◽2 anos depois◽

POV SOFIA

—Não!

—Porquê? -perguntei incrédula. Era quase ofensivo o não da parte dela.

—Você sabe bem o porquê.

—Olhe que não sei Sara. -respirei fundo. -Pensei que já tinha ultrapassado isso.

—Pensou mal então. -ela disse fria. -Você só ultrapassou porque a pessoa que ama ainda fala consigo. Eu não quero vê-lo outra vez Sofia.

—Mas...eles são a nossa banda preferida. O que importa é a musica.

—É engraçado dizer isso quando o seu namorado faz parte da banda. -ela riu sarcástica.

—Ele não é o meu namorado.

—Sabe muito bem que basta você fazer 18 anos para você e o Ashton assumirem isso.

—Eu não lhe percebo. -susurrei.

—Não se esforça para perceber.

—Não me esforço? Está a ser muito injusta. Desde que voltamos para Portugal eu não faço nada a não ser esforçar-me para lhee aturar. Aturar o seu mau humor, a sua friesa, as suas birras. Eu não tenho culpa de você ter levado uma patada de Luke. -quando dei por mim já tinha falado demais. Os olhos de Sara já estavam cheios de lágrimas que rapidamente fugiram. Eu não devia ter falado assim, eu devia ter ficado calada.

Não consegui dizer nada, se o tivesse dito...talvez ela estivesse aqui neste momento.

E fiquei assim. Sozinha, com dois bilhetes para os 5SOS nas mãos.

*

A Arena estava cheia, muito mais cheia que à dois anos atrás. Mas do que me servia isso se a pessoa que eu queria não está aqui? Do que me servia tanta gente se eu me sentia sozinha?

O concerto durou o mesmo de sempre, cerca de duas horas e não tardou para que eu chegasse aos bastidores.

—Hmmm, e você é?

—Dave, não se faça de desentendido e deixa-me ver os rapazes. -ri.

—Não antes de se identificar.

—Sou a Sofia, Dave!

—Sofia? Olhe a única Sofia que eu conheço... -ele usava o deu indicador como se estivesse a ralhar comigo. -Não pode ser.

—Quer a minha identificação?

—Não, não. Pode ser falsa. -ele falou pensativo. -Se é a verdadeira Sofia...O que o Tom pensou quando lhe viu?

—Pensou que eu era uma terrorista.

—Sofia?! Como cresceu garota. Tudo bem? Como está?

—Eu estou bem. -sorri. -E o Dave?

—Vai se andando. O Tom foi despedido sabe?

—Graças a deus.

—E a Luke girl? Ela está bem? Não veio?

Fiquei calada, eu não sabia como responder àquela pergunta. Eu não sabia nada dela à um mês, desde que eu fiz aquela merda.

—Tudo bem, eu percebo. -Dave suspirou com as mãos nas cintura, não deixando a imagem de durão morrer. -Eles estão naquela porta ali. -ele apontou e eu despedi-me dele.

Bati na porta, formando uma pequena melodia - She's kinda hot: Ashton me tinha  dito que assim sabia o exato momento em que nos iríamos encontrar.

O barulho do camarim tinha aumentado, pelo menos era o que me parecia cá de fora.

A maçaneta rodou lentamente o que fez o meu batimento cardíaco aumentar.

—Calem a boca caralho. -arregalei os olhos com o grito do Ashton. A porta abriu e a silhueta perfeita de Ashton apareceu. O seu rosto estava sorridente assim como o meu. -Olá.

Eu não quis dizer olá , apenas o abracei.

—Mande a garota entrar! -Calum disse de dentro do camarim.

Ashton deu-me um beijo na testa, segurou a minha māo e levou-me pra dentro.

Para um camarim dos 5SOS aquilo até estava bastante arrumado mas claro, nāo faltava comida. Inclusive, Luke comia um pacote de smarties.

Todos vieram me cumprimentar perguntando se estava tudo bem.
Luke estava com um olhar pertubado. O que se passa?

