Flor da meia-noite escrita por Tha


Capítulo 12
XII – Qual o seu tipo de psicose?


Notas iniciais do capítulo

OOOOPA, TUDO BOM?



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— E pra marcar um dos episódios finais mais famosos da Segunda Guerra Mundial, temos a bomba lançada em Hiroshima. O Japão resistia com todas as forças ao avanço norte americano, e então veio a B-29, em uma base de urânio na cidade, matando mais de oitenta mil pessoas. Acontece que o que não foi contado pelo governo americano, é que... – O sinal toca e Peter para sua explicação, que é muito boa por sinal – Ok pessoal, quero os relatórios sobre o efeito da guerra nos dias, os pontos positivos e os negativos, e também uma crítica sobre a gravidade da situação e como reagimos a isso. É pra vocês colocarem essa cabeça pra funcionar e escrever três páginas pra mim, não aceito menos, vocês vão se formar, têm que ter mais pensamento crítico. E Senhorita Hale, pode vir aqui, por favor?

Esperei todo mundo sair e guardei as coisas na bolsa devagar. Jason ficou comigo e Hazel me lançou um último olhar de "grite se acontecer alguma coisa" antes de seguir pra próxima aula com Zack ao seu lado.

— Pensei ter dito apenas a Senhorita Hale.

— Sem chance, Peter, não vou te deixar sozinha com a Adi – Jason cruza os braços e eu sorrio com a pose seria que ele assume, parecendo ainda maior do que já é.

— Alguém quebrou a barreira – Peter desiste e começa a apagar o quadro – Mas é claro que já sabe disso.

— Tivemos o desprazer de encontrar um metamorfo ontem à noite.

— Então me deixa fazer a coisa certa. Allyson vem comigo, posso te dar mais segurança, tenho um grupo treinado, vai ser melhor assim. Lanna e Martim já cumpriram a parte deles do acordo.

— Mas Adam disse que... 

— Você vai transformar ela em uma máquina de matar, acha isso justo? Melhor? – Me assusto quando Jason se estressa e bate as duas mãos na mesa, fazendo o porta lápis tremer.

— Ei, espera, eu resolvo isso – Toco seu braço e ele parece relaxar um pouco, então penso no que vou dizer para deixar os dois felizes e depois tentar entender o que tá acontecendo, mesmo que seja mentira – Assim que eu achar necessário eu te procuro, Peter. Mas até lá eu vou ficar com meus pais, com Hazel e Jason, me sinto bem com eles ao meu lado. Quero proteger as pessoas que eu amo, e um dia vou ter que me defender sozinha, quando chegar a hora eu vou com você, juro.

— Ótimo.

— Você tá louca?! - Jason pergunta, ou melhor, explode comigo no meio do corredor vazio – Tem ideia do que ele vai fazer com você? Não ouviu uma palavra do que eu disse?

— Não acho que seja ele quem está fazendo essas coisas.

— Como assim?

— Te explico depois – Sussurro entregando a justificativa de atraso pro professor de matemática e entro na sala. Ele faz o mesmo.

— Você não tem ideia, não é? – Jason se senta na minha frente e se vira completamente pra falar comigo – Eu morreria se te perdesse de novo, não aguento mais isso.

— Vai ficar tudo bem, eu juro.

— Não tem como saber.

— Eu tenho um plano.

— Você sempre parece ter um plano.

— Bom, você tem asas, eu só tenho minha cabeça – Sorrio mas ele permanece com a expressão preocupada – Vai ficar tudo bem.

— Simon, tira esse dedo aí, pelo amor de Deus! – O Senhor Mathew diz.

— Você não é meu pai!

— Eu sou pai de todo mundo aqui por quarenta minutos, três vezes por semana, então me obedeça.

— Odeio matemática, é inútil – Jason diz de mau humor se virando pra frente.

Suspiro alto e me afundo na cadeira, sem saco pra aula, sem saco pra qualquer coisa normal ultimamente. Preciso fazer alguma coisa a respeito da Clove, e rápido.

 

O barulho das teclas do computador batendo insistentemente me deixava louca, principalmente porque eu só escutava isso. O cheiro de desinfetante barato e alvejante nos banheiros. O barulho irritante do salto da secretária batendo no chão.

— Belas botas – Ouço alguém dizer ao meu lado e me viro. David Barney está sentado de pernas abertas a duas cadeiras de distância da minha, ele tinha um jeito presunçoso e fedia a cigarro.

— Obrigada.

— Então, qual seu tipo de psicose?

— O que? – David aponta pro letreiro da porta a nossa frente e eu suspiro – Não vim pra ver a psicóloga, vim pelo assistente dela, Adam Summers.

— Todo mundo tem uma psicose, não precisa se envergonhar.

— Eu tenho fobia aguda de gente se intrometendo na minha vida, e você, Hermie? – Digo com desprezo o apelido que dei a ele ano passado.

— Compulsivamente atraído por loiras meio narcisistas.

— Ok, tô livre – Adam sai da sala e eu me levanto em um salto, totalmente aliviada.

— Graças a Deus, me tira desse hospício.

— Então, qual é o problema? – Sentamos em uma mesa afastada no BloomBarry, bem mais no canto e pedimos nosso sorvete.

