Como Ser O Pior Aluno de Hogwarts escrita por JayM


Capítulo 10
Lição 9 - Como comprar uma Vassoura - De preferência, irritando o vendor.




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Os dias se passaram com certa rapidez. Entre uma aula e outra, os treinos de quadribol, e os deveres de casa, mal sobrava tempo para Logan respirar. Ainda sim, encontrava um jeito de escrever a Holly todos os dias, era a maneira que descobrira pra manter o resto de sanidade que lhe restara. Estava terminando uma dessas cartas após o jantar, quando a sala comunal da Grifinória estava mais quieta do que no restante do dia, com dois ou três alunos do sétimo ano estudando para os NEWTs quando se sentou para começar. Era um local bastante acolhedor, especialmente depois que a lareira fora abastecida com lenha nova, deixando-a mais afável do que o normal. Logan tinha que admitir que ter que escrever a mão com pena era um pouco desconfortável, mas estava pegando a prática. Já nem borrava mais tanto como antes.

Ergueu seus olhos rapidamente e notou que os alunos haviam desaparecido. Talvez fosse hora de ir pra cama, pensou, vendo que ainda eram oito da noite. Sacudiu a cabeça, pensando no quanto esses garotos eram fracos. Nos seus tempos fora da escola ficaria acordado a noite inteira estudando manuais de carro e funcionamentos de motores a gasolina. Voltou novamente para a carta, relendo para ver onde tinha parado.

“Querida Holly,

Hoje completam um mês desde que cheguei aqui. Acho que já devo ter falado isso, mas ainda é estranho como mesmo estando atrasado mais de 10 anos, sinto como se estivesse encontrado um lugar em que tudo faz sentido, ainda que às vezes nada faça sentido, eu que tenha desistido de entender essa escola.

Tenho boas notícias, Fred me levou até um garoto que sabe como fazer meu celular e meu Ipod funcionarem aqui dentro. O filho de uma puta teve a coragem de me cobrar 1 galeão (um pouco mais de 3 libras) pra fazer o serviço, só desistiu quando disse que ia socar a cabeça dele dentro de uma das privadas no banheiro da Murta-que-Geme. (Claro que não ia fazer isso, mas todo mundo tem que achar que sim) Então, até quinta-feira volto à civilização.

Já consigo voar melhor com a vassoura que me emprestaram aqui. Ainda não é aquela coisa linda, mas é melhor do antes. O Fiennes ainda continua pegando no meu pé, sempre arranja um jeito de me culpar por alguma coisa que dá errado. Não é culpa minha se ele tão cego quanto uma velha de 90 anos com catarata, sem ofensas à velha. O pai dele ficou se borrando nas calças quando o diretor Longbottom falou que eu tinha um excriben-sei-lá-o-que. Parece que o professor Black mostrou pra ele do que era capaz e o premier botou o rabo entre as pernas e voltou pra puxar o saco do Rei (Me lembre de não votar no partido dele na próxima eleição).

Nosso primeiro jogo é contra Corvinal na semana que vem, Mark fica insistindo pra que eu vá com ele assistir os treinos do outro time, dizendo que eles têm um batedor que, pode não ser o mais forte, mas que é muito habilidoso. Que até a mãe dele está pensando em recrutar o tal batedor pra jogar no Puddlemere United (É um time de quadribol que parece muito com o Manchester United, só que com as cores do Chelsea).

Provavelmente você vai dizer que eu deveria ouvir o Mark, só que ando muito ocupado depois das aulas com o professor Black e a Lily(risca) Professora Royer. Depois da vista do Premier Fiennes, eles decidiram se unir, para me dar um intensivão de treinamentos. Acho que a água bateu na bunda e o Ministério ficou com medo do Fiennes usar o cargo dele pra atingir os bruxos. Black disse que não seria a primeira vez, que isso já aconteceu nos EUA e que era um dos motivos deles serem mais fechados do que nós, e que por isso era bom estarmos prontos. 

O lado bom disso é porque já consigo controlar um pouco melhor. Aprendi a camuflar o olho e fazê-lo ficar parecido com o outro. O que é bom, porque agora não preciso ficar respondendo uma tonelada de preguntas racistas porque aparentemente é um crime, alguém do meu tom de pele ter um dos olhos claro.

