Novamente Alice escrita por Sol


Capítulo 14
Cuidado com os pássaros pt I


Notas iniciais do capítulo

cap dividido em duas parte pq sou lerda pra escrever eheheh achei melhor dividir de uma vez



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 Alice

  Uma grande floresta se encontrava a nossa frente, não me parecia totalmente assustadora, mas não deixava de ter aquele aspecto misterioso que, pelo menos na minha ideia, era típico de todas as florestas.

   Let saltitava ao meu lado enquanto segurava a mão de White, dessa vez com a coroa equilibrada de modo torto em sua cabeça.

—Tudo bem, Alice? – Ches perguntou calmamente, se aproximando de mim quando estávamos chegando mais perto de uma das trilhas da floresta, ele carregava um mapa e uma bússola em mãos. —Ainda está pensando...

—Não! – Respondi rapidamente, desviando a minha atenção para os outros jovens, havia mais dois trios, todos entrando em outras trilhas.

—Certo! – Ele se emburrou por um instante. —Loke podia ser mais claro. Não só dizer sigam as pistas!

—Sinceramente... – White murmurou, ajeitando a coroa de Let com cuidado. —Vamos ter que nos superar para terminar isso.  - Suspirei desanimada, eu havia me disposto a esse teste, na realidade apenas os segui para tentar entender tudo sobre esse lugar, de certo eu não sabia exatamente o que esperar nesse mundo, então claramente estava em desvantagem. — Vamos entrar de uma vez, para onde devemos ir?

— Bem ao que parece... – Ches ergueu o mapa e a cor dos seus olhos se tornou um tanto mais intensa. —Loke deve ter feito esse mapa, aquele infeliz! – Ele continuou fitando o mapa com cuidado, como se visse algo por trás de todas aquelas rotas. — Devemos encontrar um papel com uma fita rosa brilhante, aqui nos dá algumas orientações das rotas. Esse mapa oculta as informações com magia, Loke é mesmo um infeliz, só quer nos dar mais trabalho!

—Seus olhos são afiados, não reclama! – White resmungou e começou a ir em frente, Ches rapidamente o seguiu, tentando encaixar a bússola no mapa e assim, mesmo eu me sentindo extremamente contrariada, nós entramos na floresta.

  Posso resumir que: Fomos para esquerda, direita, direita, esquerda, para frente e para direita e por ai em diante... Incluindo tropeços, rotas erradas, um Let querendo subir em arvores e perseguir passarinhos e muita risada da parte de todos, até mesmo White acabou se rendendo aos risos descontrolados de Ches ao quase cair.

—Céus! – White chutava um pedaço de tronco de arvore, ainda tentando controlar o riso. —Isso é irritante, não sou a favor de atividades em florestas.

White, cê fêi dodói? – Let parecia incrivelmente preocupado, seus dedinhos passavam calmamente pelos arranhões de White e ele parecia ao ponto de chorar de dó. —Feisi dodói. Dodói!

—Estou bem agora, Let!

Pelo menos estamos chegando, acho que você foi útil dessa vez, coisa arrogante! – Ches brincou e apontou para a árvore da qual saiu o tronco que fez White tropeçar, notei que, pregado por uma cordinha azul amarrada em outro tronco alto na arvore, um papelzinho com a fita rosa se encontrava.

—Graças a Deus! – Exclamei ofegante e Ches riu. —Mas está alto!

—Loke deve ter dado todas essas ideias. – White reclamou, se sentando no tronco e abraçando o, ainda choroso, Let. —Ocultar informações com magia, colocar um tronco no chão para alguém cair... Lembre-me de socá-lo quando sairmos daqui.

—Como vamos pegar o papel? Está muito alto! Faz muito tempo que não subo em árvores muito altas.  – Ches parecia preocupado e eu sorri, pela primeira vez desde que cheguei a esse mundo eu senti que poderia ser verdadeiramente útil.

—Deixe que eu faça isso! – Anunciei empurrando o loiro para trás e me adiantando até a árvore.

