Corações Feridos escrita por Tais Oliveira


Capítulo 37
A verdade de cada um


Notas iniciais do capítulo

Boa noite gente, gostaria de me desculpar pela demora com a postagem desse capítulo, tive alguns problemas... Mas, presenteio vocês com um capítulo grande essa noite.


LINK DA CHAMADA:
https://www.youtube.com/watch?v=iX0-dDT3l_c&feature=youtu.be
MÚSICA:
https://www.youtube.com/watch?v=EOPPef4c0oo
Se você puderem, escutar a música que virá a seguir...
Boa leitura, espero que gostem. ❤



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[...]

Escutou a voz que ele idolatrava, conhecia muito bem a dona daquela pergunta, um calafrio percorreu pelo seu corpo. A voz ao telefone ressoava palavras, estas, que ele ignorou. Seus olhos se encontraram com os dela.

—Regina?

O olhar dele decorava cada movimento desta. Percebeu o quanto ela estava linda, certamente não era pelos seus terninhos, ou pelos seus cabelos negros, nem pelos olhos castanhos; e sim pelo brilho estonteante que sua expressão facial exalava, algo que ele não conseguia definir, mas que o agradava. Regina estava fisicamente e interiormente bela.

 Ao perceber os olhares de Robin, Regina sentia seu coração, tão frágil, acelerar, a fazendo ficar sem graça... Havia passado o caminho todo divagando o quanto precisaria ser forte diante da presença dele. Todavia, encarar aqueles oceanos azuis a fitando a deixara desconfortável, sendo irremediável não sentir-se hipnotizada por estes que trouxeram tanto conforto em determinado momento de sua vida.

“Mamãe e papai se encontraram de novo, ainda bem, porque eu já estava com saudades de escutar a voz dele a chamando. Ela está nervosa, eu sinto pelas batidas do coração dela, que aumentam a cada segundo.

Ela quer falar, mas não consegue. Mamãe e papai ainda se amam.”

Os ferimentos de Robin chamaram a atenção de Regina. Este, estava visivelmente abatido, seus olhos estavam fundos; insinuando sua insônia, sua barba por fazer estava maior que o de costume.

Seu olhar emanava apreensão. Jamais havia imaginado encontrar Robin daquela maneira, aquele não era o homem que conhecia. Certa vez, em um momento doloroso de sua vida, ele perguntou: “O que a vida havia lhe roubado? ” Agora era a vez dela de fazê-lo. A perda da guarda de Roland era uma das respostas, mas não a única. Tinha algo a mais, como se ele houvesse perdido a si mesmo, a sua essência.

Ainda admiravam um a figura do outro, tentavam, através de seus olhares, encontrarem as respostas para suas perguntas.

Mesmo que palavras não fossem trocadas, o amor gritava por dentro.

 Foram despertos pelo restante das pessoas que se encaminharam até Regina, a abraçando.

—Nossa, que saudade!

—Você fez tanta falta!

Eram estas a maioria das palavras proferidas por quem a cumprimentava.

—Eu também. Gostaria que fosse em outras circunstâncias.

 Seu olhar procurou pelo de Robin, que ainda a fitava. Este, sentia inveja de todos que a abraçavam, queria poder correr até esta, abraça-la, beija-la, dizer o quanto ficava feliz pela presença dela. Contudo, sabia que seria um equívoco. Conhecia Regina perfeitamente, e cada vez que ela o fitava, ele percebia a dor que seus olhos carregavam ao encara-lo.

A cada passo de Regina, Robin sentia que seu coração sairia pelo peito. Ela estava cada vez mais próxima, já era possível sentir o aroma adentrando suas entranhas. Deixou que seu olfato se inebriasse com aquele perfume, por um segundo fechou os olhos, permitindo-se apreciar a presença dela.

Questionou-se rapidamente se tudo aquilo era real, obteve a resposta assim que seus olhos abriram, encontrando Regina o encarando.

—Roland pediu para que eu entregasse a você.

Ela disse, quebrando o silêncio entre ambos.

Aproveitou a ocasião para senti-la, assim que suas mãos se dirigiram até o papel, Robin aproveitou para deposita-las sob a mão de Regina.

O pequeno contato entre seus corpos fora suficiente para fazer com que calafrios os atingissem. Regina, mais uma vez, sentiu-se hipnotizada pelos olhos de Robin. Mais próxima, percebia a aflição, piedade, súplica que eles exalavam.

No entanto, lembranças perturbadoras ocuparam sua mente.

“ – Eu me apaixonei por você, mas eu a amo.”

Bastou para que ela interrompesse a ligação entre seus corpos.

Robin engoliu em seco. Apreciava com comoção o desenho feito pelo filho, o que não passou despercebido por Regina.

—Como ele está?

Perguntou, em um sussurro. Sua preocupação era nítida.

—Ele está bem.

Percebendo que Regina estava prestes a se afastar. Robin a segura pelo braço, sem força, apenas para chamar sua atenção.

—Regina, nós...

—Nós precisamos começar a reunião.

Ela completou, ríspida.

Robin suspirou.

Regina seguiu até a mesa de reunião, seu irmão cedeu seu lugar, a deixando com a cadeira principal, na ponta da mesa.

—O lugar de onde você nunca deveria ter saído.

—Killian, não precisa.

—Por favor, eu faço questão.

