O conselheiro amoroso. escrita por Mical


Capítulo 6
4° dia - Sensual. (Parte 2)




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P.o.v Oliver Queen.

— Por que você ainda está se contendo? — ela sussurrou.

Como eu poderia me controlar depois disso? Ela não estava facilitando a minha vida. Olhei fundo em seus olhos, procurando por algum sentimento que fosse além do desejo. Ela era apaixonada por Ray Palmer, isso já estava mais que óbvio, mas as palavras dela tornava mais difícil acreditar que ela não sentia nada por mim. Não sei porque, mas eu tinha a necessidade que ela sentisse algo, que ela pelo menos sentisse o que eu estava sentindo por ela naquele momento, que eu sentia desde o momento que a vi pela primeira vez.

Os olhos de Felicity brilhavam de expectativa pela minha resposta. Eu estava prestes a carregar ela em cima da escrivaninha e tomá-la como tenho desejado durante esses quatro dias. Quatro dias! Pelo amor de Deus, eu a conhecia a menos de uma semana! Isso não me impediu de apertar ainda mais o corpo dela contra o meu, o suficiente para nossos narizes se encostarem. Eu já estava prestes a mandar meu profissionalismo para o inferno quando o soar da campainha quebrou aquele momento.

Afastei-me de Felicity num único impulso, tomando consciência do que estava prestes a fazer. Por Deus, Oliver, ela está apaixonada por outro homem, que por acaso você assinou um contrato comprometendo-se a ajudar a conquistar! Desviei meu olhos dos dela, que mostravam decepção e passei uma mão pelo cabelo, querendo simplesmente voltar no tempo e apagar aquelas últimas horas. Assim eu não teria muito o que me martirizar quando ela reafirmasse seus sentimentos pelo Palmer.

Deixei Felicity no quarto e fui atender a porta, mesmo sabendo quem era. Helena estava responsável por arrumar Felicity para o leilão e eu também teria que me arrumar, já que a família Queen havia marcado presença nesse evento, e é claro que o Palmer não poderia chegar no apartamento de Felicity e me encontrar ali.

— Que bicho te mordeu? — Helena perguntou sarcástica quando eu abri a porta.

Não respondi, apenas passei direto para o corredor, rumo ao carro que com certeza estava me esperando. Pedi para Diggle trazer Helena para que ele pudesse me levar de volta. Diggle! Ele com certeza riria de mim e jogaria minha confusão na minha cara sempre que tivesse a oportunidade quando eu contasse a ele o que aconteceu no apartamento de Felicity.

Apertei os olhos quando entrei no elevador só com a lembrança: Felicity deitada, de olhos fechados e lábios entreabertos, mordendo o inferior vez ou outra; apertando as coxas e praticamente implorando pelo meu toque com o corpo. Isso nunca havia acontecido antes, geralmente as clientes ficavam constrangidas logo no começo e desistiam dessa parte do treinamento. Mas Felicity não. Ela se entregou totalmente, tanto que eu me dei ao luxo de provocá-la um pouco mais, subindo minha mão pelas suas coxas. E que coxas! Ela era o que a descrição de perfeição feminina dizia. Mas nada me preparou para o que veio a seguir. Não havia o que me preparasse para a excitação que me tomou quando suas mãos pequenas tomaram o controle da minha, conduzindo ela para o local que meus dedos formigavam de vontade de estar. Eu fiquei realmente sem reação. Eu não podia ultrapassar os limites, mas... Deus! Eu simplesmente queria me deitar por cima dela e provar da sua boca, dos seus seios, e da sua intimidade. Como se tivessem criado vontade própria, meus dedos invadiram sua calcinha e eu quase cheguei ao clímax quando a senti úmida e quente.

Eu realmente precisei do banho gelado que tomei. Mas quase nem ele resolveu o caso.

Entrei no carro contrariado, sabendo que eu não conseguiria enganar Diggle de alguma forma, por isso a melhor saída era contar a verdade de uma vez. Olhei pela janela escura ao mesmo tempo que senti o olhar de Diggle em mim pelo retrovisor.

— Já pode me falar qual é o problema. — falou.

Como eu disse: eu não conseguiria enganar Diggle. Ele sempre sabia quando havia algo de errado comigo.

— Você estava certo. — murmurei num suspiro.

— Certo sobre o que dessa vez?

Encarei a imagem dele através do espelho retrovisor. Ele sabia do que eu estava falando, mas não me deixaria em paz até que eu falasse a minha desgraça em voz alta.

— Eu sou um maldito apaixonado por Felicity Smoak! — exclamei entre dentes.

Diggle assumiu aquele sorrisinho vitorioso de quem diz "eu te falei". O desgraçado realmente havia me falado, desde que o informei que havia antecipado uma cliente por que a achei fascinante ele disse: "Você vai acabar se apaixonando por ela". E eu, sendo eu, ri da cara dele até a minha barriga doer. Agora era ele que estava rindo da minha cara.

[...]

Onde diabos está a Felicity?

— O.Q.

Mandei a mensagem com tanta raiva que quase joguei o telefone no chão. O jantar antes do leilão já havia começado à meia hora e nem sinal da loira com o Palmer. Helena respondeu rapidamente a mensagem.

Ray Palmer buscou ela já faz algum tempo. Eles ainda não chegaram?
— H.B.

Ah, claro que já chegaram. Só perguntei onde diabos Felicity estava porque queria ter certeza que ela está invisível.

