Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 57
Capítulo 57




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Capítulo 57 - O Duro Treinamento da Garçonete

 Tio Natan continuava debruçado na mesa, entregue às lágrimas, enquanto Renata tentava consolá-lo.

- Calma, tio, calma...não precisa ficar desse jeito

- O que aconteceu? - pergunta Raquel inocentemente.

- Onde você disse que ia trabalhar mesmo? - pergunta Mariana

- No Quiosque Katana! É um restaurante japonês novo que abriu aqui perto! - a ruivinha confirma, toda animada.

- Como você pode fazer isso com a gente, Raquel? - Tio Natan parecia desolado - Nós não éramos amigos?

- Mas qual o problema? O senhor disse que aqui não tinha mais vagas...só aproveitei a oportunidade que apareceu

- Mas...justo num quiosque concorrente? Você podia procurar vaga em alguma lojinha ou até mesmo numa lanchonete mais no centro da cidade! Por que justo aqui do lado? - Tio Natan estava mesmo nervoso.

- Mas foi o que apareceu

- Ah, tio...deixa de exagero! - Mariana tenta acabar com o clima de desespero - O panfleto diz que é um restaurante de comida japonesa...os frutos do mar ainda são nossos

- Vocês não entendem mesmo! Todo mundo prefere comida japonesa à frutos do mar!

- Ah, que bobagem, tio! Aposto que todos aqui dirão o contrário! - fala Renata - Eu e a Mari, por exemplo, preferimos muito mais frutos do mar

- Verdade? - pergunta o tio

- Claro - continua Mariana - Não é verdade, Thiago?

- Sério? Mas a gente não gostava mais de comida japonesa, Mari? - Thiago responde, sem pensar muito. Foi o suficiente para o tio começar a chorar de novo. Thiago leva um baita tapa no braço.

- Aiii! O que eu fiz agora?

- Você não tem um pingo de noção mesmo, né?

- Oh, tio...mas o senhor não precisa se preocupar. O quiosque Twin abre de manhã até o final da tarde. O quiosque Katana abre de tarde até à noite - explica Raquel

- Até à noite? Nossa, Raquel, como você vai dar conta? Você estuda de manhã, mas precisa de tempo para fazer trabalhos e estudar para as provas - lembra Mariana, sabendo que a vida de trabalhador e estudante não era muito fácil.

- Relaxem. Eu dou um jeito - diz a mocinha, realmente animada para seu trabalho - As donas do local parecem legais

- Mesmo?

"Bem, pelo menos a irmã mais nova é simpática", pensa Raquel.

- E o quiosque abre quando? - pergunta Thiago, já se recuperando do tapa.

- Sexta à noite, mas eu preciso passar pelo menos algumas tardes lá para treinamento

- Entendi - diz Thiago - Bem, boa sorte então

- Obrigada. E é claro que vocês vão passar lá na inauguração para ver como é, não vão?

- Bem... - Renata parecia meio temerosa de responder com o tio ali do lado

- Podem ir - responde tio Natan - Vão! Podem me deixar aqui...abandonado! Por que vocês não vão trabalhar no quiosque japonês também? Aposto que eles são muito melhores do que eu!

- Ah, deixa de drama, tio! - fala Mariana - Aposto que o senhor também tá morrendo de curiosidade para ver como é...eu sei que o senhor gosta de comida japonesa

- Nunca! Dar esse gostinho para a concorrente?

- Já falei que a Fabíola adora comida japonesa? - comenta Mariana

- Tudo bem. Sexta-feira a gente passa lá!

- Foi mais fácil do que eu pensei - diz Renata

Mas antes da inauguração na sexta, Raquel teria que ser treinada como a garçonete local. Ela chega na tarde do dia seguinte, pronta para começar sua jornada de trabalho.

- Boa tarde! - a ruivinha cumprimenta com a maior alegria - Eu disse que vinha, não disse?

- Chegou na hora. Isso é um ponto positivo - diz Kate, que estava ali, dando uma limpada no local.

- Não fez mais do que a obrigação - diz Katia, chegando com alguns potes de pickles (ou algo parecido) para colocar no refrigerador - Bem...se está aqui, acho que podemos começar seu treinamento

- Certo! - diz Raquel, toda animada - Mas...se o quiosque ainda não abriu e não temos clientes, como posso treinar?

- Logo se vê que você é uma amadora - fala Katia - Nosso treinamento é muito mais rigoroso do que isso

- Rigoroso, é? - Raquel mostra um pouco de nervosismo na voz, mas não iria desistir tão fácil - Tudo bem! Pode mandar o que quiser! Eu encaro!

- É mesmo? - Katia não parecia estar colocando muita confiança - Se é assim...vamos começar...pegue essa bandeja e tente levar até a outra mesa

Ela se dirige ao balcão, mas estranha ao ver o objeto.