Em seus respectivos lugares, foi iniciada a reunião.

—Antes de qualquer coisa, gostaria de saber se você está de acordo que eu seja sua advogada de defesa?

Perguntou, fitando Robin.

—Claro, não poderia ter alguém melhor.

Ignorando o comentário dele, Regina continua...

—Bom, então eu preciso que vocês me repassem tudo o que conseguiram até agora.

 A madrugada transcorreu. Todos estudavam o caso, tentavam encontrar a melhor maneira de ganhá-lo.

O coração de Robin pulsava a cada palavra proferida por Regina, cada sugestão, cada movimento dela na cadeira, cada vez que levava a mão em seus óculos, cada assinatura. Não conseguia acreditar que Regina estava a meio metro de distância.

Além de lidar com os olhares constantes de Robin, Regina percebia o clima entre seu irmão e Emma. Notava a ausência do anel de noivado nos dedos de sua cunhada.

 As horas passaram rapidamente, o relógio marcava 13:00 da tarde quando adentravam a última pauta da reunião.

—Se esses argumentos não forem o suficiente, eu tenho algo que certamente irá nos ajudar.

Concluiu, despertando a curiosidade em todos.

—Sobre o que você está falando, Regina?

Perguntou Cora.

—Algo sigiloso, que eu prefiro manter assim. Acredito que todos aqui sejam de confiança, mas não quero arriscar. Esse é o meu jeito de trabalhar.

Percebendo o cansaço presente nas feições de cada um, Regina encerrou a reunião, afinal, haviam passado horas discutindo o assunto. Estava na hora de descansarem para o julgamento no dia seguinte.

Todos começavam a se dispersar até a porta, reparando que Robin seguia caminho até ela, chamou por Killian.

—Eu quero conversar com você.

Disse, depositando a mão no braço do irmão.

Sendo assim, Robin saiu acompanhado pela filha e irmã.

—O que você quer comigo, Regina?

Perguntou Killian, quando ficaram sozinhos.

—O que está acontecendo entre você e Emma? Eu vi a forma como vocês se olhavam.

Killian suspira. Em um tom de voz quase que inaudível, ele responde:

—Nós terminamos.

—Por quê?

—Bom... Porque, bem...

Regina conhecia o seu irmão, sabia que quando este começava a gaguejar, certamente estava errado.

—O que você fez, Killian?

—Nós estávamos discutindo, eu descontei nela a raiva que senti por Robin ter te magoado. Eu disse algumas coisas e acabamos terminado nosso relacionamento.

—Você não pode culpa-la pelos erros dos outros. Eu não acredito que você a machucou como Robin fez comigo. Ninguém merece passar por isso, Killian, ter o coração ferido por quem amamos é terrível. Dói tanto.

—Eu sei, estou arrependido. Peço para o pai e a mãe ligarem para ela todas as noites. Para saber se ela e Henry estão bem. Poder escutar a voz dela. Eu a amo, Regina!

—Então por que você não disse isso a ela ainda? Se desculpe, Killian, diga o que você sente. Abra o seu coração, não é tão difícil assim...

—Você acha que ela vai aceitar?

—Você não vai saber se não tentar.

Aconselhou, esboçando um pequeno sorriso.

Killian abraça a irmã.

—Você não sabe o quanto eu senti saudades suas, da sua presença, dos teus conselhos, como esse.

—Eu também senti a sua falta, Killian. Mas, você deve aprender que não pode magoar as pessoas a sua volta. Emma é tão importante em sua vida como eu.

—Eu sei, você está certa. Mais uma vez, obrigado.

—Pare de me agradecer, e vai se reconciliar com a mulher que você ama.

Killian se encaminha até porta, antes de abri-la, fita os olhos da irmã ao concluir:

—Você devia fazer o mesmo, Regina, as coisas não são como você pensa. Escute o Robin, ele tem muitas coisas para explicar. Não digo que ele está certo, mas o ouça, pelo menos.

Dito isso, retirou-se. A deixando confusa, porém, o cansaço lhe atingia. Sendo assim, começou a guardar os papéis que levaria para casa.

 

Down- Jason Walker

 

A porta se abriu em seguida.

—Eu não acredito que você é estúpido o suficiente para não ter ido atrás da mulher que você ama.

—Eles já estão conversando, seu irmão não é tão imbecil como eu.

A voz de Robin a deixou arrepiada.

—Você e essa sua mania de não bater na porta.

Aquele comentário o fez esboçar um sorriso. Relembrava os velhos tempos.

—Regina, nós precisamos conversar.

—Eu já estou de saída, Robin. Você está com alguma dúvida sobre a defesa de Roland?

Disse, ao virar-se, encontrou os olhos dele a fitando.

—Não é sobre isso que eu quero falar com você, é sobre nós dois.

—Robin...

—Deixe eu me explicar, Regina.

—Explicar o que? Para mim as coisas já estão bem claras entre nós.

—Não é como você está pensando...

—Como não? Você despertou o amor em mim sem ter a intenção de me amar.

Disse, com a voz embargada.

—Sinto muito que eu tenha te machucado, tenho que conviver com isso todos os dias, não queria ter feito você passar por essa dor, Regina.

Robin tentou se aproximar, mas ela recuou. Sendo assim, ele continua...

—Eu queria segurar as suas lágrimas, e não ser o causador delas.

