Humans escrita por Arya


Capítulo 15
XIV - Surpresas.


Notas iniciais do capítulo

Que merda de nome? Pse, sorry. ♥
Boa leitura. Esse capítulo é meio bobinho, mas acho que vocês vão gostar. Ele tem uns detalhes que não farão sentido agora, mas em breve vocês verão que sim... Ou vão sacar tudo nesse cap, slá.



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“Desculpa não ser a mulher da sua vida, estou ocupada sendo a mulher da minha.”

***

Violetta Morozova nunca foi de ligar para a sua aparência para agradar uma população, e sim agradar a si mesma. Para olhar-se no espelho e dizer: “Violetta Morozova, você é a mulher mais sexy que eu já conheci”.

E talvez esse é o pensamento de todos ao ver a mulher de 1,50 cm de puro samba com seus 15 cm a mais devido ao salto alto e fino que usava. Passava pelo os alunos como se fosse uma rainha, aos poucos eles abrindo o caminho. Seu rosto era reconhecido de longe, junto aos seus cabelos azuis claros amarrados em um rabo de cavalo e seus olhos lavanda.

Vamos agradecer por cada problema que a fez amadurecer a ponto de não inflar mais seu ego quando todos a olham, e sim agir como se fosse nada demais. Afinal, quase que uma Cleópatra do balé, ela está acostumada com aquilo.

Parou calmamente e abriu a porta do banheiro feminino, indo ajeitar a maquiagem. Pegou um batom vermelho que tinha roubado de sua filha, afinal ela roubou nove meses da azulada e nada disso se compara a um simples batom vermelho que ela irá devolver depois.

Logo uma garota saiu do banheiro, e Violetta olhou que ela estava chorando. Tinha cabelos amarrados em duas tranças e eram acinzentados, com o uniforme do colégio. A ais velha teve a impressão de tê-la visto em algum momento, mas não disse nada e nem tentou lembrar.

Passou o batom no lábio inferior e espalhou em abos lábios, parando quando ficou satisfeita. Ela pegou papel toalha e entregou a garota ao seu lado, guardando o batom em sua pequena necessaire e a colocando na bolsa preta.
— Tome. Não chore. — disse sorrindo. — Quer um conselho?

A garota a olhou.

— Seja uma mulher inteligente. — disse se apoiando na pia. — Elas sabem que vale a pena desperdiçar lágrimas em casamentos e funerais, e não em uma sexta maravilhosa como essa.

— Meu namorado terminou comigo.

— E muito menos por isso. — disse e virou o rosto para o espelho. — Isso foi quando?

— Faz dois dias. — disse. — Ele disse que não me amava mais.

Violetta limpou as lágrimas da mesma.

— Ora, se ele não te amava mais, sinal que ele nunca te amou. —disse. — Não chore por um imbecil desses, ok? Seja forte. Afinal, não é atoa que a peça do jogo mais forte é a dama.

Ela sorriu e ajeitou o batom, saindo andando com calma do banheiro. Andou em direção qualquer na sorte de achar a sala que queria, o que não deu muito certo, mas por uma questão de sorte avistou os incríveis cabelos de Madonna de seu filho.

E a Morozova podia afirmar que era ele porque… Não é todo dia que olhamos para o lado e acabamos por ver milhares de pessoas com aquele cabelo.

— Dimitri. — disse a mulher chegando mais perto de onde o grupo de estudantes estavam, no pátio da escola.
O loiro a olhou e deu um sorriso, abraçando-a feliz e logo olhou os outros meninos do grupo. Violetta lembrava da cara de todos, mas quem disse os nomes? Talvez por isso ela sempre se confundia quando os filhos falavam uma fofoca do grupo de amigos para a turma e não sabia quem é quem.

— Reunião de pais. — disse a mesma. —Os seus estão aqui?

—Oh, meus pais foram agora para a sala de reunião. — disse o de cabelos rosados, provavelmente chamado Kirino. Lembrava-se dele por sempre ir lá na casa com Irene estudar alguma matéria.

— Nossa… Acho que estou um tanto atrasada. — disse Violetta rindo. — Qual é a sala?

Kirino deu as indicações e a mulher o agradeceu com um abraço, indo na direção dita. Depois que ela saiu, o loiro olhou o rosado e disse:

— Tratando bem a sogra?

— O-oi?

— Todos sabem. Só falta vocês dois. —disse Dimitri cruzando os braços e ajeitando a franja.

O rosado riu brevemente com as bochechas coradas e olhou Shindou chegando perto deles e os cumprimentou, parecendo meio acabado. Ele ajeitou o cabelo e apoiou o braço no ombro do melhor amigo.

