Something New escrita por Luna Lovegood


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hey people! Vim aqui com uma nova One =D

Essa daqui é super especial! É meu presente de aniversário para a Izabel Seliger, minha leitora e grande amiga que acabei fazendo quando me aventurei nesse mundo de fics. Eu gostaria de poder te abraçar e desejar um feliz aniversário da forma apropriada, mas infelizmente você mora muito longe ^-^ então tudo o que posso de dar é uma one e desejos de muitas felicidades!

O presente está adiantado porque o niver é só amanhã, mas o que eu posso fazer se eu não sei esperar? Lembre-se Iza, no Japão já deve ser seu aniversário ;)

A ideia dessa fic surgiu graças a minha mãe... Que disse que eu deveria contratar um namorado para me acompanhar as festas da família, e assim evitar aquelas tias chatas que ficam dizendo: “E o namorado?” “Você já está ficando velha, desse jeito vai ficar para a titia”.

Espero que gostem!



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Sometimes it hits like a car crash,

And it’s too late to reverse

Sometimes you make me a better person,

Sometimes you bring out the worst

 

Sometimes we get on like fire

Sometimes we stopping like rain

Just when I think that it’s over, over

You wave a white flag again

 

Aah… Aah

We fall out then we fall back in

Aah… Aah

We're always back where we begin

 

Everybody hurts just a little too much

Everybody hurts but it’s never enough

It’s wonderful to fall

Let's love and risk it all

I'd rather love just a little too much

(Little too much - Natasha Bedingfield)


 

Felicity Smoak

Eu não estava nenhum pouco animada para comparecer ao casamento do meu ex-noivo Ray Palmer com a sua secretária Sara Lance. Já havia evitado com sucesso a festa de noivado e o jantar de ensaio, mas agora seria complicado demais arrumar uma desculpa que não parecesse que eu ainda estava magoada com aquela traição.

Não que eu ainda o amasse longe disso, nosso relacionamento já estava se deteriorando e eu vinha reunindo coragem para romper o compromisso de oito longos anos. Ray e eu começamos a namorar muito jovens, ainda na escola,  a cidade em que morávamos era pequena e nossas famílias eram próximas e esperavam com expectativa por essa união. Quando percebi eu estava prestes a passar o resto da minha vida ao lado de alguém que eu amava apenas como meu amigo, faltava aquele excitamento, o coração palpitando, as mãos suando, e o sexo... O sexo era bom, mas nada espetacular ou explosivo, eu não me derretia com seus beijos e nem minha pele ardia com o seu toque, era apenas sexo comum, sem nada de especial.

Ainda assim foi humilhante quando eu fui até a sala na presidência da Palmer Tech pronta para romper o nosso compromisso e o peguei no maior amasso com a secretária. Ray se explicou, e eu entendi que ele se sentia da mesma forma que eu, preso em um relacionamento sem amor. Porém ainda assim eu me senti magoada, ele poderia ter falado comigo dito que estava infeliz antes de sair por aí transando com outras pessoas. Nós cancelamos o casamento e tentamos fazer tudo sem muito alarde, mas como toda cidade pequena as notícias corriam rápido e logo todos ali vinham “prestar seus sentimentos” à noiva traída ou apenas riam e apontavam para mim quando eu passava pela rua.

Por isso eu não estava ansiosa para ir ao casamento, não estava pronta para aguentar os olhares de pena das pessoas quando me vissem chegar sozinha, ou o burburinho das velhas senhoras fofoqueiras dizendo o bom partido que eu perdi por que não soube segurá-lo direito.

Eu ri da ideia de Helena quando sugeriu que eu contratasse um acompanhante de aluguel “bem gostoso” para esfregar na cara de todos.  Mas agora aqui estava eu, em um final de tarde fria de outono, parada a porta da Queen Consolidated esperando por um acompanhante escolhido nos classificados do jornal. Eu havia marcado de encontrá-lo na empresa em que eu trabalhava, apenas para não gerar nenhum tipo de vínculo pessoal. Olhava para o relógio impaciente,, ele estava atrasado. Eu já estava pensando na minha desculpa “Ray, não pude ir ao seu casamento porque o meu carro quebrou” ou “Tive uma reunião de emergência” ambas soavam ridiculamente óbvias de que eram uma mentira.

Para a minha sorte um carro preto parou a poucos metros de mim, um homem com porte elegante e terno caro saiu dele se aproximando a passos largos, devia ser ele, o tal acompanhante.

— Até que enfim você chegou! - Exclamei aliviada ao vê-lo de perto e um pouco chocada também. O homem era lindo, parecia mais um modelo da Calvin Klein. Alto, loiro, porte atlético, rosto perfeito e quando se aproximou mais eu pude ver olhos azuis incrivelmente penetrantes que tinham o poder de me desnortear completamente. Eu tive que respirar fundo e encontrar coerência antes de falar com ele novamente - Eu estava prestes a ligar para a agência! - Falei num tom repressivo.