Concluiu, percebendo que os olhos de Regina já começavam a marejar, assim como os seus.

—Sempre tão romântico, não é? (Sorriu, irônica.) –Você foi somente um homem de palavras bonitas, Robin!

Aquela afirmação o magoou profundamente. Percebia a amargura que o olhar dela exalava. Logo, Regina continua:

—Shakespeare, em um dos seus inúmeros versos, citou: “Os homens de poucas palavras são os melhores.”

Robin deixou que uma lágrima percorresse seu rosto. Respondendo em seguida.

—Segundo Shakespeare, “Não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido, o tempo não para; para que você o conserte.”

Regina discordava com o que ele recitava.

—Eu deixei que alguém o consertasse uma vez, foi uma péssima ideia. Eu estava ferida. Era fria, mas não por maldade, e sim por medo. Encontrava na minha personalidade gélida uma forma de me proteger, não só a mim, mas aos meus sentimentos. Eu tinha meu próprio escudo, até... Me apaixonar por você. (Confidenciou em um sussurro. Seus olhos transbordavam lágrimas.) –Você foi capaz de derrubar qualquer muro erguido, me transformou em outra mulher. Por dias, eu acreditei que finalmente poderia ser feliz, até aquela noite. Quando você quebrou, não só as suas promessas, mas o meu coração.

Seu rosto foi coberto pelo pranto.

—Regina, me escute por favor. Você não sabe o quanto foi difícil para mim também. Eu nunca quis ter dito aquelas coisas para você! Eu também sofri todos esses dias. Eu me sinto impotente, um fraco. Me entreguei para a bebida na tentativa de suprir a culpa, a sua falta. Não foi fácil dizer aquelas coisas, pior ainda te deixar partir. Não tem ideia o quanto foi terrível abdicar de você, do nosso amor, passar por essa porta!

Exasperou, atônito.

—Não minta para mim. Você só está dizendo isso porque Marian te traiu de novo, olhe para você! Até brigou com August por causa dessa mulher. Você escolheu ela!

—Não! Eu briguei com ele por causa do Roland. Marian me chantageou, Regina. (Esta, que encarava o chão, passou a fita-lo.) –Ela me sugeriu duas opções, você ou Roland. Se nós dois ficássemos juntos, Marian tiraria a guarda dele de mim. Eu tive que escolher entre ele e te perder.

Por segundos, o contato visual se persuadiu entre ambos. Sentiam uma mistura de emoção e agonia.

Percebendo a confusão evidente que se formava no rosto de Regina, Robin se aproxima. Desta vez, ela se manteve no mesmo lugar. Perdida em seus próprios pensamentos, tentava compreender aquela informação. Sendo desperta por Robin, segurando sua mão.  

—Só há uma mulher em quem eu penso quando fecho os olhos. Meu corpo estava aqui, mas a minha alma estava com você. Procurava por vestígios seus a todo momento.

—Se você ficou com a Marian, porque ela está tirando Roland de você agora?

—Eu não sei... Mas, eu acredito que tudo isso foi um plano para nos separar. Você e Valerie foram embora, o que facilitou as coisas para eles. Mas, mesmo assim, com toda essa distância, e espaço coloquial entre nós dois, você está aqui! Me ajudando, mostrando que continua do meu lado. –Eu não acredito em você como antes. (Afastou-se. Enxugou suas lágrimas.) –Eu não estou aqui por você.

A dor resplandecia nos olhos de Robin. Estava perdendo a mulher que amava.

—Vamos recomeçar, Regina, por favor.

—Você nunca mudará o que aconteceu.

—Você não pode desistir desse amor tão visível entre nós. Eu sei que você ainda me quer.

Tentou se aproximar.

—Não desistimos do que queremos, e sim do que nos machuca.

Aquela resposta foi o abismo de Robin. Jamais teve a intenção de feri-la.

—Eu te amo!

Afirmou convicto, a voz tremula por conta do pranto.

—Irônico. Porque eu não me sinto amada, não por você.

 Para Robin, Regina não poderia ter escolhido palavras piores. Além de não acreditar nele, duvidava de seu amor. O sentimento mais puro, era um homem completamente apaixonado. Se ela soubesse, o quanto realmente fazia falta, o quão incompleto esteve em sua ausência.

Se Regina soubesse os impulsos que o mesmo teve de pegar sua caminhonete e ir atrás dela. Todas ás vezes que fitou o celular com o intuito de ligar e escutar a voz que ele tanto contemplava.

O pior de tudo era aceitar a realidade que aquelas palavras possuíam, afinal, ele não fez nada para provar seu amor. Passou manhãs, tardes e noites sofrendo por ela, desejando sua companhia. Mas, nada fez, deixou o tempo passar, a dor aumentar, e o peso da culpa carregar. Havia aceitado sua decadência.

Notando que Regina levava a mão até a fechadura da porta. Este, com sua força, a impediu de abri-la.

Regina pode sentir o calor do corpo dele próximo ao seu. Se virou, o rosto de Robin estava tão rente ao seu que ela pode sentir a respiração descompassada dele.

—Se você não está aqui por mim, qual motivo te fez voltar?

Perguntou, percebendo o quanto Regina estava nervosa com sua aproximação.

—Pelos nossos filhos.

Respondeu, tentava recuperar seu fôlego.

“Nossos filhos.” Robin pensou, ficou feliz com aquela resposta. Regina ainda se referia a Roland como se ele fosse seu filho.

