Estamos Bem Sem Você escrita por Eponine


Capítulo 4
Capítulo 04




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“– É uma casa grande demais... – Hermione estava tão extasiada com seu casamento que não conseguia parar de sorrir nem mesmo quando não gostava de algo.

— Bem, somos uma família agora. – Ron abriu a porta da varanda. – Olhe o tamanho desse jardim! Podemos plantar uma árvore ali.

Hermione passou a mão em seu cabelo crespo, preocupada. O anel em seu anelar reluzia pelo sol forte.

— Ronald, você sabe que eu não quero ter filhos, não? Já conversamos sobre isso um milhão de vezes. – O homem ruivo virou-se lentamente, assentindo, com um sorriso falso. – Não quero que você faça planos que não vão acontecer.

Ele não conseguia entender. Ela vivia enchendo James de presentes e mimos, se disponibilizando até mesmo em cuidar dele quando Ginny e Harry precisavam sair, mas continuava firme na decisão de não ter filhos. Se sentiria melhor caso ela detestasse crianças?

— Eu sei. – sorriu ele. – Eu sei.”

Ron continuou fitando Hermione e Draco gargalhando de algo. Olhou para não muito longe dali, Astoria Malfoy acabando com uma garrafa de vodka pelo gargalo. Abriu outra garrafa e encheu sua taça, voltando para suas amigas. Diferente dele, Astoria é uma alcóolatra por genética, e não por motivos alheios. Ela não dá a mínima para Hermione, ela conhece seu marido.

Confiança... Algo que Ronald nunca teve.

— Senhor Weasley. – Ronald girou os olhos e seu corpo, virando-se para Scorpius Malfoy, elegante com seu terno, dando a mão para que o homem ruivo apertasse. Rose parecia tensa ao lado do namorado, ainda mais quando o pai olhou para a mão do garoto e não apertou. Scorpius recolheu sua mão, constrangido. – Muito obrigada por aceitar meu convite. Muito obrigada mesmo.

Ron continuou em silêncio.

— Eiii, Scorpius! – a voz de Hermione quebrou a tensão, ela abraçou o garoto, segurando firmemente seu champanhe. – Feliz aniversário!

— Obrigada, senhora Weasley... Granger, me desculpe. – ele estava completamente vermelho, sem conseguir olhar para Hermione. A visão de Scorpius a sua frente e o corpo de Draco ao seu lado quase matou Ronald em uma tacada só.

— Gostou do meu presente? – Rose estava irritada com a presença da mãe, mas Hermione a ignorou. – Seu pai me disse que você estava implorando por essa vassoura e ele só não te deu para que eu pudesse lhe dar.

— Eu não sei como agradecer! – Scorpius parecia excitado. – A vassoura estava extinta de toda Inglaterra!

— Bem, em Washington DC estava sobrando! – riu ela.

— Parabéns pela Taça de Quadribol, Scorpius. – Ronald deu um sorriso cínico. – Fácil ganhar com a Grifinória sem seu melhor jogador.

Os cinco ficaram em um silêncio desconfortável. Draco terminou seu uísque e apertou levemente o ombro de Ronald, sorrindo para seu filho.

— Scorpius, sua prima estava te procurando. – o garoto praticamente saiu correndo, com a mão esquerda grudada na de Rose, que nem se atreveu a olhar para trás. Draco olhou para Ron com uma frieza quase tocável. Hermione notou o clima ruim e paralisou, com medo de acontecer uma cena entre os dois. A voz do Malfoy foi polida e seca: – Não estrague o aniversário do meu filho.

Ron empurrou a mão de Draco com brutalidade, afastando-se.

Estava ali há uma hora e já estava com vontade de quebrar tudo. Posicionou-se ao lado de Harry, segurando seu copo de suco, constrangido e irritado. O amigo o olhou de relance e entrou reparou o quão irritado ele estava. Apenas continuou conversando com o grupo de pessoas ao seu redor, não incluindo e nem excluindo Ronald da conversa.

— Rapazes, se me permitem... – Harry sorriu, tocando seu smoking, direcionando Ron para longe do grupo. Caminharam até a mesa de bebidas, o homem de óculos encheu sua taça de champanhe, desconfortável com o olhar de Ron. Acabou deixando a taça e pegou um copo de suco também. – O que foi?

— Eu quero ir embora, eu não quero ficar aqui.

— Você acha que eu estou adorando? Ah, Astoria Malfoy! – Ron olhou a mulher loura caminhando em direção deles, com um sorriso confidente. Ele a achava uma desequilibrada alcoólatra e não entendia como Draco não sentia um pingo de dó da mulher e não a internava de vez.

— Harry Potter. – ela sorriu, o observando beijar sua mão. – Ronald Weasley...

