Bijuu Slayer escrita por Darth Tash


Capítulo 2
O Despertar da Força


Notas iniciais do capítulo

Tanto quanto o primeiro capítulo, este foi publicado originalmente no SocialSpirit.



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Naruto sabia muito bem da verdade, apesar do grande otimismo que tinha algumas horas atrás. Mesmo que a Fairy Tail respondesse imediatamente ao pedido de ajuda, levaria pelo menos 3 horas para que eles chegassem ali, e mais uma ou duas para chegar até as ruínas: tempo demais. Era ao redor de 03:20 da manhã quando ele foi acordado pela visão - em sonho - de duas magas da Fairy Tail visivelmente abaladas ao darem a notícia de que Teuchi havia morrido antes que elas pudessem o resgatar. E, de algum modo, Naruto sabia que aquele sonho era um aviso da mesma voz que falou com ele sobre a missão de resgate. Ele sabia que a voz, seja lá de quem ou do que fosse, queria que ele fizesse algo.

Mas a questão era um simples e direto "O quê?". Naruto sabia que não tinha habilidade alguma de combate mágico, e os ladrões - os Irmãos Demônio - eram bastante famosos por sua magia estranha e sua velocidade. Pior ainda, o único treinamento de batalha que ele já recebera alguma vez na vida foi dado a ele por seu pai há mais de seis anos. Ainda assim, Naruto simplesmente sentia que tinha que ir: ele não podia ficar parado e deixar seu outro pai morrer também. Imaginar a reação de Ayame à morte de Teuchi foi o que lhe deu força para se decidir de uma vez. O mais rápida e silenciosamente possível - coisa que foi incrivelmente fácil de se fazer, considerando que Naruto sempre fora muito bom em se esgueirar por aí - o cozinheiro loiro se levantou da cama. Ele ainda estava com as mesmas roupas de ontem à noite: uma calça laranja bastante grossa, um protetor de testa com um símbolo esquisito (presente de seu pai verdadeiro há muitos anos) e uma camiseta preta com mangas curtas. O casaco laranja estava no chão, assim como as sandálias azuis, que ele tratou de colocar rapidamente antes de sair do quarto que ele e Ayame compartilhavam.

Ao passar pela cozinha, Naruto pegou uma sacola e enfiou nela alguns pedaços de pão e os guardou cuidadosamente no pochete branco que tinha na cintura, em seguida saiu pela porta. O caminho até a saída da cidade foi curto, e ele teve sorte em conseguir passar despercebido (o que era esquisito, considerando o macacão laranja e o cabelo loiro brilhantes) até a beira da floresta. Foi ali que ele finalmente parou, encarando com nervosismo a quantidade infinita de árvores que enchiam os oito quilômetros entre ele e Teuchi.

— Bem... — disse ele em voz alta, aliviado por finalmente poder falar. — Aqui vamos nós, eu acho...

Cada centímetro de suas pernas tremiam, e com razão. Era a primeira vez em seis anos que ficava tão longe assim de sua casa, e isso lhe dava medo. Entretanto, o medo foi rapidamente sufocado por um calor reconfortante, quase como se a voz tivesse voltado a falar com ele, mas ao mesmo tempo sem dizer uma só palavra. Forçando-se a seguir em frente, Naruto deu alguns passos e parou, virando-se para a saída da floresta. Sua mente e seu corpo pareciam estar gritando para que ele voltasse, mas outra vez o loiro se virou e tornou a andar. Quando sentiu que estava tentado a parar outra vez, Naruto começou a correr. Correu em linha reta, driblando as árvores, arbustos, pedras e quaisquer outros obstáculos em seu caminho até que estivesse tão cansado que mal podia sentir as pernas.

— Sem parar. — ele murmurou para si mesmo, e continuou andando.

A certa altura, ele ouviu seu estômago roncar. Provavelmente já fazia uma hora desde que ele saíra de Clover, e até agora nenhum sinal de ruínas. Ele, porém, sabia que não devia parar, tampouco comer agora: precisava guardar para mais tarde. Uma súbita pontada de energia fez com que repentinamente todo o cansaço parecesse desaparecer, e Naruto - apesar de confuso - aproveitou isso a fim de voltar a correr. Dessa vez ele não parou, e não teria se não fosse a imensa silhueta que se deslocou de trás de uma árvore e se meteu em seu caminho.

O tempo ao redor de Naruto pareceu congelar por um segundo antes dele colidir com seja lá o que fosse aquilo, e o loiro rapidamente se lançou para trás. Erguendo o olhar, a visão quase que literalmente fez seu sangue gelar: um gigantesco humanoide gorila de pelagem marrom pálida. Apesar de não conhecer muito sobre magia, Naruto sabia muito bem o que era um Vulcan.

— Mim cheira comida menino loiro dá comida pra mim — O monstro disse, obviamente se referindo aos pedaços de pão que Naruto havia trazido consigo.

