Dangerous Woman escrita por Letícia Matias


Capítulo 2
2


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!! Como estão vocês? Espero que muito bem. Falei que postaria o capítulo pro final da semana, mas não me aguentei
Eu espero que gostem!!



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O despertador do telefone me acorda ás sete e meia da manhã. Tenho que estar na academia de ballet ás nove em ponto. Posso ver que o Sol está dando as caras por trás da cortina bege que cobre a janela grande de vidro do meu quarto.

A cama king size é confortável e grande o suficiente para que eu sinta-me indisposta a deixá-la. Mas não posso me atrasar, tenho muito o que fazer e é um dia importante. O mais importante de todos desde que cheguei em Nova York. Por isso, levanto-me da cama rapidamente, antes que a preguiça me vença e me impeça de correr atrás dos meus sonhos, que estão mais próximos de se concretizar do que nunca.

No banheiro, tomo uma chuveirada rápida e morna para acordar. A água está quase fria, mas está em uma boa temperatura já que o calor já está presente. As noites geralmente são mais frescas por causa das chuvas de tarde, são minha parte preferida do dia, não gosto muito de sentir calor, me sentir pegajosa e suada. O calor de Nova York é muito menor do que o calor do estado da Califórnia, claro. Mas, ainda sim me incomoda o bastante para eu reclamar e é forte o bastante para fazer minha blusa colar nas costas e fazer com que eu prenda o cabelo em um rabo de cavalo alto.

Quando termino a chuveirada rápida, me enrolo numa toalha branca e grossa que faz parte de um jogo de cinco toalhas que minha mãe me deu e me dirijo até o espelho retangular grande e um pouco embaçado pelo pouco vapor que se acumulou no banheiro. Olho meu reflexo. Meu tom de pele não é branco como porcelana, ás vezes me acho um pouco amarela, mas minha mãe sempre dizia que era porque eu não tomava sol. Bom, se é por causa disso ou não, continuarei amarela porque não gosto muito de tomar sol, como já disse, odeio sentir calor. Meu cabelo está preso em um coque alto e vejo algumas gotinhas finas de água que se acumularam em alguns fios, o que fará com que eles fiquem um pouco arrepiados e difíceis de domar em cima. Mas, nada que um spray fixador não resolva.

Começo a me maquiar. Eu tenho um modo de me maquiar que é como uma marca registrada minha, segundo meu pai. Estou sempre com um delineado de gatinho nos olhos. Ás vezes é só isso que eu uso, mas não gosto de mim sem meus olhos delineados. Então, é a primeira coisa que faço em frente ao espelho. Com calma e muita habilidade por ter feito isso diversas vezes, faço o delineado com facilidade e rapidamente. Pego um batom rosa queimado e passo nos meus lábios carnudos. Faço um bico para ver se não há nenhum borrado e depois pego um par de cílios postiços. Os colo em cima dos meus cílios pequenos e pisco algumas vezes para me adaptar.

Algo que é minha marca registrada, - quer dizer, minha outra marca registrada - são meus rabos de cavalo alto. Sempre uso meu cabelo do mesmo jeito. Por ele ser muito grande, mesmo preso em um rabo de cavalo, seu comprimento vai até o meio das costas. Quando termino de me arrumar, me sinto bonita, o contrário do que sinto quando me olho no espelho ao acordar. Por um momento espero que eu seja uma das garotas mais bonitas na academia de ballet naquela manhã, mas esse mundo é cheio de pessoas bonitas, então talvez eu seja a mais feia.

Saio do banheiro ainda enrolada na toalha e logo puxo a cortina para o lado. A luz do sol invade o quarto fazendo com que eu estreite os olhos e franza o nariz. Sim, Nova York já está a todo vapor, toda movimentada e ensolarada. Posso me preparar e levar um guarda-chuva dessa vez.

Abro o guarda-roupa branco e pequeno do outro lado do quarto onde a luz do sol está batendo com muita intensidade e dou uma olhada em minhas roupas. Claro que não iria vestida com um tutu e sapatilhas. Escolho uma roupa confortável. Uma calça legging preta, uma regata branca e um tênis branco confortável e imaculado.

Depois de me vestir, vou para o banheiro e dou mais uma olhada no meu reflexo no espelho. Sempre me preocupei muito com minha aparência, mas nunca chamei muita atenção dos meninos no colegial. Pelo menos era o que eu achava. Não tive muitos amigos também. Bem, na verdade não tive nenhum. Meu único amigo era meu irmão mais velho, Sean. Sorri ao pensar em Sean, estava longe dele há sete dias e já sentia muita falta dele. Ligaria para ele mais tarde, claro, para contar todas as novidades.

Sean sempre foi muito protetor comigo e sempre me protegeu muito dos nossos pais. Nossos pais eram muito rígidos e cobravam muito de nós dois. Sean tinha vinte e dois anos e estudava História na University of Chicago. Se formaria em Junho do ano que vem. Como ele era mais velho e tinha saído de casa há mais tempo do que eu, sempre que ele ia para casa nos feriados ou datas comemorativas, me perguntava como estava as coisas dentro de casa e eu sempre tinha algo do que reclamar, especialmente sobre mamãe que muitas vezes se comportava como uma completa bruxa. E Sean, enquanto estava em casa, não deixava que eles me pressionassem sobre tudo e até me levava para sair e comer junk food, o que raramente acontecia dentro de casa porque nossos pais eram vegetarianos e só comiam comida orgânica. Sean era um ótimo irmão e meu melhor amigo, tinha sorte de tê-lo.