Fora desperto pela continuidade da resposta dela.

—Talvez parte de mim esteja aqui pelo homem que você era. A figura inspiradora que eu conheci quando a minha vida estava conturbada. Estou aqui pelo homem que lutaria pela sua família, jamais a destruiria. Pelo homem que...Lutaria por mim. (Murmurou.) –Acredito estar aqui pelo homem que o meu coração escolheu um dia, o homem que nunca teria atravessado essa porta. Mas, jamais pelo homem covarde que você se tornou.

 

                                                       ***

 

 Horas depois...

 

 Nova York havia amanhecido gélida naquela manhã. A estação mais fria do ano se aproximava. Todavia, não era aquele fato que preocupava a todos, e sim o julgamento que definiria quem seria responsável pela guarda de Roland.

 Com exceção de Regina, todos já se encontravam no tribunal. Robin questionava-se se a mesma havia desistido... Afinal, a conversa na tarde anterior tinha a deixado abalada tanto quanto ele.

Logo, sua atenção foi encaminhada pela chegada de August e Marian. Estes, com um semblante vitorioso.

Nervoso, encarou o relógio.

—Será que ela não vem?

Perguntou, fitando Dr. Barcellos.

—Calma, Robin, daqui a pouco a Dra. Mills estará aqui.

—Ela já era para ter chegado. Regina não costuma se atrasar, faltam menos de dez minutos para o julgamento começar. Ela sempre chega uma hora antes...

O ruído dos saltos contra o piso chamaram sua atenção. Regina havia chegado, estava apressada, mas nem por isso deixava de estar bela. O que novamente despertou a sua curiosidade, queria decifrar o que estava diferente nela...

—Desculpem o atraso, eu tive um imprevisto.

— Você veio...

Robin murmurou, um sorriso surgiu em sua face.

—Eu disse que viria. Uma vez eu fiz uma promessa a você, disse que não iria permitir que te tirassem o Roland. Ao contrário de você, eu costumo cumprir as minhas promessas.

Concluiu, enquanto tirava alguns papéis de sua bolsa. O deixando desnorteado.

  August e Marian exalaram espanto em seus rostos assim que viram Regina chegar.

—O que essa mulher está fazendo aqui? Ela não deveria estar em Washington?

Ela questiona, irritada.

—Eu não sei, mas não estou gostando. A ideia da família dela estar aqui já não me agradava...

—Você acha que eles têm chance?

—Regina Mills pode ser influente. Mas, eu também sou.

 Pela primeira vez desde que havia chegado, há pouco mais de cinco minutos, Regina encara Robin. Percebia a aflição que o atingia. O mesmo esfregava as mãos com frequência na calça, hábito que ele costumava fazer quando estava nervoso.

—Está tudo bem? Você parece um pouco...

—Agitado?

—Sim. Não se desespere antes do veredito, Robin. Nem tudo está perdido.

—Está certa. Você está aqui, não há o que temer.

 Regina conteve o sorriso que estava prestes a brotar em seu rosto.

 As palavras de Robin causaram impacto sobre ela mais do que gostaria. Apesar de tudo, Robin ainda lhe causava tremores, seu coração acelerava a cada aproximação, a cada palavra pronunciada... Ela sabia que seria difícil conviver com ele, seus sentimentos permaneciam intensos.

Parte dela queria esquece-lo, entretanto, a outra o desejava. Devia dar ouvidos a razão? Ou a emoção? Estaria ele dizendo a verdade? Ou tudo não passava de outra mentira? Como acreditar no homem que lhe proporcionara a felicidade, mas não quis permanecer nela?

 Seus devaneios foram cessados quando esta percebeu a chegada dos jurados. Logo em seguida, a juíza se fez presente.

Com o consentimento desta, sentaram-se em seus respectivos lugares.

—Iniciamos a sessão que definira a guarda do menino Roland Steve Locksley. Para começar os depoimentos, chamo por uma das assistentes sociais responsáveis pela criança.

Após o juramento, a juíza continua...

—O promotor pode começar, logo em seguida, a defesa terá sua vez.

—Senhorita Medeiros, poderia, por favor, descrever para nós como o senhor Locksley o recebeu em seu apartamento? Pois, nestes papéis consta que a conduta dele foi agressiva. Isto é verdade?

—Sim. Ele estava bem alterado quando chegamos. Além de palavras impróprias, teve um comportamento agressivo.

—E a senhora acredita que uma criança de quatro anos merece viver com alguém que apresenta comportamentos desse tipo? Pelo que consta nessas anotações, Locksley chegou a ameaçar a esposa de morte.

—Objeção, Meritíssima! (Exclamou Regina, levantando-se.) –Não estamos julgando um criminoso, e sim, um pai...

—Senhora juíza, a Dra. Mills não pode me interferir.

—O promotor está certo, espere a sua vez, doutora.

Relutante, Regina senta-se.

O promotor continua com seus questionamentos.

—A senhora acha que um homem com essas características deve possuir a guarda de uma criança?

—O homem que nos recebeu dessa forma, definitivamente, não merece. Por outro lado, Roland não descreve seu pai dessa forma.

Aquela resposta agradou tanto Regina, quanto Robin.

Logo, foi a vez da defesa.

Exalando segurança e impetuosidade, Regina caminhou até a declarante.

