No caos, encontrei você. escrita por sadali3n


Capítulo 2
Naquele trailer abandonado


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ~



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Não demorou muito para grande parte das ruas de Los Angeles se tornarem uma zona de guerra. A falta de aviso e de próprio conhecimento sobre o vírus, por parte das autoridades, contribuiu no aumento rápido do número de infectados. As pessoas estavam abandonando suas casas para irem embora da cidade, como se não bastasse a doença, vândalos se aproveitavam da situação para roubar e destruir tudo que viam pela frente, tudo estava fora de controle. Por volta de quase uma hora da tarde a aula na escola foi interrompida quando diversos vídeos foram vazados na internet e se espalhavam entre os alunos e professores, sem contar que já era notícia em todas as emissoras de Tv.

Alicia tentou entrar em contato com a mãe, mas ela não atendia as ligações, assim como o Nick. O desespero de todos a sua volta nos corredores da escola fazia tudo parecer ainda pior, uma preocupação misturada com angústia tomava conta dela... e não suportando mais esperar por algum sinal dos familiares, ela resolve sair de lá e encarar o caminho de volta para casa mais uma vez, sozinha.

(...)

Com certeza, não era a melhor hora para se morar no centro. Alarmes de carro, tiros, gritos, toda essa mistura de sons era um inferno. Elyza cai no sofá largada, estava cansada por ter empurrado alguns móveis em sua porta temendo que zumbis invadissem. Ela começa a andar de um lado para outro tramando algum plano e acaba vendo um porta-retratos antigo, o segura com as duas mãos enquanto observa os rostos felizes presentes na imagem, pensativa.

— Mãe...  – A palavra sai de sua boca em um tom de voz triste

Ela larga o porta-retratos e começa a procurar por cada canto do seu apartamento o seu celular. Quem sabe sua mãe havia enviado algo para ele, sem falar que era necessário e justo a manter por dentro de tudo que estava acontecendo por ali, mas a busca pelo celular é em vão e cai a ficha...

— Ah não! A última vez que eu o usei foi naquele maldito beco, deve ter caído das minhas mãos e eu, eu nem notei...

A loira tinha razão, mas não pretendia voltar naquele lugar tão cedo, muito menos por causa de um celular.

 (...)

Alicia continua caminhando para casa quando dá de cara com um bloqueio. Militares. Não parecia que estavam em um bom dia, e realmente não estavam, ninguém estava. Ela os observa a uma certa distância e resolve não se aproximar, quando é surpreendida pela vibração do seu celular, era o irmão.

— NICK! Graças a Deus você apareceu, eu preciso te ver, preciso encontrar nossa mãe...me ajuda, onde você está? Você está bem?

— Calma Ali, respira, conta até cem e me escuta. Eu to bem, okay? Onde você está? Na escola?

— Eu to na rua, perto da casa da mamãe, mas não consigo continuar por que ta tudo bloqueado por militares...

— Sua maluca! Você precisa sair daí agora, ta me ouvindo?

— Eu não posso parar agora Nick, a mamãe...

— Talvez a mamãe não esteja mais em casa, ela é esperta. Talvez os militares tenham evacuado toda essa área devido aquelas criaturas, isso é assustador, mas, olha faz o que eu falei e me espera, continuaremos essa conversa em breve. Obedece ao babaca aqui pelo menos uma vez na vida.

A morena fica em silêncio por alguns segundos...

— Alicia? ...Ali? Viu algo? ... Alicia Clark, fala alguma coisa! – Nick aumenta um pouco a voz com a boca mais próxima ao telefone, fazendo um som mais abafado

— O babaca está preocupado? – Ela zomba

— ...agora não Alicia, não é hora pra isso, sua pirralha.

— Eu sei, eu sei. Eu vou fazer o que você quer, mas tem algum lugar em mente para que possamos nos encontrar? – Alicia fica sem saber que direção seguir e explica melhor a sua localização para o irmão.

— Caminhe até aquela floricultura que você adorou, próximo dela você encontrará um beco, nele você terá acesso rápido a outra rua e nela se você reparar melhor verá um trailer abandonado. Não se preocupe em invadi-lo, já fiz isso algumas vezes quando queria cheirar umas em paz, até mesmo já levei uma garota lá, foi uma noite ótima, porém acordei sem minhas...

— Nick. Foco. – Alicia o interrompe

— ...continuando, entre lá, pegue algo para se defender, evite fazer barulhos e me espere. Não dê ouvidos a ninguém que cruze seu caminho e se você encontrar qualquer infectado, seja precisa e machuque a cabeça, pude perceber isso mais cedo, é a única forma de deter essas coisas. É importante que você não tenha medo.

— Nick, o medroso aqui sempre foi você. Eu vou saber me virar, relaxa.

 - Vamos ver até onde vai essa sua coragem...agora preciso desligar, nos vemos em breve.

— Ei, se cuida e tenta não estragar tudo...

— Agora é a minha vez de falar: “Relaxa” – Ele imita a voz da irmã da maneira mais idiota possível

Ambos sorriem e se despedem, a ligação chega ao fim. Alicia segue seu novo rumo sem perda de tempo.

