Fim do Mundo – Interativa escrita por Sohma


Capítulo 21
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Eu na realidade gostaria de segurar esse capítulo e postar amanhã, mas infelizmente eu não consigo.

Este capítulo está bem ~romântico~, só pra dar um quebra no clima da história.

Boa leitura!



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Lauren – POV

Nós acordamos cedo no dia seguinte. Tínhamos voltado para o apartamento numa área distante da Bela Cintra. Seguiríamos o mesmo caminho do dia anterior e voltaríamos ao jipe que foi abandonado.

Eu estava na cozinha, preparando um lanche para forrar o estômago logo cedo. August e Sarah também já haviam acordado. Eu os ouvi no quarto, mas ignorei. Eles são casados, a intimidade deles não me interessa.

— Bom dia! – uma voz chegou aos meus ouvidos. Desviei meu olhar do sanduíche e vi Gael entrando na cozinha. Ele estava usando uma das roupas de August. Ele não tinha roupas, e as que estavam nessa casa eram pequenas demais para seu corpo. Ele era alto. Aproximadamente 1,90m.

Ele estava com uma aparência melhor do que do dia anterior. E eu havia arrumado o curativo que estava na sua cabeça trocando a gase velha por um band-aid que estava numa maleta no quarto aonde eu dormi.

— Não vai me responder? – sua voz soou séria. Ele se apoiou no balcão. Seus olhos castanhos me observavam de cima a baixo.

— Bom dia! – falei baixo. Voltando a atenção ao meu lanche. Levei até minha boca e mordi um pedaço.

— Você é sempre assim, tão séria? – ele se levantou do balcão, colocando as mãos no bolso da calça jeans.

— Só com quem não conheço. – respondi sarcástica. Gael fez uma expressão de surpresa, mas obviamente era falsa.

Gael ficou no centro da cozinha. Ele me observava devorando o sanduíche. Eu estava me sentindo incomodada. Ele era sempre assim? Tão... Invasivo?

— Bom dia! – a voz de August e Sarah chegaram ao ambiente.

— Bom dia casal vinte! – Gael comentou alto. Vi que August fez uma cara de poucos amigos e Sarah corou violentamente.

— Então... Como vamos seguir? – fui direto ao assunto, antes que Gael comentasse mais alguma coisa desnecessária.

— Vamos voltar ao jipe! E seguiremos até o centro. Como combinamos na loja de armas. – a voz de August imperou.

— Bela atitude de líder. Mas alguém te nomeou líder do grupo? – Gael comentou gesticulando as mãos. August se aproximou de Gael e ambos se encararam.

— Foi o que combinamos! – foi o último comentário de August antes dele dar as costas e colocar seu "uniforme de guerra".

— O que você acha de fazermos algo para comermos no caminho? – Sarah se dirigiu a mim, totalmente constrangida pela cena que acabara de acontecer.