— E então? — perguntou Kirino. — O que houve?

— Eu e Akane se resolvemos, mas… Como eu disse para você no telefone, achei melhor terminar com ela.

Dimitri olhou Shindou.

— Oi? — perguntou. — Você terminou com a Akane?

— Sim. — disse. — Eu nunca serei o namorado perfeito que ela quer, e eu não aguentava mais. É a quinta vez que a gente briga só nesse mês e ela fica sem falar comigo, eu cansei.

Dimitri o olhou e lembrou-se de um acontecimento no passado, um pequeno flashback de uma garota de cabelos loiros dando um tapa em seu rosto e dizendo que estava cansada dele.

— Entendo. — disse sorrindo e abriu os braços para o abraçar junto ao Kirino.— Vamos fazer sanduiche de Shindou.

—O que? Ahhh! — disse Shindou enquanto era esmagado.

— Mais gay que isso só eu. — disse Kidou se aproximando com a irmã mais nova, que olhou em volta e disse que ia atrás do namorado. — O que houve?

— Shindou e Akane terminaram.

— Nossa! — exclamou Kidou surpreso. — Sinto muito.

—Ah, acontece. Não era para ficarmos juntos. — disse. — Não sou o homem que ela quer, e eu cansei de fingir ser o que eu sou para a agradar. Vocês me entendem?

Dimitri respirou fundo.

— Infelizmente. — disse lembrando de uma vaga memória.

— É complicado, tentamos ser o príncipe encantado e elas, por sua vez, a princesa, e a gente nunca está satisfeito.— disse Kirino. — Talvez porque nós não somos principes ou princesas.

— Minha irmã só quer alguém para fazer cafuné.

— Ela me pede de vez em quando.— disse Kirino sorrindo que nem idiota.

Shindou deu um cascudo nele para parar de ser trouxa e Dimitri tirou a atenção dos dois ao ver Nagumo colocando um bilhete dentro do armário de Lorelai. Ele se desencostou do próprio armário e foi até ele, de braços cruzados.

— O que é isso?

— Eu só quero resolver as coisas com a Lori. — disse Nagumo. Seus olhos mostravam que ele realmente estava sendo sincero.

O loiro respirou fundo.

— Ok. — disse bagunçando a cabeça do ruivo. — Vai pra sala, eu vou me certificar que ela irá ver. E se você ousar em machucar minha melhor amiga novamente…

Ele puxou o mesmo pela a gola da camisa branca.

— Eu juro que eu irei fazer da sua vida, uma amostra grátis do inferno. E acredite, meu caro, eu já tive a minha. — disse e o soltou, ajeitando o uniforme do ruivo. — Bom… Nos vemos na sala e se falamos no clube.

O ruivo de olhos amarelos concordou e sorriu. O loiro virou-se ao grupo de amigos e foi até eles, olhando Shindou meio curioso. No entanto, não comentou nada e apenas ficou de olho.

***

Zakuro parou na frente da sala de Kat, se escondendo brevemente enquanto via a cena. A loira a olhou como se fosse louca… O que a de cabelo roxo é, mas vamos fingir que nem suspeitamos de nada.

— O que foi?

— Irene! — disse seriamente e baixinho. — Ela está dando em cima do Sakuma.
— Ela não faria isso. Sabe que você gosta dele.
Kat olhou e viu os dois conversando.
— Eles só estão conversando. Imagina se for por você?

— Nah… Duvido.

Katherine revirou os olhos e saiu de perto, dizendo que ia procurar o Jake. Ele estava vindo mais cedo faz quatro dias, desde o acontecimento do Pavel e seu suco. Zakuro acenou e continuou escondida até Sakuma pegar sua bolsa e sair da sala, quando ela disfarçou e a entrou com raiva e sentou na frente de Irene, que deu um breve olhar de desinteresse de normalmente.

— Você está tentando seduzir meu homem?

— Seu homem? Quem? — perguntou Irene fechando seu livro de Game Of Thrones. —A única pessoa que eu quero seduzir nesse exato momento é o Jon Snow, mas ele não existe.

— Sakuma.— disse sentando em sua frente. — Eu disse a você que eu gosto dele.

Irene tirou até o fone de ouvido, parando a música e a olhou.

— O caolha? Está louca, Zakuro? — perguntou. — Espera… Você é louca. Louquinha.

Zakuro retirou os dois fones dela quando ela ia colocar novamente e a albina a olhou com uma cara de morte que a de cabelos roxos soltou na hora. A albina pegou o fone e botou na bolsa.

— Primeiro, eu tenho quase todos os garotos dessa escola nos meus pés, se eu tivesse interessada em um, com certeza não seria o caolha. — disse a mesma. — Acha mesmo que seria?

