O conselheiro amoroso. escrita por Mical


Capítulo 2
1° dia - Decidida.




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Seus beijos desceram pelo meu pescoço nu, pairando um pouco acima da clavícula.

— Você está quente. — Ray sussurrou contra a minha pele, fazendo com que arrepios tomassem o meu corpo.

Ele me empurrou lentamente, até que minhas costas bateram contra a parede. Ray jogou seu corpo contra o meu, o suficiente para que eu sentisse sua excitação. Seus lábios subiram de volta para os meus, tomando-os com urgência e indecência, ele estava quente, eu estava pegando fogo. Mas eu queria me queimar naquele incêndio.

— Ray... — minha voz saiu rouca sob seus lábios quando senti suas mãos subindo pela minha coxa, apertando com força.

Ele me silênciou com um beijo ainda mais urgente, suas mãos subiram para a barra da minha blusa, numa pressa que eu compartilhava. Eu estava muito ansiosa para finalmente ser de Ray e...

DLIM DOM.

Levei um susto ao ouvir o barulho da campainha, mas Ray parecia não ter ouvido, ele continuava a fazer sua trilha de beijos pelo meu rosto. Seus beijos macios e sua respiração quente contra mim era totalmente inebriante. Decidi ingnorar a pessoa que estava na porta.

DLIM DOM.

A campainha soou de novo. Eu realmente fiquei incomodada. Maldita seja a pessoa na porta que estava atrapalhando o meu momento com o meu chefe gostoso!

DLIM DOM. DLIM DOM.

— Ray, tem alguém na porta. — murmurei a contra gosto.

Ray não pareceu ter me escutado. Pelo contrário, seus beijos tomaram meus lábios, impedindo que eu falasse outra coisa. Mas de repente ele se afastou, me olhando de uma forma indecifrável e falou:

— DLIM DOM. DLIM DOM. DLIM DOM. DLIM DOM.

Tremi na cama ao acordar. Olhei para o teto, acalmando a respiração que estava acelerada por causa do sonho-quase-erótico que tinha acabado de ter. Poxa... Eu queria tanto saber o final...

DLIM DOM. DLIM DOM. DLIM DOM. DLIM DOM.

Alguém apertava a campainha freneticamente. Mas que porcaria é essa? Olhei para o rádio relógio, ele apontava 5:10 da manhã, da manhã! Minha mente concluiu automaticamente que na porta estava o meu conselheiro amoroso, o bonitão Oliver Queen, que estranhamente marca ás 5 da manhã para ensaiar as suas clientes. Mas, se eu ainda não tivesse perdido completamente o juízo, eu me lembrava muito bem dele ter marcado para iniciarmos na quarta. Até onde eu me lembrava ainda era terça.

DLIM DOM. DLIM DOM. DLIM DOM. DLIM DOM. DLIM DOM. DLIM DOM. DLIM DOM. DLIM DOM.

Decidi ir verificar quem estava na porta. Se fosse o bonitão, eu iria garantir pessoalmente que ele nunca mais interrompesse meus sonhos com o Ray, mandando educadente ele ir ao inferno. Ou talvez não, já que no momento ele era a minha única esperança de conquistar o meu chefe.

Me arrastei até a porta, não fazendo nenhum barulho por causa das pantufas que calçava, eu sem dúvida dizimaria aquela campainha antes que o dia acabasse, para que eu nunca mais fosse obrigada a abandonar os meus lençóis quentinhos e meus maravilhosos sonhos feitos pela minha incrível imaginação fértil.

Olhei pelo olho mágico só para constatar o óbvio. O Bonitão sorria para a porta, como se soubesse que eu o estava escarando. Ele segurava em uma das mãos uma sacola de compras e na outra uma garrafa térmica. E o maldito estava incrivelmente bonito. São cinco da manhã, como ele conseguia estar parecendo um modelo tão cedo? Tenho uma pergunta melhor: por que ele estava me importunando a vida tão cedo na TERÇA-FEIRA!?

Abri a porta querendo mostrar raiva, mais o sono impregnado na minha alma me impediu de ser tão brusca, por causa da lezeira.

— Bom dia! — Oliver me saudou com um maldito sorriso lindo. — Eu trouxe o nosso café.

Olhei de relance para a sacola de compras e voltei a encará-lo.

— O que faz aqui? — perguntei com a voz irritada.

— Não recebeu minha mensagem?

— Que mensagem?

Oliver apoiou as coisas em uma das mãos para poder pegar o celular com a outra. Após alguns segundos ele me mostrou a mensagem de texto enviada para mim ás 23:56 da segunda escrito: "Mudança de planos, começaremos amanhã. O horário é o mesmo".

— Você me enviou essa mensagem quase meia noite! — excamei. — Nessa hora eu já estava no terceiro sono.

Ele revirou os olhos.

— Não mandei você dormir cedo, princesa. Agora vai me deixar o dia todo aqui em fora ou eu posso entrar?

— Fico com a primeira opção. — murmurei empurrando a porta com o intuito de fechar na cara dele. Quem ele pensa que é para aparecer na minha casa às cinco da manhã em um dia que não combinamos? Que ele vá procurar o que fazer!

