O conselheiro amoroso. escrita por Mical


Capítulo 3
2° dia - Amiga.




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Eu encarei a capeta. A capeta me encarou. Eu dei um passo para trás, ela deu um passo para frente na minha direção. Eu chamei por Jesus, Jesus não me respondeu. Eu arregalei os olhos, a diaba deu seu sorrisinho demoníaco.

Para qualquer um que olhasse para a pequena Carolina, de apenas cinco anos, pensava que era um amor de criança. Ela tinha aquela carinha de anjo e um sorriso que as pessoas julgavam ser meigo. Além daqueles olhos de cachorro sem dono que derretiam o coração de muitos e faziam com que ela ganhasse tudo o que quisesse. Mas eu conhecia esse monstrinho... Ah, e como conhecia. Aqueles olhinhos azuis não me enganavam.

— Não são nem cinco da manhã, Carolina, o que está fazendo acordada? — indaguei dando mais um passo para longe dela.

Sim. Nessa quarta feira eu acordei cedo e tomei café antes de Oliver chegar. Depois do quase desastre que foi o dia anterior, eu queria treinar bastante para não correr o risco de fazer papel de idiota na frente do Ray de novo. Mas aí eu saí do meu quarto para esperar meu conselheiro bonitão na sala e paah: Carolina e seu sorrisinho satânico me encaravam como naqueles filmes de terror. Se Oliver me achou parecida com a Annabelle por causa da maquiagem é por que ele ainda não conhecia a minha sobrinha. Aquela ali poderia fazer você gritar de susto só com um olhar.

— A vovó disse que aquele homem bonito de ontem era um conselheiro amoroso. — ela tombou a cabeça para o lado. — O que é um conselheiro amoroso?

Meigo, não é? Até parecia uma criança normal, com toda a sua curiosidade inocente. Mas aí tinha coisa...

— É uma pessoa que trabalha com o que não lhe diz respeito. Volte pra cama. — ordenei.

Carolina fez bico.

— Mas eu não estou com sono. — argumentou.

— Não interessa. Eu vou me ocupar agora e você não pode me atrapalhar.

Como esperado, ela não moveu nenhum músculo. Apenas continuou me encarando.

Arfei de medo.

Minha mãe e minha sobrinha chegaram ontem de Central City, onde estavam morando atualmente. Aparentemente, meu padrasto (que minha mãe conseguiu conquistar com os conselhos de Oliver) precisou fazer uma viagem de emergência e só chegaria dali a dois dias. Meu irmão, Roy, foi com ele, e então a minha mãe decidiu vir me fazer uma visita de dois dias junto com a minha amada (e encapetada) sobrinha para ver como estavam os avanços para conquistar o seu "futuro genro".

Ela não poderia ter chegado em hora pior. A última coisa que eu precisava era da monstrinho para complicar ainda mais a minha vida. Falando na diaba... Ela continuava me encarando por longos minutos. E eu tinha medo até de piscar e acabar sem um braço. Não seria a primeira vez que ela ameaçaria arrancar um membro do meu corpo.

DLIM DOM.

Salva pelo gongo! Ou talvez não. Vai que eu me vire para abrir a porta e ela me apunhale pelas costas? Eu que não quero correr o risco.

DLIM DOM.

Oliver não pode ficar o dia inteiro lá fora, Felicity. Ela é muito pequena, não vai conseguir apunhalar você.

DLIM DOM. DLIM DOM.

Decidi ir abrir a porta. Mas não tirei os olhos da pequena nem por um segundo. Ela estava aprontando, eu sentia o cheiro da encrenca!

Nem olhei no olho mágico antes de abrir a porta. Ninguém aperta a sua campainha às cinco da manhã a não ser o maravilindo conselheiro amoroso Oliver Queen.

Oliver segurava uma sacola de compras e uma garrafa térmica igual ao dia anterior e, é claro, estava impecavelmente vestido com o seu terno. Mas ele piscou surpreso ao me ver, talvez estivesse esperando me acordar com dlim dons de novo.

— Pode entrar. — murmurei apesar de saber que ele entraria sem permissão.

Oliver deixou as compras em cima da mesa de centro sem tirar os olhos de mim nem por um segundo. Pronto, além da endiabrada agora eu tinha o Queen pra ficar me encarando.

Oliver pigarreou ao chegar mais perto de mim, parecia cogitar o que dizer.

— Felicity... — ele começou, obviamente segurando um a risada. — Eu deveria estar com raiva, e não sorrindo. — repreendeu a si mesmo.

Os cantos dos lábios de Oliver oscilaram a medida que ele tentava manter o rosto sério. Mas que diabos...

— Felicity... — ele tentou novamente.

— O que é? — perguntei aborrecida.

— Onde estão as suas sobrancelhas?

Ah não...