Pare de fazer perguntas idiotas, a quanto tempo eles saíram?
— O.Q.

Pare de ser tão chato. Eles saíram há pouco mais de meia hora.
— H.B.

Meu coração falhou uma batida. Meia hora?

O Palmer falou se ia levar Felicity para algum lugar antes do leilão?
— O.Q.

Não. De repente ele parou no meio do caminho porque não queria esperar até o final da noite pra ver o que a Felicity tem por baixo do vestido. Ela está de parar o trânsito, minha mais perfeita obra prima.
— H.B.

Comprimi os lábios em irritação. Mas tentei disfarçar:

Você não vem para o evento?
— O.Q.

Estou saindo agora. Demorei muito tempo arrumando a Felicity. Vou pegar um taxi.
— H.B.

Okay.
— O.Q.

Quando eu estava prestes a colocar o telefone no bolso, apitou uma nova mensagem.

Porquê a Felicity não sabe que você é um dos bilionários de Starling?
— H.B.

Franzi o cenho.

É claro que ela sabe.
— O.Q.

Não, não sabe. Ela pensa que todo o seu dinheiro é resultado de ser um conselheiro amoroso.
— H.B.

Pisquei surpreso para o telefone. Como assim ela não sabe? De vez em quando eu sou capa de uma revista de fofocas pelas minhas noitadas. E mesmo quando as minhas clientes não me conhecem, elas jogam o meu nome no google só pra ter certeza que eu não sou algum maníaco ou um golpeador. A Felicity é formada em T.I, e eu sou o herdeiro da empresa que mais investe nesse ramo em toda a Starling City! Mais uma vez Felicity Smoak conseguiu me surpreender.

E você falou pra ela?
— O.Q.

Nao, eu pensei que você não queria que ela soubesse. Às vezes você não gosta que mencione que "Bilionário herdeiro das consolidações Queen" está no seu currículo.
— H.B.

Tudo bem. É uma informação desnecessária para a Felicity. Estou aqui para ajudar a conquistar o Palmer.
— O.Q.

Não recebi mais mensagens depois disso, ou não percebi que recebi. Por que Felicity chegou acompanhada do Palmer no exato instante que coloquei o celular no bolso.

Dios mio. Quando Helena falou que Felicity era sua mais perfeita obra prima, não era verdade. Felicity era mais perfeita que qualquer obra prima. Seus lábios carnudos estavam ressaltados pelo batom extremamente vermelho que usava, que combinavam com o vestido. Seu andar era naturalmente elegante e a cada passo sua perna ficava à mostra. Me arrependi na hora de ter escolhido esse vestido. Por onde ela andava chamava atenção para suas pernas. Tive vontade de tirar o terno e cobrí-la com ele. E ainda havia um objeto brilhante em seu pescoço: um colar de diamantes. Ray comprou um colar  de diamantes para ela? Eu quis rir, ela deve ter ficado chateada com o presente caro, se o Palmer a conhecesse mesmo que um pouco, saberia que ela não gosta de ser paparicada. Ela era uma mulher diferente. Comprei o vestido para ela com o único objetivo de deixá-la com raiva.

Os olhos dela encontraram os meus em meio aos muitos flashes dos fotógrafos na entrada do evento, ela parecia surpresa em me ver. Demorou alguns minutos até que o Palmer fizesse sinal para que eles se afastassem e então puderam entrar no local. Felicity segurava o braço dele e não parecia nada feliz. Qual o problema? Isso não era tudo o que ela queria?

Não era preciso ser um gênio para perceber que ela não estava colocando em prática os conselhos amorosos de hoje a tarde. Na verdade, ela não estava colocando em prática nenhum dos meus conselhos. Seu rosto estava baixo e ela parecia triste. Seu sorriso era obviamente forçado. Mesmo assim, completamente apaixonado, eu poderia jurar que o Palmer seria capaz de até beijar o chão que ela pisa, caso Felicity pedisse.

Eu precisava falar com ela, mas não podia simplesmente chegar lá e pedir pra falar com ela em particular. Não poderia nem mandar uma mensagem sem correr o risco do Palmer ver. Então eu precisava fazer isso estilo Oliver Queen. E não muito longe de mim estava a solução.

Andei apressado na direção da minha irmã, que conversava animadamente no bar junto com algumas amigas.

— Speedy! — chamei.

— Já falei para não me chamar assim. Não sou mais criança. — ela fingiu estar aborrecida.

— Preciso da sua ajuda. — a puxei pelo braço, encarando o olhar divertido de suas amigas. — Já já a devolvo pra vocês, meninas. — dei uma piscadela.

Thea revirou os olhos ao escutar a risadinha das garotas para mim.

— Você é um cretino safado. — ela brincou dando um soquinho em meu braço.

— Isso não é novidade. — pisquei pra ela, ganhando outro soquinho como resposta.

— Então, maninho, do que precisa de mim?

Thea segurou em meu braço quando comecei a andar em direção à Felicity e Ray.

— Está vendo aquela loira de vermelho, com o Palmer?

— Acho que todo mundo está vendo ela. — comentou. — Ela arrasou no vestido!

— Ela é uma amiga, mas o Palmer não sabe disso, nem pode saber. — expliquei. — Preciso falar com ela, será que você pode fingir que a conhece?

— Pra você ter uma desculpa para chegar perto e convidá-la pra dançar?

Confirmei com a cabeça.

— Conheço seus truques, maninho. Vamos lá. — ela balançou os braços como se estivesse se preparando para uma maratona.