— Me desculpe senhorita...? - Perguntou educadamente, seus olhos pareciam um pouco confusos.

— Smoak, Felicity Smoak. - O lembrei quase desesperada, seria um desastre total se ele esquecesse o meu nome enquanto estivéssemos na festa.

— Certo. - Seu rosto pareceu se iluminar com reconhecimento - Você é a assistente do Robert Queen? - Perguntou.

— Isso. - Confirmei -  Fico contente que tenha lido a minha ficha. Agora vamos porque já estamos atrasados, a viagem vai durar cerca de duas horas e é o tempo que eu tenho para te atualizar sobre tudo. - Falei o puxando pela mão, enquanto assentia embora me seguisse confuso. - Meu carro está logo ali - Apontei para o utilitário vermelho parado no estacionamento externo da Q.C.

— Calma aí loira! - Parou de repente erguendo ambas as mãos. - Se eu tenho que ir com você eu quero ao menos ir dirigindo. - Revirei meus olhos, ele estava deduzindo que eu era uma má motorista porque eu era mulher?

— Eu não vou deixa-lo dirigir meu carro! - Bati o pé.

— Eu nem quero dirigir essa coisa minúscula! Já pensou como ficaria ridículo um homem do meu tamanho dentro dele? - Fechei a cara, ele havia falado mal do meu bebê. - Podemos ir com o meu, e você me diz qual o caminho. - Ofereceu.

Estreitei meus olhos na direção dele, ele parecia confiante de que eu aceitaria a proposta e estava apenas esperando por uma confirmação, não havia dúvidas de que aquela seria uma batalha perdida então eu apenas suspirei resignada voltando a caminhar na direção oposta.

— É um belo carro. - Elogiei olhando para o brilhante carro escuro importado. Acompanhantes de aluguel deviam ganhar um salário e tanto! Considerando a quantia exorbitante que eu paguei por apenas um encontro social... Imagine o preço que não seria para ir um pouco além? De repente me peguei pensando nisso, como seria? Aquele homem era lindo, tinha charme e era sexy como o inferno, não tinha dúvidas de que ele saberia enlouquecer uma mulher na cama!  Como se percebesse meu olhar nada discreto de cobiça ele me lançou um sorriso torto sedutor, o suficiente para fazer meu corpo todo estremecer. Fechei meus olhos tentando me concentrar em coisas que não levassem meus pensamentos a coisas pecaminosas, ou eu acabaria gastando todas as minhas economias com ele.

— Então, vamos? - Perguntou, abrindo a porta do passageiro para mim, assenti e quando passei por ele todos os meus sentidos se viram inundados por seu perfume almiscarado, exalando sexualidade. Ele fechou a porta, deu a volta e entrou pelo lado do motorista e então tudo ficou ainda mais intenso quando me vi com ele dentro daquele espaço pequeno.

— Espera! - Disse quando ele estava pronto a dar partida no carro - Eu nem sei o seu nome. - Falei me atentando somente agora a esse fato, a agência tinha dito que mandaria um tal de Roy ou um outro cara que eu não conseguia lembrar o nome.

— Eu sou o Oliver.  - Falou num tom de quem esperava que apenas o seu primeiro nome fosse capaz de explicar tudo.

— Certo, é claro. - Confirmei fingindo que tinha sido um lapso apenas para não ferir seus sentimentos. - Eu sou Felicity. - Completei tolamente.

— É, você já disse isso. - Sorriu convencido, como se soubesse que seu sorriso tinha um poder anormal. E definitivamente ele estava correto.

***

Eu passei as coordenadas para Oliver, dei o endereço do evento que ele jogou no GPS do seu carro chique e pronto! Lá estava eu indo para o casamento do meu ex com um completo estranho (lindo, sexy, gostoso... a lista de adjetivos era gigante) o qual eu fingiria ser meu namorado.

Aproveitei o tempo da viagem para falar um pouco sobre mim, meu trabalho, meus gostos, hobbies, onde estudei, qual eram meus filmes favoritos... Eu disse simplesmente tudo, do nome da minha melhor amiga à minha obsessão por livros do Harry Potter! Contei também sobre a história com o Ray, porque precisava ter certeza de que todas as áreas estariam cobertas e não teríamos nenhum tipo de surpresa. Seria uma vergonha se a minha pequena fraude fosse desmascarada.

— Eu o estou aborrecendo? - Perguntei após aproximadamente uma hora de viagem, apenas eu tagarelava enquanto Oliver mantinha os olhos atentos à estrada, apenas esboçando alguns sorrisos quando eu confessava algo um pouco vergonhoso.

