Além Digimon escrita por Kevin


Capítulo 16
Capítulo 16: Em casa


Notas iniciais do capítulo

O último capitulo revelando como o acidente realmente ocorreu.



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A musica estava alta, o motorista animado. Caminhonete indo e vindo, fazia com cuidado as curvas daquela estrada.


O dia sem nuvens, a estrada só tendo aquele carro. Estava tudo calmo naquele dia. O motorista se animava ao som da musica. Às vezes até retirava o chapéu de caubói de sua cabeça fingindo montar um peão. Nem parecia que o pobre coitado havia acordado de madrugada para levar algumas pedras até a cidade


O motorista desligava o radio, estava começando a falhar a sintonia. Mas, também já estava chegando na cidade. Olhando pela janela ele podia ver a entrada, e também viu um borrão vermelho vindo rápido.


Um palio vermelho, um carro, tão veloz quanto ele podia ver, passou por ele a mil, nem o viu diminuir para a curva. Olhando pelo retrovisor, não viu as luzes do freio acenderem.


– Jesus amado... Esses jovens de hoje em dia não tem amor a vida... -


O senhor assustado chegou a cidade saudando algumas pessoas que vinham lhe ajudar com as pedras.


– Que bom que nos trouxe as pedras, aquela rua abriu um buraco enorme, e aqui não tínhamos paralelepípedo para colocar no lugar. -


Um morador da cidade recepcionava o motorista com chapéu de caubói. Sorridente eles foram até as costas da caminhonete. A tampa estava aberta, e podiam ver que tinha poucas pedras.


– Achei que ia trazer mais... -


O motorista não entendia, ele realmente tinha colocado mais paralelepípedos no carro. Foi até a tampa, ela deveria estar fechada. Viu a marca de amassado, e um trinco quebrado.


O senhor já estava retirando as pedras, ele era rápido, apenas jogava-as no chão.


– Deus do céu... As pedras baterão no trinco e abriram a traseira... Devem ter caído na estrada... Aquele carro vermelho! -


O senhor desesperou-se. Fez sinal para o amigo sair de cima da caminhonete. Já havia acabado de retirar as pedras e saltou escutando o amigo sair em disparado.


– Que isso cara... Não precisa ir buscar não, são poucas, mas já ajuda... ei o que ta acontecendo? -


O habitante da cidade ficou sem reposta, pois o carro saia rapidamente. Foi um arranque forte e de primeira.


O motorista dirigia acelerado. Não era uma caminhonete nova, era até antiga, por isso não correria tanto, ma com sorte conseguiria pegar aquele carro vermelho que estava em disparada. Ninguém poderia fazer as curvas naquela velocidade, não todas elas.


O motorista estava tenso e tremulo, acelerava e pedia para que na próxima curva encontrasse o carro vermelho. Mas, curvas iam e vinham sem encontrar nada.


– O que estou fazendo? Eu posso também ser vitima das pedras... Deus... -


O motorista agora se preocupava em fazer as curvas com velocidade, olhar a estrada para não encontrar uma das suas pedras perdidas, além de esperar que o carro vermelho aparecesse.


Era impossível! Literalmente impossível. Como ele poderia alcançar um carro que estava mais veloz que ele e com pelo menos 10 minutos de vantagem? Só mesmo se ele reduzi-se bruscamente a velocidade.


– Não creio... -


O motorista ficou espantado ao virar uma curva e encontrar o carro vermelho. Poderia o carro ter passado por uma pedra, se assustado e por isso ter diminuído? Se era isso o motorista não queria nem saber. Simplesmente começou a piscar o farol e a buzinar. Fazia isso insistentemente, mas parecia que aquele que dirigia o carro vermelho não estava ligando para ele, e mandava  ele passar, pois dava seta para o acostamento.


– Idiotas eu não quero passar vocês é para parar! -


Gestos e mais gestos. O carona do carro vermelho fazia sinal para ele passar. No carro vermelho que tinha quatro pessoas, três pareciam adultos e uma parecia criança. Gestos e mais gestos. Faróis e mais faróis. Buzinadas e mais buzinadas. De nada adiantava o que ele fazia. Em um dado momento o carro vermelho acelerou.