Minha cabeça virou automaticamente para a capeta na sala, que começou a rir no momento em que saiu correndo. Corri atrás dela soltando fogo pelo nariz. Ela raspou a minha sobrancelha enquanto eu estava dormindo!

— Maldita, desgraçada, demoníaca, cretina, Satanás, doida, rebarbada, monstrinha! — eu gritava todas as ofensas que não envolviam palavrões que eu me lembrava enquanto corria.

Carolina se trancou no banheiro antes que eu pudesse alcançá-la. Argh! Bati com força na porta, mas é claro que ela não iria abrir. Ela não podia ficar pra sempre no banheiro, eu iria acertar contas com ela quando ela saísse de lá. Ou eu poderia fazer uma tranca do lado de fora e deixar ela apodrecer lá dentro, a ideia era tentadora.

— Uma hora você vai ter que sair daí, sua aprendiz de capeta! — gritei pra porta.

— Quando a vovó acordar, Srta. Sem-sobracelha. — debochou.

Bufei de raiva.

— Você não teve nem a decência de ser original.

— Olha só quem está falando. A garota que contratou um conselheiro amoroso pra poder conseguir um namorado. — ela riu.

— Eu odeio essa garota! — gritei chutando o ar, para então sair pisando forte em direção a sala. Não adiantava eu ficar de plantão na porta do banheiro, ela não iria sair de lá.  — Ela me paga!

Entrei no cômodo espalhando revolta com os movimentos, olhei na direção de Oliver apenas para a minha raiva aumentar por ele estar exibindo aquele estúpido sorriso bonito.

— Tire esse sorriso da cara antes que eu o tire a base de tapa. — ameacei apontando um dedo para o rosto dele.

Ele levantou as duas mãos em rendição, assumindo um ar mais sério.

— Ela é sua sobrinha não é ? — ele questionou. Lancei para ele meu melhor olhar assassino por causa da pergunta idiota. Ontem eu falei pra ele que ela era a minha sobrinha! — Tenho que dizer que ela é bem pestinha. — admitiu.

— Pestinha? — ironizei. — Ela é a encarnação de Satanás. Uma mente inteligente voltada para o mal.

Oliver revirou os olhos.

— Ela parecia tão meiga ontem. — comentou. — Acho que ela não gosta de você.

— Você acha?! Ela me odeia tanto quanto eu quero engasgar ela nesse momento. — movi as mãos simulando um enforcamento. — Ela me odeia desde que nasceu. Essa pequena é um demônio!

— Não exagere, Felicity. — Oliver repreendeu. Lá vem ele... — Bebês não podem odiar.

Lancei um olhar perplexo para ele. Não podem odiar?

— Ah, mas aquela monstrinho me odiava. — apontei para o banheiro. — Desde recém nascida o único objetivo dela é fazer da minha vida um inferno. Se você não acredita em mim, pergunte pra mamãe. O ódio dela por mim ficou evidente absolutamente todas as vezes que eu fui trocar a fralda dela. Quando eu começava a passar o lenço humidecido na bunda da pequena, a desgraçada cagava na minha mão.

Ele me lançou seu habitual olhar aborrecido.

— Isso era coincidência, Felicity. — resmungou.

— Não era não. — afirmei. — E quando os pais dela saíam? Ela ficava quietinha e dormia o tempo todo, mas era só a mãe dela abrir a porta que ela soltava o maior berreiro. — agitei as mãos. — Todo mundo achava que eu maltratava pequena, porque ela ficava vermelha de tanto chorar. E quando ela aprendeu a girar na cama? Eu colocava ela em cima do protetor quando ia tirar a fralda mijada dela. Quando eu ficava de costas pra jogar a fralda do lixo, a cretina girava e mijava em cima da minha cama! — exclamei. — Perdi as contas de quantas vezes tive que trocar de cama naquele ano.

— Felicity. — Oliver chamou segurando o meu braço, só então percebi que eu estava andando de um lado para o outro.

Oliver me olhava de modo significativo. Não era um olhar de repreensão e nem de alerta. Ele apenas estava dizendo "Pare com isso. Você tem coisas mais importantes pra fazer" com os olhos. Eu precisei respirar fundo duas vezes para poder desviar meus olhos dos dele.

— O que aconteceu aqui? — ouvi minha mãe perguntar e me virei em direção ao som.

Ela já estava impecavelmente vestida como uma piranha. Pelo amor de Deus, são cinco da manhã! Deveria ter uma regra que as pessoas não deveriam amanhecer tão arrumadas.

— Felicity, querida. — Minha mãe colocou a mão na boca quando me avistou. — O que aconteceu com as suas sobrancelhas?

— O que você acha?

— Isso foi a Carol?

— Não. Eu queria tirar minhas sobrancelhas bem fininhas e tirei tudo sem perceber. — ironizei.