Oliver segurou a porta com uma das mãos, me me encarando com o rosto sério.

— Feche essa porta e pode considerar perdida a sua oportunidade de receber conselhos amorosos de mim. — ameaçou

Mas que desgraçado filho de uma p....

Derrotada, soltei a maldita porta e dei passagem para que ele entrasse. Eu já tinha perdido todo o meu orgulho quando o assunto era conquistar Ray Palmer, me afundar um pouquinho mais nessa humilhação não ia fazer diferença.

Oliver entrou contente por ter ganhado a discussão. Só então percebi que ele estava de terno e gravata. Cara estranho, o sol ainda nem nasceu ele já está todo na beca... Ele deixou a sacola em cima da mesinha de centro da minha minúscula sala, antes de se voltar para me encarar.

— O que diabos está fazendo na minha casa? — perguntei antes que ele pudesse falar alguma coisa. — Por que antecipou um dia?

— A minha cliente de terça remarcou. — explicou dando de ombros. — Em vez de colocar outra no lugar, achei que seria mais divertido resolver logo o seu caso.

— Achou errado. Agora eu não tenho mais nem um dia para chorar a minha dignidade.

Oliver me lançou um olhar descrente.

— Não tem nada de errado em pedir ajuda para conquistar a pessoa que ama, Felicity.

— Falou o deus grego que não precisa conquistar ninguém. — resmunguei.

Normalmente eu me sentiria envergonhada por ter falado isso, mas o meu sono praticamente impedia o meu sangue chegar no coração, que dirá nas minhas bochechas.

— Pare de ser tão auto depreciativa. — Oliver falou enquanto se sentava no sofá. — Os homens odeiam isso.

Bufei.

— No geral, os homens me odeiam mesmo. — falei me arrastando de volta para o meu quarto. — Uma característica a mais para me odiar não vai fazer diferença.

— Pense assim e Ray Palmer nunca vai ser seu.

— Ele era meu na porcaria do sonho que você fez o favor de interromper ao decidir brincar com a minha campainha. — reclamei.

— Então você estava sonhando com ele? — ele falou sugestivo. Mesmo de costas, era possível ver o sorriso em sua voz.

— Vai. Pro. Inferno. — falei as três palavrinhas que a minha língua estava coçando para falar no segundo em que olhei o miserável pelo olho mágico.

— Levando em consideração o fato que tenho que te ensinar a conquistar um dos homens mais poderosos de Starling City, acho que já estou no inferno. — murmurou pra si mesmo, mas alto o suficiente para que eu ouvisse.

Vou fazer uma nota mental: Conselheiros amorosos são cretinos.

— Vou tomar banho! — anunciei ao fechar a porta no meu quarto com força.

Apesar de querer muito a minha cama, a vontade de aprender como conquistar o Ray era mais forte, por isso a melhor saída era um banho gelado.

[...]

— Lição número 1: homens gostam de mulheres decididas. — Oliver começou a falar dando voltinhas ao meu redor.

Ele me fez ficar sentada em uma cadeira no meio da sala para facilitar o treinamento, segundo ele próprio. Depois de um rápido café (rápido mesmo, ele me fez praticamente engolir a comida sem mastigar, alegando que quanto mais eu demorasse menos tempo teria para me treinar) ele me obrigou a ficar dez minutos sentada, olhando pro nada com o queixo erguido enquanto fazia algumas anotações. Agora que ele resolveu falar alguma coisa...

— Essa é a qualidade do dia? — perguntei.

— Sim.

— E como você vai me ajudar a ser decidida? Quer dizer, eu sou decidida.

— Calada. — ele colocou um dedo em meus lábios. — Você fala muito e faz muitas perguntas. É irritante.

Mostrei a língua.

— Não faça isso. — repreendeu. — É infantil.

— E o que exatamente eu posso fazer?

— Calada.

Soltei um supiro cansado. Mal tínhamos começado e eu já estava com vontade de desisitir.

— Como eu estava dizendo, homens gostam de mulheres que sabem o que querem. — continuou. — Mulheres assim inspiram respeito. Uma mulher de verdade é decidida.

— Eu sou decidida. — voltei a afirmar.

— Eu não me daria ao trabalho de te ensinar essa qualidade se você fosse.

— O que te deu a impressão que eu seja uma pessoa indecisa? — indaguei. — Eu decidi conquistar Ray. Eu decidi procurar ajuda. Eu eu estou decidida que sou uma pessoa decidida.

— Não é desse tipo de decisão que estou falando. — retrucou.

— Não sabia que a decisão tinha tipos. — devolvi.

— Calada. — exigiu.

Oliver puxou uma cadeira e colocou em minha frente, sentando nela logo em seguida. Ele soltou a respiração de modo pesado antes de me encarar, parecia um pai prestes a explicar a filha de onde vem os bebês.

— Fale menos e escute mais. — falou lentamente. — Pessoas apaixonadas tendem a fazer a vontade de sua paixão. Isso se da especialmente com as mulheres. No domingo, quando você me contava como tentou conquistar o Palmer, você falou de várias ocasiões que tentou fazer a vontade dele e queria a todo custo agradá-lo.

— Então eu tenho que fazer de tudo pra desagradar o Ray? — ironizei.