—Você veio sozinha? -Luke perguntou com as mãos nos bolso, com o mesmo olhar anterior.

—Sim...-suspirei.

—A Sara não veio? -Michael franziu a testa e eu suspirei outra vez.

—Já não falo com a Sara à mais de um mês. -fitei o chão. -Eu disse algo que não devia ter dito.

—Como assim? -Ashton disse enquanto me fazia sinal para eu me sentar num sofá. Assim o fiz. -O que disse?

—Foi muito mau. -esfreguei o rosto. -E ia ser pior se o dissesse de novo.

—Sofia? -Ashton olhou-me nos olhos, e eu quase que derreti.- Sabe que podes confiar em nós. -ele sorriu, assim como todos os rapazes no camarim.

—A Sara está muito mal desde que voltamos a Portugal e eu feita estúpida não a apoiei. -os olhares deles faziam com que eu perdesse toda a vontade ou coragem que tinha antes para pronunciar todas as palavras que disse a Sara. Suspirei mais uma vez.

—Mas o que você disse afinal? -Luke apoiava o corpo em um canto do camarim, com os braços cruzados.

—Foi muito mau mesmo. Mas bom...eu disse uma coisa do género "Não me culpe por teres levado uma desilusão da parte do Luke".

Calum fez um barulho com a boca do tipo "Shhhhhhhiiiii". Ashton mexia nos meus cabelos e tinha a certeza que Michael irá dizer-me algo que eu não vou gostar de ouvir.

—Foi mau. Muito mau. -ele começou. -Pediu desculpa?

Engoli em seco. Talvez era isso que Sara precisava. A peça importante para que ela e eu voltasse-nos a ser o que éramos.

Um pedido de desculpas.

POV LUKE

Não era possível. Depois deste tempo todo eu continuava a magoar Sara, mesmo sem saber.
Ouvir o meu nome devia ser a coisa mais dolorosa que ela sentira.
Pelo menos era assim que eu reagia quando Michael tocava no mês em que ela esteve presente.

Não pensei duas vezes e decidi que o melhor era explicar-lhe tudo. Que não foi por falta de amor que a rejeitei mas por medo de o que eu tinha não fosse o suficiente para ela.

Sofia ficou surpresa quando pedi e endereço da casa de Sara mas sem delongas deu-me a mesma.

*

—Sim? -uma senhora abriu a porta, mostrando o seu rosto fino e os seus cabelos ondulados cor-de-violino. Como é que eu vou falar com ela? Provavelmente a mãe de Sara não sabia inglês.

Peguei no celular, com certeza ele irá ser útil.
Digito  freneticamente o que queria dizer e o aparelho rapidamente o traduziu para português.

—On-dé is-tar Sárrá? -eu tentei, juro que tentei.

—Joana! -a senhora gritou, provavelmente na sua língua. -Está aqui um moço estrangeiro, tente falar com ele! -a mulher voltou para dentro deixando-me confuso.

Segundos depois apareceu uma menina, parecia mais nova que Sara.

—Oh meu deus! LUKE HEMMINGS! -o sorriso no seu rosto era realmente bonito mas a sua voz fina ficou ainda mais inaudível com o grito, fazendo os meus ouvidos quase fritarem com o nível de decibéis da miúda. -A minha irmã é uma grande fã. -ainda bem que falou em inglês. Sorri involuntariamente ao saber que mais cedo ou mais tarde iria encontrar Sara.

—Sim, a sua irmã! Onde é que ela está?

—A Sara? Está numa universidade na Califórnia para estudar Desenho industrial! Partiu a semana passada.

—Diz-me que existe uma Califórnia em Portugal e que não estamos a falar de Califórnia na América.

—Não sabia que eras tão engraçado. -ela riu. -Califórnia, Estados Unidos da América.

—Merda.

—Tudo bem?

—Não. -suspirei. -Desculpem por incomodar. -Fui embora.

E mais uma vez.
Eu fui um covarde