Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 120
Capítulo 120




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Capítulo 120 - Eleições do bairro

 Sr. Bacamarte era um antigo rival do Sr. Joaquim e quando os dois estavam juntos nunca saía coisa boa. Atualmente, Seu Bacamarte é dono de um restaurante de comida escandinava no centro da cidade enquanto seu Joaquim é o dono da pensão. E agora os dois estavam disputando a presidência da associação do bairro (mesmo que nenhum dos dois tenha sequer participado de alguma reunião antes. Coerência? Você acompanha essa história há tanto tempo e ainda quer alguma?).

- O que está fazendo aqui? - questionou seu Joaquim - Isso é assunto para os moradores do bairro! Você nem mora nesse bairro!

- Mas a minha neta mora e ela me contou dos seus planos diabólicos...já fico preocupado com o fato dela morar na mesma casa que você, agora morando num bairro sob a sua responsabilidade quer dizer que nem fora da casa ela vai ter paz!

- Ora, você sabe que cuido muito bem da sua neta. O que diabos você quer se metendo onde não é chamado? Apenas moradores do bairro podem se candidatar a esse cargo! Estou errado?

 O velhinho vice-presidente (substituindo temporariamente o presidente recém-falecido) ficou na dúvida, mas resolve consultar o secretário da associação.

- Isso tá na constituição da nossa associação. Seu Fonseca, ô seu Fonseca!

 Seu Fonseca, o secretário, ainda dormia calmamente em sua cadeira (o mesmo lugar que ocupava por horas).

- Seu Fonseca! - o vice gritou mais uma vez.

- Hã? O quê? Gol do Corinthians?! Ganhamos?

- Não, seu Fonseca, queremos saber onde está a constituição da nossa associação.

- Ah, e me acorda pra isso? Tá no lugar de sempre!

- Onde? A minha memória não tá muito boa...

- Ali, ali naquela mesinha - seu Fonseca se levantou, dirigindo-se até uma mesinha com quatro gavetas. Abriu as quatro e por fim tirou um livro lá de dentro - É isso aqui

- Isso é a lista telefônica, seu Fonseca.

- A constituição tá dentro - explicou ele, tirando uma folha de papel escrita à máquina de escrever com algumas regras listadas.

- Obrigado - agradeceu o vice-presidente, passando a ler o documento e procurar o item que desejava - Ah, sim, sim, é verdade.

- O que é verdade? Que não moradores não podem participar? - perguntou seu Joaquim.

- Não. É verdade que não moradores podem participar. Não tem nenhum item na constituição que elimine essa possibilidade.

- Viu só, recalcado? - riu seu Bacamarte - Posso impedi-lo de estragar esse bairro!

- Está aqui só pra me encher a paciência, fale a verdade.

- Não vou deixar que ganhe uma posição tão alta assim fácil. Se posso administrar um restaurante, também posso administrar um bairro.

- Grande coisa, eu administro uma pensão cheia de jovens baderneiros. Tenho muito mais capacidade administrativa que você!

- Isso são os moradores que vão decidir - disse o vice - Será feita uma pesquisa com todos os moradores e em duas semanas contaremos os resultados. Até lá, falem de suas propostas para eles.

- Pode deixar! Tenho certeza de que já tenho muitos votos só na pensão - disse seu Joaquim confiante.

- Menos o da Raquel - lembrou seu Bacamarte - Minha netinha certamente vai votar em mim!

- Que seja. Ainda tenho o apoio de todo mundo lá. Só um voto a menos não vai fazer diferença. Além disso, todo mundo na vizinhança me conhece.

- E daí? Só porque sou desconhecido não quer dizer que posso conseguir poucos votos!

- Quero só ver com que cara você vai pedir votos para a vizinhança. Ninguém tá nem aí pra você. Essa eleição já é minha!

 Mas Seu Joaquim não contava que Seu Bacamarte tinha a especialidade de conquistar as pessoas pelo estômago. E foi o que ele percebeu ao ver Thiago e Mariana chegando na pensão com um pacote cheio de bolinhos.