— De modo algum Felicity, estou fascinado por saber cada mínimo detalhe da sua vida. Tenho certeza de que a informação sobre Harry Potter ser a horcrux que o Lord  das trevas nunca  planejou criar vai ser muito útil. - Brincou divertido.

— Hey, nunca faça pouco caso de Harry Potter! - Dei um leve soco em seu ombro fingindo estar ultrajada. - Essa é a primeira regra!

— Primeira regra? - Ergueu uma das sobrancelhas.

— Primeira regra para nos darmos bem. - Expliquei.

— Entendi, nunca vou criticar Harry Potter! - Prometeu parecendo realmente empenhado em cumpri-la. - Quais são as outras regras? - Perguntou curioso.

— Não agora pequeno gafanhoto. - Minha menção o fez gargalhar abertamente - Porque  agora é a sua vez! - Falei e ele desviou seu olhar confuso para mim - Fale-me um pouco sobre você. - pedi.

— Não há muito há dizer. - Fechou-se, toda a alegria e leveza presentes momentos atrás desapareceu do seu semblante de repente, tornando-o muito mais sério. O aperto sobre o volante se tornou tão mais forte que eu era capaz de ver as veias de suas mãos  se estufarem.

— Eu estou esperando Oliver... - Falei sem deixar que aquele clima permanecesse - Eu não estou pedindo pelos segredos mais obscuros da sua alma, apenas quero saber um pouco mais sobre você, seus gostos, hobbies... Não é pedir muito é? - Seu olhar se demorou dois segundos sobre mim, como se me analisasse, me senti quase nua com a força de olhos tão intensos em mim, eles pareciam querer me dizer tanto e então ele simplesmente voltou o olhar para a estrada.

— Eu odeio chocolate. - Confessou por fim me fazendo sorrir. Estávamos progredindo.

— Como pode isso? Chocolate é a melhor coisa do mundo! - Defendi.

— Eu não sei explicar, apenas odeio. - Deu de ombros.

— Isso não é justificativa! - revidei. - Espere, eu acho que tenho uma barra aqui em algum lugar dessa bolsa! - falei enquanto buscava pelo chocolate que havia comprando essa manhã na tentativa de suprir meus nervos.

— Você é um pesadelo! - Comentou com humor.

— Aqui está! - Falei orgulhosa erguendo a pequena barra de chocolate ao leite.

— Eu não vou comer isso! - Negou prontamente. - Não posso me distrair, estou dirigindo. A menos que você coloque na minha boca. - Falou dando-me um sorriso charmoso e uma piscadela.

Pisquei os olhos confusa enquanto prendia a respiração, ele estava flertando comigo, não estava? Olhei novamente para o seu rosto, ele fingia-se de compenetrado na estrada, mas eu sabia que no fundo esperava por minha reação.  Eu queria entrar nesse jogo, eu estava louca para me deixar levar. Que mal faria uma noite de sexo puro, carnal e totalmente passional? Meu corpo se tornara consciente de Oliver no primeiro momento que o vira, o que ainda estava me impedindo de ir adiante? Eu estava muito atraída por ele! Aliás, o que havia ali para não se desejar? Mas eu não podia, não era certo me envolver assim... Sabendo que seria apenas sexo por dinheiro. Ainda que fosse um sexo, muito, muito, muito bom.

— Bem, já que você não quer é melhor que sobra mais para mim. - Respondi tentando parecer desinteressada e ao mesmo tempo demostrar que haveria um limite entre nós que não deveríamos cruzar, mas tudo o que consegui foi parecer afobada. Oliver sorriu e balançou a cabeça, como se a minha tentativa de mudar o foco da conversa o divertisse. Abri a embalagem do tablete  de chocolate disposta a distrair minha mente com outra coisa gostosa, o chocolate estava um pouco mole fazendo com que eu sujasse meus dedos ao comê-lo.

— Você é como uma criança. - Disse com humor ao ver que eu lambia a ponta de alguns dedos. - Deixe-me provar. - Falou e quando dei por mim um de meus dedos estavam dentro de sua boca, Oliver seguia olhando para frente prestando atenção na estrada como se não tivesse fazendo nada demais.

Ele estava acabando comigo.

Eu fiquei estática, completamente sem reação. Até mesmo havia me esquecido de como respirar. Sentir meu dedo dentro de sua boca morna, a forma como ele o sugava ou passava a língua lentamente era... Malditamente erótico. Meu corpo estremecia de prazer, meu sangue corria apressadamente sob as minhas veias. Minha mente já estava pensando como seria ter essa boca em outras partes o meu corpo, deslizando, chupando com destreza, mordendo-me, dando-me prazer de todas as formas possíveis.