— Sim! — disse com confiança.

Irene revirou os olhos e escreveu algo no caderno e a entregou. A mesma olhou e deu um berro.

Eu gosto do Kirino.

— Tem certeza que não quer o Sakuma? — perguntou. — Kirino é… Sei lá, acharia que você ficaria com alguém mais, como posso dizer… Bonito? Que não pareça aquela mini-Sailor Moon?

Irene revirou os olhos.

— Só porque eu gosto dele, não significa que ficarei com ele. — disse apagando o caderno e depois rabiscando em cima para não deixar a marca do lápis.— E a culpa não é minha, ele é bom em fazer cafuné.

Os olhos de Zakuro brilharam felizes e a garota desviou o olhar para ignorar.

— Posso ficar com ele?

— Não. — disse Irene seriamente. — Quer cafuné? Eu faço. Vamos.

Irene se levantou e puxou Zakuro para se sentar no chão encostada na parede da sala, onde ela se sentou e a de cabelos roxos jogou-se em seu colo, então Irene fez o prometido e colocou os fones para ficar em paz naquele momento sem a menina pedindo mais nenhuma informação sobre o caso já dito.

E assim, nenhuma das duas notou o Kirino e seu melhor amigo com a boca tampada para não gritar sobre essa grande revelação. Eles saíram de perto da sala de fininho e decidiram continuar a conversar com qualquer outra pessoa no corredor. Esbarraram em Nikolai, que apenas continuou a andar em direção ao ruivo.

— Oi Nagumo. — disse e o ruivo o olhou, que retirou os fones e entregou-o. — Posso te pedir para se apresentar com uma música minha? Eu sei que é muito em cima, mas todos falam que você é o mais rápido para pegar uma música.

Ele o olhou confuso e fez sinal que não sabia, assim pegando os fones e colocando, e Nikolai procurou a sua playlist no celular de suas músicas.

— Eu trouxe o violão, toco e você apenas canta. — disse e o ruivo fez joinha.

— Deixa eu escutar e ver.

Ele clicou na música calmamente, mostrando a Nagumo o nome e o entregou o celular.

Can I Be Him? — perguntou e o mesmo concordou, colocando a música e escutando aos poucos.

***

Fudou foi para o beco de sempre e pegou um cigarro, fumando calmamente enquanto mexia no celular. Ia chegar no segundo tempo na escola, não tinha vontade de encarar a professora de gramática hoje, além de ter que fazer alguma coisa com o machucado em seu rosto.

— Fudou. — disse uma voz e ele olhou, vendo que era um homem de cabelo e olhos alaranjados, com uma roupa social de quem estava indo ao trabalho. — De novo?

— Shiryuu-sensei. — disse calmamente soltando a fumaça entre os lábios.

Eles andaram um pouco e o homem pegou o cigarro do mesmo, o jogando no chão. O de moicano soltou um “EI” e o mesmo cruzou os braços.

— Vai me agradecer no futuro. — disse cruzando os braços. — E aí? Não vai para a escola?

—Não agora. — disse Fudou virando de lado para o homem não ver o machucado.

O homem revirou os olhos e virou o rosto de Fudou calmamente.

— Amor… — disse Kira e o mesmo fez sinal para ir na frente, que estava resolvendo um assunto. Ela suspirou. — Não demore.

Fudou respirou fundo e soltou-se do professor.

— Ignore.

— O que é isso, Fudou?

— Nada demais.

— Você anda apanhando em casa? — perguntou.— Fale comigo, não tenha medo.

— Antes fosse. — disse Fudou. — Deveria ter usado a maquiagem da minha mãe.

Shiryuu respirou fundo e retirou uma necessaire de dentro de sua bolsa, pegando um pó.

— Kira sempre esquece.

Ele o olhou.

— Você vai cobrir?

— Sim, e direi ao diretor que você terá que ir, no fim da aula, a minha sala. — disse e começou a tapar o roxo.

Fudou respirou fundo.

— Sério. Se você não for, eu contarei aos seus pais.

Ele respirou fundo e concordou, então Shiryuu continuou até acabar. Sorriu com a pequena obra de arte e o olhou seriamente, colocando de volta na bolsa. Olhou o mesmo e pegou o cigarro, que fez Fudou revirar os olhos.

— Vamos para a aula, ok?

Ele saiu dali e jogou o cigarro em uma lixeira. Fudou respirou fundo e colocou as mãos no bolso, tossindo e saiu do beco, indo em direção a escola. Parou e olhou Minamisawa de mãos dadas a Claudine chegando na escola, o que fez apertar as próprias mãos a ponto de machucar a palma da mesma com as marcas das unhas.

