistar alguém?

— Geralmente funciona. – Itachi ergueu os ombros e riu. – Acredite ou não, eu sou um verdadeiro cavalheiro.

— E um completo idiota também. – Sasuke resmungou afastando o irmão para que ele pudesse ficar mais próximo de mim. – Você está incrível, Sakura. – Ele murmurou para que eu ouvisse, mas pelo sorriso de Itachi, tive certeza de que o Uchiha mais velho havia escutado tudo.

O olhar de Kaguya no outro canto da sala chamou minha atenção, mas com os dedos de Sasuke entrelaçados aos meus, eu tive certeza de que ela não aprontaria nada. Ao menos naquele momento.

Nós seguimos para a festa em carros separados e isso foi um alivio.

Sasuke e Itachi (que estava ao volante), contava sobre o tipo de gente que nós encontraríamos durante a confraternização e me blindavam acerca de possíveis comentários desagradáveis, o que me levava a acreditar que a avó deles não era a pior pessoa que eu podia conhecer.

Quando chegamos ao local da festa, não pude conter minha expressão de surpresa. Era magnifico.

O caminho que levava até o salão era iluminado por lampiões que estavam depositados no chão, me dando a breve sensação de que nós estávamos em um filme antigo à medida que nós caminhávamos. O jardim gigantesco era iluminado por pequenos pontos de luzes amareladas, que adornavam o tronco das arvores de uma forma singela.

— Gostou da decoração? – Sasuke murmurou próximo de meu ouvido e quando direcionei meus olhos para ele, havia um leve sorriso em seus lábios. – Nada está tão bonito quanto você.

O comentário dele me pegou desprevenida e tive certeza de que Sasuke notaria o rubor em meu rosto caso prestasse atenção a esse detalhe.

— Está bancando o namorado? – Murmurei enlaçando meu braço ao dele.

— Muito mais do que isso, Sakura.

Estava pronta para questioná-lo quando Itachi (que caminhava tranquilamente em nossa frente, com as mãos nos bolsos da calça) soltou uma breve risada antes de olhar para nós com ironia.

— Vocês são tão... doces.

— Cale a boca. – Sasuke grunhiu como resposta. – Está dizendo isso por que sua namoradinha não vem?

— Izumi não é minha namorada. – Itachi rebateu com a expressão serena. – Nós temos um relacionamento além dos rótulos.

— Quer dizer que você gosta dela, mas não tem coragem de assumir algo sério? – A pergunta escapou de meus lábios em um tom de maldade. Itachi me olhou e tudo o que pude fazer foi dar um de meus sorrisos amarelos e acrescentar: - Não que eu ache que isso faz o seu tipo, na verdade, é o tipo de coisa que Sasuke faria.

Os irmãos se entreolharam e eu senti que havia ficado por fora de algo que apenas eles tinham conhecimento. A verdade é que eu sempre achei que irmãos acabavam desenvolvendo uma espécie de código secreto com o passar dos anos e bem, Sasuke e Itachi comprovavam minha tese.

— O que eu perdi? – Fiz menção de soltar o braço de Sasuke para encará-lo, mas ele enlaçou sua mão na minha e balançou a cabeça negativamente. – Hã?

— Você não perdeu nada, Sakura. – Sasuke murmurou e em seguida indicou com um pequeno gesto de cabeça que estávamos chegando próximo dos hostess da festa. – Depois posso te mostrar o restante do lugar, o que acha?

— Um passeio sob a luz do luar? Isso é tão romântico.

Tão romântico. – Itachi repetiu o que eu havia dito utilizando um tom de voz afeminado. – Ah, fotógrafos. – Apesar do tom irônico, o Uchiha mais velho exibia um sorriso simpático e acenava conforme caminhávamos.

Embora eu sentisse meu coração acelerado a cada passo que dávamos, a sensação da mão de Sasuke sobre a minha me dava a certeza de que tudo ficaria bem.

12 de Março de 2016 – 22:15min

Duas horas haviam passado desde o início da festa. Era estranho me sentir deslocada, principalmente em festas e eventos organizados por pessoas que eu conhecia. Contudo, os gestos de Kaguya em demonstrar que eu não estava ali, me deixavam em uma saia justa que eu não estava acostumada a lidar.

— Não se preocupe, querida. – Mikoto disse enquanto se aproximava de mim. Ela estava linda, com um vestido azul marinho que a deixava mais elegante do que qualquer outra mulher na festa. Minha mãe costumava dizer que a senhora Uchiha era um dos poucos exemplares no mundo de mulheres que conseguiam ficar bem com as peças mais simplistas dentro de um guarda roupa. Não que o vestido dela fosse algo que pudesse ser chamado de simples. – Ela fez muito disso comigo no começo. – Apesar do sorriso nos lábios, havia um toque de nostalgia em suas palavras.

— E como a senhora lidou com isso?

