Amor & Orgulho escrita por RaihC, Izzy Lancaster Hutcherson


Capítulo 16
XVI


Notas iniciais do capítulo

Muito tempo se passou em....Decidi continuar sozinha a história. Ra e eu ainda nos falamos, mas a correria da vida de estudante está nos enlouquecendo. Eu precisava fazer algo que gostasse novamente. Então eu lembrei o quanto amei escrever essa história e decidi que tenho que terminar isso. É mais por mim do que por qualquer outro motivo.

Talvez meus leitores fiéis nem estejam mais aqui, eu sentirei eternamente falta de vocês. Eu adorava ler cada comentário, esperava ansiosa cada um. Desculpe-me se os abandonei e decepcionei. Eu sinto muito.



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A semana se passou de maneira tranquila, sem muitas surpresas ou desentedimentos. Cato veio visitar a irmã e se sentiu aliviado por vê-la um pouco feliz. Entretanto, a conhecia bem para saber que ali não era o lugar que ela desejava estar, apesar da mesma garantir que o marquês era cortês e que haviam se tornado amigos. O jovem Everdeen a ofereceu abrigo antes de sair, sugeriu novamente que a mesma pedisse anulação do casamento, mas a irmã apenas balançou suavemente a cabeça e disse que gostava da biblioteca do marido, arrancando um sorriso do Everdeen.

Katniss amava sua família mais que tudo, apesar de não amar Peeta como homem, o amava como amigo e sua estadia no casarão era em um clima harmonioso. Peeta sempre lhe deixava uma rosa encostada na porta pelas manhãs e ela achava isso uma atitude muito adorável. Gostava dessa nova fase e Rue começava a perceber que sua senhora estava mais sorridente, o que a deixava feliz. A jovem criou um laço de amizade com a marquesa, que a tratava como uma irmã, e a felicidade da nova Mellark passou a ser um dos objetivos de Rue.

Nas horas vagas Katniss ensinava Rue a tocar piano, no começo foi um pouco difícil, mas Katniss garantiu que ela levava jeito para o instrumento. Aos poucos a garota foi se entendendo com as teclas, aprendendo a ler as partituras, acostumado a indentificar notas falhadas e se arriscando em peças simples e rápidas. A Mellark sentia orgulho de sua aluna, a destreza de Rue em aprender era impressionante, conseguiu pegar tudo que Katniss lhe ensinava de maneira rápida e habilidadosa, como se fosse um dor reservado pelo Senhor para ela.

Agora o sol estava próximo de dar seu adeus e a noite surgiu com sua lua prateada. O céu começava a adquirir tons rosados e alaranjados, ótimos para se por em uma tela branca. Katniss estava sentada na grama, com um livro aberto entre as pernas, enquanto Rue terminava de bordar um tecido. As garotas aproveitavam o silêncio do dia e os suaves raios de sol.

— Senhora, como se sente nos últimos dias? Menos triste? - questionou Rue fazendo com que Katniss erguesse os olhos do livro e fitasse sua rosto fino e amendoado.

— Tem sido dias alegres, minha amiga. É como se o rio da vida estivesse finalmente tomando seu rumo. Porém, sinto saudades de casa, é como se parte de mim tivesse sido arrancado - confessou com sua mais profunda sinceridade

Ela sentia falta do seu quarto, das broncas diárias da mãe, dos risos de Mags, do cheiro de charuto na sala. Sentia saudades dos gritos de sua mãe quando errava o bordado ou quando arriscava-se correndo pela casa. Sentia saudades da decoração antiga de sua avó, dos quadros pintados a óleo expostos no corredor. Sentia falta do seu antigo eu, da velha Katniss que por mais crescida fosse, ainda era uma criança.

— Imagino que deva ser difícil. Sabemos que é natural na vida de uma moça casar-se e deixar a sua casa, mas é impossível não sentir falta da sua família. O que importa é se a senhora se sente feliz aqui. Sente-se senhora?

— Apenas Katniss, Rue. Eu amo sua companhia, é a melhor amiga que eu poderia sonhar ter, tu alegras os meus dias sem graça. Também gosto de Peeta, sua amizade me é valiosa.

— Mas o amas?

— Sempre fui verdadeira contigo, não deixarei de ser agora. Acredito que meu amor por ele seja fraterno, assim como o meu por ti, apesar dele me deixar com sensações entranhas.

— Quais sensações?

— São estranhas de se dizer, é como uma eletricidade. É completamente desconhecido por mim.

— Katniss - ouviu um grito feminino. Aquela voz que a morena reconheceria até mesmo em meio a um multidão.

— Mags - falou

A senhora Mags vinha correndo em meio ao volumoso vestido cinzento, segurava as bordas para ajudar a chegar mais rápido onde sua filha de coração estava. Ela viu Katniss se levantar e correr ao seu encontro, viu sua dama a acompanhar com uma agilidade que apenas os jovens possuiam.

Quando parou em frente a pequena Everdeen, que nunca deixaria de ser Everdeen, a deu um forte abraço. Não sabia como contar, nem sabia  o que fazer. Apenas pegou a meninas e a puxou para um forte abraço, e deixou com que seus medos saissem a medida que apertava o corpo dela junto ao seu.