(...)       

Elyza vê que está na hora de dar o fora dali quando a maçaneta da porta começa a ser forçada por um grupo de homens fardados e armados até os dentes, eles entraram no prédio a procura de pessoas que haviam sofrido algum tipo de contaminação, pessoas que precisassem de ajuda médica e dispostos a matar todos os zumbis que cruzassem seu caminho. Ficaram ameaçando arrombar a porta, estavam sem paciência para as perguntas que Elyza fazia para ganhar tempo enquanto pegava tudo que pudesse ser útil e jogasse em sua mochila, inclusive sua nova pistola e alguns maços de cigarro. Por último ela esconde um canivete em seu coturno e sai pela janela do quarto, antes que eles conseguissem invadir seu apartamento. Da janela, ela consegue ter acesso as escadas de incêndio.

Enquanto descia as escadas ela lembrava que sua moto estava no estacionamento, e que àquela altura no mínimo já havia sido roubada... e se não tivesse sido, como chegaria até lá com segurança? Era algo a ter que ser planejado com calma e na hora certa ela checaria. Nos últimos lances daquela escada torta e enferrujada, Elyza perde o equilíbrio e vai de encontro ao chão. Um belo tombo, que a fez gritar e gemer de dor, atraindo a atenção de alguns zumbis que estavam vagando próximos dali. Quando Elyza percebe a aproximação daqueles errantes, ela tenta se levantar, mas sua perna dói muito a levando mais uma vez ao chão. Ela tira alguns fios loiros de seu rosto respirando fundo e se esforça ao máximo. Dessa vez ela consegue ficar de pé. Ajeita sua mochila nas costas e anda o mais depressa que consegue, movimentando com dificuldade sua perna e uma mão apoiada próximo ao seu joelho.

(...)

Um mau cheiro horrível faz o dorso da mão direita da Alicia encostar em seu nariz. Parada na entrada do beco ela começa a questionar se era mesmo uma boa ideia entrar ali. A medida que foi dando pequenos passos, notou que havia muito sangue espalhado pelo chão e mais a frente algo que pareciam restos mortais. Estava explicado o motivo de todo o mau cheiro que ela estava sentindo. Evitou olhar e torceu para que o autor daquela atrocidade estivesse bem longe dali. Se apressou e acabou chutando algo. Um celular. Imaginou que pertencesse ao indivíduo que agora estava em pedaços, por curiosidade ela o apanha do chão e liga, a foto que surge chama sua atenção, uma loira metida a punk, olhos azuis e cabelos bagunçados, na mão uma garrafa de whisky e no rosto um sorrisinho de canto encantador. Foi preciso um tempinho para conseguir desviar os seus olhos verdes daquela imagem.

Alicia guarda o celular junto ao seu, e retorna a caminhada com milhares de suposições em mente.

“Será que aquela moça foi a responsável por aquilo? Será que ela é uma infectada? Ou será que os restos mortais são dela? ...não não, as roupas pareciam pertencer a algum homem, sei lá. Talvez ela só tenha se assustado ao ver aquilo, talvez ela também precisasse passar por ali assim como eu e fugiu sem que percebesse que o celular ficou para trás...”

 E foi assim até ela chegar no tal trailer abandonado. Vasculhou tudo e o melhor que conseguiu achar foi um facão. Tudo ali era nojento aos olhos da Alicia, ela sentia nojo de ambientes como aquele e não compreendia como o Nick suportava esses lugares. Foi até o quarto e se sentou em uma pilha de revistas velhas, não demorou muito e lá estava ela mais uma vez observando a foto da loira, aquela garota na foto transmitia uma paz que nem mesmo ela imaginava que fosse possível sentir naquelas circunstâncias.  

Já anoitecia e Elyza conseguiu despistar os zumbis que a perseguiam. Seu cansaço era físico e mental. As dores na perna só aumentavam e sua calça preta estava encharcada de sangue. Agora ela só precisava de um lugar seguro para se abrigar e cuidar do ferimento antes que piorasse. No trailer não havia luz elétrica, Alicia começa a procurar algum fósforo para acender algumas velas que havia encontrado quando vasculhou tudo mais cedo, é aí que ela vê pela janela uma sombra do lado de fora, ela se abaixa um pouco temendo ser vista e continua de olho nos passos do intruso. Percebe que é uma mulher e que ela está mancando, tudo indica que ela está infectada. Alicia pega uma pequena cadeira de madeira, pois seu facão está longe, e anda devagarzinho até próximo a porta, se esconde e prepara-se para atacar. Quando a porta é aberta e a mulher entra, Alicia joga a cadeira em sua cabeça sem piedade, fazendo ela cair no chão atordoada

— Mas que porra... – murmurou

— Você está falando ai meu Deus, isso significa que...droga, eu achei que você estivesse transformada, me desculpa... – Alicia tenta ajudar a moça, se abaixa e tira os cabelos de seu rosto delicadamente, revelando sua identidade que a faz quase cair para trás. Era a loira da foto!

Elyza tenta manter seus olhos abertos e tenta falar mais algumas palavras, não consegue. Começa a perder suas forças até que...apaga. 


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