O Livro de Eileen escrita por MundodaLua


Capítulo 23
Dois Minutos Para a Meia-Noite


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo me desculpem o atraso, começou a faculdade de novo, e já começou louco.
Capítulo super fofo, só pra não dizer que vai ser tudo tragédia de agora pra frente. Espero que gostem... (E sim, o título é o mesmo do episódio 21 da quinta temporada [E obviamente é a música do Iron Maiden])



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“Mais três dias de vida”. Eileen pensou, soltando um forte suspiro enquanto ela se afastava de Lúcifer, que por um segundo a manteve ainda mais firme antes de deixá-la sair. Bem, não era exatamente morrer, não completamente, e ela teria Sam, Dean e Castiel por ela. A menina virou seu rosto inchado a vermelho para seus amigos. O anjo há muito havia perdido o interesse em encarar Chuck, para se virar e encará-la. Sentiu que os três estavam contendo um impulso de ir abraçá-la, e, sem querer, ela sorriu. Ela se sentia miseravelmente triste, mas a perspectiva de começar uma vida nova sob a tutela de tais pessoas (e anjo), de repente, amenizaram a melancolia que ameaçava consumir seu coração.

— Eu acho que eu deveria pelo menos tentar chegar até o terceiro poder. - Disse por fim.

— Você não pode sair de perto de mim. - Chuck começou – Eu estou te mantendo no modo invisível.

— É só você vir junto então. - Dean sentenciou, não mais conseguindo aguentar e andando em direção a menina. Maldito sentimentalismo que ele não conseguia conter, pelo menos não quando em face daqueles brilhantes olhos castanhos. Ele a abraçou, olhando sério em direção a Lúcifer. Embora ele acreditasse que o afeto que o arcanjo sentia fosse real, ainda era estranho vê-lo agindo daquela maneira. Eileen passou os braços ao redor do pescoço do mais velho, assim que ele se abaixou um pouco, uma nova onde de lágrimas querendo cair, mas ela as conteve – Vai dar tudo certo. - Ele sentenciou, e por um segundo Eileen sentiu que poderia realmente acreditar naquilo.

— Eu posso trazer alguns demônios aqui se vocês quiserem. - Lúcifer disse, encarando o Winchester mais velho, que naquele momento estava soltando Eileen – Ela pode praticar o terceiro poder a vontade.

Todos concordaram com a ideia, apesar de Sam simplesmente detestar ter de trabalhar com o arcanjo, pelo bem da menina ele permaneceria focado em ajudá-la. Naquele momento Lúcifer desapareceu e Sam e Dean foram preparar a armadilha atrás dos arquivos, Chuck anunciou que iria junto, desde que ele permanecesse no Bunker, e Eileen também, ela estaria a salvo. Isso deixou a menina e Castiel sozinhos na biblioteca.

Eileen virou a cabeça levemente de lado, o encarando, o anjo precisou se conter para não rir, eles estavam passando tanto tempo juntos que ela começou a repetir os mesmos gestos que ele comumente fazia. - Sabe, de uns tempos pra cá, eu comecei a conseguir ver… - Ela disse apenas.

— Ver o que? - O anjo perguntou, se contendo para não imitar Eileen em seu gesto de dúvida.

— A sua graça. - Ela começou, dando um terno sorriso ante a expressão de surpresa de Castiel – Não faz muito tempo sabe, talvez umas duas semanas, o pouco da essência de Cimmeris que já se juntou a mim deve estar permitindo isso. - Ela fez uma pausa, se aproximando do anjo, sua expressão mudando para algo como fascinação – É muito bonita. - Soltou em completa sinceridade, fazendo com que dessa vez o anjo sorrisse.

— Eu agradeço. - Ele disse apenas.

— Eu pensei que, caso não tivesse outra oportunidade de dizer isso, eu deveria dizer agora. E Cas – Ela começou, sentindo um pouco do peso em seu coração retornar – Você tem sido um ótimo amigo, tanto quanto Dean e Sam, então, por favor, nunca mais pense que você não é importante, ou que ninguém vai sentir sua falta, porque eu vou, muito. - Disse por fim.

Ela mal teve tempo de se preparar para seu terceiro abraço em menos de quinze minutos, Eileen nunca esperou que Dean fosse o tipo que se deixava levar pelo afeto, o que se provou mais ou menos errado, mas ela esperava menos ainda que Castiel fosse demonstrar carinho por meio de ações como abraços, mas novamente, ela estava errada. Foi o mais forte dos três, talvez porque ele não estivesse acostumado a fazê-lo, e Eileen pensou que, se ela não fosse fisicamente mais forte agora, o abraço teria tirado seus ombros do lugar.