— Aconteceu alguma coisa, Mags? Estou a estranhar sua vinda repentina - sussurou a menina

— Sua mãe, pequeno rouxinol, precisa vê-la - falou quase sem voz

Os olhos cinzentos felizes pela visita da amiga perderam o brilho com a mesma velocidade que ganhou. Tornaram-se opacos, distantes e totalmente indecifráveis. O corpo ficou tenso, os músculos firmes e rígidos. A mente turva pela nova informação, tentando ligar os pontos, raciocionar de forma racional. Apenas virou-se para dama e pediu para que a mesma falasse com o rapaz dos cavalos e que lhe preparasse dois.

Quando prontos, subiu em cima do animal e estendeu e Mags subiu no outro. Pediu para a amiga informar Peeta sobre sua saída e cavalgou com Mags até a residência dos pais. Quase saltou do cavalo e subiu as escadas na velocidade da luz, tropeçando algumas vezes nos degraus e no vestido. Somente se acalmou quando sentou-se ao lado da mãe na cama.

Pálida, Clara Everdeen estava a dormir um silencioso sono. O rosto corado estava branco como a porcelana do jogo de jantar. Marcas de cansaço eatavam abaixo dos olhos, dois tons mais escuro que a pele da senhora. Os labios normalmente rosados estavam da mesma cor do rosto. Essa imagem apertou o coração de Katniss de uma maneira que a mesma não conseguia descrever em palavras.

Arrastou-se pela cama, deitou ao lado da mãe. Ficaria ali fitando seu sonho, como fazia quando criança, até que a mesma acordasse. Ela precisava ver os olhos azuis da mãe, ver seu olhar maternal e cheio de amor. Por mais que a senhora Everdeen implica-se com Katniss, ela era sua mãe, lhe gerou no ventre e deu todo o carinho e suporte necessário para que Katniss tivesse uma vida feliz. Tomou Annie e Cato como filhos legítimos após o casamento e nunca, em momento algum, fez qualquer tipo de distinção entre os três. 

Clara abriu os olhos e encontrou o reconfortante cinza. Katniss, sua pequena bebê, estava a observando cuidadosamente. Ela a amava mais que tudo, foi o presente divino que ganhou quando se casou. 

— O que faz aqui filha? Deveria estar em casa com seu marido - comentou 

— Você é mais importante que ele. Mags contou que vinha a dias não se sentindo bem, deveria ter me comunicado - falou com pesar - Eu deveria estar ao seu lado, cuidando da senhora.

— Tens tua vida para cuidar agora, pequena. Em breve terá tua família.

 

— A senhora, meus irmãos, papai, são minha família. 

— Peeta também é.

— Sim, mas não mude de assunto. Sente-se muito indisposta? Vou pedir para chamarem o médico .

— Não há necessidade, apenas fique um pouco com sua mãe .

— O tempo que quiser, mamãe .

Clara sentia a culpa correr suas veias. Seu marido sabia de toda a verdade, Mags também, mas Katniss sequer desconfiava do destino que tinha escondido de si. Se seu nome ainda estiver na lista, algo que ela nunca saberia, caberia a Katniss suceder os negócios da família materna após a morte do atual chefe. Clara sentia que talvez iria para o reino dos céus antes dele. Ao mesmo tempo que queria poupar Katniss dessa responsabilidade, não queria esconder sua verdadeira história. Nunca lhe contou sobre seus avós, nem sobre as histórias da família. Nunca sequer citou o nome de seus pais para a primogênita. 

— Pegue a caixinha pequena no móvel ao lado. Existe um S bordado nela - pediu.

Katniss virou-se para o lado,abriu a gaveta do móvel e retirou a caixinha de madeira que continha o S dourado na tampa. Era uma caixa delicada, parecia ser esculpida a mão.

— É sua, um presente que minha mãe me deu antes que eu me casasse com seu pai. Me deu muita sorte durante muitos anos - falou - Abra.

Katniss abriu. Dentro um tecido de veludo roxo servia de cama para o delicado colar de rubi. Era uma rosa de ouro, os rubis lhe dava um tom avermelhado, espinhos de ouro saiam da rosa como um escudo. A Everdeen pegou o colar em suas mãos. Atrás havia gravado a seguinte frase: "lembre-se que até mesmo o Leão sucumbe ao inverno, mas a rosa resiste".

— É lindo mãe, mas não posso aceitar.

— É o símbolo da minha família, da nossa família. Não importa o que acontece minha filha, a rose nunca sucumbe.

— Mas os Everdeen tem como símbolo pássaros. 

— Estou falando de minha família de origem, querida. A rosa é nosso símbolo. Você é a rosa e o pássaro, na hora certa deverá ser rosa.

Katniss não entendia o que a mãe queria dizer, mas concordou com um aceno breve de cabeça. A tosse de sua mãe recuperou sua atenção. O tecido claro que Clara colocou na boca veio manchado de sangue e a única coisa que Katniss conseguiu fazer foi gritar por ajudar.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem do capítulo e até logo. Não deixem de comentar. Bye bye