— Não e é isso o que eu estou dizendo. — falou apontando um dedo em minha direção. — Quero dizer que um homem busca uma mulher que sabe o que quer, que não fica todo tempo querendo fazer as vontades do parceiro.

— Por quê? — quis saber. Que contraditório, será que tem coisa melhor do que ter uma pessoa sempre fazendo suas vontades?

— Por que uma mulher que não tem opinião própria e aceita tudo o que o parceiro quer soa como uma fanática. — explicou. — Isso assusta e você está agindo exatamente assim.

Abri a boca para contestar, mas ele tinha razão, no final das contas. Não lembro de nenhuma ocasião se quer que eu tenha expressado minha opinião para Ray, eu apenas aceitava tudo o que ele me falava, pensando que desse modo eu daria a impressão de ser uma pessoa legal.

— Homens gostam de mulheres indecisas para uma ou duas noites de farra. — continuou a explicar. — Mas para um relacionamento sério, nós procuramos mulheres que sabem o querem. E preste bem atenção. — levantou meu queixo com uma mão. — Ser decidida não quer dizer ser inflexível. Uma mulher de verdade leva em conta a opinião do parceiro, mas isso não significa que a opinião dele será necessariamente a dela.

— Entendi. Ouvir a opinião dele, mas falar a minha opinião.

— Calada. — alertou mais uma vez. — Essa é a teoria, na prática é um pouco mais difícil. Hoje nós teremos a missão de mostrar a Ray Palmer que você é uma mulher decidida. A cada dia ele vai reparar em uma qualidade sua. Ao final dos cinco dias, ele estará perdidamente apaixonado. — garantiu.

— Seria um sonho realizado, mas... e se eu não tiver nenhuma oportunidade pra mostrar que eu sou decidida?

— É por isso que eu vou te acompanhar na Palmer Tech. — revelou. — O meu trabalho não é só te dar conselhos amorosos. É te ensinar como demostrar as qualidades e criar as oportunidades para que você demonstre na frente do Ray. Agora vamos ensaiar. — ele bateu nos joelhos e imediatamente se levantou. — Fique sentada e mantenha o tempo todo o queixo erguido, assim você dá uma impressão de segurança.

— Eu achava que o queixo erguido indicava uma pessoa metida, orgulhosa e mesquinha. — contestei.

— Isso quando você tinha 16 anos. Bem vinda a vida adulta, Felicity, as coisas não funcionam como você pensa.

Revirei os olhos.

— Pare de agir como uma criança e faça o que eu te pesso. Mantenha o queixo erguido. — mandou mais uma vez.

— Sim senhor. — provoquei empinando o nariz.

Oliver bufou de raiva, pegando a minha cabeça com as mãos e mudando de posição.

— Muito bem. — falou após julgar que eu estava na posição certa. — Eu sou Ray Palmer e...

— Você precisaria ser no mínimo um palmo mais alto. — eu ri.

Oliver me lançou um olhar de repreensão. O olhar dele era mais suficiente que um discurso...

— Eu sou Ray Palmer. — afirmou. — Você vai ficar sentada aí enquanto eu falo e você não vai concordar comigo e expressar sua própria opinião. Entendeu?

Fiz que sim com a cabeça.

Oliver se afastou um pouco de mim para começar a encenação.

— Felicity. — chamou como se tivesse acabado de me avistar. — Você pode fazer um relatório dos últimos avanços que o departamento de ciências aplicadas teve? Um investidor se interessou em comprar o departamento. Provavelmente vamos terceirizar. — ele deu um sorriso de canto, exatamente igual ao que Ray fazia.

O desgraçado tinha estudado o meu chefe!

— Quê? — perguntei.

— Você pode fazer um relat...

— Eu entendi o que pediu. — me prontifiquei em falar.

A verdade é que eu não sabia como discordar dele. Toda vez que Ray aparecia com toda a sua graça, simpatia, beleza e sorriso de tirar o fôlego eu simplesmente esquecia de como o cérebro funcionava. Então minha reação automática era concordar com ele e fazer o que me pediu. E ter o bonitão Oliver Queen para me ensinar a fazer o contrário não estava ajudando muito.

— Bem... Sr. Palmer. — comecei, olhando pro chão para ver se eu conseguia pensar em algo para falar.

— Queixo erguido, Felicity! — Oliver exclamou, interrompendo minha linha de raciocínio inexistente. — Mantenha contato visual, não tem modo de demostrar mais segurança do que manter contato visual.

Me ferrei.

— Sr. Palmer. — comecei de novo, dessa vez olhando para o azul dos olhos do bonitão, o que me deixou ainda mais nervosa. — Sobre o que eu tenho que discordar mesmo?

Oliver deixou os obros cair, simulando um cansaço exagerado, para então se sentar na cadeira a minha frente de novo.

— Você vai me dar trabalho. — concluiu ao me fitar.

— Achei que já estivesse óbvio.

Começamos do começo. Oliver praticamente teve que ditar para mim palavra por palavra do que eu deveria dizer. Seria cômico se a minha amorosa não fosse a questão. Mas mesmo correndo o risco de nunca conseguir me fazer conquistar Ray, Oliver ainda debochou da minha cara algumas vezes. Claro, não era o coração dele que estava em jogo...