Eu não tinha dúvidas de que Oliver era um especialista em proporcionar prazer. Afinal era o seu trabalho. Lembrei-me aturdida puxando rapidamente minha  mão da sua boca. Eu não podia ir por esse caminho, não seria certo.

Se Oliver estranhou minha reação ele não fez nenhum comentário. Mas é óbvio que o filho da mãe era consciente do efeito que tinha sobre mim.

—  Definitivamente, chocolate não é nenhum um pouco ruim. Eu diria que é delicioso quando com o acompanhamento certo. - Comentou casualmente ainda olhando para frente com um sorriso mínimo nos lábios. Maldito sorriso sedutor!  Maldito Oliver que me fazia querer dizer para encostar o carro na estrada e tirarmos nossas roupas.

Controle-se Felicity! Adverti a mim mesma tentando espantar as imagens que já se formavam em minha mente. Nós dois nus no banco de trás, o corpo de Oliver sobre o meu, movendo-se indecentemente dentro de mim, seus lábios macios e quentes sobre a minha pele... Meus pensamentos foram interrompidos pelo bip de mensagem do celular. Respirei aliviada por ter algo para mudar o foco dos meus pensamentos nada puros. Ou não já que a mensagem era de Helena.

Então... De zero à dez o quão gostoso é o seu acompanhante? Se possível mande uma foto para que eu mesma avalie!

Sorri ao ler a mensagem de Helena, ela até que havia demorado a dar o ar da graça. Escrevi minha  resposta sabendo que apenas a deixaria mais curiosa.

Nada de fotos! E dez é um número extremamente baixo ;)

Segundos depois recebo uma nova mensagem dela:

Oh merda! Você vai transar com ele? Diga que sim, diga que sim!

Digitei rapidamente a resposta antes que Helena insistisse ainda mais naquele assunto.

Claro que não.

Como ela chegara a essa conclusão tão rápido assim? Minha resposta veio na próxima mensagem dela:

Você está louca para transar com ele, ou então não negaria assim tão rápido. Será que é assim tão caro? Eu posso te emprestar algum dinheiro se você precisar... =D Não perca a oportunidade de ter uma noite de sexo quente e selvagem com um cara gostoso, você está precisando disso! Você passou oito anos transando com um babaca que sequer sabia dar prazer a uma mulher... Já está na hora de ter um pouco de diversão, pare de ser tão critica e se jogue logo nesse deus do sexo!

 Revirei os olhos e desliguei o celular assim que terminei de ler a mensagem. Helena não me daria paz até que eu dissesse que iria considerar. O problema era que eu já estava com vontade, se ela continuasse a me mandar esse tipo de mensagem talvez até conseguisse me convencer a jogar a cautela para o alto e a estender os serviços de Oliver.

— Você parece nervosa. - Oliver comentou.

— E não deveria estar? - Devolvi, mas Oliver pareceu não me compreender muito bem - É bem ali. - Falei indicando a casa vitoriana que a família de Ray era dona, se tivéssemos seguido com o plano nós teríamos nos casado aqui também.

Oliver estacionou o carro, desci retirando o casaco que usava por cima do vestido vermelho. Helena insistira que deveria comprá-lo, era “sexy e poderoso” palavras dela, não minhas, para mim era apenas um vestido de renda normal, apenas um pouco mais curto do que gostaria. Quando dei a volta no carro indo até Oliver, percebi que o mesmo me fitava com evidente interesse. Seus olhos subiram por minhas pernas e acompanharam com volúpia o contorno do meu corpo, parando por mais tempo que seria educado sobre o decote, quando seus olhos chegaram ao meu rosto eu prendi a respiração. Oliver tinha uma chama por trás de seus olhos enquanto me olhava. Talvez Helena estivesse certa e o vestido fosse realmente sexy.

— Você é linda. - Disse, mas aquilo não soou como um elogio, apenas como a constatação de um fato incontroverso.

— Obrigada. - Sorri para ele involuntariamente. - Vamos? - Perguntei.

— Espere. - Pediu se encostando ao carro, fechando os olhos como se se preparasse para fazer algo muito difícil. - Eu não falo com o meu pai há dez anos. Desde quando ele trocou a minha mãe por uma garota de vinte cinco anos. - Confessou e não entendi o motivo de ele me falar isso nesse momento.

— Sinto muito Oliver. - E eu realmente sentia, me perguntei se tinha sido esse acontecimento que o fizera optar por trabalhar no “serviço de acompanhamento”.

— Agora que ela o deixou, não sem antes levar boa parte do seu dinheiro,  ele está tentando se reaproximar com a família. - Falou parecendo um pouco ressentido.

— E você não quer? - Perguntei, sem perceber eu havia me encostado ao carro também ficando ao seu lado.