Ron beijou sua mão, desconfortável com a presença dela. Parecia uma veela, apesar de não ser nem mesmo mestiça.

— Onde está Ginny?

— Ah... Ela teve que ficar em casa, Lily está um pouco mal. – Ronald olhou para o amigo rapidamente, terminando seu suco. Ela não foi porque o convite “Harry Potter e família” era muito especifico entrelinhas para que James Potter passasse longe do ambiente.

— Que vergonha. – ela fez um biquinho, notando o suco nas mãos de Harry. – Oh, acabou o champanhe?

— Ah, não... Eu... – ela notou o copo nas mãos de Ron e pareceu compreender. Harry arrumou seus óculos, risonho. – Preferi dar uma pausa.

Astoria sorriu para o Potter e então analisou Ron lentamente, com os olhos semicerrados. Levantou levemente sua taça de vodka e aconchegou-se em seu casaco de pele.

Saúde, senhor Weasley.— sussurrou antes de ir, juntando-se à seu marido. Harry e Ron se fitaram por alguns segundos, compartilhando pensamentos. Os dois se distraíram um pouco conversando com outras pessoas, mas às dez, Ronald estava exausto de fingir que estava gostando da festa e foi atrás de Hugo e Rose, pronto para ir embora.

Hugo despediu-se de seus colegas do segundo ano e seguiu o pai pela festa, enquanto ele procurava Rose com os olhos. Foi até Hermione, que conversava com uma estilista famosa e tocou seu braço levemente, dando um sorriso para a mulher idosa.

— Nós estamos indo, onde está Rose?

— Agora? – indagou ela.

— Sim, onde está ela?

— Lá fora, estão testando a vassoura de Scorpius. Ron, você não quer me esperar? Eu só vou falar com Astoria...

— Não, por favor, fique. – ele pegou a mão de Hugo. – Pode ficar.

Ele ignorou o olhar pesado e decepcionado de sua ex esposa, saindo para o jardim. Ignorou o garoto louro sobrevoando o gramado em sua vassoura de luxo e foi atrás do afro ruivo aplaudindo e rindo para o vulto.

— Rose, vamos embora. – ela virou-se, horrorizada.

— Já? A festa nem começou!

— Ronald, deixe ela aqui e nós vamos...

— Eu não vou embora com você. – Rose olhou a mãe com nojo. – Papai, deixe eu ficar! Vou para a casa de Tio Harry.

— De jeito nenhum, seu tio já está indo também, anda Rose, sem drama, vamos. – A garota parecia desesperada, tentando achar algum parente.

— Eu posso dormir na casa de Roxanne? Papai, é aniversário do meu namorado, por favor!

—  Ronald, eu vou estar aqui, pode deixar... – Hermione apertou o braço do homem, que estava começando a ficar irritado.

— Não preciso que tome conta de mim! – retrucou Rose. A mulher perdeu a paciência e olhou a garota com raiva.

— Pare de ser mal criada comigo, Rose! – sibilou ela.

— Rose, se despeça dele agora! – ordenou Ronald.

— Não, eu não posso ir, nem cortaram o bolo, pai! – choramingou a garota. Começaram a chamar atenção. Scorpius desceu de sua vassoura, indo até a família da namorada. Draco notou o burburinho, mas conteve-se, ainda entretendo um grupo de investidores falantes.

— O que está acontecendo? – sorriu Scorpius.

— Rose está indo para casa, feliz aniversário, tchau. – Ron pegou a mão de Rose, mas ela soltou-se bruscamente.

— Eu não vou!

— Rose, não me faça perder a paciência. – ameaçou Ronald, curvando-se bruscamente para a garota.

— Ei, calma, ninguém vai embora, Ronald, pode ir com Hugo, Rose e eu vamos em seguida. – Hermione entrou na frente, cautelosa.

— Por que ela não pode ficar? – indagou Scorpius, abraçando sua namorada pela cintura.

— Porque ela é minha filha e eu mando nela. – explicou Ron, com cinismo.

— O que está acontecendo? – questionou Draco, aparecendo ao lado de Scorpius. O jardim criou o clima tenso, com olhares indiscretos e curiosos. Ron estava prestes a explodir.

— Seu filho não sabe cuidar da própria vida. – respondeu Ronald.

— Pai! – Rose estava prestes a começar a chorar, assustada.

— Hermione, será que pode tirar esse caipira da minha festa? – questionou Draco, educado, pegando na cintura da mulher negra.

— O quê você disse? – Ron deu um passo largo, quase encostando em Draco, que permaneceu duro em seu lugar. Hugo tentou puxar o pai pelo braço, assustado, assim como Rose, Hermione e Scorpius, tentando entrar no pequeno espaço deixado entre os dois.