Sob circunstâncias normais, ele teria largado toda a comida ali e saído correndo o mais rápido possível. E era isso mesmo que ele pretendia fazer, não fosse a onda súbita de coragem que se abateu sobre ele. Sabia que precisava daquela comida. Sabia que tinha que salvar Teuchi, e jamais faria isso estando morto de fome. A mesma sensação de quando a voz falava com ele veio. Por um momento, Naruto não se sentia mais parte de si mesmo, ou do mundo. Ele observou tudo na floresta até onde quer que a vista alcançasse, reparando em cada mínimo detalhe. Uma formiga sozinha, uma folha levemente menos colorida, um fio de grama mais alto que o outro. E sentiu como se soubesse exatamente o que fazer naquela situação.

— Não. — quando ele voltou a si, as palavra já lhe haviam escapado da boca. — Saia daqui.

— ENTÃO EU PEGO DE VOCÊ, HUMANINHO — o Vulcan berrou e se lançou contra Naruto.

O loiro sentiu o coração disparar, mas não fez nada. Viu o monstro correndo contra ele, cada vez mais perto. Cinco metros. Três. Dois. Ele flexionou os joelhos levemente e sentiu uma quantidade enorme de energia preencher seu corpo como nunca havia sentido antes. Um. E saltou, mas não um salto comum: mais de dois metros de altura, cruzando mais de cinco de uma só vez. Um som abafado de pancada lhe fez virar o corpo logo após cair outra vez, e lá estava o corpo do Vulcan estirado no chão após bater em cheio com a cara numa árvore.

— Como diabos... — Naruto desviou o olhar para suas próprias mãos e pés, sentindo a energia invisível fluindo por todo seu corpo. Cada centímetro, cada célula de seu corpo vibrava com tanta intensidade que ele teve a impressão de que fora atingido por um raio. Quando ele pensou que a sensação era incômoda, ela simplesmente parou, ainda que - de algum modo - Naruto soubesse que a energia ainda estava toda ali.

Teuchi. A mesma voz do outro dia falou em sua mente, e foi quase como um alarme tocando dentro de sua cabeça. Sem perder um só segundo a mais, Naruto se lançou a correr outra vez: não sabia nem para onde estava indo, mas por algum motivo tinha total certeza de que aquele era o caminho certo. As árvores e tudo mais pareciam passar como borrões enquanto Naruto corria, dando-se pela primeira vez conta de que estava indo muito mais rápido do que seria humanamente possível.

Guilda Fairy Tail, duas horas antes

A maioria das crianças geralmente faz coisas estúpidas sem nem se dar conta do porquê. Entretanto, são bem menos aquelas que espontaneamente se põem em risco de serem expulsas do local que mais adoram no mundo e, pior ainda, de morrer fazendo isso, mas naquele momento provar a própria força era algo muito mais importante para Mirajane do que pensar em tudo isso.

Eram quase 02:00 da manhã, e a guilda Fairy Tail estava totalmente vazia, exceto pelo mestre e por Laxus, que a essa hora estavam dormindo. Assim sendo, o mais cuidadosamente possível Mira subiu os degraus de madeira até o segundo andar e seguiu em direção ao quadro missões Classe S.

É só escolher uma que não tenha uma recompensa muito alta. Ela pensou consigo mesma enquanto observava os diferentes panfletos e as diferentes descrições... "Exterminar demônios, 16.000.000 Jewels" Tentador, mas não. "Destruir uma colônia de Wyverns, 30.000.000 Jewels" Com certeza não. Quase três minutos depois, Mira estava prestes a desistir quando um panfleto bastante novo lhe chamou a atenção: provavelmente chegara na última entrega, duas horas atrás. "Clover - Resgatar o dono de um restaurante de macarrão que foi sequestrado por dois magos negros. 2.000.000 Jewels" É esse! No momento em que o viu, Mira sabia que era aquela a missão que ela queria. A recompensa não era muito alta, e quão difícil podia ser derrotar duas pessoas, afinal de contas?

Assim, Mira arrancou o panfleto do quadro e desceu novamente as escadas. Só mais alguns passos até a porta. Sete, seis, cinco... nesse momento ela estava bastante nervosa, mas não podia parar agora. Três, dois, um...

— Aha! — uma voz gritou do lado dela no momento em que Mira saiu de dentro da guilda.

Mirajane sentiu a respiração travar. Sem nem pensar direito, a garota rodopiou o corpo e deu um soco na primeira coisa que viu.

— Ai! Você quer brigar logo de madrugada, é?! — agora que o susto havia passado, Mira reconheceu claramente a voz de Erza, que havia se afastado dela e sacado a espada ao receber o soco.

— Cai fora, estou ocupada! — Mira respondeu, irritada.

— E com o que você está ocupada no meio da madrugada? — Erza perguntou, desconfiada.

— Não te interessa! — retrucou a Strauss, e voltou a andar.

No momento seguinte, a maga ruiva entrou na frente dela e lhe apontou a espada.

— O que você tem aí atrás?

— Nada que seja da sua conta.

— É mesmo? — Erza tentou dar a volta no corpo de Mira, que continuava a girar de um lado a outro. — Bem, eu acho que você pegou algo que você não podia pegar.