— Por quê você fez isso? — ela colocou a mão no peito em comoção. — Você podia ter me chamado.

— É claro que foi a satanás da Carolina, mãe! — exclamei. — A senhora não escutou eu gritando enquando tentava alcançar o pescoço dela pra eu enforcar?

— Sim, eu escutei.

— E porque não saiu do quarto?
Minha mãe olhou de relance para Oliver. Torcendo uma mecha do cabelo e dando um sorriso nada discreto.

— Ah, por favor, Felicity. — ela voltou a olhar para mim. — Eu estava só de camisola e o Sr. Queen está aqui. Eu tive que me arrumar primeiro.

— Se arrumar pra rodar bolsinha? Porque esse sem dúvida é o seu vestido mais curto.

Ela deixou os braços cair. Me encarando com o seu melhor olhar de: "Ah, é mesmo Felicity?".

— Pare de ser tão sarcástica e venha aqui pra mim dar um jeito nessa sobrancelha. — ela chamou com uma mão.

Eu a segui sem hesitar. Ao contrário de mim, minha mãe entendia de tudo o que tinha haver com moda, cabelo e maquiagem. E ao contrário dela, eu tinha um bom QI. Em resumo: nós nos completávamos. Não seria difícil para ela resolver o meu caso de sobrancelha inexistente.

Levamos apenas dez minutos para concertar a minha sobrancelha, mas foi o suficiente para Oliver reclamar pelos quatro cantos da terra. Pela primeira vez ele ameaçou marcar comigo um horário mais cedo, pra ver se ele conseguia me ensaiar por duas horas e meia inteiras, sem interrupções. Tive que praticamente jurar de joelhos que no dia seguinte não teríamos mais contra tempos, e que não era necessário fazer eu dormir menos do que já estava dormindo.

Depois de dispensar a minha mãe de volta para o quarto (por que eu não conseguiria ensaiar com ela assistindo tudo) e fazer ela levar a monstrinho junto, eu finalmente sentei na minha cadeira no meio da sala para começar o treinamento. A Carolina saiu do banheiro escoltada pela avó, para evitar que por acaso a secretária de um dos homens mais bonitos do mundo pulasse no pescoço dela. Mas essa não era a minha preocupação no momento. Minha mente deveria estar única e exclusivamente em conquistar Ray Palmer.

— Lição número 2. — Oliver falou dando voltas ao meu redor de novo. — Homens gostam de mulheres amigas.

— Amigas? — debochei.

— Sim. Amigas.

— Amigas tipo: "Ei Ray, meu amigo."

Oliver me olhou pelo canto do olho.

— Desculpe, Oliver, mas eu quero que Ray seja meu namorado e não meu amigo. — afirmei. — Uma namorada e uma amiga são coisas muito diferentes.

— Como pretende passar seu tempo com ele? — ele me encarou. — Só com beijos e amassos?

— Até que não seria má ideia...

— Felicity. — chamou minha atenção. — Você pode até ter um relacionamento com homem sem ter uma amizade com ele, mas esse relacionamento não dura e...

— Engraçado. Todo mundo diz que quando você tem um amigo achegado é quase impossível ele gostar de você. — observei.

— E isso é verdade, mas...

— Então você me diz que eu tenho que ser amiga do Ray, sendo que você mesmo diz que as mulheres não tem chance com os seus amigos?

— Mas que droga, Felicity. Me escute! — exclamou. — Deixe eu acabar de falar aí você me questiona como quiser. Eu estou tentando fazer o meu trabalho.

— Então me explica logo como esse lance de amizade funciona, homem!

— Então fique calada. — exigiu.

Oliver terminou a volta ao meu redor que estava fazendo e suspirou antes de me fitar.

— Quando eu digo que os homens gostam de mulheres amigas quero dizer que eles buscam mulheres com interesses em comum. — explicou. — A pior coisa para um homem é estar preso em um relacionamento sem ter nada em comum com a sua parceira. Ele pode até continuar com ela por causa do sexo ou coisa parecida, mas pode esquecer casamento e filhos.

Fiz uma careta.

— Casamento sim. Filhos não. Tenho medo só de pensar em ter que criar um capeta igual a Carolina. — estremecida só com a ideia.

— Concentre-se, Felicity. — ele ordenou. — Como eu estava dizendo: Quando a mulher é muito amiga de um homem, geralmente ele a vê mais como uma irmã ou conselheira, dificilmente outra coisa. Mas todo homem gosta de uma mulher que tem gostos em comum com ele. Assim terão algo para conversar.

— Então eu tenho que procurar as coisas que eu tenho em comum com o Ray. — conclui.

— Basicamente. — concordou com a cabeça. — Fiz uma lista das dez coisas que Ray Palmer mais gosta. — ele me estendeu um pequeno papel. — Procure algo que você goste também e usaremos isso ao seu favor durante o dia.