Eu assenti com a cabeça e olhei de esgueiro para Gael, que se retirou do cômodo.

~~~

Ana Lúcia – POV

Eu havia acabado de acordar. Depois do desastre da reunião no quarto onde Melody descansava, eu fui para uma sala, que foi transformada num quarto. Por Bella ser irmã de um dos soldados, nós ganhamos o privilégio de termos um "quarto" para nós cinco. Já que haviam mais de dez pessoas num único quarto. Melody passou a noite na "enfermaria" devido suas costas.

Eu estava no extenso corredor da faculdade, coloquei uma das roupas que peguei no shopping. Uma regata branca, a calça jeans cinza e um tênis preto com alguns detalhes brancos. Era bem básico, mas eu me sentia confortável com eles. Fui até a corrimão e olhei o saguão onde muitas pessoas ainda dormiam.

— Acordou cedo hoje! – uma voz feminina chegou aos meus ouvidos. Virei meu rosto e encontrei Melissa. Os cabelos dela estavam mais rebeldes do que no dia anterior, com certeza devido ao colchão onde ela deveria dormiu.

— Eu não consegui dormir direito. – respondi baixo. Meu olhar castanho encontrou os rubis de Melissa. Eu a analisei melhor, ela é alguns centímetros mais alta que eu e seus lábios eram finos. – Quero te agradecer novamente por ter cuidado de minha amiga. Você estuda medicina a muito tempo?

— Ah... Na realidade, eu não estudo exatamente medicina. – ela desviou seu olhar de mim. – Eu estudo medicina veterinária, mas meu pai é pediatra e minha mãe é neurologista, eles me ensinaram bastante coisa sobre cuidar de pessoas. Quando os soldados chegaram eles trouxeram pessoas feridas, eles nos questionaram se sabíamos cuidar de ferimentos. A sorte é que no dia em que... – ela gesticulou os braços. – Isso começou. Eu e muitos alunos que tem conhecimentos medicinais estávamos aqui.

— Desculpa te interromper, mas esse sotaque... Você não é daqui! – coloquei as mãos no bolso e a encarei nos olhos.

— Não. – ela riu. – Sou de Porto Alegre.

— Você é tomboy? – eu não sei por que perguntei isso, mas desde que Miller comentou isso no dia anterior eu me sentia atentada a questionar.

— Não exatamente... Eu sou demigenero. – ela sorriu, suas bochechas tomaram um leve tom escalarte. Como ela tinha uma pele pálida, era bem visível.

— Nossa! Eu jamais imaginaria isso. – minha voz saiu num tom de surpresa. Eu havia pesquisado sobre demigenero uma vez, mas nunca conheci alguém.

— As pessoas sempre me confundem com uma lésbica masculina, mas na realidade eu sou pansexual...

— Não acredito! – gritei, um grande sorriso se formou no meu rosto. Melissa me encarava atordoada. – Eu também sou.

Melissa ficou boquiaberta. Depois ela sorriu levemente, um doce sorriso. Eu ia comentar mais alguma coisa, mas a porta do "quarto" onde eu estava abriu. Miller apareceu na porta. Ele coçava a cabeça, num gesto de "ainda estou acordando". Ele ficou parado na porta e revezava o olhar de mim para Melissa, de Melissa para mim.

— Atrapalhei alguma coisa? – sua voz era rouca. Ele realmente havia acabado de acordar.

— Não. Estávamos apenas conversando. – Melissa se pronunciou primeiro.

— Desculpa incomodar, mas... Eu poderia ver Melody? – ele perguntou apontando para o fim do corredor, onde ficava o "quarto" de Melody.

— Não sei se ela estará acordada, mas se você quiser... – Melissa guiou a mão pelo extenso corredor. Miller assentiu com a cabeça e começou a andar.

Eu encarei suas costas com um semblante sério. Eu estava estranhando esse interesse repentino de Miller em Melody.

— Sem querer ser intrometida... – Melissa me fez voltar a atenção à ela. – Eu ouvi a conversa de vocês do dia anterior. Vocês vão embora daqui?

— Sim. Acontece que queremos ver nossas famílias. Quer dizer, eles querem ver a família deles... – eu desviei meu olhar e encarei um ponto qualquer na parede. – Há alguns dias atrás encontrei minha mãe... Ela havia virado um desses... monstros. Eu atirei nela. – senti as lágrimas descerem pelo meu rosto. Uma mão quente tocou a minha. Virei meu rosto e vi Melissa bem próxima de mim.

— Eu sinto muito... – e pela primeira vez eu comecei a chorar. Ela me abraçou forte e eu soluçava. Eu não havia derramado uma lágrima sequer nesses últimos dias devido a adrenalina. Mas agora que eu parei pra pensar... eu estava sozinha.

Miller – POV

Eu vi a cena que se desenrolava no final do corredor. Ana e a Tomboy... Não me lembro o nome dela. Eu ouvia cada palavra. Decidi sair do quarto num ponto estratégico para interromper a conversa.

Mas agora que eu pensei... Essa garota tem um conhecimento médico bem amplo, e nenhum de nós saberia como reagir caso encontrássemos algum grupo disposto a atirar na gente. Ela poderia ser útil.

Suspirei e abri a porta do posto médico improvisado. Apenas Melody estava nessa sala. Vi que sua cabeça se mexeu devagar. Ela estava de calcinha e sutiã, e apenas um cobertor grosso cobria suas pernas.

— O que veio fazer aqui? – Melody perguntou tentando se inclinar para me ver melhor.

— Não se esforce. – falei indo até a frente da maca, para poder encará-la. – Vim ver se você estava melhor. – ela soltou um riso irônico.

— Miller, não finja que se importa comigo. – ela me lançou um olhar severo. Respondi o mesmo olhar. Melody soltou um suspiro cansado. – Obrigada.

— Nossa, você agradecendo, realmente estamos no inferno! – brinquei.

— Não é só isso! – Melody levantou um dos braços e puxou minha camisa, aproximando nossos rostos. – Eu vou te contar um segredo feminino. A gente gosta é de homens que cuidem da gente. Eu posso ser metida, arrogante e querer resolver tudo sozinha. Mas eu sou mulher, Miller. Mas quando um homem se arrisca para nos salvar... – ela soltou um suspiro próximo de meu rosto. – Nós fazemos de tudo para ficar com ele.

— Você fala como se eu fosse esse tipo de homem! – falei grosso.

— Eu sei que você é. Talvez nem você saiba disso ainda. – o olhar de Melody era de puro desejo. Sim, desejo. – Mas quer saber Miller, eu não me importo se você gosta de outra garota, como a que você está procurando. – eu tentei me afastar dela, mas a mão de Melody ainda segurava minha camisa com força. – Não me importo nem um pouco. Por que a minha sobrevivência também depende de você. Depois do que você fez por mim hoje... – meu coração batia mais forte. Eu queria me afastar dela, mas, Melody era muito bonita. Dentre esses panacas que estou acompanhando, ela é a mais interessante de todos. – Eu quero você do meu lado. Eu te ajudo e você me ajuda!

— Não sei se choro ou se fico contente. – falei tentando soar com desdém. – Isso me soa muito interesseiro.

— Mulheres são interesseiras por natureza! – Melody tentou avançar sobre mim, mas ela parou bem próxima ao meu rosto. – Ugh! – ela reclamou de dor. Ela voltou a se deitar na maca.

Minha respiração estava descompassada. Eu não esperava essa reação dela.

— Chama a Melissa, por favor... – ela me suplicou, retirando sua mão de minha camiseta.

Fiquei com uma expressão séria e me retirei do quarto, indo até o corredor e vendo a Tomboy e Ana conversando.

— Hey! – gritei. As duas viraram seus rostos, me encarando. – Melody precisa de ajuda! – a Tomboy falou algo para Ana e correu em direção ao quarto.