- Nossa mãe de Deus! - exclamou dona Joana - Mais bolinhos de bacalhau?

- Pois é - disse Thiago, colocando o pacote na mesa.

- Como assim mais bolinhos? - perguntou seu Joaquim, enquanto escrevia suas propostas num papel.

- O seu Bacamarte deu de graça pra gente - disse Mariana - E também falou que está participando da eleição, concorrendo com o senhor.

- Aquele velho vigarista. Tá querendo comprar votos! Que tipo de pessoas mau caráter faria isso?

- Falando nisso, tio Joaquim...aquele desconto no aluguel do meu quarto ainda tá de pé se o senhor ganhar a eleição, né? - disse Thiago.

- Err...não sei do que está falando - disfarçou seu Joaquim.

- Você não tem jeito - comentou Mariana olhando para Thiago.

- Mas vocês não vão preferir os bolinhos do que eu, vão? O Bacamarte é só um velho esclerosado! Votem em alguém que tenha cabeça, como eu! Ele não vai nem conseguir lembrar os nomes dos moradores do bairro!

- O senhor conhece todos os moradores do bairro? - perguntou Thiago.

- Claro que sim, Timóteo - falou ele - Ninguém melhor do que eu pra lembrar das coisas.

- Tio Joaquim, o senhor lembrou de tomar seu remédio para a memória? - disse Renata, que passava pela cozinha naquela hora.

- Ops..esqueci. Obrigado por lembrar, Rebeca

- É Renata - corrigiu a irmã de Mariana, também percebendo que tinha mais bolinhos - Opa. Mais bolinhos?

- Você também ganhou? - perguntou Thiago.

- Sim. Ganhei dois pacotes porque o Seu Bacamarte me confundiu com a Mariana. Ele não lembrava se já tinha me dado os bolinhos e acabou entregando mais por via das dúvidas.

- Tá vendo? Falei que é um esclerosado? - reclamou tio Joaquim - Não consegue nem perceber a diferença entre duas irmãs. E cadê o meu remédio pra memória, Renata?

- Eu sou a Mariana, tio

- Mariana? Ah, sim, Renata é a namorada do Timóteo

- Acho que não vai ser muito saudável se ele ganhar a eleição - Thiago cochichou para Mariana.

- Mas é legal ele tentar algo diferente. Vamos ver no que isso vai dar!

 E chega o dia das eleições. As pessoas foram entrevistadas por um pesquisador neutro (o vice-presidente da associação) para escolherem o novo candidato do bairro. E o resultado seria anunciado naquele domingo de manhã. Seu Joaquim obrigou, digo, intimou todos os moradores da pensão a comparecer à apuração do resultado.

- Vai demorar muito? - perguntou Thiago - A Katia vai ter mais um motivo pra me matar se eu chegar atrasado de novo.

- Relaxa. Eu avisei pra ela que era importante - disse Raquel - Além disso, também preciso torcer pelo meu avô.

- Você deve ter ficado numa situação difícil, né? Entre o seu Joaquim que mora com a gente e o seu avô - comentou Mariana.

- Ah, nem tanto, eu...

- Shhh. Quietos - disse seu Joaquim - Vão anunciar os resultados.

- Sejam bem-vindos à reunião extraordinária da associação de moradores do bairro..err...até que veio bastante gente...

- Hehe. Todos vieram testemunhar minha vitória! - falou seu Bacamarte, sentado do lado de Raquel e atrás de seu Joaquim - Ninguém vai votar num velho doido como você, Joaquim.

- E ninguém vai votar num feioso desconhecido barba ruiva como você, Bacamarte! - retrucou seu Joaquim.

- Shh. Gente, por favor - reclamou Mariana - Eles vão anunciar o vencedor.

- Espero que o seu Joaquim ganhe - disse Fabíola, também ali no meio - Daí teremos um bom motivo para abrir aquela garrafa de vinho nova que eu comprei!

- O futuro do bairro que é bom, nada, né?