— Eu estou indo reencontrá-lo para me certificar das suas intenções, não permitirei que se aproxime da minha mãe e irmã outra vez se for para machucá-las novamente.  - Seu tom era sério, e não deixava dúvidas quanto as suas intenções.

— Isso é muito nobre da sua parte. - Falei.

— Ou muito tolo. - Virou seu rosto para mim, seus olhos sempre tão intensos agora pareciam um pouco tristes.

— Definitivamente nobre.  - Tornei a afirmar fazendo um sorriso pequeno surgir em seus lábios e a tristeza se esvair do seu semblante, sua mão encontrou a minha entrelaçando-as. Seu toque era quente, firme e enviava um misto de sensações ao meu corpo, fazendo-o se sentir acordado, pronto.

— Felicity... - Eu vi a intenção por trás de seus olhos, aquele fogo estava lá novamente, sua cabeça se inclinou em minha direção e por um momento eu perdi toda a razão, eu precisava que ele se afastasse, precisava não tê-lo tão perto ou  eu provavelmente cederia ao seu charme.

— Não se preocupe com isso, na verdade não pense nisso. - Falei me afastando e soltando nossas mãos, Oliver por sua vez apenas respirou fundo ao ver que eu havia recuado - Vamos apenas nos divertir, eu sei que você está a trabalho, mas tente ver esse casamento apenas como uma distração. - Disse.

— Casamento? - Perguntou as linhas de seu rosto demonstravam confusão.

— O casamento do meu ex! - Expliquei - A agência não te passou todas as especificações? Não te explicou que era esse o seu trabalho? Fingir ser meu namorado? - Falei e o observei ficar mudo por um longo minuto.

— Certo. - Oliver respirou fundo, compreensão preenchendo o seu rosto - Me desculpe a minha cabeça estava em outro lugar.

— Tudo bem. - Assenti, esperando que ele tomasse seu tempo.

— Melhor irmos - Disse voltando a segurar a minha mão na sua - Eu tenho que aproveitar essa festa e exibir a todas as pessoas que eu tenho a namorada mais linda de todas.

***

A cerimônia de Ray e Sara tinha sido bonita.

Porém mais importante do que isso tinha sido a reação das pessoas, elas começaram a fofocar no momento em que me viram chegar de braços dados com Oliver, e não pararam durante toda a recepção, eu sentia os olhares nada discretos sobre Oliver e eu, nos analisando. Eu pensei que me sentiria melhor por comparecer aqui e mostrar a todos que eu havia superado e que estava bem sem o Ray, que o fim do nosso relacionamento tinha sido a melhor coisa para nós dois. Mas foi aí que eu percebi que não fazia a menor diferença para mim a opinião dessas pessoas. Eu estava melhor sem Ray,  o fato de estar solteira não me tornava automaticamente infeliz, muito pelo contrário, desde o nosso término eu finalmente me senti livre para ser quem eu sou, eu não estava mais presa em um relacionamento sem amor, eu podia finalmente ser eu mesma, fazer o que eu quisesse fazer sem me preocupar. E essa liberdade era algo muito bom.

Eu sequer estava magoada pelas circunstâncias do nosso término.  Eu estava bem e honestamente feliz por Ray estar com alguém que o amasse de verdade. E eu não precisava de um “namorado” de mentira para provar isso à um bando de pessoas com as quais nunca me importei.

Eu estava feliz e isso bastava para mim.

— Então... Eu não consigo compreender porque você precisaria de um acompanhante para essa festa. Você é obviamente linda e capaz de fazer qualquer homem cair aos seus pés. - Oliver comentou em um dado momento fazendo-me gargalhar.

— Você não precisa elevar minha auto estima, não faz parte do pacote. - Minha explicação fez uma carranca aparecer  no rosto de Oliver.

— Isso é por causa do seu ex? Você ainda está apaixonada por ele? - Perguntou diretamente.

— Isso nunca foi sobre o Ray, ele sempre foi um bom amigo, embora todo o nosso relacionamento tenha sido um erro, nós não nos amávamos, pelo menos não do jeito que se espera de um homem e uma mulher. Eu apenas não queria voltar até aqui e ser vista por todos como a patética ex-noiva traída. - Expliquei e observei Oliver absorver aquela informação com um semblante inexplicável.

— Vamos dançar! - Falou de repente.

— O quê? - Perguntei aturdida, mas quando dei por mim Oliver já me conduzia até a pista de dança no exato momento em que uma música mais lenta começava a tocar.