O garoto o olhou com um sorriso que fez um ódio subir e o mesmo desviou o olhar, seguindo o caminho atrás de Shiryuu, que ficou confuso, mas continuou a seguir sem ligar muito. Fudou fazia coisas estranhas.

Shiryuu deu uma olhada para o que pudesse ver o que evitava olhar e viu Minamisawa o olhando enquanto fingia escutar o que Claudine havia dito. Ele começou a pensar um pouco, juntar os detalhes do que tinha rolado com Fudou nessa última semana e com a própria Claudine.

— Minamisawa te machucou? — perguntou e Fudou arregalou os olhos.

Pela a primeira vez, Shiryuu notou que o de moicano estava pedindo para ele não comentar mais nada naquele momento, assim como pedia uma breve ajuda. E aquilo realmente fez o de cabelos alaranjados ficar surpreso.

***

Na hora dos clubes, Nikolai entrou rapidamente suspirando pesadamente e meio envergonhado. Faria tudo por conta própria, já que Nagumo acredita que aquela música é para ele cantar, já que havia todos os seus sentimentos guardados por anos ali. Mordeu o lábio inferior mordendo tão forte que o fez cortar brevemente. Colocou um lenço que tinha em sua mochila na boca e olhou Pavel em um canto perto da janela, conversando com alguém por mensagem.

— Olá.— disse e o garoto levantou o rosto, e pode notar rastros de choro. — Pavel! O que houve?

O moreno sentou-se ao lado dele e olhou as mensagens, vendo que Yuuki tinha terminado com Victor e arregalou os olhos, ficando meio assustado. Muita informação para uma cena só.

— Eles terminaram?

— Sim. O Victor brigou com ela sobre ciúmes e ela terminou com ele. Foi uma briga boba, por causa da Sayori. — disse limpando as lágrimas. O mesmo colocou o telefone numa mesa do clube e deu a mão a ele.

— O que houve? — perguntou.

Uma coisa é certa: Se você quer fazer alguém parar de chorar, nunca pergunte “O que houve”. Isso fará a pessoa chorar mais e mais, e foi isso que aconteceu. O albino começou a chorar como se alguém tivesse morrido e Niko apenas o esperou se acalmar. O entregou um lenço para assoar o nariz e assim o mesmo fez.

—Eita, cheio de meleca. — disse e Pavel riu, jogando o lenço no lixo.

— É que… Eu me sinto muito culpado pelo o que eu fiz. — disse e Nikolai revirou os olhos de leve sem que ele visse. — E além disso, eu me sinto inútil.

O de cabelos negros o olhou.

— O que?

—Não sou o “mais” ou “melhor” da minha família em nada, talvez o menos problemático em personalidade, não sei. — disse e Niko acabou por concordar. — Sou péssimo em educação física, tirei nota baixa no teste de geografia e ainda sou um monstro por aquilo. Sabe quando você se sente um lixo e um inútil? Sou eu nesse exato momento.E eu não sei explicar…

O menino respirou fundo. Entendia completamente.

— Pav, nao chora. É estranho ver você assim e fora do comum. — disse fazendo carinho em seu rosto e secando as lágrimas dele com a manga da camisa. — Olhe para mim.

O albino direcionou seus olhos dourados aos cristalinos de Nikolai Romanov.

— Nunca, em hipótese alguma, diga que você é inútil. Nunca! — disse calmamente. — Ok, você não está em primeiro em nada nos rankings da sua família, é péssimo em educação física e muitos outros fatores. Mas Pav, você não inutil.

Ele sentou o garoto e pegou o pé dele para amarrar seu sapato.

— Eu sou a prova viva que você não é inútil.

— Como assim?

Nikolai terminou de amarrar e o olhou.

— O que seria de mim se você não estivesse entrado na minha vida, Pavel? — perguntou. — Não estou ironizando, é realmente uma pergunta.

—...Você seria você mesmo. Não mudaria muita coisa. — disse pensando calmamente.

— Se você não tivesse me ajudado com aquele desenho naquele dia, ao invés de se afastar de mim como outros faziam, talvez eu seria completamente diferente do Nikolai de hoje. — disse Niko e Pav riu. — Pavel, você me ajudou. Quando eu vi o pior do mundo, sabe muito bem que eu vi, tudo ficou negro. Como se eu estivesse em um túnel e, então, você se tornou a saída. A luz.

O albino o escutava calmamente.

— Você me ajudou a fazer amigos, a não ser tão idiota, a me expressar através da música e escrita.  Pav, você me ensinou mais coisa que qualquer adulto. E me salvou da escuridão. Literalmente.

