Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 121
Capítulo 121




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Capítulo 121 - Procurando um novo hobby

 A vida de qualquer pessoa que trabalha e estuda nunca é fácil. Que o digam nossos amigos Mariana e Thiago que seguem tal rotina desde o primeiro ano de faculdade. Mesmo que agora não trabalhem no mesmo local, os dois sabem o que é estar cansado no final do dia.

- Ah, Mariana! - cumprimentou Thiago, no momento em que chegava do hotel Himura acompanhado de Renata.

- Oi, Thi. Oi, Renata - disse Mariana, com uma voz evidentemente cansada.

- Que raro. Chegamos juntos - comentou Renata.

- É. Nossos ônibus param em lados diferentes do quarteirão - disse Mariana - E eu saí mais cedo hoje. Primeira vez que tenho uma folguinha no meu estágio. Eles estão quase comendo a minha alma de tanto serviço.

- É...não tá fácil pra ninguém - disse Thiago - Mas agora a gente pode relaxar, se abraçar, curtir um pouco um ao outro e...

- Vai tomar banho primeiro, não é, Thiago? - falou Mariana - Com todo mundo cansado e suado de um dia desses, ninguém merece se abraçar assim.

- Ah, eu não ligo - falou Thiago - Você é linda, fedida ou cheirosa

- Ele não é romântico? - perguntou Renata (difícil dizer se foi irônico ou não).

- Muito - ironizou Mariana - Deixa de palhaçada e vamos entrar logo. Só quero um chuveiro, um jantar e ir pra cama.

 Os três entraram na casa e dão de cara com Stephany e Fabíola no sofá. A primeira jogava alguma coisa no celular e a segunda lia uma revista sobre vinhos.

- Boa noite - cumprimentou Mariana.

 Não teve resposta.

- Boa noite - ela falou um pouco mais alto, mas, de novo, nenhuma delas respondeu.

- Gente! Boa noite! - disse Mariana quase gritando.

- Ah, oi Mari - cumprimentou Stephany - Desculpa. Não vi vocês chegando. Disseram alguma coisa?

- Disse boa noite - falou a loirinha - Vocês ficaram surdas?

- Não, mas vamos ficar em breve - disse Fabíola - Se não usarmos esses tampões de ouvido que eu arranjei.

- Ué? Por quê? - perguntou Thiago.

- Por isso...já via começar de novo - falou a médica, e, de fato, poucos segundos depois, um barulho insuportável começa a soar pela casa. Renata fez uma careta de desaprovação, enquanto Mariana estava mais era pasma. Mari tapou os ouvidos e disse:

- O que é isso? Tá vindo de dentro de casa?

- Ah, sim - disse tio Joaquim, que, por coincidência, passava pela sala de entrada - É a Raquel.

- A Raquel? - estranhou Renata - É verdade...bem que eu vi que ela saiu mais cedo hoje. O que diabos ela tá fazendo?

- Tocando violino - explicou Fabíola, colocando novamente os tampões - Desculpem, mas só tinha três pares de tampões. O outro está com a dona Joana.

- Bom, eu já sou meio surdo mesmo - falou seu Joaquim - Por mim, ela pode tocar à vontade. Desde que pare depois das 10 da noite.

- Violino? E desde quando a Raquel tem violino? - perguntou Renata.

- Desde hoje - falou seu Joaquim - Parece que quer iniciar uma atividade nova.

- Atividade nova? - repetiu Mariana - Calma aí. Preciso ver isso pessoalmente.

 Thiago, Renata e Mariana batem no quarto de Raquel que, ao que parece, não estava ouvindo.

- Raquel! - gritou Mariana - Abre essa porta!

- Bate mais forte! Ela não ouviu! - disse Renata.

- Mais forte?

- Isso. Assim! - Renata bateu na porta com todas as forças, praticamente derrubando-a. Mesmo assim, parece que Raquel não ouvia.

- Será que tá trancada? - perguntou Renata.

- Ei, não vai abrir assim, né? O Thiago tá aqui fora. Vai saber como ela está lá dentro!

- Como...ela está lá dentro? - repetiu Thiago.

*Imaginação do Thiago*

  Mariana e Renata abriram a porta, dando de cara com Raquel, que tocava violino de uma maneira um tanto peculiar.

- Raquel?! - estranharam Mariana e Thiago.

- Ah! Gente! - disse ela, tapando imediatamente a parte de cima do corpo com as mãos e a de baixo com seu violino - Não deviam entrar sem bater...

- O que está fazendo...tocando violino...pelada?! - perguntou Mariana, pasma.

- Ah, é que...resolvi iniciar um novo hobby. Tocar música nua. Só assim me sinto mais livre para expressar todo o lado sublime da música clássica.

- Tocar música...nua? - repetiu Thiago, mal podendo conter seu rosto vermelho.