~~~

Bellatrix – POV

Eu acabei acordando um pouco tarde, e percebi que era a única que ainda estava no "quarto". Eu retirei a roupa que dormi e vesti uma das roupas que Nick havia pegado para mim no shopping. Uma camiseta preta de manga cumprida, um jeans azul claro e usei meu sapatos brancos de sempre. Eu peguei a jaqueta do exército de meu irmão e a amarrei na cintura.

Saí do quarto e encontrei Nick parada na frente dele.

— Ah, até que enfim acordou! – sua voz era apreensiva.

— Aconteceu alguma coisa? – ela parecia preocupada.

— Seu irmão chamou Alan para conversar já faz alguns minutos, e eu estou preocupada. – arregalei meus olhos ao ouvir isso.

— Para onde eles foram? – ela apontou para a escadaria, e eu vi ambos no final da mesma. Alan estava pressionado contra a parede e Noah estava na sua frente. Os braços de meu irmão estavam cruzados.

Desci as escadas praticamente correndo. Fiquei no meio dos dois e Noah lançou um olhar severo para mim.

— O que pensa que está fazendo? – perguntei alto, colocando o indicador no peito de Noah.

— Estou apenas conversando com seu amigo. – ele respondeu no seu tom frio de exército. – Ele me contou pelo o que vocês passaram, já que você fez questão de não me falar nada.

— Com que direito você vem pressionando Alan, só pra ele te contar o que eu passei, enquanto você... enquanto você foi um egoísta? – falei autoritária. Eu estava cansada de ser tratada como fraca.