O albino o olhou com os olhos marejados.

— Por isso que eu te amo. Do fundo do meu coração. Mais que qualquer um. — disse e o Morozov começou a chorar. — Você não é inútil. Jà salvou muitas pessoas apenas com seu sorriso e de uma coisa eu tenho certeza: Mesmo com o lance do suco, é a pessoa mais gentil e forte que eu já vi.

— Forte?

— Cada coisa que você aguenta para ser gentil com todos… Você é forte, e é por isso que eu o admiro muito.

O albino o abraçou, enquanto o moreno fez o mesmo deixando o albino chorar.

— Desculpe. Estou chorando.

— Tudo bem.

Ele o abraçou mais forte. Nikolai iria aguentar tudo de Pavel, iria o ajudar sempre. O albino o afastou.

— Obrigada por estar sempre ao meu lado.

— Você sempre esteve comigo, porque eu não estaria? — disse sorrindo. — Já disse que quem tem que agradecer sou eu.

O Pavel riu quando o menino começou um ataque de cócegas.

— Por ser meu primeiro amigo, meu primeiro amor fracassado e por simplesmente ser você. — disse baixinho para si mesmo, de modo que o albino não escutasse. — Não importa qual seria a classificação dos meus sentimentos por você, amor ou amizade, você é tão importante para mim.  — disse.

— Sou?

—Claro! Você, Valdir e o meu tio Petr são as únicas pessoas que importam para mim nesse mundo. Quem sabe...— ele pensou um pouco e parou, mas logo voltou com as cócegas e Pavel gritou de tanto rir. — Minhas âncoras?

No meio dos ataques de risos, os outros começaram a entrar e ambos pararam, acenando e indo conversar com os outros sem muita escola, fingindo que nada tinha acontecido. Assim que Kira entrou em sala, com seu amado sorriso, ela olhou a todos.

— Bom, novidade?

Nikolai olhou Nagumo que levantou a mão dele.

— Niko! — disse e o de olhos azuis arregalou os olhos, pegando o violão que tinha trago. — O que tem para nós hoje?

— Eu compus uma música e gostaria de mostrar a vocês. Qualquer coisa podemos a tocar no festival. — disse e Pavel fez cara de surpreso.

Era a primeira vez que Nikolai iria cantar ao vivo para um grande público que não era ele e Valdir, o amigo deles da Rùssia. Ele não tinha coragem de cantar, mesmo que tocar e dançar ele não se importava.

Ele respirou fundo e puxou uma cadeira tirando o violão calmamente e respirou fundo, olhando todos e dando um riso quando Dimitri fez cara de jurado do The Voice. Olhou Pav, que fez sinal para ele se acalmar e assim, começou a se apresentar. Irene entrou ao lado de Zakuro e sentou-se ao lado do irmão.

Olhando Pavel, porque sentia-se seguro olhando para quem ele conhecia bem, começou a cantar.

Você entrou na sala
E o meu coração foi roubado
Você me levou de volta ao tempo
Em que eu não era despedaçado

 

Agora você é tudo o que eu quero
E eu sabia disso desde o primeiro momento
Porque uma luz acendeu quando eu ouvi aquela música
E eu quero que você a cante de novo

Irene olhou Dimitri, que conversaram pelo o olhar rapidamente e depois olharam Nikolai, que continuava a cantar olhando Pavel, que parecia nem ligar, apenas mexia a cabeça de acordo com a música brevemente e sorria. Zakuro a cutucou.

— Essa música...— sussurrou bem baixo. — É para o Pavel?

Irene afirmou e voltou a olhar o moreno.

Eu juro que toda palavra que você canta
Você escreveu para mim
Como um show particular
Mas eu sei que você nunca me viu

Katherine havia entrado de penetra no clube através de Suzuno, e estava entre as cadeiras escutando a música. Não pode parar pra pensar e notar o olhar que Nikolai se dirigia ao Morozov que deixava claro os sentimentos daquela música, e fazia algumas pessoas comentarem.

Qualquer pessoa próxima o suficiente do russo dos belos olhos saberia o que aquela letra se refere, ou melhor: A quem se referia. Não sabia se Pavel era burro, lerdo ou apenas fingia que não sabia naquele momento. Ela olhou Kira a olhando com um sorriso malicioso e depois apontando ao moreno e ao albino, e Kat devolveu o mesmo sorriso mesmo que no fundo pensava brevemente em Jake.

Mas ah, foi escolha do loiro não se declarar ao mesmo. Ela não sentia-se totalmente mal por ele.  Talvez sentia-se mal por ela? Digo… Niko era alguém que atraia de algum modo, não apenas por seu belo rosto — e que belo rosto, diga-se de passagem — mas por todo o seu conjunto.