Ele parou de escrever assim que sentiu uma mão pousando em seu ombro. Reconheceu os dedos rechonchudos do diretor, que o olhava com uma expressão bastante paternal. Logan agora entendia o porquê Neville fora escolhido para comandar a escola, o professor conhecia muito bem Hogwarts, e amava tudo o que aquilo significava.

— Espero não estar atrapalhando. – O diretor fala, puxando uma cadeira e se sentando, enquanto observava com um olhar nostálgico. Logan apenas balança a cabeça, não valia a pena diz que estava ocupado. – Faz quase vinte anos desde a última vez que eu vim aqui. Apesar de ter sido reconstruído ainda tem a mesma cara.    

— Pensei que fosse sua obrigação pelo menos vistoriar as salas comunais antes do inicio das aulas. – O rapaz disse surpreso, deixando a pena sobre mesa e tomando cuidado para não borrar o pergaminho.

Neville passou a mão pelo espaço sem cabelo no topo da cabeça e esfregou o queixo.

— Bom, eu assumi esse ano. – Respondeu o diretor – Mas isso geralmente fica a cargo dos diretores das casas. 

O escocês arqueou as sobrancelhas entendendo o motivo da nostalgia. Aquele jeito afável da sala gerava um atmosfera muito agradável, e que fazia com que quem quer que pisasse ali, nunca mais quisesse sair, especialmente nos dias frios e chuvosos tradicionais daquela região da Grã-Bretanha.

— Mas a minha visita aqui tem outros motivos. – Neville começou limpando a garganta e se ajustando na cadeira para uma conversa mais séria. – Veio a meu conhecimento que você entrou no time de quadribol da casa, mas ainda está usando uma vassoura emprestada da escola. O Professor Black se ofereceu para ir comprar, mas acredito que seria melhor que você fosse invés dele. Afinal, é você quem vai usá-la nos jogos.

Logan pensou por um minuto. Talvez fosse arriscado comprar uma vassoura agora, tudo bem que poderia mostrar a Holly e poder voar na hora em que bem entendesse quando estivesse fora da escola, mas não tinha a menor noção de quanto uma lhe custaria, e gastar dinheiro enquanto estava sem trabalhar lhe parecia uma ideia bastante estúpida.

— Sem quer ser ingrato, mas não vai rolar. – Disse, sacundindo as mãos. – Olha, pra começar, eu não tenho grana pra bancar uma, além disso, não entendo nada de vassouras ou do que precisa uma boa e barata, e pra piorar não sei se teria tempo pra aprender a usar até o primeiro jogo.

Com sorriso, o professor deu um tapinha leve de encorajamento nas costas do rapaz, o que o deixou franzindo cenho, achando aquilo estranho.

— Não se preocupe com as despesas. – Neville enfiou a mão no bolso e vasculhou por alguns segundos, até retirar uma pequena bolsa de couro, que aparentava estar cheia. – Cortesia do professor Black, ele achou que você fosse precisar. Quanto a não saber que modelo escolher, talvez seja melhor você levar um amigo. Darei uma autorização especial para você e mais um irem a Hogsmeade na próxima sexta-feira só precisa me avisar quem vai lhe acompanhar para poder falar com os professores em tempo hábil.

Durante alguns instantes, Logan pensou se deveria aceitar o dinheiro e a oportunidade ou se talvez fosse melhor ser teimoso e recusar tudo. Seus olhos pousaram rapidamente na carta que estava escrevendo, fazendo-o se lembrar de Holly, e de como amiga dizia que ele era desconfiado demais, que às vezes, coisas boas podiam acontecer, bastava que ele desse uma chance a elas. A lembrança da amiga acabou fazendo que Logan teve uma ideia, que poderia ser um pouco maluca.

— Tudo bem. Mas será q posso levar mais uma pessoa? – Perguntou, pegando a bolsa de couro enquanto Neville se levantava com um enorme sorriso no rosto.  O diretor franziu a testa sem entender muito bem o que estava acontecendo. - Não é mais um aluno, é?

— Não, não, é. – Logan começou a rir, vendo o nervosismo no homem mais velho que se transformou em alívio com a resposta.

— Então nesse caso não tem problema. – Neville caminhou em direção a saída, satisfeito, enquanto um sorriso malicioso surgia nos lábios do escocês, que voltava sua atenção a sua carta.

 

 

A ansiedade reinou em Logan nos dias seguintes, esperando que para chegar a sexta-feira. Não por comprar uma vassoura, mas pelo plano que havia traçado em sua cabeça para mostrar Hogsmeade a Holly. Sabia que podia se meter em a encrenca muito grande se alguém descobrisse, e mesmo sendo arriscado, ele decidiu seguir em frente.