A menina não estava acostumada a demonstrações de afeto, não era normal em sua casa que se trocassem abraços ou que qualquer tipo de sentimentos fossem trazidos a tona, e pelo visto para Castiel era o mesmo. Assim que ele a soltou algo como embaraço surgiu em seu semblante, mas Eileen sorriu querendo dizer que ela não se importava. Logo os irmãos e Chuck estavam de volta, e a menina foi conduzida uma vez mais para a sala de arquivos.

Durante o que pareceu uma eternidade para Eileen, ela permaneceu dentro da pequena sala escondida atrás de gavetas de arquivo, exorcizando um demônio após o outro conforme Lúcifer os trazia. Castiel permaneceu ao lado dela todo o tempo, fazendo questão de curá-la a cada vacilo que a menina dava. Mas, mesmo assim, após uma tarde cansativa de uso exagerado dos poderes, Eileen não conseguiu atingir a terceira magia.

Restou a todos eles voltarem uma vez mais para a biblioteca, onde, por alguns longos minutos, eles permaneceram em silêncio, isso até que Eileen se levantou indo em direção ao notebook de Sam que ainda repousava sobre a mesa. Todos a seguiram com o olhar, mas ela nada disse. Logo uma suave música começou a tocar, Sam reconheceu como sendo a Valsa das Flores, do Tchaikovsky.

Eileen foi até o Winchester mais novo, um misto de determinação e gracejo em seus olhos – Eu acho que eu te devo uma valsa. - Disse apenas, deixando que um pequeno sorriso surgisse em seus lábios – Eu sei que não tem nenhum vestido bonito ou ambiente pomposo, mas como um velho sábio disse, pra dançar só é preciso música, mesmo que ela esteja só na sua cabeça. - Ela, então, estendeu a mão em mesura, e Sam sentiu, ao mesmo tempo, um aperto na garganta, e uma forte vontade de sorrir.

Os outros três espectadores, tirando por Lúcifer, viram aquela cena com os melhores sentimentos. Dean quase achou tudo aquilo adorável, e esse pensamento em si foi o suficiente para fazê-lo rir de si mesmo, e da cena que se desenrolava. Foi com a melhor sensação de casa e agradável normalidade que o mais velho viu seu irmão se levantar, como uma montanha se erguendo em frente a uma pequena árvore. Eileen mal encostava no ombro do mais novo, e o que aconteceu a seguir quase fez com que Chuck soltasse uma exclamação de fofura.

Sam fez com que Eileen colocasse seus pés sobre os dele, conseguindo vencer um pouco da diferença de altura. E assim eles dançaram ao redor do pequeno espaço da biblioteca. A menina rindo alto, tentando se equilibrar, fechando os olhos para poder se concentrar na música que chegara a seu ápice tão conhecido. Sam por sua vez ainda lutava com sentimentos dissonantes, por um lado um peso crescia em seu coração, por outro a situação, a música e a própria Eileen o faziam querer gargalhar. Ele lutou contra a vontade de prendê-la num abraço de alce, no qual ele provavelmente a sufocaria até a inconsciência.

A menina pensou que, já que aqueles seriam seus últimos dias, então seria melhor que ela não demonstrasse tristeza. Dançaria com Sam, e faria com que todos rissem, e tentaria suplantar aquela aura triste que crepitava ao redor. A ideia de chamar o mais novo para a valsa surgiu enquanto ela ainda estava tentando liberar o quarto poder, em parte porque ela se sentiu curiosa quanto as habilidades de Sam para a dança, e, também,  porque ela sabia que isso elevaria um pouco os ânimos. E agora, com uma das mãos firme na mão do Winchester mais novo, e outra em seu ombro, tentando ao máximo não deixar que seus pés escorregassem dos dele, ela soube que fora uma boa ideia. O olhar de Dean se tornara tão suave quanto ela jamais vira, Castiel tinha uma sombra de sorriso em seus lábios, e Chuck… Bem, Chuck não tentava controlar suas emoções.

Eileen achou que sentiria mais raiva de Deus depois dos fatos expostos, talvez no futuro, quando ela conseguisse se unir a essência de Cimmeris, ela fosse sentir algo a mais. Ou quem sabe, aquele fosse o montante de raiva permitido a ela, afinal de contas, Cimmeris era conhecido por seu bom temperamento. Pensamentos foram e vieram, ela ainda ria, porque naquele momento, aquelas lembranças, embora não fossem durar mais do que dois dias, eram dela.