Quando as luzes acendem e eu estou sozinho novamente
Você vai estar lá para cantar de novo?
Posso ser a pessoa que você fala em todas as histórias?
Posso ser ele?

***

Yasmin estava sentada com as calças da educação física junto a Lorelai de pernas para cima no pátio, segurando ao lado suas saias. Elas apoiaram suas pernas para cima na grade do pátio e olhavam para cima.

— E ele deixou esse bilhete no meu armário. — disse Lorelai. Yasmin o pegou:

Me espere depois do clube de música, indo ou não para ele.
Quero falar com você, por favor.

Ass: Haruya, o babaca.

— Olha… Ele precisa de um caderno de caligrafia, mas pelo menos sabe que é um babaca. — disse Yasmin e a garota mais alta riu. — Ele deve pedir desculpas.

— Sim. — disse Lori.

— Que ele não te engane de novo.

— Ele não vai me enganar.

— Bom… Você sabe que isso não é difícil. — disse Yasmin a olhando entregando o papel. — Você é meio burrinha.

— É, mas ele não sabe disso! — disse Lorelai e Yasmin caiu na risada, concordando. — E eu sei que ele não vai, se pedir desculpas ou jurar. Ele nunca quebra uma promessa.

Yasmin sorriu e Lorelai concordou. A garota mais baixa respirou fundo e a entregou o celular, mostrando prints de uma conversa. Lorelai os pegou calmamente e leu enquanto Yasmin estava com um sorriso fofo nos lábios que a fazia ficar suspeita. Assim que terminou de ler tudo, Lorelai tentou levantar e bateu a cabeça no chão, fazendo Yasmin cair na gargalhada.

— Você está bem?

— DIMITRI CONSEGUIU UNIR VOCÊS DOIS?

— SIM! — disseram as duas ao mesmo tempo se sentando e se abraçando enquanto berravam.

Jake abriu a porta do pátio e as olhou rindo, cruzando os braços e chegando mais perto curiosamente.

— O que houve?

— Ela bateu a cabeça. — disse Yasmin rindo e Jake sussurrou um “nada de novo” baixinho.

— Ela vai sair com o Fubuki! — disse Lorelai contente dando pulinhos. — Dimitri ajudou e conseguiu. Deveria tentar com o Pavel.

Jake sorriu meio forçado e Yasmin a cutucou, sussurrando que era melhor nem comentar. Lori fez bico e concordou, pedindo desculpas e o loiro negou. Espreguiçou-se rapidamente o australiano e as olhou.

— Qual Fubuki?

— Shirou. O Atsuya está na mira da Kim. Além do mais, cadê ela? — perguntou Yasmin.

— As gêmeas Park estão passando mal, catapora. Pensei em ir visitá-las depois de encontrar com o Nagumo.— disse Lorelai sorrindo.

— Boa ideia. — disse Jake. — Bom, vocês viram a Katherine?

— Ela foi a sala de música com o Suzuno. Ela queria pregar uma peça na Zakuro e na Irene. — respondeu Yasmin passando a mão na cintura de Lorelai, que a abraçou. — Ah, ela disse que, se a gente encontrasse com você, era para você comprar um café para ela.

Jake revirou os olhos. Por fim, ele era empregado também além de melhor amigo.

— Sabe o que notei? Você já me pegou mais que o Fubuki. — disse Yasmin a Lorelai, que a olhou confusa, mas logo pensou.

— SIM! — exclamou. — Eu já mordi a sua coxa, ele mal tocar na sua mão tocou.

— Mordeu a coxa da Yasmin? — perguntou Jake confuso e Lorelai deu um riso sapeca. — Não quero detalhes, obrigada.

Ele saiu andando calmamente e foi em direção a máquina de café que tinha no corredor dos clubes. Era para quem ficava até tarde estudando no terceiro ano ou em clubes, mas no final qualquer um pegava para tomar, até os professores. Achavam até melhor que o café feito da sala dos professores.

Era apenas colocar uma moeda no que queria e pronto.

Jake deu um passo para trás ao ver Pavel indo na direção da cafeteria e parando ao vê-lo. Eles ficaram se encarando por um longo tempo e o albino balançou a cabeça, sorrindo ao mesmo em um comprimento e apertou o café expresso. Após isso, o pequeno russo o entregou o copo de café.

— Não se preocupe, não irei jogar em sua cara. — disse e Jake pegou, segurando o riso. O albino respirou fundo. — Desculpa.

— Por…?

— Jogar suco na sua cara. Eu me estressei, não deveria ter feito aquilo. Acho… — ele suspirou. — Tenho certeza, na realidade, que eu errei.