Havia marcado com Mark para se encontrarem na frente do portão principal na hora do almoço. O amigo ficara extasiado com a possiblidade de sair de Hogwarts quando todos os outros estavam em suas aulas, afinal, o próximo final de semana na cidade ao arredores seria apenas daqui a um mês.

Combinaram de não usarem os uniformes para evitar que alguém os reconhecesse como alunos e achassem que estavam matando aula, e a última coisa que queria era levantar suspeitas, ainda mais estando acompanhados de alguém que não deveria estar nem mesmo perto de uma cidade de bruxos.

— Ainda não entendo como essa sua ideia vai de certo. - Falou Mark enquanto os dois caminhavam até os portões da escola, munidos do pergaminho encantado por Neville que lhes dava autorização para deixar o castelo. – Ela pode até encontrar o caminho até aqui com aquele mapa do google maps, mas tem barreiras mágicas, sabe. Talvez ela nem enxergue nada, talvez nem consiga entrar na cidade.

— Ai, deixa de ser cagão. – Logan disse entediado de tantas reclamações. – É só seguir o plano. Ela vai esperar a gente na estação de trem de Dava, a gente só precisa dar um jeito de chegar lá e depois voltar.

— Você tem muita sorte que aprendi a aparatar nesse verão. – Mark reclamou mal-humorado, acreditando que era uma péssima ideia levar uma trouxa até Hogsmeade.

O histórico dos trouxas com o contato com o mundo mágico geralmente era do piores, era algo que estava em toneladas nos livros de história da magia. Só que o escocês preferia ignorar tudo aquilo, porque afinal de contas, ele tinha plena confiança em Holly e de que ela manteria em segredo o que quer que visse.

— Apa o que? – Logan perguntou quando chegaram ao enorme portão de ferro com o escudo da escola encravado, que se abriu automaticamente ao sentir a presença da autorização do diretor para sair da área do castelo.

— Você vai ver. – O sonserina ofereceu o braço ao amigo assim que as portas se trancaram novamente atrás deles. – Segura.

Logan ergueu a sobrancelha.

— Se vamos fingir que somos namorados, eu quero ser o ativo. – Disse, apertando o antebraço de Mark com força. Já estava a tempo suficiente nesse mundo para saber que não devia mais questionar nada.

Quando menos esperou, uma força descomunal o puxou para frente e tirando seus pés do chão, exercendo uma pressão enorme contra sua carne, sangue, órgãos e ossos. Parecia que estava sendo tragado pelo umbigo, e que ia se liquefazer ao menor toque. Agora sabia exatamente como os alimentos se sentiam quando colocados dentro de um processador de alta velocidade. Tudo passava como um borrão de cores misturadas, que nem conseguiu identificar direito o caminho.

De repente, tudo parou e sentiu o piso da estação contra seus pés, e seu corpo voltando ao normal, seguida de uma súbita vontade vomitar todo o almoço que comera antes de sair. Para sua sorte, havia uma lixeira perto, porque apenas teve tempo de correr para jogar fora tudo o que estava no estômago.

— Nem foi tão ruim assim. – Mark falou dando tapinhas nas costas de Logan, que ainda se refazia do mal-estar. – Você chegou inteiro aqui. Podia ter estrunchado, é o que acontece com muitos na primeira vez.

— Nem vou perguntar o que é isso, porque só pelo nome deu pra sacar que deve doer. – Respondeu, tirando o boné preto e se abanando com ele. – Agora que meu almoço já era, vamos atrás dela.

Agora podia identificar direito aonde pararam. Era por entre as árvores, alguns metros de uma escada de cimento que dava para um prédio de madeira velho ao longo de um trilho de metal bem gasto. Assim que subiram as escadas, deram de frente a um corredor largo, e praticamente vazio para a hora. Tinha as paredes de madeira antiga, mas muito bem cuidada e polida, alguns guichês para compra de tickets, e um enorme sino dourado preso a um poste que deveria servir para avisar quando um trem estivesse chegando.  Nem fora preciso muito para encontrar Holly, estava sentada em um dos bancos, lendo um livro, usando um vestido vermelho com bolinhas pretas, ajustado na cintura, com uma jaqueta marrom de camurça, uma mochila rosa e que abriu um sorriso bem largo ao enxergar o escocês ainda no último lance da escada.