— Eu sou muito boa em ignorar as coisas. – Ela respondeu com graça. – Acho que Sasuke e Itachi puxaram um pouco disso de mim, apesar de que Sasuke é muito mais reativo do que eu jamais fui.

— Ele consegue fingir bem. – Comentei e ela riu, observando Sasuke que era apresentado por Kaguya para algumas conhecidas não muito longe de onde estávamos. – Mas existem coisas que nem com o maior esforço do mundo ele consegue esconder.

— Sasuke não gosta quando maltratam as pessoas que ele ama. – Mikoto colocou uma das mãos sobre os meus ombros e sorriu, como uma mãe costumava fazer. – E ele entende que tem uma vó complicada, então sinto muito caso ela tenha te chateado, querida. Peço desculpas em nome da nossa família.

Eu disse a Mikoto que não precisava se preocupar, mas ela apenas rolou os olhos em frustração. Antes que eu pudesse considerar aquele como um gesto direcionado à mim, a matriarca Uchiha enlaçou seu braço ao meu, chamou a atenção de um garçom e pegou duas taças de champanhe.

— Sei que vocês bebem coisas bem piores do que isso. – Ela disse enquanto começava a me guiar na direção de Sasuke, que ainda não havia percebido que nós nos aproximávamos dele. – Aquela é a garota. A do casamento arranjado.

— Casamento?! – Minha voz subiu umas oitavas e Mikoto apenas aquiesceu ignorando minha expressão alarmada. – Sasuke não pode se casar com ela. – Acrescentei com indignação. Agora estávamos ainda mais perto.

A garota que conversava com Sasuke com um sorriso nos lábios tinha sido apresentada por Kaguya, que parecia reagir à ela da mesma forma com que fazia com Rin. O sorriso nos lábios, a postura acolhedora e o brilho nos olhos cinzentos demonstravam a aprovação que ela sentia em seu interior.

O cabelo dela era ruivo e estava preso em um coque elegante, o vestido preto era longo, um decote em V, os olhos escuros e eu tenho que admitir, Guren – o nome que Mikoto havia sussurrado para mim antes de nos encaixar na conversa da maneira mais sutil que pôde – era extremamente bonita.

Eu tinha que admitir que ela e Sasuke combinavam, embora não concordasse com isso.

A verdade é que eu não concordava com isso, muito mais do que queria deixar transparecer.

— Querido, estávamos te procurando. – Mikoto disse atraindo a atenção de Sasuke para si. – Não é educado deixar a Sakura sozinha. – Ela acrescentou em um tom de bronca risonho. Os olhos de Sasuke pousaram sobre mim e eu apenas ergui os ombros. – Oh, desculpe minha indelicadeza, você deve ser a Guren, não é? – A senhora Uchiha se desvencilhou de mim para cumprimentar a garota com um abraço.

— É um prazer conhece-la, senhora Uchiha. – Guren disse educadamente, retribuindo o abraço de dona Mikoto. – Sasuke me disse que eu a encontraria por aqui, agora tenho certeza de quem ele puxou a beleza.

— Oh, não precisa disso. – Mikoto disse com constrangimento e por um momento, achei que ela havia esquecido de que estava disposta a impedir um possível casamento por conveniência. – Você também é muito bonita, seus pais estão por aqui? Gostaria de conhece-los.

— Tinha acabado de fazer a mesma pergunta, Mikoto. – Kaguya interrompeu a conversa com seu típico tom de voz superior. Ao menos, para quem não a conhecesse, ela tratava Mikoto com uma gentileza muito mais polida do que o normal. – Quero apresentar Sasuke aos pais de Guren também, já que futuramente seremos sócios e quem sabe, da mesma família. – Ela riu levemente, mas direcionou seus olhos rapidamente para mim, deixando claro seu aviso.

Olhei para Sasuke de soslaio, mas ele parecia confortável com toda aquela situação, embora não olhasse mais na minha direção.

Para disfarçar meu desconforto, bebi um gole do champanhe que Mikoto havia me dado e me senti agradecida por ela ter me dado algo para me ocupar.

— Já que estamos falando sobre as apresentações, quero que você conheça uma pessoa, Guren. –Sasuke falou e me surpreendi ao notar que ele estava ao meu lado. – Esta é Sakura, minha namorada.

Ok, muita coisa para associar no mesmo instante.

Mikoto sorriu satisfeita e tentou encobrir o gesto enquanto dava um gole na bebida. Kaguya parecia irritada, mas apenas pressionou os lábios em uma linha fina e cruzou os braços abaixo dos seios. Guren estava surpresa, piscou algumas vezes, revezando sua atenção entre mim e Sasuke (que tinha posto uma de suas mãos na base das minhas costas).

— É um prazer conhece-la, Sakura. – Guren falou após a surpresa. Ela não se aproximou e eu permaneci onde estava. – Me desculpe a indelicadeza, não te vi.

Meu cabelo é rosa, acho que é meio impossível que eu passe despercebida na maior parte dos lugares em que eu vou, mas mesmo que eu pensasse assim, apenas balancei a mão esquerda de uma forma displicente e sorri.