— Tomei uma decisão, talvez eu precise continuar treinando com você.

— Ah é? Sem vingança dessa vez?

— Eu só quero proteger as pessoas que eu amo sem precisar gritar como uma garotinha indefesa.

— Entendi.

Mexo no cordão no pescoço e ainda aflita, decido se vale a pena confiar no Peter, se Jason estava certo, ele transformou minha segunda melhor amiga em uma cobra sem tamanho, e se fizesse isso comigo também? Quer dizer, talvez ele consiga controla-la com algum tipo de sinal que pode estar localizada na íris. Fiquei sabendo que a íris da gente é uma das nossas principais fontes de DNA, é onde basicamente está nossa identidade. Mas porque Peter iria fazer isso com a Clove se o objetivo principal sou eu?

— Pensa, aquelas mortes, todas do mesmo jeito, tem algum tipo de padrão – Coço a cabeça e tomo um gole generoso do milkshake que acaba de chegar – Peter faria isso?

— Não, com certeza não, ele quer que liberte a gente.

— Como?

— Te transformando em uma guerreira.

Como, Adam?

— Ele tem um tipo de soro que ativa as habilidades cognitivas não expressadas muito bem pelo cérebro – Franzo as sobrancelhas e toda minha teoria se esvai. Ele quer fazer isso comigo – Por que o interesse?

— Jason comentou sobre umas experiências que ele anda fazendo, mexendo com as mentes das pessoas.

— Pelo que eu saiba, ele ainda não testou em ninguém.

— Então como o Jason sabe?

— Ele é um anjo, Ally, ouve coisas e tira conclusões, pode fazer qualquer coisa sem ser visto, pergunte mais sobre isso pra ele.

— Você confia no Peter?

— É claro, com ele seremos finalmente livres, e com a sua ajuda também.

— Então eu também confio.

— Ele é seu pai, acho que tem que dar uma chance.

 

Naquela noite, eu resolvi dar um tempo pra pensar. A escola estava sufocante e totalmente fora de controle, um inferno. Não, um zoológico. Então coloquei meus fones no volume máximo e coloquei o álbum novo da Rihanna pra tocar, me sentei diante da escrivaninha e encarei a montanha de livros que se erguia na minha frente.

Me concentrei na leitura por pelo menos duas horas inteiras, e só percebi que tinha dormido quando minha testa bateu na mesa de mogno, fazendo um barulho nada agradável. Acordei na hora.

— E aí – Escuto a voz do Jason e giro a cadeira, ainda meio desnorteada, o sol já tinha até se posto.

— Tá aí a quanto tempo? – Tiro os óculos do rosto e passo a mão nos olhos.

— Tempo suficiente pra te ver babar – Arqueio as sobrancelhas como quem diz “Repete e eu arranco suas orelhas” – Uns trinta minutos. Fez algum progresso?

— Só um monte de lendas e nomes.

— Você tem que abrir a cabeça pra entender, esses livros são encantados, leitura difícil pra mundanos, se concentra na sua parte nephilim e tudo vai ficar mais claro.

— É, dica muito útil.

— Tá tudo bem?

— Só tô confusa, tudo que eu tinha descoberto até agora parece ter ido por água abaixo porque sempre aparece um detalhe novo.

— Vem aqui – Jason chama se sentando no chão de pernas cruzadas.

— Eu não.

— Vamos, Allyson – Bufo e resolvo entrar na onda.

Ele pega minha mão e fecha os olhos. Uma energia dourada emana dele e passa pra mim, me causando uma espécie de paz, como se eu estivesse flutuando, como se todos os meus problemas desaparecessem rapidamente.

— Ok, vamos às explicações – Solto sua mão, me sentindo muito melhor – Que elo é esse?

— É o que nos une, e ao mesmo tempo nos separa.

— Não entendi nada.

— Olha, Allyson, tem uma certa razão para que não querermos que vá com o Peter. Eu fiz um acordo quando você nasceu, ele exige que você nasça diferente, seja especial, e livre da maldição. Mas estando livre você pode ser a faísca de uma esperança não muito boa. Se o seu pai conseguir gente suficiente pra se impor às regras da natureza, seria desastroso. As coisas tem que ficar assim, é uma hierarquia social.

— Sei, mas não se muda o destino, né?

— Profecias podem ser interpretadas de vários modos, resta saber qual é o certo.

— E o elo?

— Impede que algo aconteça entre nós, já que sou seu anjo da guarda e isso é meio proibido.

— Nada rolaria entre nós.

— Não é assim que funciona, a cada dezoito anos você morre e viaja até encontrar outro hospedeiro, e eu sempre te acho, é complicado, mas... você acredita em alma gêmea?

— Não.

— Ao menos acredita em alma?

— Não.

— Vai ter que começar a ser menos cética, é isso que tá te atrapalhando – Jason se levanta e passa o dedo indicador pelos meus livros – Tem que acreditar de coração.

— Vou trabalhar mais nisso.

— Para de tanto sarcasmo, Allyson, caramba.

— Foi mal.

— A partir do momento que o elo se quebrar totalmente, será o fim, e os arcanjos não ficaram nada felizes com isso.

— Pode ficar tranquilo.

— Você tem um plano.

— É, eu tenho um plano.


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Notas finais do capítulo

E aí?



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