1572 Dias escrita por Day


Capítulo 7
VII — Bônus II (Draco Malfoy)


Notas iniciais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAAAH, EU APARECI DE NOVO!

Oláaaa, amores do meu coração. Desde que eu terminei de escrever o capítulo anterior, com todo o fim do Draco e etc, tive vontade de fazer um outro bônus, na visão dele de novo. Acho que é meio necessário né? Bem, aqui está ♥

Ficou mega curto, porque eu quis focar SÓ nesses últimos momentos dele depois da fuga da Mione (vou ficar devendo uma explicação dele sobre aquele beijo, desculpa)

Se tiver algum erro, me avisem. Escrevi isso ontem à noite, morrendo de sono porque fazia tempo que eu não att aqui. Comentem, ok? Quero muito saber o que vocês acham/acharam.

Boa leitura ♥

PS: tá sem banner de novo, mas esse gif ficou perfeito pro capítulo e.e
PS2: tem bem pouco diálogo, porque quis dar mais foco aos pensamentos dele.



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Não era o acordo. Não era o planejado. Não era o que deveria acontecer. E, com certeza, não era o que eu queria. Hermione não devia fugir, claro que não devia sair correndo pelo meu portão e anunciar a todos pelo caminho quem era e o que fazia. A notícia de sua fuga espalhou-se mais rápido do que vírus, tomou proporções enormes em pouco tempo. De repente, todos sabiam que o caso Granger iria acabar, depois de quatro longos anos.

Foram anos tão curtos para mim, no entanto.

Agora, cada pessoa ao meu redor, todos meus vizinhos e conhecidos, até mesmo meus amigos mais próximos e minha família sabiam. Talvez não soubessem da minha cota de participação, mas eu não poderia me dar ao luxo de descobrir isso. Minha vontade era ter Hermione de volta, e não ter de lidar com a avalanche de consequências, caos e perguntas ansiando respostas imediatas.

O que Narcissa pensaria quando soubesse? Perderia completamente a boa visão que tinha de mim, saberia que eu já não era mais o filho adorado que teve anos atrás. Na verdade, eu já não era mais aquela pessoa há muito tempo. Era claro que ela se culparia, como costumava fazer, diria que era tudo sua culpa, mas não era.

Mesmo depois de morto, Lucius ainda me assombrava. Ainda pairava sobre meus pensamentos e controlava minhas ações. Era ele, e apenas ele, que me conduzira a agir daquela forma por tanto tempo, que me transformou em alguém perturbado e sem muito controle sobre si mesmo. Porque, sim, eu havia perdido o controle em algum momento durante aquilo tudo.

Minha mente não era capaz de pensar absolutamente nada racional. Todos meus pensamentos acabavam ali e somente ali, na fuga de Hermione, no segundo em que ela colocou os pés para fora de casa sozinha. Cada um que já tinha conhecimento de sua escapada se perguntava quem? Saber a meu respeito era tudo o que queriam.

E era a última das minhas vontades.

A marca de suas pegadas pela areia do jardim seguia para a única direção que a convinha: o lado de fora, sua liberdade. Finalmente, depois de tantas perguntas, súplicas e o enorme desejo por aquilo, ela estava livre para fazer o que quisesse, como e onde quisesse. Não era o que deveria acontecer.

— Inútil! — gritei para meu próprio reflexo. — Imprestável!

O espelho me mostrava uma pessoa absurdamente diferente de mim. Talvez aquelas diferenças todas já estivessem aparentes há algum tempo, ou talvez fossem recentes. Qualquer que fosse o caso, eu estava muito diferente do que costumava ser antes, estava irreconhecível até certo ponto.

Antes, o tom loiro do cabelo não era tão opaco, tão morto ou com tão pouca vida. Hermione às vezes comentava a esse respeito, mas não era o tipo da coisa que merecia minha atenção. Agora, percebo como ela estava com a razão. Narcissa também comentava, mas não era tão frequente, tampouco com o cuidado nas palavras.

Talvez você devesse arrumar seu cabelo, sabe. Cortar um pouco, aí não esconde tanto seu rosto — Hermione falava, em um tom tão baixo que se aproximava do sussurro.

Draco, já passou da hora de dar um jeito nisso aqui — Narcissa não tinha polidez ao falar e nenhuma delicadeza ao puxar os fios na mão. — Por Deus, quanto descaso consigo mesmo. Não foi assim que eu te criei.

Eu revirava os olhos e dizia que deixaria isso para depois. E o depois nunca veio.

Algumas olheiras grandes e profundas se depositavam abaixo dos olhos, criando uma feição que não era minha. Todo aquele reflexo não era meu; era qualquer outra pessoa que não eu. O cansaço estampado no rosto, somado à angústia e, agora, à dúvida em saber o que aconteceria em seguida.

Havia grandes chances de a polícia bater à minha porta em qualquer segundo futuro e essa ideia me assombrava. Cogitar que todas as coisas poderiam dar errado para mim era assombroso. Eu nunca soube lidar com falhas, desastres ou fracassos.

— Fracassado!

Voltei a me insultar, como se isso pudesse trazê-la de volta. Mas, claro que não traria, nada traria Hermione para mim de novo. Eu jamais a teria outra vez, vivendo por perto, andando pelos corredores ou perguntando sobre o mundo lá fora, porque agora ela conhecia esse mesmo mundo. Ela já não precisava de mim mais para responder suas perguntas.