— Acontece com frequência. – Falei e ela riu. – Eu...

— Acho que nós temos que sair por alguns instantes. – Sasuke me interrompeu e quando eu o encarei, ele estava sorrindo. – Prometi à Sakura que mostraria o jardim para ela. – Ele disse e quando Kaguya entreabriu os lábios para protestar, ele acrescentou: - Mamãe, pode conhecer a família da Guren por mim? Tenho certeza de que a senhora e a mãe dela vão ser boas amigas.

— Você sabe que eu adoro conhecer gente nova, querido. – Mikoto falou com uma falsa empolgação. – Vão, vão. Ah, esses jovens...Você namora, Guren?

Foi a última pergunta que escutei antes que Sasuke me puxasse para longe delas. Ele cumprimentou algumas pessoas conforme caminhávamos para fora do salão, para um lugar diferente da entrada que eu havia visto.

Descemos algumas escadinhas e estávamos fora, com a brisa da noite batendo contra nossos rostos e uma imensidão de estrelas que eu raramente conseguia ver onde morávamos.

Sasuke estendeu a mão em minha direção e eu a segurei, enquanto ele me guiava para um local que somente ele sabia o destino pelo imenso jardim.

Para a minha surpresa, estávamos indo em direção a piscina, que possuia pequenas lanternas brancas ao seu redor. Mais especificamente para um gazebo repleto de pequenas lâmpadas e tecidos brancos que deixavam tudo ainda mais bonito.

Sasuke sentou-se ao chão de madeira e indicou que eu devia fazer o mesmo, dando batidinhas no espaço vago ao seu lado.

— Você não é nada romântico. – Falei entregando a minha taça pela metade para ele, enquanto tirava meus sapatos para me sentar confortavelmente. – Estou com toda essa produção e você me faz sentar no chão? – O empurrei com o ombro ao me sentar e ele riu divertido.

— Não achei que você se importasse com isso. – Sasuke confessou pouco antes de dar um gole em minha bebida. – Me desculpe por te deixar tanto tempo sozinha hoje.

— Eu entendo que sua vó é uma monopolizadora. – Falei desviando os meus olhos para a piscina. – Não é sua culpa.

— Quem te ensinou essa palavra?

— O que?

— Monopolizadora. – Sasuke repetiu cada silaba com cuidado. – Desde quando você fala assim?

— O que quer dizer com isso?

— Você tá me traindo, Sakura? – Sasuke perguntou repentinamente e eu olhei para ele alarmada. – A sua expressão, impagável. – Ele gargalhou com gosto e eu o empurrei de leve, mas acabei rindo também.

— Idiota.

Sasuke resmungou algo que não entendi, mas nenhum de nós deu continuidade na conversa por muitos minutos. Acho que entramos naquele momento em que o conforto é muito maior do que qualquer outra coisa que existe entre duas pessoas.

— Obrigado por estar aqui hoje. – Ele agradeceu e eu não me virei para observar sua expressão. – As coisas estão melhores porque você está aqui.

A intensidade nas palavras de Sasuke fez com que meu coração se acelerasse. Eu sabia que aquilo era exatamente o que eu sentia há tantos anos quando tinha um crush, um penhasco e qualquer outra coisa por ele.

Pensar sobre isso me deixava nervosa.

— Estou aqui porque perdi uma aposta. – Comentei no tom mais descontraído que pude e ao notar o silencio de Sasuke, me virei para olha-lo. – O que foi? – Perguntei ao notar que ele me observava com um semblante tranquilo.

— Acho que bebi demais disso. – Sasuke murmurou balançando a taça vazia antes de deixa-la em algum lugar. – Estou tendo uns pensamentos esquisitos...

— Espero que nenhum deles envolva pular na piscina. – Dei um sorriso e Sasuke retribuiu, embora balançasse a cabeça em negativa. – O que te aflige, meu doce Sasuke?

Sasuke aproximou seu rosto do meu, da maneira que costumava fazer quando queria me intimidar. Apesar do ritmo louco das batidas no meu coração, não me afastei.

A verdade é que se ele me beijasse naquele momento, eu não reclamaria.

— Por que a única coisa que eu penso agora é você, Sakura? – O que Sasuke havia dito não passava de um sussurro, mas foi o suficiente para que minha pele se arrepiasse por inteiro.

— Por que eu estou na sua frente? – Murmurei a pergunta e ele deu um breve sorriso, mas não me contradisse. – Sasuke...

— O que?

— Lembra sobre aquela conversa que nós tivemos... Sobre amigos que se beijam?

Não precisei de muito mais do que isso para que Sasuke me beijasse, da mesma maneira que havia feito antes.

Mas algo mudou depois daquilo.


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews??
O que acharam desse cap? Quis trazer uma atualização maior por conta da demora, não sei se tive sucesso hahahahaha
e a Kaguya hein??? definição de inconveniente!!

Beijão e até a próxima!!



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