O motorista resolveu acelerar e passá-los e assim bloquear o caminho deles. Acelerou, mas alcançar aquele pequeno carro estava complicado. Minutos e ele via primeira pedra seguida de mais três, freou bruscamente.


– Agora ferrou. -


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O carro já havia afundado. Mauricio molhado estava nas margens de pé olhando o final das bolhas. Ele era um péssimo nadador. Tentou mergulhar, mas seu fôlego não deixou. Precisou ir para margem, mas acabou ficando imóvel ali parado. Relembrando seus sete anos.


Fora acampar naquela mata quando tinha sete anos, havia se divertido bastante. Quando voltava seu ônibus caiu justamente naquela represa. Quase todos conseguiram se salvar, ele foi o último a sair da água. Tomou trauma de água devido aquilo.


Ele afundou e tinha certeza de que iria morrer. Sua visão ficou preta, começou a engolir água. Sentiu tudo parar. De repente uma luz branca nos seus olhos o fez chegar à superfície onde fora salvo por duas criaturas que carregava consigo uma pequena chama. Assustado ele descobriu que não estava mais no seu mundo, e ajudado pelas pequenas criaturas com chamas, rumou ao Pico de uma montanha, onde conseguiu retornar.


– Vamos... Retornem! Cheguem ao Pico da força! Encontrem alguém como Candlemon para ajudá-los. -


Mauricio olhava fixamente as águas, e viu ela borbulhar mais uma vez após muito tempo sem nenhuma bolha. Na superfície surgiram dois corpos que se debatiam tentando nadar para a superfície.


Sirenes podiam ser escutadas. O corpo de bombeiros se aproximava correndo. Era um local de difícil acesso. Mas, ainda chegaram a tempo de ajudar aos jovens a sair da água.


– Eram quatro pessoas! -


Um senhor que acompanhava os bombeiros informou. Rapidamente alguns bombeiros mergulhavam e outro que chegava atrás com equipamento de mergulho seguiu-os um pouco mais lento.


Fabrício e Bárbara foram abraços por Mauricio. Um abraço forte, como se não fossem apenas cinco minutos que haviam se passado desde que o carro caíra e eles saíram de lá de dentro, mas sim cinco longos dias.


Os Bombeiros levaram aos três para ambulâncias, relutantes, todos queriam ver se não conseguiriam resgatar Valéria sã e salva. Mas, foram forçados a ir.


O senhor de chapéu de caubói, parado junto a sua caminhonete, explicava aos bombeiros como tudo havia ocorrido.


Foram duas horas do momento em que caíram até o momento em que finalmente, um dos bombeiros aproximava-se de Mauricio, Fabrício e Bárbara, afim de lhes informar algo.


– Sinto muito! Fomos ao carro, mas não encontramos o corpo da jovem que estava com vocês. Parece que ela desapareceu. -


O bombeiro informou.


– Não quer dizer que ela se perdeu nas águas? -


Mauricio franziu a testa. Ele ainda não havia conseguido conversar com nenhum dos dois jovens, apenas pode abraçá-los e beijá-los. Ali estava a confirmação de que sua historia poderia ter se repetido.


– Bom... Sei que ainda esta em choque, mas o cinto estava preso. O cinto do motorista estava preso, como se a pessoa não tivesse conseguido tirá-lo. Mas, ela não estava lá. Às vezes ela conseguiu se livrar do cinto, isso é possível! Contudo, o cinto não estava alargado, estava no formato de uma pessoa de sua altura. -


Era difícil para o bombeiro explicar a física que estava empregada na tarefa que ele desempenhou debaixo da água. Se o cinto estivesse largo, então ela teria forçado o sinto para aumentar o tamanho e assim teria saído nadando. Contudo, o cinto estava bem justo ao tamanho de uma pessoa como Mauricio. Na água o cinto não retrocederia como em casos comuns.


Mauricio balançou a cabeça entendendo e olhou para Fabrício e Bárbara que estavam dentro das ambulâncias. Eles olharam para ele um pouco entristecidos, não sabiam como lhes contar o que haviam vivido e nem se acreditariam. Era certo de que falariam para eles que viveram apenas sonhos enquanto estavam se afogando. Claro que a pergunta seria, poderiam sonhar a mesma coisa?


