De Corpo e Alma escrita por Regina Rhodes Merlyn


Capítulo 61
House of cards Pat I


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas ,voltei!!! Sem muito embromação, vamos ao capítulo antes que o sono atrapalhe.
Boa leitura...Rewiews....Bjinhos flores.



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"Apenas você tem o dom de mudar meu destino;

É só me tocar com seus olhos,pareço um menino;

Deitado em seu colo o mundo não me surpreende;

Sou homem maduro mas na sus frente;

Não sou mais que um menino.."

Pareço Um Menino

Fábio Jr.

 

Seatle (domingo a noite)

Sabrina

Olho,pela décima vez no último minuto, o relógio na parede da cozinha,esfregando as mãos,ansiosa.

Havia ensaiado essa conversa em minha mente tantas vezes nas últimas horas e agora que o momento se aproxima tudo que penso é que não deveria tê-la. Não aqui. Não agora.

Nervosa, me assusto com o toque de meu celular. Pego o aparelho, atendendo-o.

—Oi Neela--falo, minha voz saindo mais esganiçada do que deveria.

< Nossa, isso que chamo de nervosismo! Nem o Shane,quando foi me pedir em namoro estava assim..>,brinca e ouço-o reclamar do outro lado da linha,um sorriso fraco em meu rosto.

—Estou mesmo. --admito--Neela, acho que fiz bobagem! Agi por impulso. Não deveria tê-los convidado--digo, levantando-me, começando a andar de um lado para o outro.

< Pode até ser. Mas agora está feito.Não tem como voltar atrás.> , diz, sincera como sempre...< Já pensou em como vai abordar o assunto?>, quer saber.

—Já. Um milhão de maneiras diferentes. Todas com o memso final: Connor se levantando, me chamando de louca e indo embora com a filha e a esposa--digo, amargurada, voltando a sentar.

< Eis uma coisa que você não pode fazer: querer advinhar a reação dele.....E se começar a pensar nisso, não só vai desistir como vai sair correndo de sua própria casa>, escuto Shane opinar, < Se queria ter alguma ideia de qual seria a reação dele, devia ter sondado junto a Sarah >, afirma Shane, opinando novamente.

—Ah, tá!E ia perguntar o que: Sarah, acha que seu marido gostaria de saber que tem uma irmã extra, ou algo do gênero?

< Não, estressada, me refiro a saber como é o temperamento do cara >, diz < Só vimos e conhecemos um pouco do lado profissional dele..-E mesmo assim muito pouco..>, Neela volta a falar..< Não dá pra dizer que vair te chamar de louca ou algo assim. Só poderia tentar ter uma ideia de como ele vai reagir se realmente soubesse um pouco mais sobre ele,Connor, o pessoal, como Shane disse. Se é tranquilo, nervoso, ansioso e principalmente, como é com a família. O que eu posso te adiantar, pelo pouco que conversei com Sarah, é que, em relação a ela e a filha, ele é bem possessivo e ciumento. Não chega a ser, tipo, doentio,mas é> completa.

—O que já não é um bom sinal --suspiro-- Imagina então em relação a irmã e ao pai!---levo meu dedo a boca,roendo uma unha.

< Para de roer suas unhas!> Neela reclama e para imediatamente, rindo da maneira como consegue, mesmo a distância, me "controlar", por assim dizer., acoselha e escuto o estalo do tapa que Neela acerta nele,me fazendo rir..< Não escuta oq eu esse louco disse não,Sabrina. Sonda o terreno e ai, se sentir firmeza, fala. Se não, adia mais um pouco. Afinal, o que são mais uns dias pra quem já esperou vinte e três anos?> sugere..,< Não fala se sentir que ele vai ter uma reação negativa. Melhor até ir conquistando-o devagar. A menos que queira começar já em pé de guerra, afinal você,querendo ou não, também é herdeira e não sabemos como ele lida com esse lace de divisão de bens. Meu avô sempre me dizia: quer conhecer quem é uma pessoa de fato, dê dinheiro ou poder a ela!>

—Tinha esquecido esse lance de herança--mordo o lábio, minha insegurança aumentando--Pior que não tenho o menor interesse nisso. Tudo que quero é a chance de conviver com meus irmãos que meu pai roubou!--falo, rancorosa.

< Melhor deixar esse rancor de lado. Por hora,pelo menos> aconselha e antes que diga mais alguma coisa, a campainha toca.