Eu ri. Essa era a minha irmã, sempre pronta para me ajudar até nas coisas mais fúteis. Mas aquilo não era realmente fútil, mas Thea não precisava saber disso. Como os meus pais, ela não sabia da minha segunda vida como conselheiro amoroso, pelo simples fato de que ela me daria um belo sermão caso soubesse, por causa das minhas motivações.

Andamos em direção à Felicity como se fossemos passar direto. O Palmer provavelmente estava explicando para ela algo relacionado ao leilão, pois apontava para cada canto com animação.

— Gertrudes! — Thea chamou animada, acenando com a mão e me puxando para perto de Felicity.

Segurei uma gargalhada pelo nome que ela inventou. Gertrudes, Thea? Felicity iria surtar por acharem que ela tinha esse nome.

— Amiga, quanto tempo! — Thea abraçou Felicity com tanta intensidade que quase a jogou para trás. — Você não me ligou depois das nossas férias de garotas em Las Vegas.

Felicity me lançou seu melhor olhar de interrogação.

— Desculpe, mas eu te conheço? — ela perguntou se afastando do abraço de Thea.

— Qual é, Gertrudes. — Thea deu um sorriso de canto. — Vai dizer que estava tão bêbada que não lembra de mim? Nós duas que pixamos o carro do governador.

Quê? Olhei para Thea.

— Não estou sabendo dessa história. — comentei.

— Detalhes, maninho, detalhes. — ela balançou a as mãos fingindo desinteresse no que eu falei.

— Maninho? — Felicity questionou.

— Oh, que falta de educação a minha. — Thea colocou a mão no peito. — Gertrudes, esse é meu irmão Oliver. Oliver, essa é a minha amiga Gertrudes.

— Meu nome não é Gertrudes! — Felicity sibilou entre dentes. — Acho que ninguém com menos de duzentos anos tem esse nome.

Como eu disse: ela surtaria por acharem que ela tem esse nome. Ray parecia estar voando na história.

— É claro que é. — Thea bufou revirando os olhos. — Quase não te reconheci sem aquela sua verrugona no nariz. Usou Point's amiga?

Thea estava cavando a minha cova, porque Felicity faria picadinho de mim mais tarde depois dessa.

— Você usou drogas? — Felicity questionou arregalando os olhos como se Thea tivesse algum tipo de doença.

— Você não lembra mesmo de mim? — Thea falou com a voz fina, fingindo estar ofendida. — Gertrudes... Nós passamos a metade de agosto em Las Vegas juntas, como você pode não se lembrar de mim?

— Meu nome não é Gertrudes!

— Sinto muito, srta. Queen, mas acho que você realmente se enganou. — Ray finalmente se manifestou. — A srta. Smoak é minha secretária pessoal, e em agosto ela estava trabalhando.

Thea piscou na direção de Ray, fingindo surpresa. Eu compraria um Oscar pra ela!

— Então você não é a Gertrudes? — Thea perguntou voltando a encarar Felicity. — Eu realmente estranhei, Gertrudes tinha uns cem quilos. Achei que tivesse feito plástica.

Felicity deu um passo na direção de Thea. Meu Deus! Era agora que a minha irmã iria ganhar um olho roxo. Mas uma criaturazinha abraçou as pernas de Felicity, impedindo que ela avançasse mais um pouco.

— Tia Felicity! — a diabinha exclamou em felicidade ao abraçar a loira.

Jesus! As coisas não poderiam ficar piores. Estava ficando interessante assistir aquilo.

— Misericórdia, o diabo não... — Felicity pensou em voz alta.

Segurei o braço de Thea e a puxei para perto de mim. Carolina ali só pioraria a situação que Thea já havia deixado difícil. Aliás, o que infernos Carolina estava fazendo ali?

— Dê um jeito de tirar essa garotinha daqui. — sussurrei no ouvido dela, alto o suficiente para que apenas ela escutasse.

Thea concordou com a cabeça, mantendo no rosto um sorriso camarada. Eu já estava fazendo as contas mentalmente do quanto eu gastaria com ela no shopping no dia seguinte.

— Felicity! — uma voz masculina chamou, tirando a minha atenção de Thea. — Aí está a Carol. — ele apontou para a capetinha sorridente. — Mal chegamos no evento e ela sumiu da minha vista.

O Homem beijou a lateral do rosto de Felicity. Parecia contente em vê-la.

— Olá maninha. — continou. — Desculpe não ter avisado com antecedência que eu viria. O representante da Central Pictures não pode vir. Eu acabei tendo que vir de substituto de última hora.

— Maninha? — foi a minha vez de questionar.

— Esse é meu irmão, Roy. E essa a minha sobrinha, Carolina. — Felicity apresentou.

— Da Carol-terror eu lembro.

— Eu também. — Ray murmurou.

Tudo bem, a situação já estava ficando estranha. Felicity parecia querer se enfiar num buraco. O aparente irmão dela estava encarando a cada um de nós com a testa enrugada. Ray Palmer parecia que queria sumir dali com Felicity, a julgar pela mão que ele mantinha firme na cintura dela que eu estava me corroendo por dentro para não tirar. E eu ainda precisava falar com a loira.

Cutuquei Thea com o cotovelo.

— Carolina certo? — minha irmã se abaixou para ficar da altura da pestinha. — Porque você não vem comigo para eu te mostrar o local do leilão?

A pequena fez uma cara de nojo.

— Não. — afirmou. — Não gostei de você, seu cabelo é horrososo.

