Fim do Mundo – Interativa escrita por Sohma


Capítulo 36
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Olar! (◕ ʜ ◕)

Ok, demorei muito? Demorei muito! Mas acontece o seguinte: eu estou meio decepcionado com essa história, percebi que a partir de um certo momento muitos leitores pararam de acompanhar, principalmente aqueles com os personagens dentro da história. E eu acabei decidindo uma coisa comigo mesmo: vou seguir essa história com os personagens mesmo assim, claro que teremos algumas mortes (que irão acontecer logo) e muitos acontecimentos para dar um fim — finalmente — nessa fanfic.

Mas quero agradecer eternamente ao Titã por me cobrar os capítulos, acredito que sem você essa história já teria sido excluída. ♡

Enfim, boa leitura!



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Kenji — POV

Minha mão estava agarrada a base do buggy, eu tinha que me segurar com força pra não cair. Apesar de eu saber que aqueles movimentos bruscos não eram só manobras para desviar desse mortos-andantes, August queria me jogar para fora, queria se ver livre de mim.

Realmente, Lauren pode até ter tido um plano, mas acho que deixar eu e esse... militar juntos não foi a melhor das ideias.

O buggy parou, chegando ao alto de uma ladeira, inclinei meu corpo para trás vendo a quantidade de zumbis que nos perseguiam, acredito que August tenha exagerado na dose.

— Pronto? — August perguntou, sua voz ficou oculta pelo ronco do motor. Mas mesmo assim consegui notar o desgosto na voz dele.

— Estou pronto.

Num movimento rápido o buggy começou a descer a ladeira, e eu tive mais uma que me agarrar, observei que essas "coisas" caiam ladeira a baixo, muitas até "quebravam" o corpo, deixando o esqueleto a mostra. Incrível que eles podem subir e descer escadas, mas não sabem descer ladeiras. Por um breve instante fiquei feliz, achei que estaria livre deles, mas quando alguns que estavam no chão (até mesmo aqueles com as costelas, fêmur, e rádio expostos) minha felicidade desvairou como água entre os dedos.

O susto foi maior quando o carro entrou com tudo na água, me pegando de surpresa, e molhando meu corpo todo. Lancei um olhar irritado para o militar, que apenas balbuciou um "foi mal", contendo a risada.

Definitivamente eu não vou com a cara desse homem!

August desligou o motor do bug e deixou o carro flutuar, sendo guiado pela correnteza do rio. Virei meus olhos apenas para ver que os mortos continuavam rastejando em terra firme, muitos até seguiam o mesmo caminho que o nosso, obviamente sendo guiados pelo barulho da água.

— Ali tem um banco de areia. — ouvi a voz do militar de repente, abaixei meus olhos, apenas para ver aonde ele apontava. — Vamos ficar ali só até a poeira baixar... Depois iremos atrás dos outros.

Assenti com a cabeça.

Ouvi ele ligar o motor por um breve momento, apenas para que o buggy pudesse subir o banco de areia sem nenhum problema, assim que subimos o ronco se desfez, observamos periodicamente as margens, apenas para verificar se eles realmente seguiriam o som da correnteza, e felizmente isso aconteceu, então essas coisas seguiram, nos deixando sozinhos por um tempo.

Vi August retirar a metralhadora de dentro do carro, indo até a margem, observando todo o cenário. Concluí que pelo menos por algum momento poderíamos descansar um pouco mais.

Sentei-me, apoiando meu corpo no buggy, lancei um olhar para os céus, ele já começava a tomar uma tonalidade laranja, a noite cairia em menos de duas horas.

Abracei meu corpo sentindo-o esfriar ao mesmo tempo em que espirrava. Maldito militar! Se tivesse avisado eu pelo menos não teria ficado molhado dessa forma. E por azar deixei minha mochila com Lauren e Sarah, estou apenas com minha espada.

Aquela era a única lembrança de minha família. A única coisa que de certa forma ainda me ligava a eles.

— Quer uma camiseta emprestada? — a pergunta me pegou de surpresa, virei o rosto encontrando August ainda de costas.

— Achei que você não gostasse de mim...

— Achou certo! — ele me interrompeu. — Eu não gosto de você, e honestamente preferia ter te jogado no meio desse rio. — apontou para a correnteza. — Só que infelizmente nessa merda de mundo precisamos de colegas, companheiros, eu te acho completamente arrogante e...

— Vai vim com aqueles discursos onde vai me menosprezar e depois dizer que a minha "força" vai te ajudar? — desta vez eu o interrompi, cruzando meus braços e lhe lançando um olhar feroz. É exatamente por isso que eu odeio os brasileiros, pelo menos os japoneses sabem respeitar uns aos outros.