—Chegaram!!--exclamo, ficando de pé em um salto--Meu coração tá quase saindo pela boca!

< Pega leve ai ou vai ter problemas é com a Sarah. Pro seu governo, ela também é bem ciumenta.>Neela alerta.

—Vou pegar. Agora deixa eu ir lá. E rezem por mim--peço.

< Vamos sim....E não se preocupe. Se tiver um treco no coração seu irmão te socorre!!! > ouço Shane me provocar recendo novo tapa de minha amiga..< Não liga pra esse maluco. Vai lá. Relaxa que vai dar tudo certo. Me liga, a hora que terminar, contando como foi ou não vou conseguir dormir.Beijos> despede-se,desligando.

A campainha toca uma segunda vez. Respiro fundo caminhando até a porta. Seguro a maçaneta, respiro mais uma vez, coloco um sorriso no rosto e abro.

—Boa noite.  Desculpem a demora. Estava tirando uma travessa do fogo--invento--Entrem,por favor--convido, abrindo espaço para que entrassem.

—Boa noite,Sabrina--Sarah me cumprimenta-- Não demorou nada, não se preocupe. Nós que acabamos nos atrasando um pouco--justica-se.

—Ainda bem porque eu também me atrasei--digo, sorindo, voltando minha atenção para meu irmão--Doutor Rhodes, prazer revê-lo--cumprimento, estendeno-le a mãos, que aceita, apertando-a.

—Boa noite..-diz-- E pode me chamar de Connor--pede, entregando-me uma sacolinha com uma garrafa de vinho--É tinto. Seco.--avisa e agradeço.

—Obrigada. Sentem-se, por favor--convido--Pode por a bolsa da Valentina aqui,Sarah--indico a mesinha junto ao corredor.

Ela agradece, colocando a bolsa sobre a mesa e nos sentamos,eles no sofá,junto com a filha, eu na poltrona de frente. No começo ficamos os três mudos até que Connor puxa conversa, perguntando se tinha sido uma boa escolha o vinho que trouxera.

Quebrado esse gelo inicial, a conversa começa a fluir devagar. A principio sobre o jantar, Sarah perguntando se havia sido eu mesma a prepara-lo, admitindo ter pouca, ou quase nenhuma,intimidade com a cozinha e que era Connor quem conduzia melhor essa parte da casa e do relacionamento, fazendo o marido, até então sério, sorrir.

Após alguns minutos, já estavámos mais a vontade, conversando,principalmente sobre trabalho. Sigo o conselho de Neela e digo que os convidei porque tinha sentido, por tudo que Sarah comentara comigo e Neela, que eles eram meio que uma família e queria saber como era isso, já que, por melhor que seja minha relação com a equipe do Seatle Med, não tenho essa sensação lá, excerto por Neela,Shane,Robert e Susan.

—Mas estes não contam visto que Neela e eu nos conhecemos quase que no berçário, a família Romano era nossa vizinha e Susan foi a primeira médica com quem trabalhei. Nos demos bem logo de cara--comento, sorrindo.

—É difícil não gostar dela--Sarah comenta--É um doce de pessoa. Amei-a desde o primeiro momento. Sempre sorridente, gentil--elogia.

—Também gostei do jeito dela--Connor admite, servindo-nos de um pouco mais de vinho-- Me pareceu uma profissional bem competente--elogia.

—E é. E dedicada também--digo-- Está sempre estudando, pesquisando, procurando cursos, extensões, enfim, se atualizando.

—É o melhor que um profissional deve fazer--Connor diz,rescostando-se na cadeira--- Nunca devemos pensar que já sabemos de tudo,que não há mais nada que aprender. Até porque a medicina está sempre evoluindo. Eu mesmo, quando cheguei ao Med, tive acesso a tecnologias que não conhecia--revela, passando, ambos , a me contar como era a rotina do hospital, elogiando doutor Charles bem como os demais colegas e enfermeiras, me tranquilizando quanto a recepção por parte da equipe.

Depois que Sarah e ele me ajudam com a louça ( haviam insistido em ajudar), voltamos para a sala, sentando-nos,Valentina sobre o tapete macio que tenho em minha sala.

—Desculpe perguntar,Sabrina --Sarah começa-- Takeda é um sobrenome oriental. Me desculpe,mais uma vez, mas, sem querer ofendê-la, não vejo traços orientais em você.