— Como conseguiu isso? — perguntei desconfiada.

— Com a irmã dele.

— O Ray tem uma irmã? — dessa eu não sabia.

— Estou desapontado com você, Felicity. — Oliver me lançou olhar chateado. — Eu sei mais sobre o seu futuro namorado que você mesma.

— E como você conseguiu isso da irmã do Ray? — o ingnorei.

— Como eu consegui não importa. O que importa é que a lista está aí e leia de uma vez para que eu possa te ensaiar.

Assenti ao olhar para o papel.

Dez coisas que Ray Palmer gosta:
1- Tecnologia avançada.
2- Golf.
3- Série Sherlock Holmes BBC.
4- Crianças.
5- Viagens pela Europa.
6- Filmes de ação.
7- Quadrinhos do homem de ferro (em segredo).
8- Bolos de todos os tipos.
9- Jogos eletrônicos.
10- Basquetebol.

Fiz cara feia quando terminei de ler a lista. Como assim ele gostava de crianças? Talvez ele mudasse de ideia quando eu apresentasse a Carolina para ele...

— Tecnologia avançada. — estendi o papel de volta para Oliver.

Ele estreitou os olhos.

— Como assim você gosta de tecnologia avançada?

— Sou especialista em T.I. — revirei os olhos. Óbvio.

— Mas você é secretária.

— Me formei em T.I depois de ter me tornado secretária do Ray.

— E porque não trabalha com T.I agora? — ele questionou ligeiramente confuso.

Ah, é sério Oliver?

— Por. Que. Eu. Sou. Secretária. De. Ray. Palmer. — fragmentei a frase. — Não sei se você percebeu, mas eu estou apaixonada por ele. — ironizei.

— Então você desistiu da sua sua especialidade para ficar mais perto do Ray?

— Dã.

Oliver piscou algumas vezes, surpreso.

— Você gosta mesmo dele. — concluiu baixo, como para si mesmo.

Estranhei sua resposta.

— Não. Imagina. — respondi sarcasticamente, colocando uma mão no peito. — Estou tendo todo esse trabalho para conquistar o Ray porque não tinha nada melhor para fazer.

Ele me olhou aborrecido novamente, mas logo recuperou sua postura profissional.

— Ele sabe que você é especialista em T.I? — questionou.

Fiz que sim com a cabeça.

— Então não podemos usar a tecnologia avançada a nosso favor. Ele já sabe que vocês tem isso em comum. — concluiu. — Precisamos de outra coisa, algo que o deixe surpreso por você gostar também.

Ah droga. Dei um sorriso amarelo.

— A única coisa dessa lista que eu gosto é tecnologia avançada. — repliquei.

Os lábios de Oliver formaram uma linha fina, como sinal de seu aborrecimento.

— Qual dois itens da lista você menos odeia? — questionou frio.

— Sherlock Holmes? Homem de ferro? — sugeri. — Eles tem um belo de um Q.I. até onde eu sei.

— É isso. — sorriu. — Vamos ensaiar Teremos duas mentes inteligentes conversando sobre duas mentes inteligentes.

Foi até que divertido.

Oliver e eu fizemos algumas pesquisas básicas sobre os gostos do Ray e então começamos a ensaiar. Ele me apresentou várias situações em que eu poderia "sutilmente" mencionar as coisas que Ray gostava como se eu gostasse também. Oliver garantiu que uma conversa agradável surgiria a seguir.

Quando o relógio bateu às sete e meia, ele me dispensou para que eu pudesse me arrumar. Agora eu tinha a vantagem que a minha mãe estava ali, e Oliver permitiu que ela me ajudasse a me vestir e passasse uma leve maquiagem e mim. Resultado: eu saí do quarto preparada para uma boate e Oliver me mandou trocar de roupa e tirar a maquiagem. Acabou que eu iria para a Palmer Tech apenas com o batom no rosto, igual ao dia anterior.

Iriamos no carro de Oliver. Por isso não foi surpresa para mim quando o motorista dele já estava esperando por nós na entrada do meu prédio. Entramos os dois no banco de trás novamente, então eu concluí que Oliver tinha mais algum truque de sedução para me ensinar. Eu já estava ansiosa para saber o que seria.

— Bem, hoje, além dos lábios, vou te ensinar outro truque que vai fazer você parecer atraente. — Oliver falou.

— Sabia! — pensei em voz alta.

— Sabia do quê?

— Nada.

Oliver me olhou aborrecido. Eu já estava ficando até acostumada...

— Na verdade, esse truque é capaz de deixar qualquer homem excitado. — explicou. — É o truque do toque.

Não segurei o riso sarcástico.

— Você está me dizendo que vou deixar Ray excitado tocando nele?