Seus braços me puxaram pela cintura tornando meu corpo imediatamente consciente do seu tão próximo, suas mãos grandes subiram um pouco mais se acomodando na parte nua das minhas costas, elas eram quentes e o simples contato me fizera estremecer. Elevei minhas mãos enlaçando-as ao redor de seu pescoço deixando que meus dedos se atrevessem a se afundar em seu cabelo curto e macio. Logo nós dois estávamos balançando em um ritmo lento e sensual, seguindo o som melodioso da canção. Fazia tanto tempo que eu não dançava com alguém, que acabei me deixando levar pelo conforto que algo tão simples era capaz de proporcionar. Acomodei minha cabeça na curva do pescoço de Oliver, me permitindo inalar seu cheiro tão bom e que tinha o poder de me deixar tonta. Nem notei quando todo o resto deixou de ter importância, quando minha única preocupação se tornou acompanhar  cada movimento do corpo de Oliver como se fôssemos um só.

Eu deveria apenas fingir que Oliver era meu namorado. Era uma pequena mentira. Mas com a forma que eu me sentia atraída por ele, ou como o meu corpo parecia se sentir acordado e quente sobre suas mãos grandes era muito fácil esquecer o bom senso naquele momento e me permitir apenas sentir.

Sentir o roçar leve de sua barba por fazer em meu rosto, a intensidade de seus olhos sobre os meus, o frio momentâneo que meu corpo sentiu assim que uma de suas mãos deixou minhas costas, apenas para segundos depois sentir o mesmo calor quando ela  envolveu com cuidado o meu rosto, nós já não dançávamos, eu sequer sabia que música estava tocando. Tudo o que eu era consciente era do corpo dele colado de forma tão íntima ao meu, tão quente, tão próximo, nossas respirações se intensificando, ele puxando meu rosto lentamente na direção do seu.

Eu estava caindo na ilusão que eu mesma criei.

Na verdade eu estava me jogando de cara e nem um pouco preocupada com a queda.

Nossos  lábios mal haviam se tocado, sua língua apenas se insinuava sobre meu lábio inferior, e apenas isso foi o suficiente para fazer minha pulsação disparar em expectativa por aquele beijo, mas a música parou de repente, as luzes se acenderam e todos os casais saíram da pista de dança para dar espaço aos noivos, estava na hora da tradicional dança dos recém-casados.

— Vamos sair daqui? - Oliver sussurrou em meu ouvido, sua voz baixa e rouca me fazendo estremecer.

— Vamos! - Confirmei  enlaçando nossas mãos enquanto saíamos do salão. Eu me sentia como uma adolescente prestes a fazer algo muito reprovável e isso era... Excitante! Durante toda a minha vida eu fiz o que era certo, eu segui as regras, fui uma boa garota, seria tão errado ao menos uma vez me deixar levar? Agir por impulso sem pensar nas consequências?

Quando chegamos ao lado de fora, eu mal tive tempo de assimilar nada.  Oliver me pressionou contra uma das paredes da casa e seus lábios ávidos buscaram pelos meus. Eu aceitei seu beijo exigente e logo estava acompanhando o seu ritmo faminto, não foi difícil já que eu estava igualmente sedenta por ele. Eu arfava toda as vezes em que nossas línguas se encontravam e se provavam, todas as vezes que seus dentes puxavam meus lábios. Oliver pareciam sugar muito mais do que meus lábios em seu beijo sexy, ele sugava minha coerência, minha razão, pois tudo o que eu  conseguia pensar enquanto ele me beijava era em nunca  mais parar.

Eu nunca havia me sentido assim antes com mais ninguém, todo aquele desejo, todo aquele ardor era algo novo para mim. E então, suas mãos que antes apertavam a minha cintura  deslizaram pelo contorno do meu corpo lentamente até encontrarem minhas coxas, num movimento rápido Oliver me ergueu do chão e  minhas pernas o rodearam pela cintura. O corpo de Oliver me pressionou ainda mais contra a parede, e eu sentia sua excitação dura contra o meu centro. Suas mãos subiam e desciam pela extensão das minhas coxas agora completamente desnudas já que o vestido curto havia subido e estava embolado em minha cintura.

Seus lábios deixaram os meus fazendo-me chiar em protesto apenas para segundos depois gemer em aprovação quando eles encontraram a curva do meu pescoço, seus dentes raspando sobre a pele, ora mordendo-a ora a tocando com seus lábios macios e sua língua quente, ele estava brincando com meus sentidos, deixando-me no limiar entre a dor e o prazer. Eu estava perdida em suas carícias, em seu corpo musculoso, eu estava agindo completamente fora de mim. Eu queria ser dele, aqui e agora. Eu queria jogar todas as cautelas para o inferno e apenas senti-lo em mim, não era certo, era imoral, ilegal e possivelmente um erro. Mas ainda assim eu o queria.