— Logan! – Holly disse animada, puxando-o para um abraço bem apertado. – Que saudade! Quem é seu amigo?

Foi neste momento que Logan reparou na cara de Mark. Ele estava parado desde que Holly começara a andar até eles, hipnotizado,  acompanhando cada passo da garota como se estivesse assistindo tudo em câmera lenta. Se pudesse ler a mente do amigo, o escocês provavelmente ouviria alguma musica bem romântica, talvez de alguma banda no estilo One Direction, dizendo o quanto era linda e o quanto o coração dele pulava batidas ao vê-la. Conhecia muito bem aquela cara, era de alguém que tinha acabado de se apaixonar, e isso não agradou em nada o lado protetor do escocês.

— É meu amigo Mark. – Disse, tentando manter a calma. – Diga Oi pra Holly, Mark. -  Deu um cutucão de leve nas costelas do sonserina, para lhe tirar do transe momentâneo.

— O-o-o-Oi. – Ele respondeu gaguejando e estendendo a mão. – E-e-e-eu sou Faulkner... quer dizer, Mark, Mark Faulkner.

Holly riu, achando adorável o quanto garoto aparentava estar nervoso. Ela percebeu logo que ele não devia ter mais do que 17 anos, mas não podia negar que era um tanto quanto interessante. Esse interesse fez Logan revirar os olhos, e teria vomitado de novo se tivesse alguma coisa no estômago

— Holly, pode esperar a gente ali perto daquelas árvores? – O escocês pediu, deixando a amiga intrigada.  – É onde o carro está, sim. Preciso ter uma conversinha rápida aqui.

Ela arqueou uma sobrancelha, pensando que aquilo tudo era estranho demais, mas assentiu com a cabeça, caminhando para onde Logan apontara.

Assim que se se afastou o suficiente, ele puxou Mark pelo braço, que parecia ter entrado em transe novamente.

— Olha com os olhos e lambe com a testa. - Falou em tom ameaçador – Se chegar perto dela com essa piruguinha rosa de pitbull tarado, eu vou cortar tudo fora com uma tesoura de jardineiro.

— O que é piruguinha? – Mark perguntou, genuinamente curioso.

— Aquilo que você tem no meio das pernas. – Logan manteve o sorriso para não assustar Holly. - Se chegar perto dela, eu corto fora. E do jeito trouxa. Ela é tudo o que ainda restou de puro nesse mundo, a última coisa que ela precisa é de outro tarado excitado dando em cima dela.

— Qual é?! Eu sou seu amigo. Seria a melhor maneira de protege–la dos imbecis - Disse  tentando argumentar. – Ela tem namorado? Era de se esperar que alguém tão linda tivesse um mesmo.

— Tem. É um babaca, que vou dar um jeito de despachar na primeira oportunidade – Respondeu, carregando Mark pelo braço para se encontrarem com Holly, que parecia entretida procurando por um carro.

— Então, mais um motivo pra você querer nossa união. Você me conhece, pode me ameaçar. – Rebateu animado.

— E é por isso que não quero você perto dela. – Logan revirou os olhos – Eu conheço sua reputação, womanizer. Depois que enfiar essa salsicha no pãozinho dela, vai enjoar, e quem vai ter que passar um mês ouvindo reclamação, comprando sorvete e tendo que assistir todos os filmes do John Hughes, sou eu.

— Quem é John Hughes? É o namorado dela? – Mark perguntou, confuso com aquela conversa.

Assim que estavam perto de Holly novamente, ela colocou a mão na cintura, ainda intrigada com a história do carro que Logan inventara para fazê-la se afastar.

— Onde está o carro? – Ela indagou com o olhar inquisidor, tentando entender o que estava acontecendo. 

— Acho que ele já deve ter partido. - O escocês mentiu, ainda puxando o apaixonado Mark pelo braço. - Mas o Mark aqui sabe como nos levar até Hogsmeade sem carro, não é mesmo. - Deu chacoalhão no amigo para tirá-lo do transe.

— Ah, Sim, sim. - Respondeu, finalmente voltando a si.  - Se segure e não se mexa. - Estendendo o outro braço para a Holly, que estava bastante curiosa ao que a esperava.

— E espero que não tenha comido naaaaaaaaada. - Mal completou a frase e sentiu o puxão de aparatar novamente.