Ficamos cerca de uma hora e meia ensaiando várias situações em que eu poderia expressar a minha opinião para Ray "de modo respeitoso", como o próprio Oliver gostava de afirmar. A cada segundo eu só fiquei mais cansada e nervosa caso falasse alguma coisa errada, mas Oliver me garantiu que sempre estaria por perto e não me deixaria passar vergonha. Isso não me tranquilizou muito, pior do que passar vergonha era passar vergonha na frente do meu chefe gato tendo como salvador o meu conselheiro bonitão contratado para me ajudar a conquistar meu chefe que por acaso eu estaria passando vergonha na frente.

Pra piorar a situação, de cinco em cinco minutos Oliver reclamava que deveríamos ter começado a ensaiar exatamente as cinco da manhã. E que o contra tempo que eu tive para abrir a porta e tomar banho só atrasaram o meu treinamento, o que aumentava as chances das coisas darem errado. Mesmo assim, fiquei feliz por ele ter achado o horário de cinco às sete e meia da manhã suficiente para me ensaiar antes de ir pro trabalho, por que o treinamento continuava por lá. Já pensou se ele marcasse para as quatro da manhã? Se minha personalidade irritante não assustasse o Ray, a minha cara de zumbi com certeza ia.

Depois do ensaio, Oliver reservou meia hora para que eu me aprontasse, e as outras meia hora para que nós fôssemos para a empresa, alegando que era importante que eu chegasse cedo. Eu achei que ele daria alguma dica de como me arrumar para agradar o Ray e tals. Que nada. Ele falou que eu deveria me arrumar como sempre para não levantar suspeitas, e que deixaria para chamar a atenção de Ray com a minha aparência na sexta, nesse dia ele faria uma transformação em mim.

Resolvi passar a maquiagem de sempre e por um look básico, saia rosa rodada e blusa branca, além dos meus lindos saltinhos. Após amarrar meu cabelo no habitual rabo de cavalo e dar uma rápida olhadinha no espelho eu estava pronta para a batalha: conquistar Ray Palmer..

— Jesus Cristo! — Oliver gritou num susto ao me ver, abraçando a pasta que tinha em mãos, quase deixando cair os documentos que tinha nela.

Tombei a cabeça para o lado enquanto esperava ele se recompor. Oliver arfou algumas vezes passando a mão no peito, como se tivesse tentando acalmar os batimentos cardíacos.

— Qual é a da maquiagem de palhaço? — perguntou dando voltinhas com o indicador em direção ao meu rosto.

— Como é que é?

— Você vai todo dia trabalhar assim?

— Sim. — afirmei convicta. Qual era o problema dele?

— Não me admira o Palmer nem olhar na sua cara. Por quê tanto esforço para parecer com a Anabelle?

— Você está me chamando de quê?

— Tem razão, a noiva do Chuck é mais apropriado. — arrelagou os olhos. — Pra quê tanto blush, Felicity? E essa sombra rosa até as sobrancelhas?

— O blush me faz parecer corada. — expliquei.

— É pra você parecer corada, não um extintor de incêndio. — retrucou. — Eu me pergunto por quê que o Palmer ainda não te demitiu. Você é quase uma assombração rosa.

— Não sei se você percebeu, mas eu não fico vadiando na Palmer Tech. — cruzei os braços. — Eu trabalho, e muito bem, por sinal. Sou uma das melhores e mais eficientes na minha área.

— Vai tirar essa maquiagem, Felicity! — Oliver ordenou apontando para a porta do banheiro.

— Mas você disse que eu tinha que eu tinha que me arrumar como sempre pra não levantar suspeitas.

— O Palmer não vai ficar desconfiado. Ele vai dar gracas a Deus.

Simulei uma cara emburrada antes de ir retirar a maquiagem. Noiva do Chuck... Quem ele pensa que é para me chamar assim? Só por que ele tinha essa cara de deus grego não significava que ele poderia sair por aí humilhando os pobres mortais.

Levei cerca de cinco minutos para ficar pronta mais uma vez. Oliver me deixou ficar apenas com o batom no rosto. De acordo com ele, eu ficava muito melhor sem maquiagem do que com a "máscara de bozo".

Iríamos para a Palmer Tech no carro do Oliver, que era praticamente o dobro do meu. Ele tinha seu próprio motorista, que já estava nos esperando na porta do meu prédio assim que saímos do elevador. Conselheiros amorosos ganham bastante, aparentemente. E eu não sei disso só por causa do carro mega caro que Oliver tinha, mas também por causa da fortuna que me custou esses cinco dias de conselhos amorosos.

Oliver entrou comigo no banco de trás com a desculpa que ainda tinha uma coisa importante para me ensinar.

— Preste bem atenção em mim, Curiosa. — Oliver pediu ao me encarar.

— Curiosa é a sua avó.

— Felicity... — Oliver me repreendeu com o seu olhar. — Preciso que preste atenção no que eu vou te ensinar agora. Apenas me escute por cinco minutos, tudo bem?

Tive vontade de responder, mas me contive em apenar assentir.