Carregava consigo alguns papéis, já próxima a assistente, começou...

—Meu escritório solicitou que fossem realizados exames no menino. Estes, comprovaram com autenticidade que Roland Locksley não sofre agressões, como o promotor acabou de citar. Portanto, deixa claro que meu cliente não se encaixa ao perfil de um pai violento. Como acabou de ser referido. Esses resultados provam a verdade.

Disse Regina, caminhando até os jurados, mostrando os papéis para eles.

Logo, voltou sua atenção para a assistente social.

—Você poderia descrever o comportamento de Roland no lar provisório, por favor?

—Roland, é um menino dócil, educado, compreensivo.

—O que definitivamente o diferencia das outras crianças certo?

—Sim.

—Isso comprova que Roland, nesses quatro anos que viveu ao lado de seu pai, recebeu um comportamento exemplar. Admira a sua figura paterna, afinal, que motivos o levariam a fazer esse desenho? (Ergue o papel, em uma altura visível para todos.) –Pesquisas comprovam que crianças procuram representar através de desenhos uma maneira de se expressar seus sentimentos. O que vocês vislumbram aqui? Eu vejo, duas pessoas felizes; amor. É o que ele, definitivamente, representa. Porque é o que ele conhece. É o que seu pai lhe proporcionou. (Robin se emocionou com as palavras proferidas por Regina. Não a via como advogada, e sim como a mulher que amava.) –Roland é uma criança perfeita, saudável e feliz.

 Um misto de emoção e sobriedade lhe sobreveio. Sorriu ao finalizar seu argumento. Sua família e seus amigos presentes pareciam sentir o mesmo.

Regressou ao seu lugar, seus olhos fitaram os de Robin que aparentava estar tão comovido quanto ela. No entanto, todos os sentimentos foram substituídos pela tensão tiveram quando Valerie adentrou.

Após seu juramento, começou.

—Me chamo Valerie Locksley. Bom... Eu vim aqui para defender o meu pai. E ressaltar que ele não é o homem que alguns de vocês estão pensando. Meu pai é um homem de bem. Eu fui abandonada pelo meu pai biológico recém-nascida, e esse que está sendo julgado hoje, me acolheu. (Sua voz embargou, além de emocionada, estava nervosa com tantas pessoas a observando.)- Ele poderia ter me deixado em meio a tempestade, mas não, ele cuidou de mim. E durante esses dezenove anos que ele me criou, não foi somente um pai, e sim uma mãe também. Me depositou amor, carinho, tudo o que meu verdadeiro pai havia me negado. Nunca faltou nada para mim ou meu irmão. Estou aqui compartilhando a minha história com vocês, com o intuito de mostrar o quanto o meu pai é especial! Ele é a prova de que o amor paterno não vem somente de laços sanguíneos, pai ou mãe é quem nos cria... Ele faz isso muito bem, todos os dias... O que eu mais admiro nele é a capacidade que ele tem de amar as pessoas. Podem falar o quiserem, mas ele é um verdadeiro pai, abdicou de seus próprios desejos, sonhos, e do seu amor, para a felicidade de seu filho. Nunca vi gestos tão nobres quanto os que meu pai fez.

O depoimento da jovem comoveu a maioria das pessoas, inclusive alguns jurados.

O promotor se aproxima, fazendo sua pergunta logo em seguida.

—Você disse que foi abandonada quando bebê, certo?

Indagou.

—Sim.

Engoliu em seco.

—Eu respeito a sua história, definitivamente não deve ter sido fácil. Mas, você já pensou que está tirando do seu irmão a oportunidade que você não teve? Afinal, ele tem a chance de ser criado pelos pais biológicos.

Regina não pode esconder seu descontentamento, o que não passou despercebido por Robin, que depositou sua mão sob a dela. Para a sua surpresa, Regina não recusou. Encontrou, naquele momento traços do homem que conhecia.

Seu olhar que até então estava perdido, encontrou-se com o dele. Um contato rápido, porém satisfatório.

—Com todo o respeito, o senhor não entendeu o que eu quis dizer. Não estou aqui para impedi-lo de ter contato com seus pais. Mas, acredito que nem ele, nem meu pai, merecem ser separados.

 A resposta da jovem o surpreendeu. Inteligente, Valerie se sobressaia em suas réplicas. Falava o suficiente, se mantinha neutra quando citavam Marian, seguindo o conselho de sua mãe. Que na noite anterior havia lhe telefonado, dizendo o quão importante era não demonstrar sua raiva, para que os presentes não pensassem que fosse por influência de Robin.

Regina estava orgulhosa com a conduta da filha. Valerie certamente seria uma advogada tão boa quanto ela, provara sua força, deixando seus sentimentos de lado, prezando pela razão.

Com argumentos enfraquecidos, o promotor acabou cedendo. Deixando a defesa intervir.

—Abdico de perguntas, Meritíssima.

—Tem certeza, Dra. Mills?

—Sim, Valerie Locksley já deixou bem claro suas considerações e não há nada que a defesa encontre para argumentar. Respondeu com legitimidade as nossas dúvidas.

August foi chamado, o que não surpreendeu Regina, que torcia para que este fosse intimado.