Agora tinha que admitir que fora um pouco mais fácil do que a última vez, mas mesmo assim ainda parecia que seus ouvidos iriam estourar e que sua carne iria ficar espalhada para toda a parte durante o caminho cheio de borrões pretos até Hogsmeade. Vai ver era uma daquelas coisas que melhoravam no decorrer do tempo, pensou quando aterrissaram, agora de volta a Hogsmeade.

— Ainda bem que ainda não almocei. – Comentou Holly, sentindo o estômago revirar.

Logan e Mark correram para ajuda-la a se recuperar, segurando em ambas as mãos para se levantar, apreensivos, Já que uma aparatação deva ser ainda mais dificil para um trouxa. Além disso, estavam ansiosos para saber se seria possível ela ver e entrar na cidade.

— Se ela morrer, eu te mato. - O escocês ameaçou, abanando-a.

— Ela não vai morrer. - O puro-sangue rebateu. - Todos os órgãos e membros estão aqui. Isso é um mal-estar comum.

Enquanto os dois discutiam, Holly se desvencilhou dos rapazes, com os olhos deslumbrados. Tudo parecia ter sido tirado de um livro de fábulas, as casas de madeira, com o telhado rústico e que iam para todas as direções, que aparentava serem bem firmes, os prédios de tijolinhos em estilo medieval, que cresciam para os lados e capazes de fazer qual quer engenheiro surtar tentando adivinhar como aquilo era possível. Podia ver um grande letreiro que parecia vivo, com a caricatura de dois homens ruivos, que pregavam peças um no outro. Ela ficara sem palavras com tudo aquilo, era como se estivesse assistindo um de seus sonhos mais louco tomando vida diante de seus olhos.

— É maravilhoso. - Disse com um tom de deslumbramento na voz, começando a caminhar pela rua estreita, assistindo a uma Velha senhora brigando com uma vassoura que limpava a sujeira no lugar errado.

— Eu tenho que concordar. - Logan falou disfarçando a sua animação, mas por dentro, estava tão o mais empolgado do que Holly, tal qual uma criança tinha acabado de chegar a Disney.

— Não vejo nada de mais. - Mark deu de ombros. Já havia ido tantas vezes a Hogsmeade que até já perdera a graça. - Vamos. Eu vou mostrar o lugar - Ele pegou a mão da loira, e sentiu o coração bater um pouco mais rápido quando ela entrelaçou os dedos nos dele.

Logan capturou o momento e nem é  preciso dizer que não gostou nada. Ergueu o braço, interrompendo o começo do passeio.

— E quem foi que disse que você é o guia? - Respondeu mal-humorado. -Pelo o que eu saiba, só estamos aqui porque precisamos comprar uma vassoura pra quadribol. 

— E você por acaso você conhece a cidade? - O sonserino colocou um sorriso irônico, que deu vontade a Logan de quebrar todos eles com um soco.

Então, Holly revirou os olhos, e colocou a mão livre no ombro do amigo, entediada pela demonstração de testosterona que os dois estavam dando naquele instante.

— Vamos parar com isso! - Sussurrou para o grifinória, tendo a certeza de que ele a atenderia. - Ele é seu amigo e só está querendo ser gentil. – Emendou, seguindo pela rua enquanto Mark guiava o caminho, com uma expressão vitoriosa e bastante convencida.

— Gentil é meu cú! – Logan reclamou antes de acompanhar os dois.

Fazia algum tempo que estavam em Hogsmeade e Logan entendeu o motivo dos alunos de Hogwarts ficarem tão empolgados para ir a cidadela nos arredores do castelo. Era impressionante a quantidade coisas legais que havia para se fazer ali. Antes de mais nada, foram ao Três Vassouras, comer alguma coisa, o lugar era pequeno, tinha algumas mesas por todo o salão, enfeitado com a maior quantidade de quinquilharias mágicas que havia visto na vida. Mark pediu duas cervejas amanteigadas enquanto Logan foi logo de Firewhisky, e recebeu um olhar de desaprovação de Holly que entendeu só pelo nome que deveria ser uma bebida alcoólica.

Deu apenas de ombros, tomando sua bebida, junto com um delicioso prato de cordeiro. Ficou apenas reparando em como Mark era apenas olhos apaixonados para sua amiga, enquanto ela flertava com o garoto. Não, não era coisa da cabeça do escocês, ele conhecia Holly muito bem pra saber quando era flerte e quando não era. Ela brincava com Mark, mexendo na comida do prato dele, dando uns sorrisos furtivos que o faziam corar em questão de segundos.