— O foco hoje vai ser fazer o Palmer reparar que você é uma mulher decidida. Mesmo assim, vou te ensinar alguns truques que vão fazer você parecer atraente.

— Achei que você me ensinaria isso na sexta. — interrompi.

— Você definitivamente não consegue ficar calada. — lamentou. — Mas pelo menos na frente do Palmer você vai ter que se esforçar. E... — ele colocou um dedo em meus lábios quando fiz menção de falar de novo. — ... Os homens são 75% virilha. Uma das coisas mais bonitas e sensuais que você tem são seus lábios, não faz mal fazer o Palmer reparar neles hoje.

Oliver escorregou o dedo em minha boca lentamente, fazendo com que meus lábios ficassem entreabertos.

— Fale com os lábios soltos. Se esforce ao máximo para não mexer os músculos dos lábios enquanto fala.

— Desse jeito? — perguntei falando como ele mandou.

— É pra você falar com os lábios soltos, não fingir que teve um derrame. — repreendeu.

Tudo esse homem reclama!

— Você pode mexer a mandíbula normalmente, e a língua também, apenas não mexa muito os lábios. — ele colocou a mão em meu queixo. — A fala requer que nós mexamos os lábios. Quando precisar usá-los, use pra insinuar eles.

— Eu tenho que falar desse jeito? — tentei novamente.

— Assim está melhor. — elogiou. Finalmente! — Mas ainda não está bom, você precisa treinar mais. — Estava bom demais pra ser verdade mesmo...

— Pra um conselheiro amoroso você não é nada delicado. — reclamei.

— Meu trabalho é te ensinar a ser o tipo de mulher que Ray Palmer goste. Pra isso eu não preciso ser delicado e nem ter essas cinco qualidades.

— Falando nisso, por quê você decicidiu se tornar um conselheiro amoroso? — não resisiti em perguntar. — Você é um homem inteligente, e eu não acho que "Conselheiro amoroso" esteja em algum teste vocacional.

— Menos atenção em mim e mais atenção em você, Felicity. — exigiu ao levantar o meu queixo mais uma vez. — Sempre que estiver ocupada ou concentrada em algo, morda o lábio inferior de modo sensual, como se desejasse o Ray. Mas jamais faça isso olhando pra ele. — ele apertou meu rosto e o virou para cima, analisando meus lábios. — Morda. — ordenou.

Fiz o que pediu. Não era difícil fingir desejo quando se tinha uma visão privilegiada do rosto de Oliver Queen a poucos centímetros do seu. Minha respiração acelerou instantâneamente. 'Pare com isso, Felicity!', ordenei a mim mesma, 'Pare de agir como uma sonsa só por que um homem bonito está olhando você de perto, é o trabalho dele.'

— Não, não, não. Não faça isso. — Oliver soltou meu lábios inferior com o seu polegar. — Não engula o lábio, apenas morda a ponta dele. — ele guiou meu lábio novamente à boca, levantando meu queixo com a outra mão para que eu o mordesse. — Assim... Isso mesmo... — elogiou soltando o meu rosto, contive uma careta, eu não queria que ele me soltasse, suas mãos fortes provocavam sensações boas em mim. — Faça isso sempre que estiver ocupada com algo. Mas não se preocupe caso esqueça, eu vou te lembrar.

Frazi o cenho.

— E como você vai fazer isso?

Oliver me entregou um pequeno aparelho cor de pele.

— Coloque no ouvido e cubra com o cabelo. — pediu.

— Mas eu sempre vou trabalhar com o cabelo preso. — contestei.

— Prenda ele pro lado, faça uma trança, qualquer coisa. O Palmer não pode ver o aparelho, nos comunicaremos por meio dele.

— Que legal. Me sinto naqueles filmes de espionagem. — falei enquanto colocava o comunicador no ouvido.

Oliver fez uma cara aborrecida.

— Nunca repita isso. Muito menos na frente do Palmer.

— Por que você só o chama de Palmer?

Ele me ignorou.

— Eu vou falar com você pelo comunicador, mas você não pode me responder. Só me responda quando eu mandar, okay?

Fiz que sim com a cabeça.

— Você tem que levar essa regra a sério, Felicity, se o Palmer te pegar falando comigo, ele vai achar que você é doida por estar falando sozinha, e isso dificulta as coisas.

— Eu entendi, Oliver. — Falei enquanto soltava o cabelo, fazendo uma trança lateral para cobrir a minha orelha.

— Eu acho bom. — murmurou olhando pela janela, já estávamos na entrada da Palmer Tech. — Se você obedecer a tudo o que ensaiamos, o Palmer vai achar que você não é mais apaixofanática por ele e vai começar a prestar atenção em você.

— Eu não sou apaixofanática por ele! — exclamei.

— Pra todos os efeitos, agora você não é mais mesmo.

Pra todos os efeitos, agora você não é mais mesmo. — imitei com uma falsa voz de Oliver Queen. — Por que o fato de o Ray saber que eu "não sou mais apaixonada" por ele vai fazer ele prestar atenção em mim?