—Tudo bem. Todo mundo estranha--digo, sorrindo para ela--Na verdade é o sobrenome de meu padrasto. Meus pais biológicos são americanos..-paro um segundo, refletindo, mordendo o lábio, indecisa. Antes que eu diga alguma coisa,Sarah retoma a palavra.

—Se o assunto te incomoda, podemos parar.--diz, sem graça--Foi só uma curiosidade. Desculpe mais uma vez.

—Não,não.Não é que incomode--paro,indecisa--É que, bem...Meus pais não eram casados quando nasci.. Na verdade nunca foram..Meu pai era casado..Com outra mulher..-revelo e vejo Connor se mexer,incomodado--Acho que foi uma das razões que me fez escolher psicologia--sorrio amarelo--Entender certas atitudes...O que leva as pessoas a tomarem determinadas decisões sem preocuparem-se com os sentimentos dos outros.

—Quando achar a resposta, me diga--Connor fala e percebo um tom de amargura em sua voz-- Onde fica o banheiro?--pergunta.

—No final do corredor, penúltima porta a sua direita--indico e ele levanta-se, pedindo licença-- Acho que falei algo que não devia--digo,segurando Valentina,que engatinhara até meus pés.-- Ele ficou chateado,não foi?

—Digamos que este é um tema desagradavél para nós dois--revela,me surpreendendo--Meu pai traiu minha mãe diversas vezes. Como consequência, ela não confia nos homens,especialmente os bonitos--faz um gesto com a cabeça na direção do corredor,sorrindo discretamente-- Mesmo depois de nos casarmos, ela ainda implica com Connor--faz uma pausa, olhando para o corredor, verificando se ele estava vindo-- O pai dele também não foi o que se pode chamar de bom marido--fala baixo.

—Não foi nem perto disso--nos surpreendemos ao ouvir a voz grave de meu irmão, que senta ao lado da esposa.

—Desculpe amor, mas estava tranquilizando a Sabrina. Ela achou que você tinha ficado chateado--pede, a mão repousando na perna dele, confortando-o.

—Nada que uma sessão não resolva--brinca,fazendo-nos sorrir--Como Daniel me disse uma vez, são pais como o meu que mantem os consultórios funcionando!-- exclama, segurando as mãos da filha, que engatinhara até os pais, erguendo-se apoiada em suas pernas--A verdade,Sabrina, é que eu meu pai nunca nos demos bem e as coisa só pioraram com a morte de minha mãe. Tanto que pedi minha emacipação e sai de casa aos dezesseis anos--revela, pegando a filha no colo.

—Mas agora que tem uma neta, as coisas devem ter mudado,não é mesmo? Nos dois casos--friso, olhando para Sarah que, assim como meu irmão, faz uma careta de desagrado.

—Praticamente não--Sarah diz, triste.

—Praticamente?? Meu amor, está sendo gentil!!--meu irmão exclama--Enfim, esse é um assunto que não me agrada,de fato, mas que também não evito. Ou tenho tentado não evitar.Conselho de Daniel--relembra,sorrindo-- Aliás, ele vai gostar de você. Especialmente se lhe contar que conseguiu me fazer falar tão abertamente sobre meu pai em nosso primeiro contato!--revela, o sorriso aumentando.

—Fico grata pela confiança.--digo--Dos dois.  Acho que o doutor Charles está certo sim. Não devemos evitar. Fiz isso durante um bom tempo. Me rebelei. Andei fazendo um monte de bobagens que só me prejudicavam,e a mais ninguém, tentando,em vão, cahamar a atenção dele para mim, mas nada funcionou. Até que um belo dia enchio o saco,me desculpem a expressão--peço--Foi mais ou menos o periódo em que minha mãe, que de certa forma era responsável pelas besteiras que fiz, visto que ele própria nutriu por muitos anos a esperança de que ele voltasse para ela,especialmente depois que ficou viuvo, conheceu meu padrasto, desistindo de esperar por quem não viria. Não veio. Nunca--paro, tomando uma decisão-- O que importa é que segui minha vida. Mudei minhas atitudes e hoje estou muito bem obrigada! --asseguro, beijando meus ombros, fazendo-os sorrir.

—Estou tentando fazer o mesmo--Sarah fala--Embora, no meu caso,as coisas se compliquem um pouco já que minha mãe e meu pai, que está morando em Chicago, decidiram competir, pelo menos no inicio, por minha atenção e ambos querem conviver com a neta--revela-- No caso de meu pai, não tem problema. Já miha mãe....