— Sim. — falou como se fosse óbvio.

— Do jeito como ele me olha, como se eu tivesse algum tipo de doença, está mais fácil ele passar álcool em gel no lugar em que eu toquei. — eu ri. Sozinha porque Oliver só fez fechar a cara.

— Pare de fazer graça e preste atenção no que eu vou te ensinar. — ordenou. — Toda vez que estiver conversando frente a frente com o Palmer, arranje um jeito de passar a mão pelo braço dele ou tocar levemente no seu ombro. Faça isso de acordo com a conversa.

— Mas eu quase não encontro Ray o dia todo. — contestei.

— Vou dar um jeito para que você possa ter ao menos três uma conversas decentes com ele. Para que possa tocá-lo. — falou. — Agora treine em mim.

Oliver se aproximou um pouco mais para que ficasse mais fácil para eu tocar nele.

— Oi Ray... — fingi cumprimento ao passar a mão pelo braço dele.

— O que está fazendo?

— O que você me mandou. — enruguei a testa.

— Você não está me tocando, está me cutucando, parece até um robô. — repreendeu pegando a minha mão. — O Palmer precisa sentir a extensão da palma da sua mão. — pressionou a minha mão contra o seu braço, arrastando ela para baixo para me mostrar como eu deveria fazer.

Minhas mãos seguiam as curvas que o braço forte de Oliver fazia. Eu queria que ele tirasse o terno para que eu pudesse sentir totalmente a extensão daqueles músculos. Os braços dele eram obviamente mais grossos do que os de Ray. Ele deve malhar. Mas como com toda aquela vida corrida?

— Agora tente só você. — encorajou.

— Oi Ray... — ensaiei novamente, agora passando a mão no braço dele como ele havia ensinado.

— Não esqueça que os toques tem que ser suaves e breves. Para mostrar naturalidade. — ele pegou a minha mão e colocou em seu ombro. — Nunca olhe para o lugar que está tocando. Mas sempre continue a manter contato visual.

Obedecendo de imediato o que ele falou. Levantei meus olhos que focavam a minha mão no ombro de Oliver para o olhar azul penetrante dele.

— Sempre que tiver a oportunidade. Pegue no ombro dele e escorregue a mão em direção ao seu peito. — falou soltando a minha mão para que eu realizasse o movimento. — Esse movimento, junto com lábios soltos e contato visual, é capaz de excitar qualquer homem.

— Eu estou te deixando excitado, Oliver? — falei de brincadeira, repetindo o movimento que ele acabou de me ensinar.

Eu esperava que ele me lançasse aquele habitual olhar aborrecido, mas isso não aconteceu. Pelo contrário, um brilho diferente passou pelos seus olhos.

— Você não vai querer saber a resposta a essa pergunta. — respondeu com o rosto sério.

Não sei se foi o modo como ele me olhou naquele momento ou se foi a intensidade na voz dele quando ele disse essas palavras. Mas um arrepio subiu pela minha espinha naquele momento, fazendo com que eu não conseguisse nem respirar, muito menos desviar meus olhos do mar azul dos de Oliver.

Pisquei assustada e olhei pela janela quando o carro parou na entrada da Palmer Tech, quebrando aquele momento tão breve que eu cheguei a duvidar que tivesse mesmo acontecido. Quando voltei a olhar para Oliver ele estava pegando algo do bolso.

— Pegue. — Oliver me estendeu o comunicador.

Não consegui fazer nenhum movimento. Apenas fiquei olhando para Oliver, estática.

— Felicity?

— Hum...?

— Pegue a porcaria do comunicador. — falou.

— Ah, sim. Isso. — balbuciei ao pegar o objeto de sua mão. Mas espera aí... — Você disse que não iríamos mais usar o comunicador porque eu quase coloquei tudo a perder ontem.

— Esse é diferente. É apenas para que eu possa falar com você. Você não pode falar comigo. — explicou. — Eu ainda vou precisar te passar algumas instruções. Mas se você falar eu não vou escutar, então você não vai ter motivos pra me responder.

— Ah. — foi a única coisa que passou pela minha cabeça.

— Vá. — apontou para a Palmer Tech. — Vou estar logo atrás de você.

— Você não vai me fazer ficar mofando na Palmer Tech o dia todo de novo, né?

— Não. Felicity. — falou lentamente. — Vou estar perto o tempo todo, se precisar falar comigo mande uma mensagem.

Assenti em concordância ao sair do carro.

Faltava um pouco mais de quinze minutos para começar o meu expediente, e com certeza Ray ainda não havia chegado. Coloquei o comunicador no ouvido e arrumei o cabelo por cima quando entrei sozinha no elevador. "Oliver não vai escutar o que você fala, então não seja sonsa e não responda quando  ele falar com você", falei para mim mesma. Não queria correr o risco de parecer uma doida por dois dias seguidos.