—Eu me chamo August Booth, estou aqui porque pretendo, com todos os meus recursos, possuir a guarda do meu filho. Meu menino, confesso que me precipitei ao deixar que Locksley realizasse essa função. Naquela época, eu não me sentia apto para essa responsabilidade, mas hoje, o meu coração se compadece cada vez que vejo o menino, mesmo que distante. Já que o Locksley não permitia a minha aproximação. Esse foi um dos motivos que me trouxeram até aqui, se ele fosse mais compreensivo, poderíamos ter resolvido essa situação juntos. Roland não iria precisar estar naquele lugar.

 A pronuncia de Booth deixou Robin exaltado. Sua angústia só fora cessada ao sentir Regina apertar sua mão, o apoiando. Ela estava ali ao seu lado, o ajudando a resolver o seu problema. Provando que sua escolha ao ceder à chantagem de Marian fora um equívoco.

—Por que o senhor acredita ser merecedor da guarda do menino?

—Eu acredito que posso proporcionar a Roland uma vida boa, o ensinando a ser honesto, o tornando um bom cidadão. Diferente de Locksley, que sequer possui um emprego, e quem sabe, até não terá onde morar, se sua vida continuar assim.

Robin bufou. Apreciava a calma de Regina, esta, aguardava ansiosa pela sua vez, que não demorou muito para chegar.

—August Booth, não sabe o quanto eu aguardei por este momento. (Disse Regina, despertando a curiosidade de todos.)-O senhor acabou de dizer que merece ter a guarda de Roland porque pode proporcionar a ele uma vida boa, e que irá ensina-lo a ser honesto, certo?

—Sim.

—Possui conhecimento de que está sob juramento da verdade?

—Mas é claro!

Afirmou sorrindo.

—Poderia me dizer de onde sua família possui tantos recursos?

—Com certeza, doutora. (Respondeu, sorridente.)-Nós temos uma firma de carros, muito famosa na Carolina do Norte.

—É só esse negócio que vocês possuem?

—Sim.

—Entendi.

Respondeu, enquanto caminhava até sua mesa, pegando um envelope amarelo, qual abriu habilmente. Dentro deste, continha diversas fotografias.

—Como August Booth quer a guarda do filho para prezar a honestidade, se o próprio não passa de um criminoso?

Aquela acusação causou um murmúrio entre todos os presentes.

—Silêncio no tribunal!

Exasperou a juíza, batendo o malhete.

—Espero que a senhorita tenha veracidade de suas acusações, Dra. Mills.

—Eu não trabalho com especulações, e sim com fatos, Meritíssima. August Booth e sua família comandam um grande esquema de tráfico de drogas. A empresa de carros não é nada mais que uma faixada, para que não atraia suspeitas.

—SUA MENTIROSA! COMO VOCÊ DESCO...

Gritou, aumentado o tom de voz, levantando-se rapidamente. Seu desespero era perceptível. O que não a intimidou.

—Continue o que estava dizendo, Booth. Tenho certeza que a continuidade de sua frase não seria agradável para você, não é?

Logo, Regina começa a caminhar, mostrando algumas fotos que comprovavam sua acusação.

—Como podem ver nessas fotografias, é presente a figura deste homem. Em dias diferentes, com drogas diferentes. Vocês devem estar se perguntando como consegui estas fotos, certo? Há alguns meses, o meu cliente começou a receber ligações Booth, cujo o intuito era nos trazer até aqui, um julgamento para definir quem ficaria com a guarda de Roland. Devido á proximidade de nossas famílias, resolvi contratar um detetive particular. Um fator de coisas me afastou desse caso, até uns dias atrás, quando possuí conhecimento dessa barbárie. Procurei por um amigo pessoal, um detetive criminal mais conceituado dessa cidade, Mac Taylor, iria pedir seu conselho. Coincidentemente, descubro que August Booth já está sendo investigado pela polícia Nova Iorquina. Seu “negócio” estava se expandindo pelas periferias da cidade.

Mostrou novas fotos, estas tiradas em Nova York.

— Caso ainda tenham dúvidas, Mac se dispôs a depor. Peço apenas para fazer uma breve conclusão; como podem confiar a guarda de um menino de quatro anos há um traficante? Um homem que jurou dizer a verdade, diante de todos, sendo desmascarado minutos depois de suas próprias blasfêmias. Uma criança não deve ter um exemplo como esse de pai, qual será seu futuro?

August não conseguia conter sua fúria, seu olhar afrontava Regina com raiva; o que deixou Robin, que até então vibrava, preocupado.

O promotor, descontente, fez perguntas breves a Mac. Que respondia a todas convicto, possuindo provas das verdades proferidas. Regina fez uma única pergunta:

—Marian está envolvida?

—Não temos provas concretas sobre ela, mas Marian foi flagrada algumas vezes, e também é suspeita. Por isso a notificamos que tanto ela, quanto August, não saiam do estado.

Regina consente.

A repulsa de Marian era evidente, não acreditava que seria humilhada daquela maneira. Ninguém poderia descobrir a verdade, precisava encontrar uma solução o mais rápido possível. Não aceitaria a prisão de forma alguma.

Terminado o depoimento de Mac, Robin foi chamado.

—Senhor Locksley, como o senhor explica seu comportamento ameaçador?

