Fim do Mundo – Interativa escrita por Sohma


Capítulo 6
Capítulo 04


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo de transição.

Boa leitura!



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Melody – POV

A humvee corria de encontro a "eles". Assim que os pneus dianteiros tocaram nos primeiros corpos eu senti uma leve inclinação do carro. Eles realmente eram muitos, mas não havia outra saída, e agora, era tarde demais para voltar atrás.

— Pisa no acelerador! Não estamos saindo do lugar! – a pirralha gritava próximo do meu ouvido.

— Eu já estou pisando! – meu pé já começava a doer de afundar o acelerador.

Os pneus da humvee estavam começando a derrapar em sangue e gordura corporal. Depois de muito esforço. Chegamos a entrada do hotel. Os pneus da humvee estavam repletos de sangue, e as vezes ela escorregava na pista. Depois de alguns quilômetros consegui manter o controle do carro. Soltei um suspiro aliviada.

— Você comprou sua carteira? – Virei meu rosto e meu olhar encontrou o castanho da pirralha que eu tinha salvo.

— Bom, pelo menos eu tenho idade pra ter carteira! – zombei voltando a atenção para a estrada. – E a propósito, por que eu te salvei? Você tentou roubar meu carro!

O ambiente entrou em um silêncio ensurdecedor. Ninguém comentou mais nada durante alguns minutos.

Ana Lúcia – POV

Já fazia um tempo que estávamos na pista. Melody parecia estar estressada, aliás, ela parece estar sempre estressada. Virei de canto de olho e observei a nova tripulante. Eu não havia percebido, mas ela estava com uma mochila que parecia bastante pesada nas costas.

— Coloque sua mochila lá atrás! Deve estar desconfortável pra você sentar assim. – resolvi puxar assunto com a garota. Ela pareceu hesitar um pouco, depois retirou devagar a mochila das costas e coloquei no banco de trás da humvee. – A propósito, me chamo Ana Lúcia. E você? – abri um grande sorriso para confortar a jovem.

— Me chamo Bellatrix.

— Aquela bruxa de Harry Potter? – perguntei mostrando uma cara confusa.

— Não! Quer dizer... Sim. É o mesmo nome da bruxa, mas meu nome é assim referente a uma estrela da constelação de Or...

— Tá, tá! – Melody interrompeu a menina falando alto. – Eu só quero saber se você pretende ficar mesmo com a gente. Eu não quero ser babá de nenhuma pirralha.

— Eu já te disse que não sou nenhuma pirralha! E eu estava me virando muito bem antes de vocês duas aparecerem!

— Nós – Melody freou o carro bruscamente, fazendo o meu corpo e o de Bellatrix irem para frente. – É que estávamos muito bem antes de você tentar roubar o meu carro!

— Isso me fez lembrar... – falei alto, chamando a atenção das duas, tentando evitar que elas resolvessem partir para o braço. – Você disse que eles reagem ao som, como sabe disso?

Bellatrix ponderou um pouco. Soltou um suspiro, como se preparasse para falar de algo importante.

— Eu estava fugindo desses zumbis já faz uns 3 dias. Eu saí da capital e corri com minha bicicleta pela estrada. Quando cheguei na pista, cambaleei sobre a bicicleta. Ela caiu num barranco mais para trás. – ela apontou o dedo numa direção que já havíamos passado. – Quando encontrei aquele hotel, parecia uma boa ficar escondida até ser seguro. Mas acabei encontrando alguns desses monstros. Eu usei a pistola e atirei neles...

— Ah, mais uma coisa! – desta vez foi Melody que interrompeu a conversa. – Como uma criança como você arranjou essa pistola HK USP. Ela é de uso exclusivo do exército brasileiro. – Bellatrix retirou duas pistolas exatamente iguais dos coldres, que eu não tinha reparado que estavam presos a seu cinto.

— Meu irmão é do exército brasileiro. Ele me entregou essas armas junto com a munição e quatro facas num pano. As facas e a munição estão na minha mochila. – explicou. – Bom, voltando... Quando atirei neles, outros se aproximavam. Eu percebi que seria perda de tempo ficar atirando em todos. Corri em direção a cozinha. Tinha um desses monstros bem na minha frente, mas ele não parecia prestar atenção em mim. Andei na ponta dos pés até a porta que dava acesso a outra parte da recepção. Eu sem querer esbarrei em algumas colheres e conchas, fazendo um enorme estrondo. Aquele único zumbi pareceu me notar e rastejou em minha direção. Eu achei estranho ele me notar após o barulho, peguei uma das conchas que estavam no chão e joguei no outro lado da cozinha. Quando ela bateu no fogão fez um barulho alto. Ele desviou a atenção de mim e foi até o outro lado. Cheguei a conclusão que eles não enxergam, são guiados pelo som.

— Impressionante. – balbuciei. Ela podia realmente ser jovem, mas era bastante inteligente também. Olhei para Melody, e ela estava com um olhar furioso.

— Tá, tá! Muito bonito tudo isso... – Melody falou fechando a mão e batendo sobre o volante. – Mas por que você tentou roubar o meu carro? – não era impressão, Melody parecia mais alterada que o normal.