Tudo ao redor delas estava no mais absoluto silêncio e escuridão, exceto pela lamparina na frente da guilda. Entretanto, a cada segundo que ficava ali Mira sentia como se algo pudesse dar errado - e podia mesmo. Ela sabia que, quer mostrasse ou não o panfleto para Erza, a garota não iria deixá-la ir. Pior ainda, o trem provavelmente já estava quase em Magnolia a essa altura, o que significava que ela tinha que se apressar caso quisesse pegá-lo: e tinha que ser esse, porque até o próximo chegar o mestre já teria notado que um dos panfletos de missão sumiu.

Assim sendo, Mira fez a primeira coisa que lhe veio à cabeça. Lentamente, a Strauss puxou a folha e estendeu-a para Erza. Satisfeita, a ruiva guardou novamente a espada e passou os olhos pelo pedido de missão.

— Classe S?! — ela arregalou os olhos. — Voc--...

O que quer que ela fosse dizer foi interrompido na mesma hora. Mira se lançou contra Erza e acertou a menina na cabeça com força o bastante para a fazer desmaiar.

— Isso é por ser intrometida. — ela suspirou e pegou de volta o panfleto. De longe, Mira ouviu o apito do trem e olhou novamente para o corpo inconsciente de Erza. Não podia a deixar ali, pois alguém iria achar. E também não podia levar ela pra casa, porque isso tomaria tempo demais. Suspirando outra vez, Mira se abaixou e pegou o corpo de Erza. — Bem, parece que você vai junto.

E, concentrando seu poder mágico, a garota fez brotar um par de asas demoníacas em suas cotas, com as quais disparou voando na direção da estação de Magnolia.

Naruto, presente

Naruto mal podia acreditar no quão rápido tinha se tornado de maneira tão abrupta. Dez minutos depois do incidente com o Vulcan, ele havia passado correndo por uma dezena a mais daquelas criaturas, mas elas - apesar de o verem passando - não tinham tempo nenhum para fazer algo. E, dez minutos depois daquele incidente, ele se via na entrada da Tumba do Imperador Negro - um local cujas lendas diziam ser onde foram, há milênios, enterrados os restos de um poderosíssimo mago negro que havia dominado todo o planeta, e até mesmo fora dele.

De perto, o lugar era tão convidativo quanto um ninho de cascavéis voadoras. A gigantesca porta, feita inteiramente de algum metal negro, ficava no sopé de um imenso monte de pedras igualmente negras. Duas gigantescas estátuas ficavam aos lados da porta. Uma delas usava uma imponente armadura negra com uma máscara que provavelmente ajudava a pessoa representada (quem quer que fosse) a respirar. A outra era a de um velho com um capuz marrom. Ambas as estátuas empunhavam espadas esquisitas, cujas lâminas pareciam feitas de pura energia. De longe era difícil de notar, mas a porta da tumba estava levemente aberta.

— E lá vamos nós... — Naruto suspirou. Pela primeira vez, o medo sequer se abateu sobre seu corpo. Ele sentia tanta fé em si mesmo quanto sentia na voz que o vinha ajudando desde ontem à noite. Antes de entrar, Naruto resolveu finalmente comer um pouco do pão que havia trazido para a jornada.

Clover, presente

Erza acordou com o alto apito de um trem parando. Sua cabeça latejava como se alguém tivesse lhe dado uma pancada.

— Ah, finalmente acordou. Vamos, temos uma missão pra terminar. — a voz de Mira era a última coisa que ela queria ouvir naquele momento, mas foi bom porque a ajudou a se lembrar muito mais rápido dos eventos algumas horas atrás.

— Você! Você roubou uma missão Classe S! Ai... — ela segurou a cabeça. — Maldita, foi você que me bateu. Espera aí, onde estamos? Que missão?

— Cale essa boca. Como você é intrometida, eu tive que te trazer junto. Ah, e se você quiser voltar pra Magnolia eu te desejo boa sorte, quero ver como vai fazer isso com o trem indo pro outro lado. — Mirajane respondeu enquanto se levantava. — Merda, por sua culpa eu não tive tempo nem de pegar a comida que eu tinha arrumado.

— Você o quê?! — Erza gritou, chamando a atenção dos outros passageiros.

— É, se quiser fazer um escândalo sinta-se à vontade.

— Eu quero voltar pra guilda, e você vai vir junto! — a ruiva se levantou, tornando a sacar a espada. Os passageiros do trem, vendo a garota armada, imediatamente se afastaram delas.

— Boa sorte se quiser, mas eu não vou a lugar algum. Aliás, quero ver sua cara quando eu tiver completado uma missão Classe S bem antes de você.

Antes que Erza pudesse dizer mais algo, Mira se virou e correu para fora do trem. 

Agora ela tinha duas opções: voltar para a guilda, seja lá como ela fosse fazer isso, e deixar Mira morrer ou, pior ainda, completar uma missão Classe S antes dela. Ou acompanhar Mira na missão. E, por mais que Erza soubesse que o certo era a primeira opção, ela não poderia deixar de jeito nenhum que a Strauss ficasse na frente dela. O apito do trem a trouxe de volta a si, e Erza sequer pensou duas vezes: disparou correndo para fora dali, atrás de sua maior rival.


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Notas finais do capítulo

Agradeço pela leitura, até mais.



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