- Atenção...os resultados foram...cinquenta e sete votos para o...seu Fonseca!

- O QUÊ?! - Bacamarte e Joaquim gritaram em uníssono.

- Como assim? Explica isso! Só o Joaquim e eu estávamos competindo! - reclamou Bacamarte.

- Bem, é que pela constituição...peraí, agora já sei onde está - seu Carlos, o vice-presidente, tirou o papel dobrado do bolso e leu uma das cláusulas - O eleitor pode votar em qualquer pessoa que achar apta para o cargo. Como seu Fonseca está na associação há anos acharam melhor votar nele. Parabéns, seu Fonseca. Seu Fonseca?

 Ele estava dormindo de novo.

- Seu Fonseca!

- Hã? O quê?! O Corinthians fez gol?!

- Não, o senhor ganhou a presidência da associação de moradores do bairro - falou Thiago.

- Ah, tá. Tá, tá, que seja. Obrigado.

- Bem, é isso - terminou seu Carlos - Mais alguma pergunta?

- Sim - disse Bacamarte - Diga pelo menos de quantos votos eu ganhei do Joaquim!

- Ora, seu...

- Bom, na verdade vocês empataram de zero.

- Como é?! - Joaquim e Bacamarte gritaram em uníssono novamente, voltando seus olhares para os jovens.

- Hehe. Que coisa, não? - disse  Thiago encabulado.

- Desculpa, vovô. Eu não queria magoar nem você e nem o tio Joaquim então preferi votar no seu Fonseca que eu sabia ser da associação há mais tempo e faria um bom trabalho.

- E a gente achou que o senhor não daria conta do trabalho puxado de administrar a pensão e o bairro ao mesmo tempo - explicou Mariana.

- Seus traidores...eu deveria...

- E além disso...queremos o senhor mais perto da gente! - disse Renata, com a voz mais fofa que podia. Isso mexeu com o coração dele.

- Oh...Rebeca...não sabia que se importavam tanto assim... - ele quase chegou a chorar - Obrigado!

- Mas é Renata - corrigiu a loirinha.

- Seu eu fosse maior de idade pra votar eu teria votado no senhor! - disse Stephany (que por outra regra da eleição não podia votar).

- Oh, minha netinha - Seu Joaquim voltava a lacrimejar.

- Mas você disse pra mim que convenceria a todos para votar em mim se eu desse mais um pacote de bolinhos, menina! - reclamou seu Bacamarte.

- Realmente...minha neta - disse Seu Joaquim se recuperando das lágrimas.

- Que coisa, não? - Stephany sorriu amarelo.

- E o prejuízo que tive...depois de todos os bolinhos que eu ofereci. Nem mesmo consegui ganhar do Joaquim - reclamou seu Bacamarte.

- Ah, sim, os bolinhos estavam ótimos - falou Thiago - Quando tiver mais alguns pode...

- Vá para o inferno! Se quiser bolinhos terá que pagá-los!

- Calma, não se irrite - pediu o rapaz, se agarrando em Mariana. É, mais um episódio que acabou em pizza. Será que seu Fonseca fez um bom trabalho?

- Humph! Mesmas notícias...mesmas coisas - reclamou seu Joaquim - O idiota do Fonseca não tá fazendo nada.

- Fica assim não, seu Joaquim - disse dona Joana - O senhor é mais querido aqui na pensão mesmo.

- Mesmo assim...ei.

- O que foi?

- As eleições para prefeito são quando? Acho que o problema foi organização. É isso. Numa campanha mais organizada eu consigo votos. É isso aí, vou me candidatar a prefeito. Sou um homem informado com as coisas da cidade. Aposto que consigo me dar bem nessa. 

- Quem sabe, né?

- Mas só faço isso...se aquele imbecil do Bacamarte participar também.

- Hã?

- É lógico. Dessa vez eu ganho dele. Ele vai ver só!

"Acho que...eles nunca cresceram", pensou dona Joana. É, mesmo em idade avançada, muita gente ainda não cresceu...


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