Jake o olhou e mordeu os lábios, olhando para o lado e bebeu um gole.

— Eu não sei muito bem o que deu em mim, apenas peguei o suco e… — ele fez o gesto de jogar na cara de alguém. — Mil desculpas. Deveria ter sido mais maduro.

— Eu também deveria me desculpar. — disse. — Sério, eu… Não deveria ter te ligado. Fui irresponsável.

— Tudo bem, acontece. Você estava bêbado, não? Fazemos coisas loucas quando bebemos. — disse sorrindo.

Jake o olhou enquanto o albino esticou a mão a ele, que a pegou e sacudiu enquanto bebia o café.O loiro sentia que elas eram macias e boas de segurar, além de delicadas. Eram boas de segurar.

— Amigos?

Ambos soltaram as mãos, sendo Jake o último a fazer o ato, mas foi tão rápido que ninguém notou que ele queria continuar segurando. O loiro bebeu mais um gole. Era para Kat, não? Dane-se

— Amigos. — disse sorrindo ao mesmo e Pavel caiu na risada. — O que foi?

— Você… Está com bigode de café. — disse e Jake caiu na risada, então o albino pegou um papel que tinha ao lado da cafeteira e limpou para ele, chegando mais perto. O loiro deixou meio em choque e o garoto sorriu, jogando no lixo depois disso.

— Obrigado. — disse Jake e eles voltaram a se encarar.

— Pav! — exclamou um garoto na porta da sala do clube.

— Estou indo! — disse e foi andando para trás. — Nos vemos por aí, Jake. Você não tem coisa no basquete?

— Eu tirei uma folga. — disse e o Pav fez um “ah”, correndo para a sala do clube.

Ele acenou e logo pensou um pouco.

— Ah, o café… Deixa eu pagar. — disse mas o garoto entrou em sala.

Ele suspirou fundo e fechou os olhos. Porque ele sentia-se culpado, ou com um vazio? Não valia a pena ter feito aquilo? Ele queria proteger o pequeno e adorável Pavel dele, e os seus sentimentos iriam o puxar para mais perto. Mas… Porque ele sente como se não deveria ter feito isso?

Talvez era seu lado egoísta falando.

Saiu de seus pensamentos quando alguém tocou em seu copo de café, vendo que era Katherine. Ela tomou um longo gole e jogou o copo vazio fora, depois pegando a carteira de Jake e pegando um cheio para ela.

— Então… O que estavam falando? — perguntou sorrindo.

— Ele me pediu desculpas.

— Por não ter socado a sua cara ao invés de jogar um suco? — perguntou e Jake revirou os olhos.

— Por ter jogado o suco. — disse e Kat começou a beber o café encostando-se na parede do corredor, sentando-se. Jake fez o mesmo, ao lado dela. — E eu pedi desculpas por ter ligado.

— Entendi. — disse Kat. — Então são amigos?

— Apenas amigos. — disse Jake. — E nada mais, nada menos.

Kat bebeu o café meio pensativa lembrando-se da música de Nikolai, e no final decidiram colocar a música no festival. Ela o olhou.

— Você é um idiota, sabia? — perguntou Kat seriamente e Jake concordou. — Deve ser por isso que é meu melhor amigo.

— Ah, você não é idiota. — disse o loiro e a mesma respirou fundo.— O que foi?

— Eu… — ela embolou as palavras. Jake a olhou. — AchoquepossoestarsentindoalgopelooNikolai. — disse e Jake arregalou os olhos depois de raciocinar.

— OI? — gritou fazendo uma visível cara de nojo. — Nikolai Romanov? Aquela raposa de olho azul importada da Rússia? Está louca? Como assim?

Katherine sorriu e olhou para frente, arregalando os olhos ao ver Nikolai passando por eles com fones e respirou fundo por ele não ter escutado, sorrindo de alívio a Jake, que também compartilhava o mesmo sentimento de calma.

Logo Nikolai voltou e ambos tomaram um susto

— Vocês viram o Pavel?

— Ele foi para a sala de música. — Jake comentou, se acalmando.

— Ah sim! — disse e olhou Kat. — Gostou da minha música?

Ela concordou.

— Você deve amar muito para quem escreveu.

Nikolai riu e concordou.

— Quem sabe? — disse cruzando os braços. — Bom, a raposa aqui está saindo.

Ele piscou aos dois e acenou de costas, entrando na sala com um sorriso que, se Jake estivesse vendo, o classificaria como o de uma raposa traiçoeira. O loiro arregalou os olhos enquanto Katherine deu o maior berro da sua vida, virando o copo de café como um bêbado virando o copo de cerveja.