—Tem certeza? – White parecia incrédulo e um sorriso meio debochado parecia ter se aberto em seu rosto, sem nem ter tempo de olhar pra ele novamente eu já senti a resposta sair da minha boca:

—Pelo menos não sou eu que estou tropeçando em troncos!  

  Imediatamente ouvi a risada descontrolada de Ches atrás de mim, o loiro se jogou no chão e começou a rir mais alto ainda. White me fuzilava com os olhos e até Let tinha um sorrisinho no rosto.

—Agora deixe me fazer o que sei. Essa garota aqui pode não saber lutar, mas não pense que ela não sabe se divertir! – Conclui com um sorriso provocativo e White apenas cruzou os braços. —Sabe... Você sempre duvida muito de mim. Se eu pegar esse papel exijo um pedido formal de desculpas!

—Se...  – Ele parecia internamente se divertir, porém sua expressão ainda se mantinha desafiadora.

—Se!

—Certo! Boa sorte ai, garota aventureira!

 Sem pensar duas vezes eu olhei para cima, a árvore possuía um tamanho mediano em comparação ás outras. Procurei um ponto fixo para segurar e, a partir dele, comecei a subir lentamente.

  Parei sobre um primeiro galho, por sorte muito resistente, e segurei em outro próximo, usando-o de impulso para subir mais um pouco e o mais rápido possível.

—Naum cai! – Ouvi Let exclamar e sorri, eu quase nunca caí e das vezes que me desequilibrei acabei ficando perfeitamente bem.

  Continuei subindo com cuidado, meus olhos sempre focados no papelzinho, estava cada vez mais próximo do objetivo.

—E se ela cair? – Ouvi de novo a voz de Let.

—ESTOU BEM! – Gritei sem olhar para baixo e o menino pareceu resmungar alguma birra, mas não dei atenção.

   O papel estava bem próximo agora, minha sorte era que ele havia sido colocado um pouco acima do meio do caminho apenas.

  Firmei os pés em um galho e me segurei em outro com uma mão apenas, o papelzinho estava amarrado a minha frente.

Sorri e o peguei.

—ALGUÉM AI ME DEVE DESCULPAS! - Gritei rindo e olhei pra baixo, Ches havia voltado a rir e Let ainda se encontrava apreensivo. Joguei o papel para baixo e White o pegou, me lançando um olhar fuzilante.

 Ignorei e pensei em descer normalmente, mas então uma ideia me ocorreu.

   Olhei para meus próprios pés, antes, quando eu era mais nova, eu tinha um jeito de descer, um jeito que nem eu mesmo entendia como...

  Mas é claro...

  Meu sorriso desapareceu e afastei os pés, olhando fixamente para baixo, normalmente eu teria medo de altura, mas quando eu escalava eu sentia uma espécie de poder que afastava todo medo. Um poder... Desde que eu era criança eu me sentia assim, não adiantava mais mentir para mim mesma, essa magia não havia surgido do nada, ela sempre existiu em mim, só nunca foi notada.

  Somente uma pessoa, meu único amigo, havia me dito que isso era algo diferente... Que eu era especial...

Como pude me esquecer disso?

—Alice? – Ches havia parado de rir e agora me olhava preocupado, eu solucei, sentindo algumas lágrimas começarem a escapar.

  Estava me convencendo que essa loucura de magia era apenas algo passageiro que sumiria quando eu voltasse a minha vida, mas se essa magia sempre existiu em mim, então o que foi a minha vida todo esse tempo?

 Soltei as mãos do galho e deixei meu corpo cair...

Lentamente.

—ALICE!

   Vi os braços de Cheshire se erguendo e segurei sua mão, porém antes que ele pudesse fazer algo eu senti uma leveza impressionante e, como sempre fazia quando era criança, desejei poder parar a queda, então, no mesmo instante, senti meu corpo flutuar, meus pés ainda não tocava o chão, mas eu estava em pé no ar.