— Chega! Chega de se envergonhar! – sibilou Hermione, tentando empurrar Ron com o braço e a bolsa. – Chega, Ronald!

— Vou ter que chamar os Aurores? – indagou Draco.

— Você devia chamar sim, para pagar a mensalidade de propina. – Ron elevou a voz. – Não é? Conte para o seu filho o que sua tia fez com a minha esposa naquela sala. O que aconteceu no porão, ele sabe?

Draco estava duro feito pedra enquanto as crianças e Hermione tentavam empurrar Ronald para trás. Harry finalmente aparecer e quase quebrou o ombro de Ron, o trazendo bruscamente para trás.

— Bem, acho que essa é nossa deixa! – sorriu ele, arrumando os óculos. – Feliz aniversário, Scorpius. Draco...

O Malfoy olhou para Harry, assentindo lentamente.

Ron pegou na mão de Hugo novamente e ignorou os olhares, dirigindo-se a saída. Rose estava chorosa atrás deles, com Hermione e Harry a consolando. O homem ruivo sentiu um remorso terrível ao perceber que Hugo estava trêmulo de tanto medo.

Minha esposa.

Ron iria passar um mês se torturando por aquele deslize na frase. Mesmo soluçando, Rose, afastou-se bruscamente de Hermione, que tentou abraça-la, e agarrou seu tio Harry, ignorando a mãe. Hermione respirou fundo e caminhou em silêncio, sem tirar os olhos de seus pés.

“– O que aconteceu? – Ron estava exasperado, ofegante, com os olhos desesperados a procura de sua filha em um dos leitos do Pronto Socorro. Hermione estava chorosa e trêmula, mas ainda assim irritada.

— Ela... As mãos dela estão em carne viva, eu a peguei no banheiro... – ela soluçou. – Como isso aconteceu? Como eu não notei isso?

Uma enfermeira aproximou-se deles enquanto a medibruxa curava a mão da pequena Rose.

— O psicólogo irá chegar logo, mas a doutora disse que possivelmente seja TOC. Fiquem tranquilos, ela não está sentindo dor. – Hermione olhou sua filha de nove anos, sorrindo, ainda um pouco chorosa, para a varinha da medibruxa, que brincava com ela enquanto executava o feitiço.

— Nós precisamos tirar as trancas das portas... Precisamos...

— Hermione, calma, você não tem culpa. – Ronald apertou os braços da esposa. Ele mal notara a assistente de Hermione no canto da cama, falando no telefone.

— Senhora Weasley, sua palestra começa em... – alertou ela.

— CANCELE! – gritou Hermione, assustando a enfermaria. Ronald tentou sentá-la, mas nunca a vira tão nervosa, soltou-se dos braços de Ronald, e cobriu o rosto, trêmula. – Jane, por favor... Cancele, eu não posso ir.

— Hermione, pode ir, isso é importante, eu cuido dela.

— Não! – ela parecia chocada e nervosa, arregalando os olhos para o homem. – Você enlouqueceu? Eu não posso deixa-la aqui, assim! Mas que droga...

Ela sentou-se ao lado de Rose, acariciando seu cabelo e beijando sua testa. Ronald e Jane se entreolharam, não acreditando que Hermione iria cancelar sua palestra para a maior universidade de Londres. Os dois continuaram em silêncio, observando o feitiço devolver a Rose sua pele pálida”

Irma Thomas – Anyone Who Knows What Love Is (Will Understand)

— Eu aparato com Rose e você...? – combinou Harry, apontando para Hugo.

— Obrigada. – sorriu Ron, e em segundos, Harry desaparecera. – Vamos?

Hermione passou a mão em suas madeixas e respirou fundo, erguendo o pescoço.

— Na verdade, eu vou ficar. – Os dois se fitaram superficialmente e então Hermione abaixou-se e beijou a bochecha de seu filho, dando as costas para os dois, e voltando para a Mansão Malfoy. Ronald respirou fundo e Hugo puxou seu terno.

— O que a tia de tio Draco fez com a mamãe? – indagou ele.

Ron fitou os olhos do filho, sentindo-se vazio.

Aparataram em um segundo.


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Notas finais do capítulo

A Astoria ela tem aquele alcoolismo da Allison de Orphan Black, e aos que não conhecem, não é um alcoolismo "afunda mágoa", é simplesmente o prazer de beber mesmo. Não que exista tipos de alcoolismo, é só pra diferenciar ela do Ronald mesmo.

O TOC da Rose é relativo a limpeza, tenho uma fanfic explorando isso, se chama Os Minutos.

E sim, eu mantive esse clichê do Ron não gostar do Scorpius hahaahahhaha Por mais inofensivo que o garoto seja.

Beijos ;)