"O que há dentro do meu coração,eu tenho guardado pra te dar;

E todas as hora que o tempo tem pra me conceder;

São tuas até morrer...."

Um amor puro

Djavan

Apartamento de Sarah e Connor

Quatro dias depois

Narrador

—É inacreditável! - April exclama, as mãos no queixo,obsevando a cena a sua frente - Os homens são especialistas, fazem cirurgias complicadas,como operar o coração de um bebê...E não conseguem montar um simples berço!!- completa

—Até onde sei,sabichona, você, Nat e Maggie, levaram a maior surra do berço do Owen- defende-se Will.

—Sem contar que nem todos aqui são médicos- lembra-a Tate, seu namorado, piscando para ela.

—E o fato de sermos médicos não faz a menor diferença- argumenta Paul - Mas por que raios vocês tinham que comprar um treco tão complicado de montar como este? E cadê o bendito do manual? Alguém viu? - pergunta, olhando a mulher, que acena negativamente.

—Em primeiro lugar, não chame o berço de minha filha de treco, Paul- reclama Connor- Em segundo lugar, foi sua irmã quem escolheu o modelo, dizendo que no futuro pode ser transformado em uma cama- justifica - E quanto ao manual-olha ao redor- Tenho certeza que está em algum lugar por aqui.

—Vai ver alguém pegou- sugere Ethan, olhando April, que sorri,erguendo as mãos.

—Eu não fui!- diz, saindo do quarto em direção a cozinha, o sorriso aumentando.

—Ainda não conseguiram?- Claire pergunta ao vê-la chegar.

—Fica meio dificil sem o manual..- afirma Nat, entregando os copos com suco para Owen e Isabela, que brincavam sentados no tapete da sala - Quando vai devolver April?

—Hum, não sei se vou!! Eles não cantaram vitória dizendo que seria fácil? Então agora se virem!- sacode o papel, sorrindo.

—Ai, que maldade!- Claire ralha, o riso a contradizendo- Mas seria bom o berço estar pronto quando minha sobrinha chegar! Falando nisso, quando ela e Sarah vão ter alta?- questiona, olhando para Natalie.

—Sarah deve ter alta na metade da próxima semana- informa - Doutor Downey achou por bem estender a permanencia dela por mais dois dias, só por segurança- continua- Já Valentina deve passar pelo menos mais duas semanas.-avisa- Ela está cada dia mais forte mas,assim como a mãe, vamos estender um pouco mais sua permanencia. Cuidado nunca é demais.

—April,sério que não viu o manual??- Will pergunta, vindo até elas - Eu quero ir pra casa ainda neste século!- exagera,jogando-se no sofá, espreguiçando-se.

—Acho que posso ter visto sim- responde, sacudindo  o papel a sua frente, que tenta, sem sucesso, pegá-lo - Pode deixar, vou levar pra vocês agora- garante, voltando para o quarto

Uma hora depois terminan de montar o berço, usando Owen e Isabela para testá-lo, seguindo para a sala em seguida a fim de fazerem um lanche, conversando sobre as mudanças que Connor ainda teria que fazer para receber o bebê  e Sarah.

—Agora só falta terminar de pintar, por as cortinas, os bonecos, almofadas...- enumera Will, sentado no chão.

—Essa parte podem deixar conosco-avisa Nat-Terminem a pintura que nos encarregamos do resto.

Após o lanche, retomam o serviço, finalizando tudo no início da noite.

—Agora o último detalhe-diz Claire, entregando o enfeite de porta para o irmão pendurar: um balanço de cordas em forma de rosas com uma boneca de pano usando uma tiara com os dizeres: quarto da princesinha Valentina!--Agora sim. Perfeito. -comemora.

Despedem-se,pouco depois, deixando-o sozinho a fim de que pudesse descansar.

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Connor

Depois que todos vão embora, tomo um banho e me deito,tentando relaxar e dormir um pouco mas não consigo.

Sinto falta de Sarah, de nossas conversas, nossas brincadeiras, do seu sorriso..Fecho os olhos, relembrando os últimos dias: estágio em Baltimore, minha chegada, o acidente, o nascimento de nossa filha.

Will e Nat não paravam de pedir desculpas, sentindo -se responsáveis, por mais que afirmássemos que não os considerávamos assim, por terem se atrasado. Hoje mesmo haviam tocado no assunto mais uma vez, só parando quando ameacei ficar zangado de verdade com os dois se continuassem insistindo, Claire me apoiando totalmente, dizendo que ela também poderia se culpar já que não havia ido dormir com Sarah, fato que me era desconhecido, na noite anterior.

Ela, aliás , tem me surpreendido cada vez mais, de uma maneira positiva. Apesar da pressão e das ameaças de nosso pai, não apenas manteve seu relacionamento com Paul, como continuou firme na decisão de morar sozinha.

Paul também tem sido uma grata surpresa. Apesar de Mei e Lockhart terem complicado as coisas entre nós no início, ele contornara a situação com habilidade, colocando as duas nos eixos, muito embora Lockhart ainda me procure uma vez ou outra dizendo-se interessada em especializar-se cirurgia cardíaca.

—Forme-se primeiro. Depois pense em especializar-se em algo- aconselhara-a na manhã anterior, quando me abordou no corredor logo que sai do centro cirúrgico.

Faltam poucos meses agora para terminar minha especialização. David tem me acompanhado nas cirurgias " apenas para curtir os frutos de seu trabalho bem feito", me dissera, sorrindo, quando  questionei sua ausência em alguns procedimentos.