  Primeiro o silencio foi tenso, pisei no chão e os encarei, esperando as piores reações, eu nunca havia feito isso na frente de quase ninguém, todos achariam o cúmulo.

   Eu sempre fiz isso ao descer... Mas era tão jovem e convivia com tão poucas pessoas que acabei não percebendo o que, de fato, era essa capacidade.    

  Então senti meu coração se apertar um pouco, vendo a expressão de surpresa no rosto deles.

 Certamente me achariam estranha...

Certamente...

—ALICE VOA! – Let gritou, me assustando, ele parecia encantado e começou a dar pulinhos de alegria, rindo ao mesmo tempo.

   Os olhos de Ches estavam um pouco arregalados, ele apertava minha mão com força.

—Onde aprendeu a fazer isso?

   Sorri meio forçadamente, limpando ás lagrimas.

 —Eu sempre soube! – Respondi e ele pareceu confuso, ergui um dos pés, ao lado do meu sapato havia se alojado uma asa de luz, como a de um anjinho. —Acho que, obviamente, sempre tive magia, só nunca soube de sua existência.

—No seu mundo isso não existe não é? – Ele perguntou, sorrindo abertamente e pegando o papelzinho com White.  —Isso é incrível, é preciso muito domínio de magia para criar coisas assim.

—Sim, por lá a magia é coisa de conto de fadas. – Sorri, fazendo as asinhas desaparecerem. —Porém nada como passar uma infância inteira escalando coisas. – Os olhinhos de Let brilhavam e ele ainda saltitava um pouco. —Enfim... Tanto faz, acredito já fiz descobertas piores, certamente. O que temos ai, Ches?

—Ah... Sim... É uma instrução: "Sigam a leste até a árvore derrubada e tenham cuidado com os pássaros!”.— Ches voltou sua atenção à bússola e ao mapa. —Leste! – E apontou para uma das trilhas a nossa frente.

—Antes de qualquer coisa... - White parou a minha frente, seu olhar ainda confuso. —Quero acabar logo com isso, eu sempre cumpro minha palavra.

—O que?

Então ele se ajoelhou a minha frente, com o olhar baixo.

—Perdoe-me, Alice! Por ter duvidado de sua capacidade!

  Pisquei algumas vezes até assimilar toda a informação, então me lembrei da aposta e voltei a rir.

—Dessa vez está perdoado, Coelho.  – Tentei permanecer com a voz firme, mas a risada possuía mais força. —Contudo saiba que é porque eu sou uma pessoa de alma condolente, não se acostume ou terá que pedir mais vezes.

   Ele se levantou no mesmo instante, completamente furioso, e saiu andando para longe.

—White? – Let indagou, mordendo o dedinho.  

Ches, ainda rindo, passou a mão pelo meu ombro e me abraçou.

 —Bem vinda ao mundo de irritar White Rabbit!

Eu e ele começamos a rir juntos até White terminar de se revoltar de vez.

—Vamos logo, seus inúteis. – Ele parecia realmente indignado. —Não temos tempo!  

~ # ~

—Bem... É um tronco de árvore... Cortado! – Murmurei, comentando o obvio. A árvore derrubada estava literalmente... Derrubada, ou melhor, só havia o tronco, e ao redor dela o campo era um pouco mais aberto, era possível ver o céu e qualquer possível pássaro.

 Assim que dei o primeiro passo, eu ouvi um som estranho vindo do céu, fechei os olhos por um segundo, desejando veementemente que fosse apenas imaginação.

  Let se assustou e se escondeu atrás de uma árvore, White desembainhou a espada/colar de cristal e Ches uma espada de ouro, provavelmente legítimo, que surgiu na mão dele de repetente.

 Acima de nós uma enorme ave negra e furiosa pairava, nos marcando como se fossemos o mais belo dos alvos.

—Isso é “tenha cuidado com pássaros”? – Ouvi Ches ironizar e dei alguns passos atrás.

—Quem tiver alguma ideia... – Conseguir murmurar. —Fale agora ou cale-se para sempre!


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