— Também não gostei de você. Maria Chiquinha com lacinho? — Thea apontou para o cabelo de Carolina. — Qual é, esse penteado já está mais que ultrapassado. Você quis parecer meiga?

— Vou parecer muito meiga quando grudar chiclete nesse seu cabelo de lambida de vaca. — cruzou os braços.

— Garota ultrapassada. Esse truque é mais velho que a minha avó. Quando eu tinha a sua idade eu assustava o Oliver puxando o pé dele de madrugada com um mão falsa que comprei numa loja de fantasia.

Fiz uma careta ao lembrar disso, mas eu dei o troco no dia seguinte colocando laxante no lanche da escola dela. Fiquei de castigo por três semanas.

— Sério? — a pequena pareceu admirada.

— Seríssimo. Se quiser posso te mostrar a mão falsa. Está na minha bolsa, sempre trago pra chanteager o Oliver ameaçando que vou contar pra todo mundo que ele se borrou de medo. — Thea levantou e estendeu a mão para a pequena, que dessa vez aceitou animada.

Felicity, Roy, Palmer e eu ficamos olhando as duas candidatas a satanás se afastarem boquiabertos. Pareciam mãe e filha.

— Case com ela. — ouvi Felicity murmurar.

— Pode deixar. — o irmão dela respondeu enquanto passava por nós para fazer o caminho até a Thea e Carol.

Eu não tive forças para falar nada até que percebi que Ray pretendia de afastar com Felicity. Já estava na minha hora de fazer alguma coisa.

— Felicity, certo? — murmurei para a loira com o meu melhor sorriso cafageste. — Tenho que dizer que você está linda.

Passei os olhos pelo corpo dela lentamente, o suficiente para deixar as bochechas dela da cor do vestido e o Palmer incomodado.

Ele pigarreou para chamar minha atenção.

— Sr. Palmer. — estendi minha mão em cumprimento. — Você se incomoda se eu chamar sua secretária para dançar? Seria crime da minha parte não dançar com a mais bela moça da noite.

— Não me incomodaria, mas...

— Srta. Smoak. — peguei a mão de Felicity antes que o Palmer terminasse a frase. — Me acompanharia em uma dança?

P.o.v Felicity

Cretino desgraçado...

Ele me encarava com aquele sorriso de quem sabia que eu iria aceitar. E eu realmente aceitaria se não fosse a minha curiosidade martelando na cabeça pelo o que o Ray estava falando da famosa família Queen, que eu até então não sabia nada sobre.

— Eu fico lisongeada pelo pedido, Sr. Queen. — forcei um sorriso ao mesmo tempo que Oliver desmanchou o dele. — Mas o Sr. Palmer me convidou primeiro. — menti. — Podemos dançar depois, o que acha?

Eu iria colocar ele contra a parede, e não do jeito bom...

— Claro. — murmurou claramente decepcionado.

Ray pegou a minha mão para que eu o acompanhasse até a pista de dança, deixando um Oliver abismado para trás. O que ele esperava? Que eu ficasse aos seus pés e implorasse pela sua atenção depois dele ter me deixado no meu apartamento sem falar uma única palavra? Eu iria me acertar com ele por causa disso, mas seria depois. Agora eu tinha algo mais interessante para fazer; Ray estava me explicando algo sobre os ilustres convidados da festa e tinha acabado de mencionar a família de Oliver. Aparentemente, ele sabia mais sobre aquela família do que eu.

— Fico feliz que tenha dispensado o Queen. — Ray comentou quando chegamos a pista de dança, onde muitos casais se moviam conforme a música lenta. — Eu detestaria que as pessoas falassem mal de você depois.

Frazi o cenho.

— Como dançar com o Sr. Queen faria as pessoas falarem mal de mim?

— Por causa da fama dele. — explicou como se fosse óbvio.

— Desculpe, Sr.Palmer. Mas você não está fazendo sentido para mim.

Ele pegou minha mão para colocar em seu ombro, ao mesmo tempo em que descia a outra para a minha cintura, me puxando para mais perto. Não pude deixar de notar que a sensação não era tão boa quanto a que eu sentia quando eram as mãos de Oliver que me seguravam.

— Você não conhece nada do mundo dos bilionários, não é? — um sorriso de canto brincou nos lábios dele. — E por favor me chame de Ray. Estamos aqui como acompanhantes, vamos cortar as formalidades.

— Tudo bem... Ray. — sorri. — Pra falar a verdade, o único bilionário que conheço é você.

— Não mais. A pouco tempo você conheceu mais dois: Oliver e Thea Queen.

Não consegui segurar a risada.

— Oliver não é um bilionário. — afirmei. Era brincadeira, certo? Ninguém conseguiria acumular bilhões sendo um conselheiro amoroso.

— Você o conhece?

Oh, merda. Falei demais.

— Não. — menti. — Mas ele não parece ser um bilionário pra mim.

— Ele é. — garantiu. — Ele é herdeiro da principal empresa de Starling City, as Consolidações Queen. Ele irá assumir como CEO da empresa assim que seu pai se aposentar. Sinceramente... — olhou em meus olhos, divertido. — Com o arranha céu que a empresa tem no meio da cidade com o sobrenome Queen estampado, eu não sei como você nunca tinha ouvido falar na família Queen.