***

Minamisawa estava irritado. Acabou por ter que sair mais cedo para conversar com Claudine, que não sabia esperar o horário do clube de futebol.

Ele olhou a namorada, tossindo brevemente e indo até a mesma na sala com um sorriso no rosto e beijando a sua bochecha. O garoto sentou-se em sua frente e colocou as mãos no bolso, olhando-a.

— O que foi?

— Bom, eu estava pensando sobre o bebê… Você sabe o que fazer com ele? — perguntou. — Tem alguma ideia?

Minamisawa respirou fundo e pensou um pouco. Ou fingiu que não estava reclamando mentalmente por estarem decidindo esse assunto ali, agora. Mas tinha que ser paciente, deve ser os hormônios da gravidez.

— Não sei, querida. Que tal discutirmos isso depois? — perguntou e Claudine negou. — Estou no meio do jogo.

— Eu tive uma ideia. — disse sorrindo ignorando a última fala dele. — Não sei se você vai gostar, mas… Eu pensei em colocar na adoção.

Minamisawa cruzou os braços.

— Vai mandá-lo a um orfanato? Você disse que não o queria em um orfanato, afinal sofreu demais lá. — disse surpreso e a garota negou. — Então…

— Vamos atrás de uma família que queira, então eu não precisarei o mandar a um orfanato.

Minamisawa fez “ahh” e pensou um pouco enquanto olhava a parede. Seria complicado, e será que conseguiriam achar alguém interessado em adotar um bebê em nove meses? O processo de adoção no Japão é meio difícil de entender…

Na realidade, ele nem ao menos quis entender. Tinha que pesquisar mais, só que a preguiça o consumia toda vez que pensava no tema.

— Achar uma família não seria complicado? — pensou em alto.

— Seu desinteresse é demais, não?  — ela disse cruzando os braços. — Sim, é complicado, mas nós que escolhemos para que pai dar.  Nós conhecemos e tudo mais.

— Teremos tempo para isso?

— Amor,  nesses nove meses, precisaremos achar tudo que for de preciso. Precisaremos fazer sacrifícios.  — disse e ela respirou fundo para não perder a calma. — Na realidade, eu… Já achei candidatos. Escutei eles falando que não estavam conseguindo adotar nenhuma criança, e eu juro que eles serão os melhores pais para o bebê.

O garoto ajeitou a franja olhando a namorada de cima para baixo, com um olhar curioso.

— Quem? — perguntou. — Eu conheço?

— Ontem você até disse que eles seriam bons pais se conseguirem adotar uma criança. — falou.— Desculpa não ter contado a você antes, decidi de última hora. Podemos conversar aqui, agora.

—Ok, mas… Eu não lembro quem...

A porta se abriu ao mesmo tempo que ele iria terminar de falar, fazendo a de olhos azuis virar-se sorrindo.

Minamisawa olhou as pessoas que entraram na sala, vendo que era uma figura de cabelos longos e rosados junto ao um alto homem musculoso que parecia uma parede. Arregalou os olhos quando associou ao assunto.

— Oi Claudine. — disse Kira sorrindo. —O que houve? Desculpa a demora, estava conversando com a mãe dos Morozov, a Violetta, e ela estava comentando umas coisas e enfim… Pode falar.

— Oi Minamisawa. — disse o homem o cumprimentando. —Claudine nos chamou, o que houve?

— Bom… — sussurrou Minamisawa, em estado de choque.

Claudine sorriu e sentou-se. Ele pensou um pouco e bom, não era a melhor solução, mas… Seria melhor que aceitar ficar com o bebê, iria dar trabalho ser pai naquela altura do ensino médio.

— É…  — ela olhou Minamisawa e passou a mão na barriga.

— Aconteceu algo com o bebê? — perguntou Shiryuu olhando Minamisawa. — O que você fez?

— Acredite, eu não sabia de nada até agora e… — ele foi até ela e deu um beijo na bochecha da mesma. — É uma ótima ideia.

Os mais velhos ficaram confusos e se entreolharam, como se tentassem entender o que estava acontecendo. Logo a morena os olhou nos olhos e Kira logo ligou a cena da criança ao assunto de algumas semanas atrás sobre o bebê.

— Você… — a rosada ia começar a pergunta.

Uma pergunta que iria acabar com uma semana sem surpresas. E dessas, talvez a melhor para Kira e Shiryuu, que viviam sendo rejeitados por conta da professora de belos olhos verdes ser transsexual, não importa o quão perfeito eles são para a adoção.

— Vocês gostariam de adotar o bebê?


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Notas finais do capítulo

Sim, acabei aí.
Beijos. Não desistam de mim.



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