— Você quase mata a minha mulher e acha que eu vou levar tudo isso numa boa? — senti as palavras serem cuspidas. Sabia que o rancor de August por mim era justamente por eu ter usado a Sarah como escudo humano. Só que eu estava desesperado naquele momento, assustado, pensei sem agir. — Escuta japonesinho...

— Takagi pra você.

— Não me importo qual seja o seu nome, eu farei o que for possível para salvar a minha esposa, nem que pra isso eu tenha que me livrar de você.

Senti que se eu falasse qualquer naquele momento eu estaria cavando minha própria sepultura. August tinha uma arma carregada, e por mais que eu fosse um espadachim experiente, um tiro é mais potente...

Vi ele andar até o carro, retirando da mochila uma camiseta qualquer, praticamente me jogando aquela peça de roupa. O silêncio voltou a imperar entre nós, eu simplesmente tirei a regata molhada e vesti aquela outra peça que ficou gigantesca em mim.

Voltei a me apoiar no buggy, deixando minha mente focar em qualquer outra coisa que não fosse as atuais circunstâncias. E infelizmente não era fácil...

[...]

Alan — POV

Eu ainda carregava Bella entre os ombros quando nos aproximamos do shopping na Liberdade, decidimos passar a noite por aqui para que amanhã pudéssemos seguir para a delegacia onde Lauren, Gael e Sarah almejavam tanto chegar. Apesar d'eles terem explicado que a delegacia teria armas e munições que poderiam nos ajudar, eu particularmente acho que não seria útil andar com mais armas, assim chamaríamos mais atenção.

Ana e Gael tomaram nossa dianteira, tentando abrir a porta de ferro, só que ela parecia emperrada. Lauren sugeriu que Melissa, assim como ela, ajudasse a empurrar. Nick e eu ficamos olhando os quatro usarem todo o peso para tentar — ênfase em "tentar" — arrombar a entrada.

Vi as portas cederem, e Lauren soltou um grito pedindo para que todos tentassem só mais uma vez e com força, e assim a entrada foi aberta, revelando poucos móveis atrás das mesmas.

— Espera! — Gael foi o primeiro a se pronunciar. — Se tem móveis por dentro quer dizer que há gente.

Vi Lauren engatilhar sua M12, entregando sua lança para Ana (já que nossas armas estava descarregadas, e a munição ficou com Melody e Miller), as duas seguidas de Gael e Melissa tomaram a dianteira, já eu, Bella, Sarah e Nick seguimos atrás com extremo cuidado.

Senti a mão de Bella se movimentar, assim como o peso dela sobre meus ombros diminuir, sorri comigo mesmo. Finalmente ela estava acordando. Acabei parando para deitar Bella sobre meu colo, para que eu pudesse vê-la quando seus olhos finalmente abrirem.

Ouvi um tiro alto ecoar ao mesmo tempo em que abracei Bella, Sarah se auto abraçou assustada e Nick agachou-se, tampando as orelhas.

— Lauren! — foi a única que consegui gritar. Eu ainda estava do lado de fora, ouvi o grunhido de Bella. — Acorda, por favor...

Um novo tiro foi ouvido e desta vez Bella pareceu acordar de vez, me abraçando devido ao susto. Não conseguia esconder que também estava com medo, minha respiração estava ofegante e minhas mãos tremiam. O que mais me incomodava era o silêncio, foram dois tiros seguidos, mas nenhum grito, nenhuma palavra... Isso me afligia.

— O que está...? — ouvi a voz de Bella, e não consegui esconder um sorriso. Estava tão preocupado com ela.

— Alan... — desta vez foi Nick que se pronunciou. — Você também está com uma má sensação?

A única coisa que consegui fazer foi assentir com a cabeça. A sensação era péssima, algo me dizia que algo ia dar muito errado.

[...]

Miller — POV

Desde que saímos daquele maldito parque o silêncio de Melody começava a me incomodar. Posso admitir que ela era chata pra caramba, só que o que mais me irrita além de sua arrogância é a sua indiferença.

De acordo com ela há poucos minutos atrás — uma das poucas palavras trocadas durante quase o dia todo — estávamos na Liberdade, próximo de uma delegacia ou coisa do gênero.

O mais incrível é que não encontramos muitos desses demônios pelo caminho que seguimos, tenho que admitir que Melody é útil (para outra coisa além daquilo), ela me guiou por um lugar onde eu não precise gastar muita das minhas balas.

— Espera! — ela finalmente falou algo, juro que nunca quis tanto ouvir essa maldita voz. — Está ouvindo?