Meus lábios se separaram automaticamente em completa supresa. Eu já tinha visto esse arranha céu várias vezes, mas eu nunca, nunca mesmo, havia relacionado ele ao Oliver. Na minha cabeça o letreiro escrito Queen era apenas o nome da empresa que era a principal concorrente da Palmer Tech. Eu, como secretária de Ray Palmer, deveria ser a primeira a saber de tudo sobre a família Queen. Era tudo tão óbvio que eu me sentia uma burra por não ter percebido antes. Mas porque diabos Oliver era um conselheiro amoroso se ele era um bilionário? Essa pergunta somente ele poderia me responder. No momento, Ray poderia me dar a resposta para outra pergunta:

— Você ainda não me respondeu como dançar com o Queen me deixaria mal falada. — comentei em tom de brincadeira. Mas eu sem dúvida não estava brincando.

— Oliver Queen... digamos que envergonha o nome de sua família. — começou se aproximando mais de mim, falando em tom de confidência. — Eu não sei como a pai dele vai ter coragem de deixar todas as empresas na mão dele ano que vem. Todo final de semana ele é capa das principais revistas de fofocas.

— Mas porquê? — quis saber.

— Ele é sem dúvida o homem mais mulherengo da cidade.

— Mulherengo?

— Sim. Todo final de semana é visto com uma mulher diferente. — explicou. — Sempre com modelos e pessoas da alta sociedade. Ele nunca falta à eventos como esse e geralmente leva pra cama a mulher mais bonita. No dia de hoje, acho que ele quer levar você, por isso tome muito cuidado com ele. — alertou.

Eu não sabia exatamente a minha expressão naquele momento. Só sei que desviei meus olhos dos de Ray para assimilar o que ele tinha acabado de falar. Oliver, mulherengo? Não! Ele era um conselheiro amoroso, seu trabalho era ajudar mulheres que não conseguiam conquistar a pessoa amada. Ele acreditava no amor, porque ajudavam pessoas motivadas pelo amor a ficarem juntas! "Mas o que Ray disse não parece fazer sentido?", minha mente contestou, "Oliver se comportou completamente normal depois daquela episódio na cama. É realmente uma surpresa saber que ele acha o sexo com qualquer mulher normal?".

Eu me recusava a acreditar naquilo. Mesmo assim esse não era o meu único ressentimento contra Oliver. Eu já não queria mais continuar com aqueles conselhos. A pessoa que Ray estava dançando naquele momento e que ele havia tratado tão bem e comprado presentes caros não era Felicity Smoak, era uma pessoa inventada por Oliver Queen que demonstrava a todo custo qualidades ensinadas por Oliver Queen. Virei meu rosto para o lado e encontrei os de Oliver a alguns metros de distância. Ele estava sentado no bar e parecia triste ao admirar minha dança com o Ray.

Ele era um conselheiro amoroso...

— ... Ele não deveria acreditar no amor, como qualquer pessoa normal? — completei o pensamento num sussurro fraco. Eu precisava que ele acreditasse no amor...

Ray soltou uma risada forçada, não percebendo que eu encarava Oliver enquanto ele falava:

— A última pessoa presente nesse evento que acredita no amor é o Queen. — comentou sarcástico. — Ele trata as mulheres como lixo, as usa e depois joga fora, por isso me senti na obrigação de alertar você. Pelo menos ele nunca mais se envolveu em um grande escândalo.

— O que quer dizer?

— Foi à quatro anos, mais ou menos, você ainda não estava na cidade por isso não ouviu falar nessa história. — explicou. — Oliver namorava a filha do capitão da cidade, a única namorada que ele teve a sua vida toda. Ele a traiu com a irmã dela e postou o vídeo da traição nas redes sociais. Não preciso falar que o vídeo repercutiu em toda a cidade e os membros do conselho da QC questionaram a capacidade do Queen Jr de assumir o controle da empresa...

Eu encarava os olhos azuis distantes de Oliver sem nenhuma reação. Eu não acreditava que ele era capaz de fazer isso, trair uma pessoa com a própria irmã e depois postar o vídeo nas redes sociais? Que tipo de pessoa fazia uma coisa dessas? Era difícil acreditar que o homem que eu me apaixonei em tão pouco tempo que era o autor dessas atrocidades.

— ... Foi um ano bom para os negócios, afinal. — Ray continuou. — A QC perdeu credibilidade e consequentemente perdeu alguns acionistas. Depois disso Oliver Queen não se envolveu em escândalos tão grandes, mesmo assim, eu não gostaria que você saísse na capa de uma revista de fofocas como uma suposta nova conquista do Queen.

Desviei meus olhos dos de Oliver, não aguentava mais olhar para ele, eu sentia como se todo aquele episódio no meu apartamento mais cedo não tivesse passado de mais um capricho sexual de Oliver Queen. E eu, sendo uma completa idiota, tinha que ter me apaixonado por esse cretino!

Voltei a encarar Ray com os olhos ardendo pelas lágrimas que queriam se formar. Eu não estava triste. Eu estava com raiva. Eu estava magoada. E essa reação com certeza não passou despercebida por Ray.

— Você está bem? — ele perguntou preocupado.

— Na verdade, não. — admiti. — Eu acho que preciso de ar.

— Quer que eu chame algum médico?

— Não será preciso. Eu apenas preciso pegar um ar sozinha. — me prontifiquei em falar, afastando Ray de mim. — Com licença.

Dei graças a Deus ao perceber que Ray não me seguiria. Eu realmente precisava de um tempo para assimilar tudo aquilo.