Apertei os punhos até as juntas dos dedos ficarem brancas. Doía e incomodava, mas, de certa forma, me aliviava de todo o ódio e remorso que sentia por mim mesmo. Encarei minhas mãos, elas tremiam e não eram capazes de manterem-se paradas. Todo meu corpo tremia e não era de medo, de maneira alguma.

Soquei a parede, na tentativa falha de suprimir a apreensão que sentia. Todos meus sentimentos eram um emaranhado disforme, sem começo e fim, totalmente desconexo. Memórias de toda minha infância e adolescência, todas as noites em que dormi com os gritos de Narcissa e repletas de pesadelos, me atingiram sem aviso.

Pensei em Hermione e, pela primeira vez em quatro anos, reconheci o quão desumano era tudo aquilo. Era um momento de claridade mental, em que consegui reconhecer, de repente e completamente. Eu não queria deixá-la ir, mas também não podia continuar mantendo-a ali.

Hermione merecia viver. Eu, não. Era esse o nosso acordo, afinal de contas. Só um de nós sairia vivo, e tinha sido ela e não eu.

Narcissa deveria saber daquilo, mais do que qualquer outra pessoa no mundo. Saber que todo o futuro que idealizara para mim não teria a chance de se concretizar, que ela não poderia mais se auto titular mãe, uma vez que não teria mais filho algum. Ela merecia entender, pelo menos, mas não precisava aceitar.

Cartas de adeus sempre me pareceram tão sacanas. Explicar-se em palavras porque ia embora, seja lá qual fosse o sentido da ida, não ajudava em nada. Ainda haveria alguém partindo e alguém ficando para trás, ainda haveria despedidas e, futuramente, havia saudade.

E lá estava eu, prestes a escrever uma daquelas cartas. Palavra alguma parecia boa o bastante para ser colocada ali, nenhuma delas diminuiria o impacto do significado que tinham. Narcissa ainda choraria, eu tinha certeza absoluta, e pensar nela chorando depois de tantos anos era doloroso.

Ela já não chorava por motivos tristes e dolorosos desde muito tempo atrás e a pessoa que a faria sentir-se assim de novo seria eu. Seu próprio filho.

Mãe,

Já faz algum tempo que não te chamo assim e sei disso. Desculpe. Qualquer que seja o lugar que eu esteja, ainda vou te amar mais do que qualquer um. Não sei quando ou como isso chegará a você, mas, por favor, me perdoe. Por todas as coisas erradas que já fiz na vida e, principalmente, por colocar um fim nela.

É que não dá mais para ir em frente, continuar vivendo assim. Talvez você entenda algum dia, talvez demore a entender ou talvez nem entenda. Mais uma vez, me perdoe por isso.

Eu te amo, mamãe.

Eu não a chamava de mamãe há mais de uma década e senti a necessidade de chamá-la assim.

Deixei o papel bem dobrado e visível em algum lugar logo na entrada. Se tivessem que revistar minhas coisas, que encontrassem aquilo logo de cara e que Narcissa tivesse uma mísera explicação o mais rápido possível.

Corri sem prestar atenção em nada e nem ninguém pelo caminho. Tudo e todos eram borrões à minha volta. Consegui distinguir algumas vozes, mas nenhuma me parecia familiar, e sim acusadoras. Todos pareciam saber que Hermione tinha fugido da minha casa, fugido de mim, e agora me olhavam com acusação.

Não parei até que minhas pernas implorassem por isso. Os músculos já desacostumados com um exercício tão repentino e puxado não aguentaram mais do que alguns minutos. De repente, longe de tudo aquilo, a perspectiva de não ir em frente com aquela ideia já não pareceu tão absurda.

Uma estação de rádio próxima anunciava as notícias e, entre todas as palavras ditas, duas me chamaram a atenção.

Caso Granger. Ao que parece, depois de quatro anos sem qualquer notícia a respeito da estudante, ela conseguiu escapar de seu cativeiro. As informações colhidas ainda não foram divulgadas, mas a polícia parece ter levantado alguns suspeitos. Em breve, voltaremos com mais.

Eu não tinha qualquer dúvida que ela me delataria. Na primeira oportunidade, diria tudo que pudesse a meu respeito. Hermione não manteria a promessa que fez, há alguns anos; de que, se pudesse ser liberta, não contaria nada a ninguém sobre mim.

Àquela hora, a polícia já deveria estar à procura dos tais suspeitos, inclusive eu. Prosseguir com meu propósito não era absurdo, pelo contrário, era necessário. Talvez morrer fosse melhor e menos doloroso do que passar o resto da vida preso.

— Adeus, Granger — murmurei na direção em que eu sabia que era a delegacia, onde ela provavelmente estava. — Adeus, Narcissa.

Ouvi o trem se aproximando e, sem pensar duas vezes, joguei-me à sua frente.

Não senti impacto algum, tampouco dor ou desconforto.

Tinha acabado. O Caso Granger chegava ao fim, ao menos minha participação.

Hermione estava livre para viver como bem quisesse. Eu não estaria mais por perto para interrompê-la.


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Notas finais do capítulo

Socorro, o que vocês acharam?

AGORA, OFICIALMENTE: O PRÓXIMO CAPÍTULO É O ÚLTIMO :c

De novoooooo, se tiver algum erro, me avisem, sem vergonha!



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