— Na verdade... – Alan falou alto, chamando minha atenção. – Eu contei o quanto você foi forte nesses últimos dias. Você tomou atitudes que ninguém esperava. Eu queria muito ter te protegido Bella... trix... – Fiquei perplexa. Nunca esperei ouvir isso da voz de Alan. – Mas acontece que você me protegeu, de enlouquecer.

— E é por isso... – Noah falou. – Quero que você vá com eles.

— C-como?

— Quanto te entreguei as armas eu não sabia se você ia sobreviver, ou íamos voltar a nos encontrar. Eu duvidei de suas forças. Mas agora... Agora eu sei que você é uma garota e tanto.

Senti as lágrimas descendo pela minha bochecha. A mão de Alan retirou a lágrima, fazendo uma leve carícia no meu rosto.

— Por isso confio em você... E em Alan. Cuide de minha irmã. – Noah também começou a chorar.

Eu abracei a cintura de Noah. Comecei a soluçar.

— Bella... Encontre mamãe e Faith, e as salve. Custe o que custar.

— Pode deixar. – me afastei de seu corpo limpando as lágrimas que desciam pelo meu rosto.

~~~

Nicole – POV

Depois da bela cena na escada, todos nos dirigimos para o quarto onde Melody estava. Até mesmo Noah e Melissa estavam no quarto. Melody estava finalmente vestida e conseguia ficar de pé, mas ela não poderia forçar muito. Melissa pegou um espartilho de alguma sobrevivente e usou Melody, só para manter sua coluna reta.

— Qual é o plano? – perguntei, quebrando o silêncio que estava no ambiente.

— A casa de Bellatrix é a mais próxima daqui, então resolvemos passar por lá primeiro. – Melody falou entregando nossas armas.

— Mas como nós vamos para lá? Andando? – Alan se pronunciou. – Vocês viram que antes de entrarmos nessa parte do bairro estava cheio "deles". Se passarmos andando seremos mortos na hora.

— Eu mexi uns pauzinhos e consegui um carro pra vocês. Não é muito espaçoso, mas acredito que vocês possam ir sem problema algum. – Noah falou dirigindo um olhar compreensivo para todos.

— Hey, o que acham de Melissa vim com a gente? – Miller quase gritou indo até Melissa e encostando em seu ombro.

— Como? – todos dissemos em uníssono.

— Isso mesmo que vocês ouviram! – Miller lançava um sorriso indecifrável para todos nós. – Melissa tem conhecimento médico, e dentre nós, ninguém está preparado caso levássemos um tiro ou nos machucarmos.

Analisando por este lado, Miller tinha toda a razão. Melissa tinha conhecimento médico, ela nos ajudaria muito.

— Eu? Mas... Mas eu? – Melissa mexia as mãos num gesto de confusão.

— Você sabe atirar? Tem alguma arma? – Melody perguntou alto. Melissa se soltou do braço de Miller e foi até o canto do quarto. Pegando uma grande mochila. Ela retirou de lá algumas facas, agulhas e um machado de mão única. – Só tem armas brancas? – ela remexeu num bolso avulso e retirou de lá uma pistola. – Não dá pra usar isso. A coronha está quebrada. Miller, pega minha mochila, por favor. – Miller seguiu até onde Melody apontava o dedo e pegou uma das mochilas. Ela retirou de dentro dela uma pequena arma. – Use minha browing. Não tem segredo, é só apertar o gatilho e pronto.

— Você vai vim mesmo conosco? – Ana lançou um sorriso para Melissa, a mesma devolveu jm sorriso mais amplo. Eu havia perdido alguma coisa?

— Vou. Aqui tem outros estudantes que poderão cuidar dos pacientes. Eu quero ir com vocês. – a voz dela era determinada.

— Gostei do seu estilo. – comentei me aproximando dela.

— Bom! Melhor vocês irem! – Noah comentou.

Nós saímos do "quarto" carregando nossas mochilas e armas. Iríamos enfrentar outra vez o verdadeiro significado da palavra "fim".


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Notas finais do capítulo

Algumas explicações básicas:

Demigenero: pessoas que se identificam em parte com um gênero (feminino ou masculino).

Pansexual: atração sexual, romântica e/ou emocional independentemente do sexo ou identidade de gênero do outro.

Hoje é a vez da Ana Lúcia, yaaaay:
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