Mauricio eles sabiam que iriam acreditar, mas e os bombeiros? Certamente eles iriam ser levados para o hospital. E na verdade até precisavam realmente, já que Bárbara, ainda estava machucada pela surra que Valéria havia lhe aplicado, mas por alguma razão estranha, os para-médicos, achavam que era do acidente.


Dois meses se passaram e os três estavam ali de volta à beira da represa. Era um dia bem claro, céu aberto sem nuvens. O lago completamente sereno.


Bárbara em um pequeno vestido preto deixou cair uma flor na água. Ela se lembrava da surra que Valéria deu nela, do momento em que ela impediu que o Garurumon a devorasse. De como ela se sacrificou ficando na luta contra o Assassino Branco para que eles pudessem passar pelo portal.


– Dynasmon... Armadinomon... Valéria... Será que eles sobreviveram ao ataque do Assassino Branco evoluído? -


Fabrício parado olhava o lago, parecia que o lago refletia a luta que ele teve junto de Valeria enquanto Lilimon morria nos braços de Armadinomon, o momento em que ele e ela se enfrentaram fisicamente pela primeira e pela ultima vez depois de tanto tempo que se conheciam. Da forma com que eles se entenderam quando precisaram salvar Bárbara das garras de Garurumon.


– Me perguntei o mesmo quando deixei Mystimon enfrentando Wisemon. E que coisa, os dois estavam vivos. Acredite, eles ficaram bem. O servidor deve ajudá-los. -


Mauricio ao falar aquilo sorriu. Bárbara e Fabrício também sorriram, era bem o que armadinomon falaria.


– Como será que a luta de Mystimon e Wisemon foi interrompida sem nenhum dos dois tirar a vida um do outro? Ele não contou isso para nós. – Barbara parou por alguns segundos a sua fala. Mas retomou. – Assim que Dynasmon viu Wisemon ele o atacou. Não creio que tenham simplesmente deixado o derrotado ir daquela vez. -


Bárbara, mesmo depois de tudo não perdia o costume da curiosidade. Foi isso que fez ela apanhar de Valéria. Ela começou a perguntar porque só ela podia levar e ficar com água naquele incidente.


– Não deve haver só aquele portal... Wisemon não cansava de dizer que o digi-mundo era grande demais para que ele ficasse naquele lugarzinho, e não importava por onde ele fosse sempre teria humanos para atrapalhar... Certamente, se eles pensarem nisso.. Vão acabar saindo em busca de um portal para Valéria... -


Mauricio havia pensado nisso recentemente. Se ela estivesse viva, se eles estivessem vivos, certamente iriam pensar em sair dali, afinal não havia mais nada e ninguém naquela área. Com sorte, escutariam a historia de um novo portal.


– Quem venceu? Como venceu? Se eles vão procurar um novo portal... Esqueçam isso vocês dois. Pensar nisso só vai deixar-nos loucos. Eu mesmo tentei criar acidentes para me levar de volta, mas acidente induzido não é acidente. -


Mauricio revelava algo que eles ainda não haviam pensado. Outro acidente. Quantas vezes uma pessoa pode sofrer um acidente, no mesmo lugar, e em todas essas vezes ficar entre a vida e a morte? Mauricio já havia tido muitos anos para pensar naquilo. Bárbara e fabrício pensaram naquela idéia naquele momento.


Os três respiraram fundo. Teriam de esperar que o destino providenciasse um novo encontro com o digi-mundo.


– Espero que esteja bem onde quer que esteja, Valéria. -


Balbuciou Mauricio, que não ficou sabendo da parte da surra em Bárbara, ou da luta com Fabrício. Para que estragar a imagem que ele tinha de alguém?


Os três ficaram ali apenas olhando o lago sem mais nada dizer, cada qual relembrando o que viveu e aprendeu naquele mundo, e as vidas que nele estavam.



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Notas finais do capítulo

Quero agradecer a todos que acompanharam a fanfic até aqui.Ela teve seus altos e baixos e imagino que esperavam algo mais longo. Eu tentei fazer uma fanfic onde uma pessoa que não conheça digimon consiga ler aprendendo um pouco desse pequeno mundo.



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