- Mas tá vazia - ela fala

- Eu sei. Faça logo o que eu disse. Leve para a mesa no outro canto

- T-Tá

Raquel pega a bandeja e leva para o outro lado. Parecia a coisa mais fácil do mundo, mas não era bem assim...principalmente quando uma cadeira é empurrada na sua direção, derrubando a garçonete com bandeja e tudo.

- O que foi isso? - reclama Raquel, enquanto se levantava - Eu já fiz alguma coisa errada?

- Sim. Caiu - responde Katia - Você é mais mole do que eu pensei

- Como assim? Foi você que jogou a cadeira na minha direção!

- É claro! Por que esse é o treinamento! - responde a séria japonesinha, sem trepidar nem um pouco

- Como é que é?

- Isso mesmo - completa Kate - Trabalhar no nosso quiosque exige reflexos rápidos

- Mas isso...não faz sentido

- Não faz sentido? Não fale coisas sem saber de nada, garota insolente - bronqueia Katia

- Como assim?

- Servir é uma arte. O clã Himura é conhecido por sua imensa habilidade em servir mesas, não importa a circunstância - continua a irmã mais brava.

- Isso mesmo, Raquel - continua a mais simpática - Nossos antepassados trabalhavam no Japão em bares onde brigas e lutas eram muito frequentes. Servir uma mesa sem derrubar nada era uma tarefa extremamente difícil

- Por isso nosso clã se empenhou no serviço de mesa marcial - continua Katia - Se quer trabalhar aqui, vai precisar saber o básico dessas técnicas

- Caraca..não pensei que fosse algo tão sério - fala Raquel - Se eu passar no treino, eu ganho um certificado ou algo assim?

- Vai sonhando - retruca Katia - Vai precisar de muito treino para chegar ao grau de ouro do serviço de mesa marcial

- Grau de ouro? - pergunta Raquel

- Sim. Existem diferentes graus de serviço de mesa. Madeira, metal, bronze, prata e ouro. Eu cheguei ao prata. A minha irmã é ouro

- Nossa! Você é muito boa mesmo! - Raquel se impressiona

- Como pode acreditar em algo sem ao menos questionar? - critica Katia - Kate! Vamos fazer uma pequena demonstração para ela

- Sim

Raquel se senta na cadeira e as irmã fazem os preparativos. Kate pega uma pilha de bandejas e Katia pega uma bandeja com vários copos. Kate lança as bandejas em Katia, que se desvia facilmente. Em uma delas ela é obrigada a soltar o que segurava, mas consegue pegar tudo de volta com muita agilidade. Raquel aplaude.

- Uau! Você é incrível! - Raquel batia palmas de pé.

- É o resultado de muito treinamento - responde Katia - Também me especializei em ninjutsu, karatê, kendô e outras artes marciais...mas o serviço de mesas é minhas especialidade, embora hoje esteja mais na administração do que no serviço.

- Um dia ainda preciso chegar no ouro - fala Kate

- Uau! Incrível! Mas é realmente necessário tudo isso para trabalhar aqui?

- Você é só uma iniciante...se as coisas ficarem difíceis, acho que a Kate dá conta

- Será que dou?

"Meu Deus..onde elas acham que estão? No Japão feudal?", pensa Raquel, achando aquilo exagerado demais, mesmo sendo legal.

- Bem, Raquel, não é? - Katia se volta para a nova garçonete.

- Sim - responde a ruivinha

- Não exigimos que você seja uma garçonete marcial de grau prata, mas pelo menos se desviar de obstáculos lentos você precisa. Vamos continuar com o treino

- Tudo bem! - Raquel se anima, mas era mais difícil do que pensava. Apenas no final do dia ela consegue, finalmente, se desviar de todas as cadeiras. Era um treino, no mínimo, exagerado. Mesmo assim, ela parecia estar se divertindo.

- Ufa! É mais difícil do que parece! - ela reclama.

- Amanhã nós continuamos no mesmo horário. Lembre-se que abrimos na sexta - fala Katia

- Tudo bem. Ah! Chamei alguns amigos para virem aqui no dia da inaguração, tudo bem?

- Tudo bem? Tudo ótimo! - comemora Kate - Ela fez até a propaganda! Acho que você vai se dar muito bem aqui, não é, maninha?

- Veremos - é tudo que Katia fala, antes de sair e subir.

- É o jeito dela. Não liga - diz Kate

- T-Tá. A gente se vê então

- Obrigada - Kate se despede. Era realmente incrível a diferença entre as irmãs. Elas faziam Raquel se lembrar de alguém, mas quem? Bem, ela não tinha muito tempo pra isso.

- Ai, meu Deus! Ainda tenho que fazer uma lista de exercícios! A Mari tinha razão...trabalhar e estudar é difícil, mas eu não posso desistir!


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