Logo a música terminou, e o mais novo deu um último aperto na mão da menina antes que ela descesse de seus pés. Houve um longo silêncio em que os dois ainda permaneceram se encarando. - Digno do “Quebra-Nozes”. - A menina gracejou por fim, e eles se separaram.

Naquela noite Lúcifer trouxe o jantar, repleto de todos os desejos que a menina fez, que envolviam basicamente pizza doce e salgada. Até mesmo Castiel se sentiu tentado a provar, mas ele sabia que tudo teria gosto de moléculas. Foi um momento de tranquilidade onde eles decidiram que o dia seguinte seria destinado a montar uma estratégia contra Amara, e a tentar fazer com que Eileen alcançasse o terceiro poder.

Quando o jantar terminou, Sam declarou que precisava de algumas horas de sono, e desapareceu em direção aos quartos. Chuck e Castiel permaneceram na biblioteca. Lúcifer havia desaparecido logo depois de trazer as pizzas. Já eram quase duas horas da madrugada e Dean e Eileen resolveram que enquanto os outros tomavam tempo para descansar e colocar as ideias no lugar, eles assistiriam os filmes de terror antigo que parecia ser mais uma paixão mútua deles.

O longa-metragem escolhido foi “Halloween”, o primeiro de 1978. Os créditos inicias rolavam quando Dean começou – Eu queria pedir desculpa, em nome do Sam também, por ter mentido.

A menina desviou os olhos da tela para encarar o rapaz – Tudo bem Dean, você estavam com medo, eu entendo. Eu exagerei também. - Ela deu de ombros – Só tentem não manter tanto segredo comigo quando, você sabe…

— Não se preocupe, se for preciso eu, Sam e Castiel vamos ser os melhores pais do mundo. - O mais velho disse.

— Eu nunca pensei que escutaria essa frase saindo da sua boca. - a menina falou rindo – Só tenta guardar a cerveja, uísque e todas as bebidas de teor alcoólico pra quando eu tiver idade.

— Sam vai garantir isso, e muito provavelmente todo o resto das nerdices que vocês compartilham. - Dean torceu o nariz, pensando em Eileen e seu irmão comendo sanduíches naturais enquanto liam algum clássico americano – Talvez eu faça questão de te estragar um pouco.

— Por favor. - Eileen disse rindo, virando seus olhos para a tela uma vez mais – Façam o favor de documentar esse tempo o máximo que puderem, eu vou adorar ver o Cas explorando o maravilhoso mundo da paternidade. - Falou casualmente, mas logo ela e Dean estavam rindo.

Dean tentou visualizar o anjo tentando trocar fraldas, ou preparando uma mamadeira. Não era algo que ele imaginou que os três fossem precisar fazer em suas vidas, mas a ideia de deixar Eileen crescer longe da vista deles era inaceitável – Nós vamos ser uma família estranha.

— Como o Sid, o Manny e o Diego. - Eileen soltou, o que rendeu mais risadas para ela e uma carranca para o mais velho.

— O Cas é o Sid, só quero deixar isso claro. - Dean disse com falsa seriedade. Eileen sentiu suas maçãs do rosto doerem da risada que ela soltou, o que só piorou quando o próprio Castiel apareceu dizendo que assistiria ao filme com eles. Eles não explicaram para o anjo porque a menina ria, Dean desconfiava que não adiantaria tentar explicar.

Os três, então, tentaram se focar no filme, mas as constantes indagações a respeito da história que Castiel fazia, transformaram o simples ato de assistir Halloween numa tarefa desgastante para Dean e em mais dores no rosto para Eileen. No fim das contas o anjo pareceu interessado no universo de filmes de terror dos anos 70-80, e como nem o Winchester mais velho, nem a menina estavam com vontade de dormir, eles passaram aquela madrugada apresentado para Cas todos os títulos que eles mais gostavam, o que incluiu “A Mansão Marsten”, “A Bolha”, “O Iluminado”, e vários outros que eles conseguiram achar no incrível acervo de filmes do bunker.

Dean pensou que talvez eles devessem adotar momentos como aquele, se, no futuro, tivessem que cuidar de um bebê Eileen, uma noite de filmes, só com os clássicos. O anjo realmente pareceu tomar gosto pelos filmes, e a menina deixou seu lado Sam fluir, como uma wikipédia humana, explicando cada história, falando sobre os livros que contavam a história de como certas cenas foram feitas. Por algumas horas, foi como se tudo tivesse voltado ao normal.


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Notas finais do capítulo

Estamos rumando para o fim... Tem sido muito divertido escrever essa história, e ler os comentários dos(as) meus lindos leitores(as) é o melhor pagamento do mundo. Eu quero agradecer a todos que continuaram lendo ♥



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