— Quando um homem sabe que uma mulher está interessada nele, ele não gosta quando ela não demonstra mais interesse, mesmo que ele não goste nela. Isso é básico, Felicity. — ele me encarou. — Até você devia saber disso, não pode ser tão inocente. Homens não gostam de mulheres muito inocentes.

— Christian Grey não concordaria com você.

— Christian Grey não existe. — retrucou. — E eu sabia que você não era tão inocente. Agora vá. — apontou com o queixo para a Palmer Tech. — Vou estar logo atrás de você, mas só vou poder subir às 8:30 como visitante. Fora isso, vou ficar por perto.

Assenti antes de abrir a porta do carro.

— Felicity. — Oliver chamou. Olhei para ele. — O Palmer vai dizer que você está bonita. Agradeça com um sorriso sem mostrar os dentes.

Estreitei os olhos.

— Como você sabe que ele vai me elogiar?

— Eu sei como a a mente dos homens funciona, Felicity. — explicou. — E você é bonita até sem maquiagem, o Palmer não vai ser alheio a isso.

— Eu estou de batom. — apontei para a minha boca.

— E isso vai fazer ele reparar bastante em seus lábios. Agora vá. — ordenou mais uma vez. — Não esqueça do que ensaiamos.

A Palmer tech era um dos muitos arranha céus de Starling City. Sua cabeça rodava caso ficasse olhando por muito tempo para o topo do prédio, e eu trabalhava no último andar, tendo apenas uma parede de vidro separando a minha sala da de Ray, e isso me permitia admirar o rosto lindo dele o dia todo enquanto ele trabalhava.

Peguei o elevador restrito que levava até o andar da presidência. Eu, Ray e o segurança particular dele éramos os únicos que tínhamos total acesso a esse elevador. Faltava cerca de quize minutos até o meu horário de trabalho começar, às 8:30. E Ray, sendo Ray, chegaria exatamente no horário. Eu sempre chegava cedo e ficava nervosa antes de Ray aparecer, por causa da minha paixão nada discreta por ele. Mas naquele dia em especial meu coração estava prestes a pular do peito de tanta ansiedade. Será que eu vou finalmente conseguir a atenção de Ray? Deus queira que sim.

Fui direto para a minha mesa assim que cheguei a minha sala. A mesa me ajudaria a esconder minhas pernas bambas. Iniciei o computador e fiquei olhando fixamente para a tela, como Oliver havia me treinado. Ray apareceria a qualquer momento e eu não poderia olhar para ele até que ele falasse comigo. Não olhe pro elevador quando ele abrir a porta. Não olhe para o elevador quando ele abrir a porta. Não olhe para o elevador quando ele abrir a porta.

Não esqueça de falar com os lábios soltos e não mostrar os dentes quando sorrir. — levei um susto ao escutar a voz de Oliver em meu ouvido.

— Você quase me mata do coração! — reclamei.

Não me responda! — exclamou. — Se recomponha rápido, vi o Palmer entrar no elevador. E não esqueça que eu estou ouvindo absolutamente tudo o que você falar. Eu vou falar com você sempre que achar necessário, mas me responda apenas quando eu pedir.

Assenti para o nada e me concentrei em normalizar a respiração. Tarefa difícil. Saber que o Ray estava quase chegando e que teria que colocar o que aprendi em prática com o meu conselheiro escutando tudo não estava ajudando.

Encarei mais uma vez a tela do meu computador ao mesmo tempo que ouvi as portas do elevador se abrirem.

Inspira. Expira. Inspira. Expira.

— Bom dia, Srta. Smoak. — ouvi Ray cumprimentar e levantei meus olhos para ele, dando um sorriso fraco.

Que homem lindo, que sorriso lindo.

— Bom dia, Sr. Palmer. — cumprimentei de volta. — Devo dizer que está muito bonita hoje. — elogiou.

Quase tive um piripaque.

— Eu agradeço. — sorri sem mostrar os dentes.

Não era pra você falar nada, era só sorrir. — Oliver ralhou no comunicador.

— Você não disse que eu não podia falar. — murmurei.

Droga, Felicity. Não me responda!

— Como? — Ray me encarou com o cenho franzido.

— O senhor não disse se eu podia falar... com os investidores para remarcar a reunião de sexta. — respondi voltando a encarar a tela do computador. Era perigoso para a minha sanidade ficar olhando para Ray por muito tempo.

— Ah sim. — lembrou. — Não acho que vá ser mais necessário. Eu posso vir para a empresa apenas por causa dessa reunião na sexta. É importante.

— Como quiser. — murmurei ainda olhando para o computador, dessa vez abrindo a agenda de Ray para verificar seus compromissos.

Foi uma boa virada, Felicity. — Oliver elogiou.

— Sou uma mulher inteligente. — dei um sorriso travesso para mim mesma.

— Disse alguma coisa? — Ray perguntou da porta de sua sala.

— Apenas que vai ter muita gente... nessa reunião. — dei uma breve olhada para ele. — Sei que o senhor me deu o dia de folga na sexta. Mas tem certeza que não quer que eu venha para ajudar com a reunião?

— Tenho sim, Srta. — deu um sorriso de canto. — Mas agradeço a disponibilidade.

Dito isso, Ray foi para a mesa da presidência e eu finalmente consegui respirar aliviada.