—Bom... Eu confesso que a minha conduta foi irregular. Eu não aprovo, mas diante das circunstâncias que eu me encontrava, fui impulsivo. Marian e eu tínhamos um acordo, o qual eu perdi alguém muito importante como consequência. (Fitou Regina por alguns segundos.)-Eu sei que errei, sou humano, não sou perfeito. Não estou na melhor fase da minha vida, meus filhos agora são tudo que eu tenho. Não posso pensar na possibilidade de perde-los. Sou um homem como qualquer outro, independente dos meus deslizes, reconheço minhas imperfeições. Garanto a vocês que sempre fui um bom pai.

Robin respondeu o restante das perguntas do promotor com serenidade.

Satisfeita com o rumo do julgamento, Regina se aproxima.

—Locksley, diga por que você acredita ser o merecedor da guarda de Roland?

—Eu  fiz uma escolha quando o segurei no colo e encarei seus olhos puros naquela noite. Eu já sabia que... (Sua voz saiu trêmula, os olhos já lacrimejados.)- Ele não era meu filho, mas então eu vi amor. Eu não podia deixa-lo desamparado, afinal, August sequer me procurou. Mas, não é dele que quero me referir. Na minha vida houve mágoa e dor. Eu sei o quanto é difícil crescer sem um pai, os nove anos que vivi com o meu passaram em branco, sem cor, sem vida, sem amor. Até que ele foi embora, por isso eu sei o vazio que meus filhos sentiriam com a ausência de uma figura paterna, ou até mesmo materna, posso distinguir as duas para vocês, se quiserem, porque também, no mesmo ano, perdi a minha mãe. (Uma lágrima escorreu pelo seu rosto.)-Não quero comover vocês com a minha história de vida, até por que, acredito que nos aperfeiçoamos nas nossas fraquezas, talvez se não fosse por essas coisas, eu não teria me tornado esse homem que sou. Quero dizer com tudo isso, que o meu objetivo sempre foi ser o pai que eu não tive. Acredito que o amor entre um pai e um filho não vem somente de uma ligação sanguínea, vai além. Ser pai é amar, cuidar, proteger, compreender, educar. Os genes são apenas um detalhe. Ser pai, um homem de família, é a melhor responsabilidade que temos na vida! Eu não sou um homem de posses, mas sou honesto. Costumo dizer que não tive tudo que sonhei, mas fui feliz com tudo que tive. Porque quem tem amor, tem tudo. E isso eu posso garantir que jamais faltará a Roland enquanto eu estiver vivo.

 O depoimento de Robin causou impacto nas pessoas. Regina sentiu seus olhos marejarem por diversas vezes, mas teve que se recuperar rapidamente para prosseguir sua conclusão final.

—Como todos puderam perceber, temos aqui duas figuras distintas lutando pela guarda de uma criança. Locksley é um homem honesto, um pai admirável. Um homem que possui a capacidade de enxergar o melhor nas pessoas através de seu coração. Um pai de família, íntegro. Senhores jurados, peço, encarecidamente, que avaliem esse caso com serenidade. Acredito que todos aqui estão conscientes que o futuro de uma criança de quatro anos está em jogo.




                                                        ***

 

 A audiência foi suspensa por uma hora, para que o júri tomasse sua decisão. Robin conversava com alguns amigos.

 Na saída do banheiro, Regina e Marian se esbarram. Se olharam por segundos. Regina sabia que seria inconveniente iniciar uma discussão. Estava prestes a se retirar, no entanto, sente Marian segurar seu braço.

—Onde está o seu amor próprio, Dra. Mills? Eu não acredito que mesmo depois de Robin ter me escolhido, permaneça ao lado dele.

Embora, aquelas palavras a machucassem, Regina respondeu convicta.

—Ao contrário de você, eu não acredito que a bondade destrói as pessoas, e sim humaniza. Não estou aqui como mulher, e sim como mãe, algo que você desconhece.

Dito isso, retirou-se. Deixando Marian furiosa.

Regina estava alterada, precisava se acalmar, sabia que aquilo prejudicaria seu bebê. Contudo, toda aquela ansiedade fora cessada assim que vislumbrou sua irmã , esta carregava a filha em seus braços. O que comoveu Regina, afinal não havia conhecido a sobrinha.

—Que linda ela é Zelena. Qual o nome dela?

Afirmou, um sorriso brotou em seu rosto.

—Ela se chama Florence.

Respondeu, feliz com a reação da irmã.

—Uma legítima Mills.(Disse Regina, acariciando o rosto da menina.) –Eu posso?

—Claro!

Zelena entrega a filha a irmã, que pega a sobrinha com cautela.

—Eu nem sei qual foi a última vez que eu segurei um bebê.

Confidenciou, analisando a menina.

—Você já pode começar a treinar.

Sussurrou Zelena. Observando os efeitos deslumbrantes que a gestação estava causando em sua irmã.

 Mais afastado, Robin contemplava a cena com admiração. Regina estava tão linda com aquele bebê em seus braços. Foi inevitável não tentar uma aproximação.

—O Robin está vindo na nossa direção. Você já contou para ele?

Murmurou Zelena.

—Não...

—É a sua filha, Zelena?

Perguntou Robin, já ao lado delas.

—Sim.

Respondeu sorridente. Percebendo o nervosismo que a irmã aparentava. Robin levou seu dedo até as pequenas mãozinhas de Florence, esta o segurou.

—Ela é uma gracinha.

Concluiu Robin.