— Estava há quase dois dias naquele hotel. Queria sair logo de lá. Quando vi vocês se aproximando achei que seria uma boa chance de conseguir fugir! – a voz de Bellatrix soava nasal, parecia que ela estava arrependida pelo que tinha feito. – Mas assim que o alarme tocou eu me assustei. Consegui despistar esse monstros, mas obviamente eles seriam atraídos por aquele barulho ensurdecedor!

— Você é tão prepotente que não pensou nesse pequeno detalhe, não é! Eu deveria ter deixado você lá. Pelo menos não teria que ser babá de uma crian...

— Melody! – gritei a repreendendo. Por mais que ela estivesse estressada, eu não permitiria que ela falasse pra Bellatrix que deveria deixá-la para morrer. Eu havia feito isso. E ainda me arrependi amargamente. – Você não tem postura para falar assim com ela! Você podia muito bem ter me matado quando eu também tentei roubar seu carro! Ela está realmente arrependida do que fez! Seja um pouco compreensiva e fecha sua boca! – eu estava com o dedo muito próximo do rosto amorenado de Melody, ela me olhava temerosa.

Melody virou o rosto e pôs se a ligar o carro. Endireitei no meu lugar e de vez em quando olhava de canto de olho para ela. Seu olhar demonstrava cansaço.

~~~

Bellatrix – POV

Fazia aproximadamente 20 minutos que estávamos mergulhadas, de novo, nesse silêncio. Acho que nenhuma de nós teria coragem de falar qualquer coisa depois da discussão que tivemos. Estendi minha mão até meu pescoço e encontrei o pingente do meu colar. Era uma pequena estrela dourada de cinco pontas. Presente de meu pai...

Fechei os olhos por alguns segundos e quando os abri vi uma grande placa no alto. "Bela Cintra 5km". Bela Cintra era o bairro aonde eu morava.

— Espera! Para onde você está indo? – falei alto, levantando meu corpo.

— Para o centro, quanto mais perto da capital encontraremos abrigo e mercados para sobrevivermos.

— Mas tem uma barreira do exército da divisa da cidade. Você não poderá passar por eles. Foi justamente por isso que eu estava indo na direção oposta.

— Deve haver alguma outra entrada então. Não posso voltar. – Melody dizia séria. Diferente daquela que eu conheci alguns minutos atrás.

— Espera, Bella! – olhei furiosamente para Ana Lúcia. Sempre detestei apelidos. Meu nome é Bellatrix. Bel-la-trix. E não Bella. – Você disse que seu irmão é do exército, não é? Ele não nos liberaria para entrar?

A simples menção do nome do meu irmão me fez entristecer.

— Acho impossível... – falei abaixando o rosto e sentido meus cabelos caindo sobre ele.

— Por quê? – Ana perguntou.

— Meu irmão não está mais nessa barreira do exército...

— O que houve com ele? – Melody falou fria.

Levantei meu rosto. Joguei meus cabelos para trás e comecei a atar um coque com eles. Usei um elástico que estava no meu pulso para prender.

— Eu estava voltando da casa de uma amiga há três dias atrás. Estávamos procurando emprego já fazia algumas semanas. Quando voltava para casa encontrei essa grande barreira. Todos apontaram suas armas para mim e pediram que eu me identificasse. Passou alguns minutos até Noah me reconhecer. Ele me falou um pouco do que estava acontecendo, me entregou as armas e disse para eu me afastar o máximo da cidade. – meus olhos pesavam, eu não queria imaginar que aquela fosse a última vez que veria meu irmão. – De início eu recusei. Queria voltar para casa e saber se minha irmã e minha mãe estavam bem. Mas Noah me prometeu que ele faria isso em pessoa. Ele me prometeu que voltaria para casa e cuidaria da nossa família.

Não sabia exatamente quanto tempo tinha passado, pareciam horas para mim, mas na verdade, foram apenas segundos. As duas estavam muito quietas. Não sei se estavam absorvendo a história. Ou estavam simplesmente me ignorando.

— E seu pai? – Melody perguntou depois de um tempo. Meus olhos arregalaram. Eu não queria saber dele... Nunca mais. – Quer saber, esquece... Deve ser horrível quando perguntam de sua família dessa maneira.

Não respondi.

Olhei para frente e encarei outra placa. "Bela Cintra em frente. Jardim das Tulipas à direita".

— Melody! – Ana Lúcia chamou nossa atenção. – Vire a direita! – ela ordenou.

— Mas Ana, o caminho para a capital é passando pela Bela Cintra...

— Lembra do que Bella nos falou? – Bella? Sério? – O caminho pela Bela Cintra vai estar fechado, talvez encontramos algum atalho pelo Jardim das Tulipas.

— Mas eu não sei andar por lá.

— Mas eu sei. – Ana Lúcia falou confiante. – Sei muito bem.

Ana Lúcia estava com o cenho franzido e possuía um olhar penetrante. Como se estivesse pensando em algo que a incomodasse muito.

Melody virou pela direita e entrou no caminho indicado. Eu não queria contar para as duas. Mas queria que Melody fosse pelo caminho reto. Queria saber se Noah havia cumprido a promessa. Queria saber se minha família estava bem.


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Notas finais do capítulo

Foi um capítulo simples apenas para apresentar um pouca mais a nossa nova colega.
A história vai seguir esse cronograma algumas vezes, alguns capítulos apenas para entendermos um pouco mais das personagens.
Tanto emocionalmente quanto a história.