—É um pé no meu saco!!--Connor deixa escapar, desculpando-se a seguir--Perdão,Sabrina. Mas é que minha sogra realmente consegue me tirar do sério!

—Minha mãe está conseguindo Me tirar do sério, meu amor--Sarah diz,olhando o relógio--Connor, temos que ir.Está ficando tarde e amnhã tenho que chegar cedo.

—Os últimos dias são os melhores e os piores,não é mesmo?--pergunto, levantando-me junto com eles.

—Com certeza!--admite,recebendo a filha nos braços, meu irmão pegando a bolsa da neném--A sensação de dever cumprido e ao mesmo tempo a ansiedade pela avaliação andam de mãos dadas--admite--E você também deve estar ansiosa.

—Estou sim,muito embora tenha ficado bem mais tranquila depois de nossa conversa--digo, abraçando-a--Até amahã Sarah. Tchau peuqena!--pego sua mãozinhas, beijando-as--Obrigada por terem aceito meu convite--agradeço, apertando a mão de meu irmão.

—Foi um prazer,Sabrina. E desde já,bem vinda ao Med--deseja-me,parando no corredor a espera da esposa.

Acompanho-os até o elevador. Nos despedimos mais uma vez e volto para casa.

Assim que entro, sento no sofá e faço o que Neela me pedira. Ela atende de primeira.

—Estava vigiando o telefone era??--não resisto a provocá-la.

< Corta a enrolação. Como foi? Contou pra ele? Como ele reagiu?>, bombardeia.

—Não tô enrolando.Foi tudo bem. Não reagiu porque não contei--respondo, escutando-a suspirar impaciente.

< Medrou na última hora?> pergunta.

—Não. Segui seu conselho. Sondei pra tentar saber como reagiria.-- me calo, relembrando o que havia descoberto.

< Fala logo,criatura, que já estou com urticária!!> , exige e rio de sua ansiedade, ficando séria antes de falar.

—Connor e o pai não se dão bem, Neela--revelo--Não se dão nada bem--reitro, descançando a sandália, dobrando as pernas sobre o sofá, passando a contar tudo que havia descoberto.

Quando termino,tanto Neela quanto Shane concordam que foi melhor não ter contado nada, adiando mais para a frente. Pelo menos até conhecer Connor um pouco mais.

< E ainda tem a sua meio irmã também> lembra-me Neela..< Precisa conhecer ela antes de jogar a bomba sobre a cabeça da coitada>

—É eu sei. Acabou que não lembrei de perguntar sobre ela e ele também não falou nada. O que me leva a crer que o problema seja entre eles dois apenas--mordo o lábio mais uma vez, indecisa--Só não sei se isso vai ser bom ou ruim pra mim.

< Agora, só o tempo vai dizer. De qualquer maneira, uma etapa foi vencida. Fez amizade com seu irmão>

—Não posso chamar de amizade.Ao menos descobri algumas coisas em comumcom ele. Não é mais tão assustador quanto era alguns dias atrás--admito--Bom, agora é melhor ir dorimir que amanhã tenho um dia cheio. Preciso finalizar tudo, entregar todos os meus trabalhos e teses, além de providenciar a mudança. Até a quarta tudo tem que estar em ordem pra poder viajar sossegada na sexta.

< Nem acredito que você vai embora!.> choraminga do outro lado da linha.

—Não vou mudar de planeta, exagerada! Só de Estado. Você e o motoqueiro selvagem podem ir me visitar sempre que puderem--afirmo--agora é melhor irmos dormir. Boa noite. Nos vemos amanhã.

< Boa noite. Até amanhã Sa.>despede-se , desligando em seguida.

Ainda permaneço alguns minutos sentada na sala,olhando o céu lá fora. Pensando em como minha vida iria mudar dentro de alguns dias..."Principalmente depois que Cornelius descobrir que, não apenas me mudei para Chicago como vou trabalhar ao lado do filho o qual ele sempre usou como desculpa para me manter distante,mesmo depois da morte da esposa"..,relembro, uma lágrima teimando em cair.."Mais uma de suas mentiras!!"

 

"...Você me abraça e a tristeza vai embora;

A dor que existe fica da porta pra fora.."

 


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Notas finais do capítulo

Bjinhos flore..Mais tarde tem V. sendo att.



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