Eu entrei em tantas portas  e subi tantas escadas daquele local procurando um local vazio que nem percebi o caminho que fiz para chegar na pequena varanda que encontrei, pelo menos parecia uma varanda para mim, daquelas. Tinha uma pequena cadeira no canto, mas eu resolvi me apoiar no parapeito, sentindo a leve brisa se jogando contra o meu rosto. Eu queria que ela pudesse apagar aqueles últimos dias, assim eu não me sentiria uma completa idiota. Eu não tomaria a pior decisão da minha vida: procurar um conselheiro amoroso. Eu não fingiria ser uma pessoa que eu não sou apenas para conseguir a atenção do homem que eu gostava. Mas acima de tudo, eu não conheceria Oliver Queen, e consequentemente não me apaixonaria por ele.

Ouvi passos se aproximando de onde eu estava e pelo canto do olho reconheci quem era pela silhueta.

— Eu fui apenas mais uma das suas conquistas? — murmurei sem olhar pra ele. — Ou você não me considerou uma conquista porque não chegou a me levar pra cama?

Oliver arfou.

— Do que você está falando?

— De você. — respondi simplesmente. — Não é isso o que você faz, dorme com uma mulher diferente a cada final de semana ao mesmo tempo que convence outras a conquistar alguém que ame?

Houve um silêncio por alguns segundos.

— E eu pensava que você não sabia nada sobre mim. — ele falou para si mesmo. Mas ele não sabia o quando a confirmação das histórias horríveis que eu ouvi dele doíam em mim.

— Sabe Oliver. — engoli em seco, me virando para encará-lo. — Desde pequena, como qualquer outra garota, eu sonhava com o meu príncipe no cavalo branco. Que me amava e que eu amava de também. Aí eu encontro Ray Palmer e decido contratar um conselheiro amoroso para me ajudar a conquistá-lo. Só que nem o meu conselheiro acredita no amor...

— Eu acredito no amor. — ele me interrompeu.

— E é por isso que você nunca dorme duas vezes com a mesma mulher?

Oliver abaixou o olhar, cogitando o que dizer.

— As mulheres que eu durmo não querem um relacionamento sério. — explicou voltando a me encarar. — Elas, assim como eu, só querem uma noite de prazer.

— Então essa é a sua filosofia para sexo? Algo fútil usado simplesmente para um momento de prazer?

— Sim, essa é a droga da minha filosofia para sexo! — sua voz se elevou. — Eu ainda não entendo o motivo para essa discussão.

— Olhe para mim, Oliver! — pedi quase gritando. — Olhe para esse vestido, olhe para a merda da minha personalidade? Eu me perdi no meio de toda essa "mulher perfeita" que você criou em mim.

— Você pediu isso. Você assinou um contrato dizendo que queria que eu a ajudasse a conquistar o Palmer.

— A troco de quê? Eu não me reconheço. Você não ajuda mulheres a conquistar o verdadeiro amor. Você as incentiva a assumir uma máscara de uma pessoa diferente para poder chamar a atenção do homem que ama! — acusei. — Não era pra ser assim, Oliver! Não era pra ser!

— Então como era pra ser?

— Se o que você ensinasse fosse o amor verdadeiro não era preciso eu fingir ser outra pessoa para chamar a atenção do Ray. — minha voz saiu mais baixa, magoada. — Você incentiva as mulheres... Você inventou uma mulher em mim. Você me impediu de ser eu mesma. A mulher que você diz que Ray está se apaixonando não sou eu, é a mulher que você me incentivou a ser. Eu não sei o que é isso, Oliver, mas isso não é amor.

Ele apertou a mandíbula, claramente consternado.

— E o que diabos você sabe sobre o amor? — falou baixo de modo acusatório.

Soltei uma risada forçada.

— O que diabos você sabe sobre o amor? — minha voz voltou a se elevar. — Você se auto entitula "conselheiro amoroso", mas nem mesmo você acredita nos seu próprios conselhos. Você trata as mulheres como lixo! Você me tratou como uma qualquer.

— Droga, Felicity, quando foi que eu te tratei assim?

— Quando você estava me segurando contra o seu corpo. Quando a sua mão entrou na droga da minha calcinha! Você me deixou confusa.

Eu te deixo confusa? — ironizou. — Você que diz que está apaixonada por outro homem e mesmo assim quase faz amor comigo. Você que me deixa confuso, Felicity Smoak!

Eu?

— Você que é um conselheiro amoroso que sempre dorme com uma mulher diferente e queria me colocar na sua listinha! — acusei.
— Eu nunca se quer pensei em você como as mulheres com quem durmo.

— Isso porque você quase transou comigo. — avancei um passo em sua direção. — Eu não sei porque aceitei os seus conselhos. Se eu soubesse que tipo de pessoa você é não tinha entrado na droga do seu consultório!

— E porquê você não pesquisou sobre mim? — ele questionou, dando um passo em minha direção como desafio.

Pisquei surpresa pela pergunta. Como assim porque eu não pesquisei sobre ele?

— Todas as minhas clientes. Eu repito: todas... — falou antes que eu pudesse ter a oportunidade de questionar. — ... que ainda não me conhecem pesquisam sobre mim na internet e descobrem mais sobre a minha vida. Você poderia ter feito isso, porquê não fez?

Aquela era uma boa pergunta. Eu fiquei encarando Oliver por alguns segundos, cogitando mentalmente se deveria contar a verdade para ele. Mas eu não sabia se me rebaixaria a esse ponto... Eu sempre me orgulhei de ser uma pessoa que toma precauções. Mas quando se tratava de Oliver Queen eu esquecia todas elas.