Ainda com os pensamentos no meu irmão, fui para a cozinha e peguei uma maçã verde dentro da gaveta da geladeira. Dei uma mordida grande e minha boca se encheu com o suco deliciosamente azedo da fruta. Devorei a maçã em menos de um minuto e peguei um copo de suco de laranja para beber.

Minha bolsa preta já estava arrumada com minhas roupas e tudo o que eu precisaria para o dia que teria que encarar. Peguei uma garrafa de água mineral gelada na geladeira e saí do apartamento, trancando a porta e me certificando de que ela estava mesmo trancada duas vezes. Quando você convive com pais paranoicos, você acaba se tornando uma.

***

Na rua o ar está quente e úmido, está claro que quando for umas quatro horas da tarde, o mundo se acabará em chuva ali em Nova York. Não achei que me acostumaria com a cidade tão rápido. Tive problemas para dormir nos dois primeiros dias por causa do barulho incessante de carros, mas depois dos dois dias dormi com mais facilidade. Era uma cidade muito grande, com movimento infinito e parecia que todas as pessoas do mundo estavam concentradas só ali, mas eu gostava. Gostava de olhar para as pessoas enquanto a maioria delas passavam por mim apressadas com suas vidas e com seus Iphones na orelha falando energicamente sobre o trabalho. Eu meio que me sentia parte daquelas pessoas agora. Até tive vontade de pegar meu celular e colocá-lo na orelha também, apenas para fingir que eu também conseguia falar energicamente com alguém do outro lado da linha, mas achei que seria incrivelmente idiota da minha parte. Apesar do ar quente e do calor que irradia contra minha pele, há algo sobre Nova York que talvez você não saiba. É muito difícil de se ver o Sol. Ele está quase sempre escondido atrás dos grandes arranha-céus. Bom, naquele momento aquilo era uma grande vantagem para mim.

Eu não tinha que me preocupar em pagar passagem ou pegar táxis já que a academia ficava há alguns minutos andando do prédio onde eu morava. Eu já podia ver o prédio grande com um letreiro preto informando o nome da instituição. Eu estava imersa demais em meus pensamentos para perceber que era a única atravessando a rua enquanto o homenzinho estava vermelho no semáforo.

– Cuidado! - ouvi alguém dizer, mas não sei quem.

Quando olho para meu lado esquerdo, não tenho tempo de reagir, apenas arregalo meus olhos surpresa e sou atingida por um pneu de bicicleta na canela. Caio para trás e a bicicleta cai em cima de mim com o rapaz que estava nela.

– Você é louca? O semáforo está fechado para você e você fez eu derrubar todos os meus muffins e café no chão!

Olho para o rapaz que vocifera do meu lado, levantando-se e limpando sua calça de sarja bege. Ele está muito furioso e passa as mãos na sua roupa para limpar as pedrinhas minusculas do asfalto que grudaram nele com a queda no chão.

– Me desculpe. - eu digo ainda no chão. Estou morta de vergonha e todos estão olhando para nós.

– Será que não pode olhar por onde anda? - ele finalmente olha para o meu rosto com as sobrancelhas unidas e logo sua expressão muda. Mas não sei decifrar o que se passa em sua mente.

Ele é muito bonito. Seu cabelo tem um tom castanho e é um pouco grande e ondulado. Seus olhos são castanho escuro e sua pele é um pouco mais escura do que a minha. Ele pode ser apenas queimado do sol.

– Me desculpe. - digo me levantando e pegando a bolsa preta que agora está suja de café com caramelo. - Eu... Posso comprar outro café para você e outros muffins.

Ele está me olhando de um jeito estranho, impassível.

Retribuo o olhar, ansiosa e extremamente envergonhada.

Ele fecha os olhos e suspira balançando a cabeça negativamente.

– Não, está tudo bem.

– Não, eu insisto. - digo.

– Eu já disse que está tudo bem! - ele fala rudemente olhando para mim.

Eu olho para meus pés e depois para o lado. Todos que atravessam a rua nos olham com curiosidade. Prefiro encarar os olhares curiosos do que os daquele cara mal-humorado. Vejo ele se curvar para pegar a bicicleta tombada no chão e depois ele sobe em cima dela.

– Eu posso te dar o dinheiro para comprar um café então e...

– Olha, acho melhor você seguir logo o seu caminho, antes que você faça alguém te matar atropelada. Ao invés de você olhar para o céu, que tal aprender a atravessar a rua?

O rapaz se afasta, pedalando e me deixando boquiaberta. Dou um passo para trás para ir para a calçada, antes que alguém realmente me atropele e me mate. Acho que seria um bom dia para morrer, com todos olhando!


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Notas finais do capítulo

E aí, o que vocês acharam? Gostaram da personalidade da Alice? Eu acho ela bem neurótica kkkkkkk
Não deixem de me dizer o que vocês acharam deste 2° capítulo meus amores! Espero que tenham gostado :)
Ah, e em breve postarei o 3°. Fiquem ligadinhos :)
Obrigada por lerem e até o próximo ❤



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