—É tão boa essa sensação de ter um bebê nos braços, eu me sentia realizado quando fazia isso com Valerie, ou Roland. Eles são tão pequenos, delicados. Você ainda vai sentir tanta felicidade.

Ao escutar as palavras de Robin, Regina estremeceu , sentiu-se culpada, por não contar a verdade para ele.

Regina entregou a bebê para ele. Se retirando em seguida, o que deixou Robin confuso. Cuidava ela se afastar. O que não passou despercebido por Zelena.

—Você ainda gosta da minha irmã?

—Eu a amo.



                                                       ***

 

 Os minutos que se sucederam, serviram para que se alimentassem. Regina já aparentava cansaço. Logo, fora desperta pelo Dr. Barcellos que notificou a todos que retornassem a audiência, seria anunciado o veredicto. Todos aguardavam o resultado ansiosos.

Logo, a juíza se prontificou.

—Devido as circunstâncias  que o caso tomou, o júri optou por conceder a guarda de Roland Steve Locksley ao senhor Robin Locksley Gold.

É batido o malhete.

Todos vibravam com o veredicto. Para a surpresa de Regina, Robin lhe deposita um abraço caloroso.

—Obrigado, Regina, obrigado.

 Sussurrava no ouvido dela. Sua voz, mesmo embargada, era suave. Regina sentia os braços firmes dele envolta de sua cintura.

Estava tão concentrada naquele ato afetuoso, que sequer percebia as palavras pronunciadas por ele. Assim que se desvencilharam, rapidamente seus olhares se cruzaram. Sendo interrompidos pelos presentes que os cumprimentavam. Regina aproveitou o tumulto que havia sido gerado para se dispersar, em meio as pessoas, foi embora.

Robin comemorava com seus amigos.

—Vamos buscar o Roland, pai!

Sugeriu Valerie, animada.

—É o que eu mais quero!

Seus olhos procuraram por Regina. Infelizmente, ela não estava mais ali.

 

                                                         ***

 

 Robin e Valerie aguardavam na recepção.  Sentia suas mãos suarem. Não via a hora de rever seu filho.

—É uma pena sua mãe não estar aqui.

Comentou.

Antes que a jovem pudesse responder, a voz doce de Roland ecoa no ambiente.

—PAPAI!!!

Exclamou o menino animado, correndo até os braços de Robin. Logo se abraçam. Robin o abraçou com zelo, carinho. Emocionado, deixou as lágrimas escorrerem pelo rosto.

Lágrimas, que antes eram de dor, agora representavam felicidade.

—Meu filho, meu menino. Eu estava com tanta saudade!

Dizia, enquanto depositava beijos pelo rosto de seu filho.

—Eu também, papai! Nós vamos voltar para casa?

—Sim, nós três.

Valerie intervém.

—Val! Você está de volta!

Ambos se abraçaram.

—E a Regina?

O menino perguntou.

Robin, suspira.

—Ela não pode vir filho.

—Ahh... Por que? Ela me prometeu.

—Não fique triste filho, eu prometo que vou resolver as coisas, tudo bem? Nós temos algo esperando por você!



                                                        ***

 

 Assim que os três adentraram o apartamento. Foram recebidos com uma festa.

—SURPRESA!

Os presentes exclamaram. Fazendo com que um grande sorriso surgisse no rosto de Roland, que bateu palmas contente.

—Seja bem-vindo de volta!

Alguns disseram.

—FESTA!

O menino comemorou, animado. Todos sorriram. Logo, foram até ele, o abraçando e beijando.

Confraternizavam com entusiasmo a pequena recepção. O aroma das guloseimas preparadas por Granny se sobressaltava no ambiente.

Escutar as gargalhadas de Roland era satisfatório para Robin. No entanto, Regina ocupava seus pensamentos. Seu olhar percorria até a porta constantemente. Em uma dessas vezes, percebeu Emma e Killian juntos, afastados em um canto, se beijavam. Sorriu, sua irmã aparentava estar feliz.

Logo, Granny e Valerie se aproximam.

—Em quem você tanto pensa?

Questiona a mais velha.

—Você ainda pergunta? (Sorriu.) –Na Regina, estou tentando decifra-la, tem algo diferente nela. Eu nunca tinha visto ela assim. Apesar de tudo, ela está com um brilho no olhar, que mesmo ofuscado pela repulsa que ela sente por mim. Esteve presente nesses dois dias em que estivemos juntos.

—Querido, só existem duas coisas que mudam uma mulher, uma é quando ela se sente amada, e a outra é a maternidade.

Granny encarou Valerie ao seu lado, ao completar.

—Talvez, o elo fortalecido de Regina e Valerie enquanto estiveram juntas tenha contribuído para essa mudança.

Impulsiva, na tentativa de resolver logo aquela situação, Valerie intervém.

—Pai, tem uma coisa que você precisa saber... A minha avó está certa com o que acabou de dizer, minha mãe está diferente por conta da maternidade, mas, eu não sou o único motivo dessa mudança. Vocês vão ter um bebê.





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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam? Eu particularmente, gostei das conversas entre Robin e Regina... E agora ele já sabe que vai ser papai. Não percam os próximos capítulos.
OBS: Peço desculpas pelos comentários, e mensagens que eu não consegui responder, prometo que amanhã irei responder a todos. É que as coisas estão uma correria, me desculpem. Não deixem de comentar, por conta disso, eu adoro saber a opinião de vocês. Beijos. :)