—Além do mais, tenho uma nova pupila- dissera - Não sei se a conhece: uma tal Sarah Rhodes - afirmara,rindo do meu espanto- Não que ela vá ser mais uma cardio- começara a explicar - Nada mais justo do que acompanhá-la pelo menos no início de sua especialização,visto que fui eu a descobrir sua habilidade- completa e sorrio junto com ele - Só vou aguardar o tempo de recuperação e a licença maternidade para indicá-la a um colega que,apesar de não trabalhar no Med, pode ser seu orientador- revelara.

Embalado pelas lembranças, cedo ao cansaço, adormecendo, finalmente.

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Sarah

Chego ao berçário dez minutos antes do horário de visitas, Lilian me acompanhando, mas encarregada, Halleh, me deixar entrar.

Tenho ido vê-la todos os dias, duas, as vezes três vezes . Connor, sempre que pode, me acompanha. Ambos estamos meio bobos ainda com sua chegada repentina. Halleh brincava dizendo que Valentina era obediente desde cedo, visto que, pelo que lhe contara do dia do acidente e por sua experiência, ela acreditava que ela iria nascer naquele dia, independente do que aconteceu.

—Só foi um pouco mais dramática- dissera,piscando para mim, sorrindo.

Assim que entro, vou direto até ela, que invariavelmente me recebe com um sorriso.

—Boa tarde meu anjo, mamãe chegou!- falo, abrindo a incubadora para retirá-la, sentando-me na cadeira ao lado, amamentando-a- Como você está hoje? Deu trabalho pra tia Halleh?- converso, acariciando seus bracinhos, cheirando-a.

Pouco tempo depois que começo a amamentá-la, Connor chega, entrando assim que coloca a roupa estéril.

—Como vão as duas garotas mais importantes de minha vida?- diz, beijando a mim e a Valentina.

—Com saudades !- exclamo, acariciando seu rosto, ganhando mais um beijo --Não vejo a hora de ir para casa.- confidencio e ele sorri.

—Também estou com saudade.- afirma - Só mais alguns dias. Agora falta pouco.

Termino de amamentá-la, deitando-a sobre o ombro a fim de fazê-la arrotar, enquanto Halleh traz a banheira com água morna.  Seria o primeiro banho pra valer de Valentina. Até agora usávamos apenas lenços umedecidos.

—Quando quiser- anuncia e vou até ela,Connor ao meu lado- Muito bem, não precisa ter medo. Basta colocá-la devagar, apoiando sempre a cabeça, para não ficar pendura ou de mal jeito- explica, me ajudando a pô-la dentro da banheira- Agora, com a outra mão jogue a água sobre ela, devagar pra não assustá-la. Se quiser ajudar papai, pode viu- sorrir para Connor, que observava tudo atentamente.

Faço um sinal com a cabeça e ele se aproxima mais, pegando água , despejando suavemente sobre ela. Em seguida, Halleh orienta-nos como deve ser feito para ensaboar seu corpinho e o fazemos, seguindo suas instruções. Depois de ensaboar e retirar a espuma, orienta Connor a como fazer para enxuga-la, entregando-lhe a toalha, ensinado, a ele e mim, a maneira certa de fazer.

É impossível não rir ao vê-lo todo cuidadoso, temendo apertar demais o pequeno corpo em suas mãos.

Assim que ele termina de enxuga-la, coloca-a sobre a bancada de apoio e o ajudo a vesti-la com um dos milhões de macacãozinhos que ganhara das tias, sorrindo ao ver, pela primeira vez seus olhinhos vivos e incrivelmente azuis nos observando, atenta. Sentando-me novamente, embalo-a enquanto Connor, a meu lado, cantarola uma cantiga de ninar.

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Três semanas depois

Narrador

 Connor estaciona o carro em frente ao prédio onde moram, descendo e dando a volta a fim de  abrir a porta para que a esposa desça com a filha no colo.

—Pegou tudo?- Sarah pergunta, esperando-o na porta do edifício.

—Yep! Peguei sim. - garante, juntando-se a ela, abrindo a porta para que entre.

Enquanto esperam o elevador, alguns dos vizinhos vem cumprimentá-los pelo nascimento da filha do casal, entregando flores para Sarah, que agradece, acenando antes que as portas fechem.

Ao chegarem ao apartamento,o encontram todo enfeitado com balões rosa e branco,uma faixa de boas vindas, sendo recebidos pelos amigos além de Jeremy e Paul Reese junto com a filha e Claire, que pra variar trouxera várias sacolas de presentes.

O grupo permanece por cerca de uma hora, período no qual Valentina passa de braço em braço até retornar para os da mãe, ensaiando um choro de fome.

—Opa,nossa deixa para darmos o fora- brinca Ethan, segurando a mão do bebê - Tchau Valentina. - diz , beijando levemente sua cabeça- Até mais Rhodes- despede-se, seguido por Vik e os demais.

Quando todos saem, o casal leva a filha até o quarto, onde, após Sarah amamentá-la, deitam-se na cama, um de cada lado, Valentina no centro,trocando um beijo apaixonado, começando a desfrutar o merecido descanso.

"...Um amor tão puro que ainda nem sabe a força;

É teu e de mais ninguém!

Te adoro em tudo,tudo,tudo

Quero mais que tudo,tudo,tuod;

Te amar sem limites, viver uma grande história.."