— Oliver... Eu não paguei por isso. -  Falei quando uma de suas mãos fez um caminho pela parte interna da coxa, chegando a minha calcinha.  Não sei por que diabos eu disse aquilo talvez tenha sido um resquício de bom senso, mas foi o suficiente para imediatamente seus olhos se escureceram, suas mãos soltaram o meu corpo abruptamente fazendo com que eu quase caísse ao chão, Oliver respirou fundo se afastando de mim me deu as costas enquanto elevava as mãos à cabeça.

Quando ele se virou novamente para mim eu pude  ver  o quanto ele estava abalado.

— Isso já foi longe demais. - Exclamou voltando a se aproximar de mim seus olhos buscando os meus e os prendendo nos seus-  Eu vou pegar o carro, daremos uma volta para conversar e esclareceremos algumas coisas.  Eu volto daqui a pouco. - Disse antes de deixar um suave beijo em minha testa e sair.

Tomei uma respiração profunda tentando me acalmar, Oliver estava me enlouquecendo. Não apenas porque eu estava atraída por ele, mas porque seus atos me confundiam, em um momento ele era o sexy acompanhante e no outro ele parecia apenas um cara normal, que era doce e fácil de conversar.

Lembrei-me de ligar meu telefone, talvez eu devesse ligar para Helena e pedir um conselho, ou apenas conversar rapidamente.  Eu mal havia ligado o celular e ele imediatamente começou a tocar em minhas mãos.

— Alô? - Atendi levando o aparelho ao ouvido.

— Felicity Smoak? -  Não reconheci a voz da mulher.

— É ela. - Confirmei.

Estou ligando a respeito do serviço de acompanhante que a senhorita contratou para esta noite. Eu gostaria de me desculpar, infelizmente nosso funcionário não conseguiu chegar ao local de encontro e não tínhamos outro disponível para enviarmos... - Paralisei ao escutar as suas palavras, aquilo não fazia sentido —... Nós iremos reembolsar o valor que foi pago.

— Ok. - Foi tudo o que disse enquanto tentava assimilar aquela informação. Meu coração subia e descia dentro do peito. Se Oliver não era o acompanhante que eu havia contratado, então quem ele era? Porque fingira por tanto tempo? Antes que eu pudesse pensar um pouco mais o carro de Oliver parou a minha frente, o observei descer e abrir a porta do passageiro como um verdadeiro cavalheiro.

— Felicity? Vamos.  - Chamou quando percebeu que eu não havia me movido um centímetro do lugar.

— Seu babaca! Aproveitador! Idiota! - Xinguei, deixando toda a raiva sair. Raiva por ter sido enganada por ele, raiva por um momento ter me deixado levar por uma atração momentânea. Eu quase havia cometido uma burrice.

— Você descobriu. - Ele afirmou tristemente - Deixe-me explicar, foi tudo um grande engano. - Sua voz era suave, cautelosa e seus olhos pareciam apreensivo, ele deu alguns passos hesitantes até mim.

— Não ouse se aproximar! - Alertei, não queria o ter muito perto e correr o risco de cair em seus encantos novamente - Então vamos esclarecer as coisas? Você viu uma garota tola que contratou um serviço de acompanhante porque não queria comparecer sozinha no casamento do ex noivo e você achou que seria divertido aproveitar a oportunidade e brincar ela? Foi isso Oliver? Se é que Oliver é o seu verdadeiro nome! - Falei exaltada.

— Não! De modo algum Felicity. - Tentou justificar apressadamente - Foi apenas um engano.... - Começou a querer se explicar, porém o cortei.

— Quer saber, eu não quero ouvir as suas desculpas ou explicações, tudo o que quero é que você vá embora! - Praticamente gritei.

— Felicity! - Sua voz tinha um tom de suplica que deliberadamente ignorei.

— Vá. - Ordenei, Oliver hesitou, ficou me olhando por mais algum tempo como se esperasse que eu mudasse de ideia, mas quando viu que eu permaneci firme ele suspirou vencido e entrou no carro, não sem antes dizer que conversaríamos depois quando eu estivesse mais calma.

Fechei meus olhos assim que o vi partir, só então percebendo que eu precisaria ligar para um táxi para voltar para casa já que estava sem a minha carona, me virei pensando em voltar para o salão e pedir a algum conhecido o número de um taxista, mas assim que o fiz encontrei dezenas de pares de olhos me encarando com curiosidade, era óbvio que tinham assistido a cena toda de camarote.

Oh! Maravilha! Eu tinha dado aquelas velhas fofoqueiras assunto para fofocarem durante todo o ano!

 ***

Uma semana havia se passado desde o incidente e eu ainda me sentia uma estúpida. Helena tinha tentado elevar o meu humor me dizendo que aquela seria uma história engraçada para se contar em uma roda de amigos ou no dia do meu casamento. Mas eu não via a graça daquilo. Eu havia me deixado levar por um desconhecido só porque ele era absurdamente bonito, tinha um beijo sedutor e me fazia sentir coisas que nunca senti antes... Foi tolo, estúpido, imprudente e muito, muito bom.