Fiz silêncio, fechando os olhos e tentando ouvir qualquer barulho a minha volta. Levou cerca de alguns segundos para que o som abafado chegasse aos meus ouvidos. Era um ronco... Não um ronco qualquer. Era um motor de carro!

— É por ali! — corri na direção do ronco, vendo Melody me seguir numa velocidade reduzida a minha, ela pode ser muito boa com armas, só que não serve para situações onde a força física é necessária.

Chegamos numa avenida qualquer, e mais uma vez não havia nenhum demônio, e mais ao longe eu conseguia distinguir um buggy.

Como a merda de um carro ainda funciona? Não importa. Eu preciso dele.

Apontei a preciosa na direção do carro, vendo que ele se aproximava rapidamente, percebi que eram duas pessoas em cima dele. Estava prestes a atirar, mas um "não" alto seguido de uma mão empurrando minha arma para cima, fazendo com que eu atirasse no ar.

— Que porra você está fazendo? — berrei com fúria para ela.

Melody não respondeu nada, se limitou a se afastar de mim e ir correndo para o meio da avenida, gesticulando os braços pedindo ajuda. Que essa patricinha mimada pensa que está fazendo?

August — POV

Já fazia algum tempo que havíamos saído de dentro do rio, e seguíamos indo em direção ao shopping, só que infelizmente o caminho cheio demais, até para esse japonesinho usar a tal espada. Então tivemos que seguir um outro caminho.

Não sabia exatamente como faria lara chegar ao shopping, mas eu precisava, minha esposa precisa de mim.

— August cuidado!

Ouvi o grito de Takagi ao recobrar minha consciência, vendo uma figura feminina balançando as mãos no meio da rua.

Tive que dar um cavalo de pau com o buggy para evitar de atropelá-la. Ela deu dois passos para trás quando o carro finalmente parou, e depois disso eu pude concluir que tinha um homem junto dela.

— Você quer morrer? — foi a primeira coisa que eu gritei ao observá-la melhor. Notei também que a expressão assustada de antes tomou uma enfezada.

— Escuta aqui... militar. — ela me observou por um tempo até finalmente achar uma palavra para se direcionar a mim. — Precisamos de ajuda! Temos que achar nossos amigos, e você tem um carro, e...

— Eu não vou te ajudar! Tenho problemas maiores a resolver aqui, você tem de entender que é cada um por si nessa nova realidade! — a interrompi, eu já estava irritado por ter que aturar Takagi, não ia querer uma nova companhia indesejada.

— Carter. — ouvi meu sobrenome ser chamado e olhei automaticamente para o japonês que me olhava friamente. — Kyō wa. Anata wa, herupu no yōna mono ga arimasu ka? — acho que a minha cara deve ter sido a mais cômica possível, porque Takagi e a estranha garota riram de mim.

— Ōsawagi suru hitsuyō wa arimasen. — a morena respondeu também numa outra língua que eu acredito ser japonês.

Vi o outro cara se aproximar, e ao perceber que ele carregava um P-90 por alguma razão eu empunhei minha metralhadora para que ele visse que eu também tinha a minha.

— Desde quando você fala japonês? — ouvi ele se dirigir a ela com palavras frias.

— Você acha que Cuiamá é um sobrenome o quê? Alemão? — ela respondeu com arrogância, por um instante eu o vi fuzilá-la com o olhar, mas depois ele sorriu. Algo me diz que esses dois são encrencas.

— Eu me chamo Miller, e está é a Melody. — ele finalmente se apresentou.

— O que vocês estão procurando? — Takagi pareceu... sorrir...? É impressão minha ou ele mudou completamente ao ver essa garota com leves traços asiáticos?

— Estamos a procura de nossos colegas. — Miller continuou. — Não sabemos onde eles estão, mas estaremos dispostos a seguir por onde vocês desejarem... — as palavras dele me pareciam estranhas. Talvez essa não seja a palavra certa, mas algo me incomodava no semblante dele.

— Claro que vamos ajudá-la! — Takagi respondeu por mim, e eu juro que estou me controlando o máximo possível para não enfiar uma bala na cabeça dele.

— E vocês são...? — ela cruzou os braços indagando com um ar superior.

— August e Takagi. — respondi copiando seu tom de voz. — Vamos dar essa carona pra vocês, mas quando eu achar minha esposa, vocês... — fiz questão de olhar para Takagi também. — Vão partir.

Percebi que Miller pareceu sorrir diante a proposta.

— Fechado! — ele respondeu me esticando a mão.

Eu simplesmente ignorei o ato voltando para o carro, algo me diz que isso vai ser só o início do fim.


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Notas finais do capítulo

Desenho do August que eu fiz há muito tempo e esqueço de postar: http://imgur.com/eEpuMLx