Se o Palmer já tiver saído da sua sala você pode me responder. — Oliver falou. — Você não falou com os lábios soltos, não é mesmo?

— Eu esqueci. — falei baixinho abaixando a cabeça para que Ray não me visse.

Tudo bem, temos o dia todo. — afirmou. — O que está fazendo?

— Verificando a agenda do chefe.

Morda o lábio.

Obedeci.

Em hipótese alguma olhe para a direção do Palmer. Mas sem sombra de dúvida ele está olhando para seus lábios nesse momento e pensando no que fazer com eles.

Meu coração parou de bater por um segundo. Olhei para o outro lado.

— Você não pode me falar uma coisa dessas e esperar que eu não olhe na direção dele! — sibilei baixo.

Se você pegar o olhar dele no flagra ele não vai olhar pra você pelo resto do dia. — alertou. — E morda o lábio.

Droga! Minha curiosidade pra saber se o que Oliver me disse era verdade estava me matando, mas eu não podia colocar a tudo a perder. Me forcei a voltar ao trabalho no computador, quase tirando sangue dos meus lábios por causa da força que eu estava mordendo eles.

O dia se passou normalmente, sem que eu mal visse o Ray, como acontecia todos os dias. Mas ao contrário do que eu pensava, não tive notícias nem de Oliver durante o dia. E as oportunidades que Oliver criaria para que eu mostrasse ao Ray que era decidida? Nada. E ele me respondeu quando eu perguntei onde ele estava? Não. Eu já estava planejando mentalmente abrir um processo contra o meu conselheiro amoroso? Sim. Eu já estava bufando de raiva quando meu espediente estava prestes a acabar. Eu tinha colocado tudo o que eu aprendi em prática, mas onde estava o miserável do meu conselheiro amoroso para criar a oportunidade para que eu mostrasse a primeira qualidade ao Ray?

Todos os meus argumentos somados ao sono que eu estava me davam vontade de egasgar o Oliver. Eu já estava chamando ele de cretino como uma reza.

— Felicity. — ouvi o chamado de Ray e levantei os olhos, soltando o lábio inferior de meu dentes. — Você pode fazer um relatório dos últimos avanços que o departamento de ciências aplicadas teve? Um investidor se interessou em comprar o departamento. Provavelmente vamos terceirizar. — deu um sorriso de canto.

Fiquei totalmente paralisada. Eu poderia jurar que as palavras que ele usou eram as mesmas que Oliver usou no nosso treinamento de manhã.

Responda a pergunta, Felicity! Não faça cara de idiota. — a voz de Oliver no meu ouvido me fez dar um pequeno pulo da cadeira.

— Onde diabos você estava?! — perguntei aborrecida.

Não me responda!

— Eu estava verificando o departamento, achei que você soubesse. — Ray perguntou com uma linha entre as sobrancelhas. — Você está bem?

Droga! Eu iria costurar a minha boca depois dessa.

— Oh, sim, Sr. Palmer, claro, excelente. — vomitei as palavras. — Eu só... Eu...

Repita tudo o que eu disser. — Oliver ordenou. — Me desculpe pelo o que eu disse, Sr. Palmer.

— Me desculpe pelo o que eu disse, Sr. Palmer. — repeti.

É que nesse mesmo momento recebi uma mensagem de um familiar que não deu notícias durante dias. Eu estava falando com celular, não com o senhor.

— É que nesse mesmo momento recebi uma mensagem de um familiar que não deu notícias durante dias. Eu estava falando com o celular, não com o senhor. — olhei para o celular para confirmar a história.

Mas isso não importa. O que o senhor me pediu?

— Mas isso não importa. O que o senhor me pediu?

— Apenas que me faça um relatório detalhado dos últimos avanços que o departamento de ciências aplicadas teve. — falou lentamente. Ele devia achar que eu era demente...

Ah sim. O senhor pretende mesmo terceirizar o departamento?

— Ah sim. O senhor pretende mesmo terceirizar o departamento?

— Sim. Seria ótimo para a Palmer Tech. — Ray falou enquanto se aproximava. — Cortaríamos gastos, os lucros aumentariam.

Agora continue do jeito que ensaiamos.

— Agora continue do jeito... O quê? Não. — dei um tapa na minha testa quando percebi que não deveria ter repetido essa frase.

Não era pra você ter repetido, Felicity! — Oliver lembrou.

— Eu sei!

Droga, Felicity! Pelo amor de tudo o que é sagrado, fala pro Palmer o que ensaiamos!

Encarei Ray mais uma vez. Ele deu um leve passo pra trás, parecia prestes a sair dali. Mas a expressão dele era de quase medo. Claro, quem não ficaria com medo de ver sua secretária retardada falando um monte de coisas sem nexo?

— Sr. Palmer. O lucro que a Palmer Tech teria seria realmente grande nesse ponto de vista. Mas o senhor já parou pra pensar nos avanços que o departamento obteve? — dei a volta na mesa para o encarar mais de perto. — As pesquisas sobre o desenvolvimento de uma prótese implantável do braço e das mãos têm sido revolucionárias para algumas pessoas. Se o senhor terceirizar, provavelmente esses avanços seríam no mínimo atrasados.