Suspirei irritada com os meus pensamentos e tentei me concentrar no meu trabalho, meu chefe tinha organizado uma festa beneficente para hoje a noite e como a sua assistente eu passei a semana toda cuidando de todos os detalhes e preparativos. Foi bom porque assim pude manter minha cabeça o mais longe possível de Oliver.

Pelo menos por um curto espaço de tempo.

— O que você faz aqui? - Exclamei estarrecida assim que o vi, eu estava voltando a minha sala e ali estava ele, parado bem a minha frente.  Devia ser uma miragem, eu estava trabalhando muito e meu cérebro estava me confundindo porque não fazia sentido algum.

— Eu pensei que ia encontrá-la aqui. - Disse calmamente enquanto se aproximava de mim.

— Como você chegou até aqui? Você está me seguindo? Eu vou chamar a segurança! - Ameacei dando passos até a minha mesa e retirando o telefone do gancho.

— Porque você apenas não me deixa explicar Felicity? - Ele perguntou evidentemente chateado colocando a mão sobre a base do telefone me impedindo de fazer a ligação.

— Porque eu sei o que aconteceu! - Afirmei com convicção.

— Não, você não sabe! Você apenas acha que sabe e se recusa a ouvir qualquer coisa que contrarie! Deus como eu posso estar interessado em alguém tão teimosa assim? - Comentou consigo mesmo. Mas espere... Ele disse que estava interessado em mim? Foco Felicity! - Você está com medo do que sentiu comigo é por isso que se nega a enxergar a verdade tão óbvia, se nega a me escutar! Simplesmente porque sentiu medo, porque eu e você foi algo bom, espontâneo, algo novo. - disse caminhando em minha direção sua mão encontrou a minha, seu toque era suave quase hesitante e quando encontrei o seu olhar eles buscavam por compreensão, entendimento. - Você sabe disso, você quer isso tanto quanto eu.

Engoli em seco apenas assimilando o efeito daquela simples carícia em mim, calor emanando daquele toque, acordando o meu corpo deixando todos os meus sentidos em alerta. Eu sabia que Oliver estava certo, eu senti medo porque nunca ninguém havia me feito sentir as coisas que ele fez. Era novo, era diferente e me assustava. Mas nada disso mudava o fato de que ele havia mentido para mim.

—  Então me explique. Justifique-se. - Decidi lhe dar aquela chance e Oliver se atreveu a me lançar um pequeno sorriso.

— Eu não fingi ser o seu acompanhante de propósito, eu tinha vindo até a Q.C. para falar com o meu pai. - Sua voz era suave e calma - Ele havia me dito que deveria procurar por Felicity Smoak que ela me levaria até ele, eu pensei que você estivesse me levando até ele. - Fechei meus olhos compreendendo que Oliver era filho de Robert Queen - O tempo todo que passamos juntos nós conversamos, eu me diverti como há muito não me divertia. E quando eu percebi...

— Nós já estávamos no casamento e você não quis me envergonhar dizendo que não era o acompanhante que eu contratei. - Completei por ele.

— Não. - Negou prontamente - Eu não disse nada porque eu fui egoísta, eu queria aquele tempo com você. Eu estava fascinado por cada mínima sensação que você despertava em mim e eu queria descobrir mais, não estava disposto a abrir mão de você assim tão fácil. Mas aí você descobriu e eu a perdi da pior maneira.  - Terminou de explicar esperando por minha resposta.

Olhei para Oliver, realmente o olhei, para além da postura firme, além da beleza estonteante, ele parecia preocupado de que fosse tarde demais. Desviei meus olhos para baixo, para o ponto onde nossas mãos ainda estavam unidas,  eu fechei meus olhos absorvendo aquela sensação, Oliver estava certo, era algo novo, era algo bom, talvez merecêssemos uma chance apenas para descobrir o que isso era.

Meu coração bateu acelerado dentro do peito em concordância com aquele pensamento.

— Eu fui convidada para essa festa hoje à noite...  - Comecei a dizer e recebi seu olhar confuso - O que me diz, gostaria de ser meu acompanhante? Um de verdade dessa vez.  - Expliquei e observei seu semblante se iluminar.

— Eu adoraria. - Ele respondeu com um sorriso completo e eu sorri de volta, sua mão parou de acariciar a minha apenas para entrelaçá-las, calor percorreu todo o meu corpo, tudo em mim se agitou. E eu gostei daquela sensação, da sensação de começar algo novo.


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Notas finais do capítulo

Espero muito que tenham gostado! Aguardo a opinião de vocês nos comentários!



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