— Porquê, Felicity?! — exigiu.

— Porque, como o inferno, eu confiava em você! — admiti num grito. — Que droga, Oliver, eu me apaixonei por você!

Ele deu dois passos largos em minha direção e eu mal tive tempo de assimilar o que aconteceu antes de seus lábios cobrirem os meus. Oliver me beijou de modo urgente e sua força quase chegava a me machucar, mas eu gostava. Passei meus dedos pela sua nuca puxando seu rosto para o meu, expressando mágoa e paixão num único ato. Eu o queria, e mesmo com todos os meus questionamentos e ressentimentos contra Oliver, eu ainda era perdidamente apaixonada por ele. E eu me sentia mal por isso.

As mãos de Oliver desceram pelas minhas coxas, atiçando minha intimidade. Suas mãos eram firmes, experientes, assim como sua língua que entrou na minha boca sem pedir permissão, aprofundando ainda mais o beijo. Eu não sabia que ele havia me empurrado para trás até que senti meu quadril bater contra o parapeito da varanda. Ele estava me enlouquecendo, e eu estava me deixando enlouquecer. Porque, maldito seja, mas eu queria aquele homem! Num impulso firme, Oliver agarrou meus dois joelhos e os puxou para cima, me obrigando a sentar no parapeito. Enlacei minhas duas pernas no seu quadril para impedir que ele se afastasse. Eu queria mais contato, muito mais.

Seu lábios macios faziam o contorno dos meus famintos e eu retribuía na mesma intensidade. Deus! O que tinha acontecido comigo? Eu estava com ressentimentos contra Oliver guardados, estava com raiva e estava confusa. Mas em vez de conversar e resolver isso como uma pessoa normal, eu estava agarrando Oliver e o beijando como se minha vida dependesse disso. E a sensação era boa, me dando vontade de querer mais. Puxei sua gravata sem interromper o beijo, ansiosa por mais contato. Parecia que Oliver queria o mesmo, pois desceu seus lábios para meu pescoço e lentamente para a parte dos meus seios que apareciam por cima do decote do vestido. Entrelacei meus dedos em seu cabelo, querendo sentir mais daquele contato, muito mais. Só então percebi a altura em que estávamos, o prédio tinha quatro andares e nós estávamos quase no topo, mas isso não me deixou com medo, pelo contrário, me deixou excitada. Perigo, adrenalina e Oliver Queen eram uma combinação perfeita.

Oliver agarrou a parte lateral do meu vestido e, com um impulso firme, abriu uma grande parte que deixou meus seios livres para ele. Mas eu queria seu lábios, eu queria todo ele.

Agarrei sua cabeça com as suas mãos e colei meus lábios nos dele novamente, urgentes como antes. Oliver agarrava a minha cintura e puxava meu corpo contra o seu. Eu sentia toda a extensão do seu peitoral contra mim, mas aqueles panos estavam me impedindo de realizar o que queria. Minhas mãos apressadas passeavam pelas costas dele, desesperadas para encontrar alguma parte que eu pudesse sentir o calor de sua pele. Mas, como num lapso de consciência, elas pararam.

O que eu estava fazendo?

Oliver era o tipo de homem que faz sexo por diversão, que nunca dorme com a mesma mulher e quer fazer exatamente isso comigo. Onde estão os seus princípios, Felicity? Oliver era o homem que se se dizia um conselheiro amoroso, mas que me fez ser uma pessoa que eu não era. Ele apenas me ensinou que o amor era um teatro, contrário de tudo o que eu acreditei na minha vida toda. E eu estava ali, sentada no parapeito do terceiro andar de um prédio, beijando e me entregando totalmente a um homem que não correspondia os meus sentimentos.

Não. Eu era mais forte que isso.

Minhas mãos foram automaticamente para o peito de Oliver e eu o empurrei. Foi um empurrão fraco, mas o suficiente para que ele entendesse o recado e se afastasse, e eu o agradeci mentalmente por isso. Arfante, eu desci do parapeito, mas continuei encostada nele enquanto tentava normalizar a respiração. Eu não tive coragem de encarar Oliver quando sussurrei:

— Não vou ser mais uma na sua lista de conquistas.

— Por Deus! Felicity. — ele sensurou, mas sua voz ainda estava arfante como a minha. — Nunca, jamais, pense que um dia eu vou te tratar como uma qualquer.

Levantei meus olhos para os dele, perplexa por ele ter a audácia de me fazer uma promessa.

— Você é um conselheiro amoroso que não acredita no amor. — sibilei magoada. — Você é um maldito bilionário que usa a fama e o dinheiro para conseguir mulheres. O que diabos quer que eu pense de você?

— Sei que você acha que tem motivos para pensar o pior de mim. Mas a vida que levo não tem absolutamente nada haver com a minha carreira como conselheiro.

— Então nós temos teorias muito diferentes. — declarei ao encará-lo fixamente. — Apenas me diga, Oliver: Porque você se dá ao trabalho de ser um conselheiro amoroso se já tem toda a fortuna que precisa para ter o que quiser? — não esperei uma resposta. — Quer saber, acho que você se quer tenha amado alguém na vida.

Oliver não me respondeu imediatamente e nem esboçou qualquer reação. Esgotado, ele se arrastou até a pequena cadeira que estava encostada na parede e se sentou nela, parecendo que havia acabado de perder a pior das batalhas. Ele ficou em silêncio por um tempo, e nem eu nem ele tivemos coragem de falar alguma coisa até que ele juntou as mãos e voltou o rosto em minha direção, mas seus olhos não focavam em mim.