Respirei fundo quando cheguei ao andar da presidência. Pegando na bolsa uma revista em quadrinhos do homem de ferro que Oliver me deu.

Oliver. Oliver. Oliver Queen. Conselheiro bonitão. Oliver deu a entender que se sentiu excitado com os seus movimentos. Engoli em seco ao lembrar das palavras dele no carro. Ele estava blefando, sem sombra de dúvida. A única coisa que você inspira em Oliver é raiva. Minha cabeça começou a discutir entre si. Mas eu decidi concordar com a parte mais sensata da minha mente, que me deixava consciente que Oliver estava com um princípio de ódio por mim. Não era hora de ficar pensando no meu conselheiro amoroso, mas sim em Ray Palmer. Então voltei ao trabalho.

Deixei a revista com algumas folhas de papel por cima, a mostra suficiente para que Ray visse e escondida o suficiente para que não parecesse que eu queria que ele visse a revista, assim como Oliver orientou.

Um ruído de voz veio da direção da sala de Ray chamou minha atenção.

Olhei na direção do som, mas não havia ninguém. Até que vi um vulto de uma sombra na sala de reuniões, que ficava ao lado da sala da presidência. Era Ray que estava lá, e mais alguém. Mas estava tão cedo... O que ele fazia ali?

Resolvi tirar essa história a limpo e andei lentamente em direção a sala, praticamente na ponta dos pés para não fazer nenhum barulho. Assim que escostei na parede que levava a sala de reuniões, eu pude ouvir uma voz feminina. Ah não, ele estava lá com uma mulher? Com o coração batendo a mil, fui movida pela curiosidade em direção à sala, que tinha uma imensa porta de vidro transparente, para tentar ver algo no interior dela sem ser descoberta.

Onde você está, Felicity? — Oliver falou no meu ouvido, me arrancando um pequeno susto.

Peguei o celular do bolso da saia para digitar uma mensagem.

Tem uma mulher na sala de reuniões com o Ray, estou tentado ver quem é e o que estão fazendo. Não me pertube agora.
— F.S.

— Saia daí, Felicity, se você não quiser ser taxada de apaixof...

Tirei o comunicador do ouvido antes que ele terminasse a frase. Ah, vá procurar o que fazer, eu quero mais é saber o que o Ray está fazendo na sala de reuniões com uma mulher fora do horário do expediente.

O meu celular vibrou ao receber uma mensagem.

É sério, Felicity Megan Smoak, saia daí. Agora!
— O.Q.

Eu quase podia ouvir o tom aborrecido de Oliver quando li a mensagem dele. Então resolvi responder

Eu preciso mesmo saber o que eles estão fazendo lá dentro.
— F.S.

Não, não precisa! O Ray vai achar que você é algum tipo de fanática se te ver. E provavelmente vai continuar achando que você gosta dele e teremos perdido todo o nosso progresso!
— O.Q.

Não se preocupe, ele não vai me ver.

— F.S.

Volte para sua mesa.
— O.Q.

Okay.
— F.S.

Eu voltaria para a minha mesa, pra caramba! Anrã! Eu não sairia de lá até saber o que Ray e tal mulher misteriosa estavam fazendo. Não me senti mal por mentir para Oliver, ele não me deixaria em paz se eu não mentisse.

Esgueirei-me ainda mais pela parede, ficando bem ao lado da porta de vidro, onde eu tinha visto a sombra de Ray. Encostei o ouvido na parede para tentar ouvir alguma coisa, mas eu apenas ouvia murmúrios femininos e masculinos, sem conseguir distinguir alguma palavra. Lentamente, virei minha cabeça para a porta de vidro, querendo conseguir ver o interior da sala.

— Então ficamos combinados assim. — ouvi a voz de Ray próxima demais da porta.

Ah não. Droga! Put* merda! Ele estava prestes a sair da sala e me pegaria do flagra!

Senti braços fortes me envolverem e me puxarem. Levei mais tempo do que deveria para perceber que era Oliver. Ouvi a porta da sala de reuniões abrir e Oliver imediatamente me puxou para trás do armário de arquivos de Ray, que estava próximo onde eu estava. Fiquei com o corpo totalmente encostado ao de Oliver por causa do curto espaço, mas ali estávamos fora da vista de Ray.

— Foi um prazer fazer negócios com você, Sr. Palmer. — a voz feminina falou. — Mandarei minha secretária enviar os papeis do contrato o quanto antes. Devo enviar para a sua secretária?

— Sim. — Ray concordou. — A Srta. Smoak está estranhamente atrasada, mas assim que ela chegar vou colocá-la a par da situação.

— Tudo bem. Tenha um bom dia.

— Igualmente.