- Claro que preciso treinar muito, mas sinto que me dou muito melhor tocando sem nada do que vestida.

- Sério? - disse Mariana - Talvez funcione para atividades acadêmicas também...acho que vou começar a estudar...completamente nua também.

- O quê?! - Thiago não acreditava.

- Eu não estudo, nem toco nada - falou Renata, começando a se abanar com as mãos - Mas essa conversa me deu tesão e também fiquei com vontade de tirar a roupa...

- Renata?! - Thiago tremia, mas a cunhada já começava a arrancar a camiseta.

- Sério? - falou Mariana - Ai, agora que você falou, também quero tirar agora.

- Gente..espera...eu..

* Fim da imaginação do Thiago *

- Thiago?  Tá bem? - perguntou Mariana.

- Não, não, é melhor vocês se vestirem e..

- Do que tá falando?

- Hã? Mariana? Você não tá pelada?

- Claro que não! No que você tava pensando?! - Mariana estapeou o braço de Thiago com toda a vontade.

- Desculpa, eu me distraí e...

 Nisso, Raquel abriu a porta e viu o trio ali, discutindo.

- Oi, gente. Vocês queriam falar comigo? - disse Raquel e não, ela não estava pelada. Usava camiseta e um shortinho curto, mas estava vestida.

- Raquel? É você que tá tocando esse violino? - perguntou Mariana.

- Ah, sim! Comprei hoje! Resolvi aprender alguma coisa nova!

- Mas você...err...não pensou em começar com aulas mesmo? Tipo num conversatório - disse Thiago.

- Conservatório, Thiago - corrigiu Mariana.

- E o que eu disse?

- Conversatório.

- E como é?

- Ah, Thiago, não vamos apelar com piadas conhecidas! - reclamou Mariana - Escuta, Raquel..err..não é que você toque mal..

- Não? - repetiu Thiago, apenas para receber um soco com as costas da mão de Mariana na cara.

- O que eu quero dizer é que...seria melhor aprender com um professor do que sozinha, não acha?

- Ah, é que eu cheguei a aprender um pouco de piano quando pequena. Eu lembro alguma coisa e achei que desse para aproveitar no violino.

- E piano e violino são tão parecidos?

- Ah, a partitura é parecida - falou Raquel - Aqui é um lá...ou..é um sol. Ai, caraca, será que eu tava errando a leitura?

- Raquel. Não queremos magoá-la, mas a verdade é que...ensaiando assim o som fica horrível - disse Mariana.

- Sério mesmo? Oh, desculpem...não sabia que estava incomodando - disse Raquel.

- Ah, sim, tá sim - falou Fabíola, que passava na frente do quarto justo naquela hora.

- Fabíola! Não precisa falar assim! - reclamou Mariana.

- Por que não? Vocês já disseram que ela toca mal, não disseram? A parte mais difícil já foi!

 Raquel fica ainda mais desanimada ao ouvir isso, mas Mariana tenta consolá-la.

- Calma, calma. Sempre é possível melhorar - disse a loirinha - Mas aqui em casa fica difícil.

- Que chato - falou ela - Mas...fora de casa pode, não pode?

- Desde que não seja aqui na rua - disse Thiago.

- Se bem que poderia espantar os ratos, que nem naquela história do flautista, né? - disse Renata.

- Mas naquele caso ele não tocava bem? - comentou Thiago. Raquel se desanima ainda mais.

- Quietos, os dois! - reclamou Mariana - Escuta, Raquel. Acho melhor procurar um conservatório mesmo.

- É, tem razão. É difícil aprender sozinha - concordou ela - Mas acho que dá pra adiantar alguma coisa antes de começar o conservatório.

- Como assim? - perguntou Mariana.

- Vou ensaiar na pracinha antes de ir para o trabalho - disse ela - Seria como uma corrida matinal, só que no caso, um ensaio matinal.

- É...acho que não vai ter problema. Lá não passa muita  gente de manhã mesmo - disse Thiago, levando mais um tapa no braço que praticamente o fez voar na direção da parede do corredor.

 De qualquer maneira, Raquel parou de ensaiar dentro de casa e passou a tocar na pracinha da cidade, bem cedo. Por coincidência, um velho conhecido nosso também passeava por ali pelas manhãs (embora não todas). Era César, e seu coração eternamente indeciso.

 "Droga...nunca vou ter dinheiro suficiente para ganhar o respeito da Katia ou da Kate. Snif. Acho melhor desistir disso", matutava ele, enquanto caminhava pela pracinha pensando sobre sua conturbada vida amorosa. "E ouvir esse gato com dor de barriga só me deixa mais deprimido"

 A questão é que o tal gato com dor de barriga não era gato e sim Raquel tocando seu violino em plena praça. César ficou espantado (com uma música tão ruim).

"Mas aquela é...a Raquel?"

 Será que César poderia mudar alguma coisa na vida de nossa violinista novata?


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