Depois foi entraram na Honeydukes, o sonserino mostrava todos os tipos de doces que considerava os melhores. E mais uma vez, um flerte, a loira ficava tentando acertar a boca de Mark com alguns feijões de todos os sabores, e depois tentavam adivinhar de que gosto era. Logan ficava com vontade vomitar mais uma vez de tão cara de comédia romântica era aquilo.

Foi enquanto caminhavam para a Casa dos Gritos, que começara a notar algo. Se Holly estava tão interessada em Mark, se ela começasse a ficar ainda mais próxima do garoto, talvez ainda tivesse uma chance de garota largar o noivo idiota, se percebesse que alguém legal poderia gostar dela. 

— Sabe, vocês pode ir pra Casa dos Gritos. - Logan disse correndo os olhos por todas as lojas, em busca de algum lugar para se esconder, e deixar os dois sozinhos para ver se podia rolar alguma coisa. - Eu vou ficar aqui, na...  Spintwitches - Disse, aliviado por ser uma loja de esportes - Porque afinal, viemos aqui para comprar uma vassoura de corrida, né.

— Mas o motivo de eu ter vindo foi pra te ajudar a escolher uma, não?! - Mark indagou sem entender nada.

Foi nesse momento que o escocês puxou o amigo pelo ombro. Não imaginava que fosse ser tão besta de ter não ter percebido seu plano.

— Seu animal, eu estou te dando uma chance de ficar sozinho com ela. - Sussurrou enquanto Holly observava a cena, e pela cara, já havia entendido tudo.  - Agora leva ela pra casa dos Gritos, antes que eu me arrependa.

Mark acenou com a cabeça e ofereceu o braço para a loira, que sussurrou um “Obrigada” de longe ao amigo. Com sorte, ela seria capaz de esquecer aquele namorado imbecil.

Assim que saíram, Logan passou pela porta da Spintwitches. Aquela loja era bastante interessante por assim dizer, havia pôsteres que se mexiam de times de quadribol para todos os lados, além de uniformes e flâmulas com cores variadas, além de figurinhas e kits completos de bolas para quadribol, que iam desde o iniciante até os mais caros de materiais raros. Parecia bastante com uma loja antiga de esportes trouxa, algo bastante animador. Não foi difícil encontrar as vassouras, estavam numa ala à parte, com várias propagandas de diversas marcas.

— Puta que pariu. – Comentou, observando uma quantidade enorme de modelos a amostra. Pegou um da Cleansweep, uma vez que já usava um modelo da mesma marca. Pesou, testou, e jogou para o alto, sem saber direito o que esperar. Virou a cabeça ao escutar alguém tentando esconder uma risada. – O que é tão engraçado? Posso saber? – Indagou virando a cabeça rapidamente

— É que parece que você está escolhendo um taco de sinuca. – ela riu, agora sem se Logan levantou uma sobrancelha analisando a menina. Os cabelos pretos, amarrados em rabo de cavalo bagunçado, os olhos incrivelmente verdes o fitavam com curiosidade, o estudando como se estivesse procurando por algo excepcional no rapaz.

— Você não tem nada melhor pra fazer? Sei lá, ir brigar com um hipogrifo, ou dar um beijo num dementador? - Ele rebateu, já sem um pingo de paciência.

—Eu até poderia, mas a sua feiura espanta qualquer criatura das trevas no raio de quilômetros. -  Ela responde, cruzando os braços e se escorando na prateleira de trás, se divertindo com a troca de insultos.

— Então o que você ainda está fazendo aqui que não acompanhou o resto das outras criaturas das trevas? - Rebateu, reparando que a roupa dela parecia uniforme de Hogwarts, só que faltavam a gravata, a capa e o pulôver, justamente as peças que poderiam identifica-la como aluna da escola. - Espera, Acho que te conheço de algum lugar?

— Acho que não, eu me lembraria de alguém tão idiota quanto você, que com esse tamanho todo, ainda está no primeiro ano e jogando quadribol com adolescentes. - Ela ajeitou as mangas da camisa, dobradas até os cotovelos, tentando disfarçar o nervosismo.

— Eu sabia! Você é de Hogwarts.  – Logan disse, batendo as mãos e apontando para a garota. – Muito bonito isso, está matando aula.