Respirei fundo quando ouvi os passos da mulher saindo do local, mas minha atenção foi totalmente tomada pelo cheiro do perfume masculino que inundaram meu olfato. Minha cabeça estava totalmente encostada no peito de Oliver, por causa da diferença de altura. E os braços dele estavam firmes na minha cintura, me mantendo perto. Com dificuldade eu consegui olhar para cima, mas ele não olhava para mim. Arfante, ele encarava a lateral do armário, com o rosto sério.

— Oliver... — sussurrei.

— Shhh, fique quieta. — ordenou aos sussurros. — Estou tentando escutar para ver se o Palmer já saiu da sala.

Agucei os meus ouvidos para tentar escutar algo também. Por isso levei um susto quando do nada meu telefone começou a tocar alto no bolso da minha saia.

— Droga. — praguejei baixo enquanto tentava descer as minhas mãos escostadas no peito de Oliver para o bolso da minha saia.

Oliver e eu ficamos nos remexendo de um lado para o outro desesperados enquanto o telefone tocava. O armário era pequeno, de modo que só podíamos ficar um de frente para o outro, se não, corríamos o risco de ficar no campo de visão de Ray, caso ele ainda estivesse lá. E, se ele ainda estivesse, provavelmente estava escutando o barulho do meu celular. E, se ele me pegasse com Oliver atrás do seu armário, provavelmente estaríamos encrencados. E, por encrencados, me refiro e eu sem um emprego.

— Deixe que eu pego. — Oliver sussurrou enfiando sua mão no meu bolso. Nesse momento dei graças a Deus pelo bolso ser na parte lateral e não na traseira. Ou não. Não sei. Eu ainda não tinha opinião certa sobre isso.

Olhei para o lado em direção a tela do meu telefone que Oliver segurava. Quando eu pensava que as coisas não poderiam ficar piores, ficavam. A foto do meu chefe gato aparecia na tela do celular. Estiquei o dedo para recusar a chamada, mas Oliver ergueu o telefone, impedindo que eu fizesse isso.

Olhei assustada para ele. Por acaso ele queria que Ray nos descobrisse? Mas, de novo, ele não olhava para mim. Sua atenção estava na tela do seu próprio celular que ele segurava com a outra mão.

Ele estava escrevendo uma mensagem para Ray que dizia: "Sr. Palmer. Aconteceu um imprevisto de família e eu irei me atrasar alguns minutos. Este número não é meu. (Felicity Smoak)."

Logo o meu telefone parou de tocar e anunciou a chamada perdida. Não demorou muito para que a resposta de Ray chegasse: "Eu estava ligando para o seu telefone e o escutei tocar. (Ray Palmer; CEO Palmer Technologies)."

— Cara medido. — Oliver sussurrou em desaprovação à mensagem de Ray enquanto digitava a resposta.

"Eu esqueci o telefone na minha mesa. Por isso estou avisando por esse número. (Felicity Smoak)."

"Tudo bem. Estou te esperando na sala da presidência. Gostaria de falar com você sobre um contrato importante. (Ray Palmer; CEO Palmer technologies)."

Merda! Ele não sairia de sua sala até que eu chegasse.

— E agora? — sussurrei desesperada para Oliver ao olhar para ele. — O que vamos fazer?

Oliver olhou em minha direção. E isso fez com que nossos rostos ficassem incrivelmente perto um do outro. Meu ouvido estava encostado no seu peitoral, de modo que eu conseguia ouvir o ritmo acelerado do coração dele e a sua respiração quente contra o meu rosto. Devia ser a adrenalina. Nós estávamos a um passo de sermos descobertos por Ray, e isso causava um medo e uma tensão que nunca havia sentido antes.

— Se você conseguisse fazer essa mesma cara que está fazendo agora, o Palmer estaria beijando o chão em que você pisa. — ele comentou num sussurro.

— Que cara? — quis saber.

— Suas bochechas estão coradas e seus lábios extremamente vermelhos. Além de estarem entreabertos. — ele olhou de relance para a minha boca. — Seus olhos estão bastante abertos e lacrimejando. Além de que as suas duas mãos estão espalmadas em meu peito. Você está extremamente sensual. — falou dando atenção a cada sílaba. — Se nós conseguíssemos uma oportunidade para que você ficasse exatamente assim na frente do Palmer, ele sucumbiria a paixão. Sem sombra de dúvida você ganharia no mínimo um beijo.

— Como pode ter tanta certeza?

— Eu sou homem. — falou como isso explicasse tudo. — E mesmo sabendo o quanto você é irritante estou com uma vontade quase incontrolável de te beijar. — concluiu num sussurro quase inaudível, mas por causa da proximidade dos nossos rostos eu consegui ouvir.

Encarei hipnotizada os olhos dele, quase que perplexa pelas suas palavras. Mas Oliver desviou seus olhos dos meus instantaneamente, voltando a sua atenção para o celular.