Solte os lábios.

Fiz o que Oliver mandou enquanto terminava o meu pequeno discurso, falando sobre os empregos que seriam perdidos e várias outras coisas. Precisei desviar o olhar assim que percebi que Ray acompanhava o movimento de meus lábios com os olhos. Mas nada pagava a cara de surpresa que o meu chefe fazia diante da minha coragem de apresentar a ele a minha opinião. Ponto para o Oliver!

— Seu argumentos são realmente válidos, Felicity. — Ray admitiu olhando para o chão, parecendo pensativo. — Vou ter que reavaliar a proposta. Mas vou precisar dos relatórios mesmo assim

— Claro. Vou fazer agora. — fiz menção de contornar a mesa.

— Não, não. — olhou no relógio. — Seu expediente já acabou, você pode fazer isso amanhã.

— Obrigada. — agradeci com um sorriso sem-mostrar-os-dentes.

Quis dar um pulo e um soco no ar, mas Ray estava na sala ao lado que por acaso tinha uma parede de vidro. Arrumei rapidamente as minhas coisas para ir embora, eu era capaz de dar um soco no meu conselheiro por me fazer ficar o dia todo no vácuo, e ao mesmo tempo um beijo por me ajudar a chamar a atenção de Ray.

Você percebeu que ele te chamou pelo primeiro nome? — Oliver questionou quando eu apertei o botão do elevador.

Não... Repasseias falas de Ray mentalmente até que...

— Oh meu Deus, É verdade. — afirmei impressionada. — Ele e chamou de Felicity, ele nunca tinha feito isso... acho que vou chorar.

As portas do elevador se abriram. Revelando um Oliver Queen encostado na parede de modo sensual, com o terno pendurado em um dos ombros e aquele sorriso... Ai, aquele sorriso.

Entrei no elevador de modo civilizado mas comecei a dar pulinhos assim que a porta se fechou. Oliver soltou uma risada musical.

— Você é irritante, mas até que é divertida. — murmurou com um sorriso de canto.

— Nem acredito que ele me chamou pelo primeiro nome. — olhei para Oliver. — Ele me chamou pelo primeiro nome. E ele prestou atenção em mim. Ele olhou pra minha boca!

Oliver riu mais uma vez.

— Parabéns. — elogiou. — Mas a partir de amanhã não usaremos mais o comunicador. Você quase colocou tudo a perder.

— Tem razão. — falei tirando o aparelho de meu ouvido. — Temos que arranjar outro jeito de nos comunicar.

— Eu vou pensar em algo.

Concordei com a cabeça. Mas ainda tinha algo me incomodando...

— Onde você estava o dia todo? Tomou chá de sumisso?

A expressão de Oliver se tornou aborrecida em um instante.

— Eu estava tentando arranjar um jeito de conseguir uma oportunidade para você demonstrar a primeira qualidade. — falou. — Fazer isso é muito difícil quando a paixão da sua cliente é um bilionário.

— E como conseguiu essa do departamento de ciências aplicadas? Foi igualzinho como ensaiamos.

— Eu tenho contatos. — deu um sorriso travesso. — Precisei fazer muitas ligações, mas no final das contas consegui um investidor que ligasse para o Palmer fingindo estar interessado no departamento.

— Deve ter dado um trabalhão... — murmurei.

— Hoje sim. Mas a partir de amanhã as coisas são mais simples e mais fáceis de criar oportunidades.

— Me responda mais uma coisa. — pedi. Oliver apenas revirou os olhos murmurando um "óbvio". — Como conseguiu acesso a esse elevador? Ele é restrito.

— Eu disse que tenho contatos. — respondeu simplesmente.

Passou-se alguns minutos até que as portas do elevador se abriram e revelaram a recepção da Palmer Tech. Oliver e eu saímos juntos, afinal, ele era a minha carona pra casa.

— Sabe, Oliver. — coloquei uma mão em seu ombro. — Houve várias vezes durante o dia que eu te chamei de cretino até para as paredes. Mas eu tenho que admitir, você é um cretino que sabe o que faz.

Oliver riu e falou alguma coisa. Mas eu não consegui ouvir. Minha atenção foi rapidamente tomada para a figura loira perto das portas giratórias que acenava de modo descontrolado com as mãos. Minha mãe usava um vestido azul super colado e parecia estar espantando mosquito de tanto que balançava o braço para chamar atenção. Mas o pior não era isso. Segurando a mão dela estava o meu pior pesadelo, uma figura morena de um pouco mais de um metro, dando aquele sorrisinho demoníaco enquanto também balançava as mãos. Minha sobrinha: Carolina.


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Notas finais do capítulo

Esse foi o capítulo da semana! Eu queria postar mais de um por semana, mas essa fanfic é mais difícil de escrever do que eu imaginei.
Não deu tempo de revisar, se tiver qualquer erro me avisem.

*Eu queria agradecer as doze pessoas que favoritaram a ficou logo no prólogo. Vocês me deram um voto de confiança que eu prezo muito. Eu também agradeço os comentários do capítulo passado (eu gosto muito de comentários).
Eu espero não ter desapontado com o capítulo. Vejo vocês semana que vem!



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