Ela abriu a boca, numa expressão assustada, de quem fora pego no ato e não sabia o que fazer para se livrar de uma possível detenção. Não durou pouco tempo, é verdade, mas que foi o suficiente para deixar o escocês com uma sensação de vitória no peito.

— Você também. – A garota moveu os ombros, se recompondo do susto, querendo ganhar alguma vantagem.  – Então não é como se pudesse me entregar.

— Ao contrário, eu tenho permissão para estar aqui. – Com muita dificuldade, Ele tirou um papel amassado de dentro do bolso da bermuda, desviando da carteira e da pequena bolsa de galeões, e ficou sacodindo entre os dedos enquanto ela voltava sua atenção para as vassouras da coleção, interessada nos modelos da Firebolt. – Aqui diz ”Autorizo Logan Kendrick a sair das dependências do castelo para comprar uma vassoura de quadribol.” Mas não se preocupe, eu nem sei seu nome. – Logan chegou bem perto, fechando o espaço entre os dois, com os olhos compenetrados nos dela. Por um momento ele podia jurar que sentiu um choque estranho enquanto os dois mantinham contato visual, ele não sabia explicar direito, mas se ela por acaso o beijasse, ele retribuiria, e talvez até fizesse mais.

— Você sabe...- A garota falou, ficando ainda mais próximo, quase encostando no rapaz. Seu dedo indicador correu vagarosamente de seu abdômen, subindo por entre o peito e parando em seu queixo, fazendo leves movimentos circulares, parecendo estar bastante entretida com a textura da pele ali. Logan sentiu um arrepio correr a espinha, subindo e descendo e parando em partes que não deveriam.  – Que assim que você comprar essa vassoura – Ela empurrou algo contra sua mão, mas que ele nem prestou direito atenção ao que era, já que estava perdido no verde dos olhos dela. – Você tem uma hora pra voltar. – A garota mordeu o lábio inferior, e o escocês teve certeza de que estava querendo alguma coisa dele. – Então, seria melhor você se apressar. – Ela deu um leve empurrão e com um sorriso ardiloso, virou as costas e saiu correndo.

Logan precisou de alguns minutos para se recompor. Não era todo dia que algo assim, de uma menina bonita como aquela dar em cima dele descaradamente e depois fugir acontecia com ele, ainda mais levando em consideração de que estava na seca há algum tempo. E foi exatamente isso que ele culpou pelas reações em seu corpo. Fora nesse momento que percebeu o que era que a garota havia lhe dado. Era uma vassoura, com a ponta bem aprumada, estribo de ouro e cabo todo preto com letras douradas que diziam “Firebolt 3000” Parece que a desconhecida havia feito o trabalho de Mark afinal.

 

Assim que saiu da loja, Logan lembrou-se das palavras da morena: Eles tinham uma hora para voltar, e para isso, ainda precisava encontrar Mark e Holly e dar um jeito de mandar a loira de volta para casa nesse tempo. Apressado, perguntou a primeira pessoa que viu sobre como chegar à casa dos gritos. Sem entender muito bem o que foi dito, tomou o rumo apontado pela bruxa magrinha que lhe dera a instrução e foi correndo o mais rápido possível. Deu graças a deus que a rua estava vazia, já que podia se deslocar com mais agilidade. Mas nem foi preciso chegar ao lugar.

Ao parar em uma pequena praça para perguntar a direção novamente, avistou os dois amigos, sentados em um banco, cada um com sorvete. Por um momento, até esquecera o relógio, Holly e Mark conversavam animadamente, ela ria, provavelmente de alguma piada ou história, e enquanto ele lançava olhares apaixonados, com se tivesse sob efeito de alguma poção do amor, fazia tempo desde a última vez que a vira assim, tão feliz. E quando menos esperou, Holly se curvou, capturando os lábios do sonserino, em um beijo lento e demorado. Podia ver ao longe, as bocas comprimidas uma contra a outra, deslizando sem pressa, como se o tempo tivesse parado para os dois e todo o resto em volta não se movesse.

Talvez o a ideia de deixar Mark tentar sua sorte com Holly e talvez fazê-la esquecer o namorado estúpido não fosse uma ideia idiota afinal.


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Notas finais do capítulo

Eu tenho uma explicação muito boa pra Holly poder ver Hogsmeade, mas vcs só vao saber nos próximos caps * evil laughter *



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