— O nome dela era Laurel. — murmurou com dor na voz.

— Era?

— Ela morreu há três anos num acidente de carro junto com meu melhor amigo, Tommy.

Me compadeci dele nesse momento. Seu rosto se contorceu em tristeza com a lembrança dita em voz alta.

— Eu sinto muito... — sussurrei sincera.

— Eu a amava. — declarou. — Amava como a minha vida. Ela foi a única namorada que eu tive a minha vida toda.

A memória das palavras de Ray me vieram instantaneamente.

— E foi por causa desse amor que você a traiu com a irmã dela?

Oliver soltou a respiração de modo pesado com as minhas palavras, inclinando o dorso para frente em sinal de arrependimento.

— Eu a amava. — voltou a afirmar. — Mas como todo playboy bilionário, eu achava que eu não devia me envolver num relacionamento sério com uma mulher que não tinha as cinco qualidades que o homem ama. — ele encarou o chão. — Todas as vezes que eu me juntava com os meus amigos nós estabeleciamos uma qualidade e... Era geral, todos gostavam das mesmas cinco. Mas Laurel não tinha a número três.

— Ela não era reservada. — conclui.

Oliver balançou a cabeca, concordando comigo.

— Ela era ciumenta, queria sempre saber por onde eu estava e o que estava fazendo. Os meus amigos me pressionaram a terminar com ela mas eu não queria... — arfou. — Eu não queria... Eu via em Laurel a mãe dos meus filhos. Mas eles continuaram me pressionando e eu, para impressioná-los, sugeri que eu terminasse o namoro em grande estilo transando com a irmã dela, Sara.

Ele olhou em minha direção, seu olhar distante e completamente culpado. Ele se martirizava por isso.

— Ainda lembro da feição dela quando viu o vídeo... Aquela feição me assombra de noite e me lembra que sou uma pessoa horrível.

Eu queria discordar, queria mesmo. Mas eu apenas fiquei com a boca aberta sem conseguir encontrar a minha voz.

— Eu esperava que um dia ela me perdoasse e pudéssemos ficar juntos. — continuou. — E quando ela morreu eu... Eu... Não conseguia dormir sabendo que nunca tinha dito que a amava. É meu maior arrependimento. — engoliu em seco. — Um pouco depois da morte dela eu encontrei uma garota chorando no parque, o namorado tinha terminado com a ela. Bastava uma breve conversa com ela para descobrir que ela não era reservada...

— Assim como a Laurel. — sussurrei

— Assim como a Laurel... — repetiu. — E ensinei essa garota como ser reservada. Ela aplicou os conselhos e seu namorado voltou com ela. Eu até recebi o convite para o casamento mais tarde. — um sorriso brincou em seus lábios. — Foi nesse momento, depois da morte de Laurel, que eu me senti bem novamente. Então eu soube que eu queria fazer isso, pelo menos até eu assumir o controle da QC. Ajudar mulheres a conquistar seus homem, e poupar os homens do sofrimento que eu passei é o que tem me ajudado a superar a morte da Laurel.

Eu o encarei por alguns segundos, assimilando tudo o que ele falou. E eu tinha que admitir que fazia sentido. Mas ainda faltava algumas coisas nessa equação. Porque ele ainda levava uma vida tão devassa? E porque eram as mulheres que tinham que mudar?

— E, durante esse tempo todo, você nunca parou pra pensar que talvez, só talvez, o problema esteja nos homens, e não nas mulheres? — questionei em tom de acusação.

Oliver olhou em meus olhos enquanto se apoiava em seus joelhos para se levantar.

— Essa conversa com você está me fazendo questionar isso. — admitiu.

Eu não aguentava mais aquela discussão que não chegava a lugar nenhum. Eu queria ir pra casa e refletir em todos esses acontecimentos e nas palavras de Oliver. Eu ainda estava com raiva e magoada demais para tirar alguma conclusão que fizesse sentido. Por isso, ensaiei alguns passos para a porta até que senti os dedos de Oliver em meu ombro.

— Felicity... — chamou.

Eu me virei em sua direção cheia de esperança. Talvez ele vá admitir que também sente algo por mim. Talvez ele vá me dizer algo que me conforte. Mas ele apenas retirou o seu terno e me entregou, olhando para a parte rasgada do meu vestido. Vesti o terno, decepcionada, mas sem falar uma palavra.

Antes que eu passasse pela porta de vidro lembrei de algo que eu precisava dizer:

— Agradeço os seus serviços como conselheiro, Sr. Queen. — murmurei com a cabeca baixa. — Mas a partir desse momento eu os dispenso.

Então eu fui embora, sem me dar ao trabalho de olhar para trás.


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Notas finais do capítulo

Estou sem comentários sobre esse capítulo, só posso dizer que esse foi o penúltimo. Semana que vem teremos o último.

Choveu comentários capítulo passado, hein. Eu amei cada um deles. Muito obrigada a todas que tiram um tempinho para comentar.

Recebemos mais uma recomendação essa semana! A responsável por as lindas palavras recomendando "O conselheiro amoroso" é a nossa querida Tynne Queen! Muito obrigada!

É isso, gente. A fanfic está chegando ao fim, mas eu estou preparando muitas surpresas para o último capítulo na semana que vem.



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