— Não pareça tão surpresa. — repreendeu. — Uma mulher bonita tem que estar ciente dos efeitos que causa sobre os homens.

— Eu nunca causei efeito nenhum nos homens. — confessei.

Oliver me lançou seu olhar aborrecido.

— É claro que sim. Você apenas não percebeu por causa da sua inocência. Ou mesmo por causa da sua paixão pelo Palmer.

— Você é bem sincero nas suas palavras. — comentei.

— Sou um conselheiro amoroso. — olhou para o celular de novo. — Para realizar o meu trabalho é preciso ser sincero. O que acaba de ouvir de mim é a verdade nua e crua, Smoak. Acostume-se com ela.

Pisquei algumas vezes para assimilar o que Oliver disse. Eu, causar esses efeitos nos homens? Só pode ser piada. Mas a forma como Oliver falou foi tão convincente que minha auto estima tinha que dar um pulinho de alegria.

— Diggle? — Oliver sussurrou para o telefone que agora estava em seu ouvido. — Dê um jeito de fazer o Palmer descer. Estou presa com A Curiosa na sala dele.

Curiosa? Ele ainda continuava com aquele apelido sinistro? Oliver escutou o telefone por poucos segundos.

— Tudo bem, faça isso. Vou esperar a sua mensagem.

— Curiosa é a sua avó. — sibilei baixo quando ele desligou o telefone. — E quem é Diggle?

— Meu motorista. — disse simplesmente. — Ele vai falar que precisa de uma reunião de emergência com o Palmer, e como a secretária dele não vai estar presente, ele terá que descer para verificar a importância disso sozinho, então poderemos sair daqui.

— Mas o que o seu motorista vai falar para o Ray sobre essa tal reunião de emergência?

— Não se preocupe com isso ele vai dar um jeito. Escute. — pediu.

Agucei os ouvidos mais uma vez, mas não foi difícil ouvir a conversa que Ray fazia pelo telefone.

— Reunião de emergência? — Ray falou aborrecido. — Como assim reunião de emergência, ele não pode esperar até a Felicity chegar? — houve uma pausa. — Tudo bem, vou descer para verificar. Não posso deixá-lo subir sem saber se essa reunião realmente precisa de atenção.

Em poucos segundos, ouvimos os passos de Ray se afastando. O celular de Oliver vibrou com a mensagem que recebeu: "O Palmer já está no elevador. J.D."

— Essa foi por pouco. — Oliver murmurou ao agarrar novamente minha cintura para que pudéssemos sair de trás do armário.

Mesmo assim, ele ainda verificou o local com o olhar rapidamente para ter certeza que estava tudo limpo mesmo.

— Vamos. — chamou.

Saímos da sala da presidência aliviados por não termos sido pegos. Seria difícil explicar a situação para Ray se ele tivesse me flagrado com Oliver. O bonitão foi direto para o elevador enquanto eu ia para a minha mesa esperar o retorno do meu chefe. Para então colocarmos a qualidade do dia em andamento.

Logo no começo do dia passamos por todo esse sufoco, por isso fiquei com medo do que o resto do dia aguardava para mim. Mas pela glória do Ser celestial tudo ocorreu de acordo com o que Oliver e eu ensaiamos. Ray ficou bem animado por saber que eu também gostava de quadrinhos do homem de ferro (o que era uma mentira das bravas, mas ele não precisava saber disso). E quando o expediente chegou ao fim eu estava com um imenso sorriso por Ray ter me chamado pelo primeiro nome três vezes. Oliver me elogiou pelo comunicador, é claro, e isso só aumentou o meu sorriso. O dia teria sido perfeito se a minha curiosidade pela manhã não tivesse quase estragado tudo.

— Cinco da manhã? — Oliver perguntou quando eu estava saindo do seu carro em direção a minha casa no final da tarde.

— Dessa vez sem contra tempos. — garanti ajeitando a bolsa no ombro.

Oliver assentiu e eu fechei a porta do carro. Tomara que eu conseguisse cumprir essa promessa, com a capeta da minha sobrinha em casa por mais um dia, eu não podia ter tanta certeza assim.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo promete muitas travessuras dessa tal Carolina.

Eu pretendia colocar mais coisas nesse capítulo. Mas aí eu fui escrevendo, escrevendo e escrevendo e quando vi já estava quase ultrapassando o meu número máximo de palavras. Mas no próximo terá mais acontecimentos empolgantes e divertidos, é uma promessa. Se tiver algum erro de ortografia, favor avisar nos comentários.

Nem demorei pra postar o capítulo. Postei até com dois dias de antecedência Kkk (não esperem que isso vá se repetir).

Mereço comentários? Quero já agradecer pelos comentários do capítulo passado e pelos favoritos que recebi. Vocês são as melhores!