POV Lexi

Megan e eu ficamos sentadas em frente da minha casa observando o dia passar, vendo as pessoas passando diante de nos, a pequena estava ansiosa para que a hora chegasse para ouvir as historia que Mary contaria, ela não parava de se perguntar qual seria a historia que a anciã contaria. Isso me fazia lembrar quando era pequena, quase todos os dias pedia a vovó me levar até a cabana da anciã para ouvir suas historias.

— Já podemos ir?- era quinta vez que Megan perguntava isso. Olho para o relógio em meu pulso, ainda faltava alguns minutos para ir.

— Ainda não. - respondo vendo a pequena bufar.

Crianças, sempre ansiosas.

Duque estava agitado, pois Megan não parava de andar em círculos a minha volta. Fiquei irritada com toda aquela bagunça.

Os minutos passaram depressa e fomos em direção a cabana de Mary, no caminho Megan cantava algumas cantigas e Duque ia na frente latino e abanando o rabo. A casa da anciã  ficava bem perto da igreja, a casa era bem antiga o telhado de madeira, as paredes rústica e a porta de madeira verniz pesada.

Quando entramos Mary vestia um xale de tricô branco por cima de seu vestido robusto com renda preta, sentamos no chão onde havia uma roda de pessoas, eram crianças e adultos, a mulher de cabelos brancos se aproximou da roda e se sentou em uma poltrona velha que havia.

—Boa noite, meus queridos- sorriu- Sejam bem-vindos a minha casa, estão todos prontos para ouvir uma historia?

Todos responderam ''sim''. Mary se ajeitou na poltrona e olhou para cada um que estava presente no local. Estavam todos em silencio, mas o silencio foi quebrado por um uivo.

— Vocês ouviram isso? O uivo?- perguntou- Esses uivos são dos lobos, mas não lobos comuns, não. São uivos de lobisomens, homens que se transformam em feras de noite. Eles vivem na Floresta das Sombras, escondido dos humanos. As pessoas que os encontram acabam mortas ou acabam se transformam em monstros. A historia que ire lhes contar hoje é de como o primeiro deles surgiu.

Com o jeito que falava era fácil que todos acreditassem que esses tais lobisomens existissem, mas claro que isso não iria funcionar comigo.

— Há alguns anos atrás,... -continuou- nesse mesmo vilarejo, em uma noite de lua cheia como essa, um jovem rapaz decidiu se aventurar pela Floresta das Sombras sem se importa com o perigo. O rapaz caminhava entre as árvores tranquilamente quando ouviu um barulho entre as árvores... - a anciã olhou para todos parando em mim, se ela estava tentando me deixar com medo isso não funcionou -, ele olhou para onde o barulho vinha encontrando um par de olhos vermelho o encarando. A fera que o encarava era um lobo, com os pelos negros como a noite e não possuía o mesmo tamanho que os outros lobos, passava da altura de um homem comum. O rapaz se assustou e correu para longe, mas a fera era mais rápida que ele e acabou derrubando o rapaz no chão. O jovem lutou contra o lobo, quando se viu livre do grande animal correu para o vilarejo sem perceber que o lobo o havia mordido em seu braço.

'' E quando um lobisomem morde alguém durante a lua cheia, ela acaba se tornando em um deles. Em uma noite de lua cheia o jovem rapaz se transformou em um lobisomem, quando voltou para sua forma humana ele fugiu para a Floresta das Sombras, com medo que as pessoas o matassem por conta de sua maldição. ''

— Então, lobisomens existem de verdade?- Megan perguntou, seus olhos brilhavam como duas estrelas no céu parecendo totalmente encantada com a historia. Revirei os olhos, crianças acreditam em tudo que contam a elas.

— Sim. Eles existem, querida. - bufei irritada, como ela podia ter tanta certeza esses lobisomens existem, ela por acaso já viu? E palavras não serviam como prova para dizer que isso existe realmente, eram apenas palavras, igual às historias dos pescadores. - Lexi?

Assustei-me um pouco quando ouvi ela me chamar, será que ela me viu bufar? Era bem provável. Todos agora me olhavam tentando entender o porquê Mary havia me chamado. A mesma continuava com sua expressão calma, não parecia nem um pouco com brava com o meu ato de desrespeito diante ela. Era o que parecia. 

—Sim? – falei não me importando com os olhares que caiam sobre mim.

— Você não acredita no que eu disse que existam lobisomens ou outras criaturas?- perguntou, sua voz continuava calma. 

— Não. – disse deixando todos meio que surpresos com a minha resposta, todos menos a anciã. As pessoas ao meu redor deviam se perguntar se eu era louca ou não ou tinha a completa certeza que possuía uns parafusos a menos. - È apenas uma lenda que conta para assustar a todos para que ninguém ouse colocar os pés na Floresta das Sombras. – dramatizei um pouco pra dar em fase no que dizia, a mulher de cabelos grisalhos apenas riu da minha pequena atuação ridícula.

— È isso que você acha?- perguntou. Ainda sentia vários olhos famintos que me encaravam se nem piscar.

—Sim. O que diz são apenas historias e isso não serve pra dizer que algo exista de verdade, é preciso ter provas concretas pra isso. – continuei a olhar diretamente para a mulher sentada. – É ridículo que todos acreditem em apenas palavras contadas por você sem ao menos pedir que você prove se eles realmente vivem na floresta ou que existiam. – é agora que sou morta por fala demais.

— Você esta certa, Lexi. – me surpreendi com a resposta, acho que todos ficaram surpresos. – Nem todas as historias tem um fundo de verdade e nem tem como provar que são verdadeiras sem a prova que isso aconteceu ou não, isso também serve quando se diz de criaturas. – seus olhos verdes ficaram por uns momentos assustadores, parecia que estava em um filme de terror e ela era o vilão. – Mas a historia que contei hoje é a mais pura verdade, Lexi, não tenho como provar que os lobisomens existem, mas eles estão por ai. Um dia você ira acreditar.

Quando terminou de falar o clima estranho desapareceu, seus olhos verdes voltaram ao normal, calmos e gentis. Mas isso não me faria acreditar nela, nem um pouco.