Caminhantes escrita por Serin Chevraski


Capítulo 79
O preço de um vestido




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/685286/chapter/79

Levy POV

Enquanto Gajeel e Lily foram para a casa alugada, eu não pude me acalmar.

Bati no chão levemente com o pé. Estou tão nervosa que resolvi esperar fora, para respirar um ar melhor.

— Huh, Levy-chan?

Pela porta do hospital, uma loira saiu com rosto espantado.

— Lu-chan! -ergui o rosto.

Nesse lado da cidade é um pouco mais calmo então não tem um grande fluxo de pessoas. Por isso nesse jardim, a grama verde e as plantas estão em todo lado. Diferente da agitação comercial que vimos até agora. Digno de serenidade para um repouso. Afinal, isso é um hospital.

Mas fiquei os olhos na garota.

— Eles te deixaram sair? -perguntei, será que ela simplesmente fugiu?- Você fez o check up?

Já que Lucy acordou, claro que o médico teve de checar toda a sua condição. Me senti nervosa.

— Sim! -me mostrou o atestado- Pena que Natsu ainda tem que ficar de cama.

Seu rosto decepcionado suspirou. Entre todos nós, acho que foi ele o mais ferido, na verdade sua recuperação está sendo em uma velocidade assustadora comparada com o normal. Era para ele ficar de cama uns... Quatro meses? E acordou em duas semanas?

— São só três dias -dei uma risada.

— Sim -os olhos dela abaixaram abatidos- Ele dormiu agora, enquanto isso eu posso andar por aí livremente...

Comprimi os meus lábios.

— Lu-chan! Já que estamos em um lugar tão bonito, por que não vamos dar uma olhada? -peguei a sua mão.

Para de falar no Natsu, Lucy. Essa pessoa te fez tão mal, por que você ainda é tão apegada a isso?

— Sim, vamos! -concordou.

Passamos pelas cercas verdes.

— Aliás -ela me encarou travessa- Você veio com Gajeel... Hummmm...

Seus olhos diziam algo como: Sei de tudo Levy... Eu sei de tudo!!

— O... O que você está insinuando!! -fiquei descrente, sentindo a cara queimar.

— Apenas coisas sobre, ah, aonde será que está o Jet e Droy? Mas parece que Gajeel Redfox é muito mais sedutor...

— LUCY HEARTPHILIA!!

Ela soltou minha mão e correu na minha frente.

— Hahahah Por que está com raiva Levy-chan? Somos melhores amigas! Sei de tudo sobre você!!

— Há! Você também parece estar passando altos momentos com um cara! -a segui.

— Eu e Natsu somos companheiros desde o começo! -ela riu, correndo mais rápido.

Meu rosto congelou.

Oh, Rogue Cheney.... Nesse momento eu estou sentindo uma pena muito grande de você...

— Cof... Lu-chan... -eu parei meus passos, sentindo que tudo está errado.

Corremos tanto que entramos na cidade. As pessoas alegres caminhando para lá e para cá passaram sem saber os problemas nojentos que se escondem nessa cidade. E para consertar isso, quem ficou ferida é a pessoa na minha frente. Enquanto todos são ignorantes e podem viver alegrementes. Fechei o meu punho.

— Levy-chan? -ela voltou e me olhou preocupada- Aconteceu algo?

Encarei o chão, sem saber por onde começar. Se aconteceu algo? Está tudo errado Lu-chan.

— Você... -eu tentei falar.

Então me lembrei.

Uma Lucy me agarrando enquanto chorava, com uma dor tão grande que até eu não pude assistir.

Se eu voltar com um assunto como "você gosta do Natsu? É dele quem você gosta?", não iria tocar em uma ferida?

— Não é nada -balancei a cabeça- Vem. Eu vi uns donuts muito bonitos desse lado!

Ela ficou confusa, mas logo me seguiu.

— Espera!

— Olá! Bem vindas! -uma garota com vestido de tema rocambole sorriu.

Vi crianças sendo segurada por seus pais para não se perder no mar de pessoas, encantadas com esse lugar.

A loja de bolinhos tem muitos brilhos nas paredes, que depois percebi, são flocos de chocolate griterosos. Ou algo que imitava isso.

Na rua passamos por mesas com guarda sóis com familias sentadas, tomando milk shakes.

Entramos na loja de donuts e pães doces recém fritos foram banhados em chocolates como uma demonstração ao público.

— Olha aquele menu! -a excitação na voz da loira não pode ser escondida.

— Chocolate com caramelo -fui lendo- Morango e cereja, raspas de limão, maracujá ao leite condensado.

— É incrivel!

Os donuts atrás das vitrines brilharam cada vez mais, junto com um cheiro irresistível.

— Por favor, quero uma de caramelo e chocolate! -Lucy pediu rapidamente- E você Levy-chan?

— Chocolate amargo com raspas de laranja -respondi.

E nos deliciamos com o doce. Uma massa tão macia que derrete na boca, a parte mais incrível é que os donuts são fritos, mas esses não tinham gosto ou pegajosidade que o óleo deixa para trás. Um donut perfeito!

E como uma garota amante de sobremesas, fomos arrastadas por essa terra de sonhos.

— Agora vamos para a loja de bolos!

— Erza iria ficar morrendo de inveja.

Rimos, nos esquecendo de todas as preocupações.

Corremos em várias lojas, experimentando de tudo que vimos na nossa frente, a ponto que paramos na frente da fonte em forma de carpa.

— Ugh... Lu-chan, eu sinto que não posso mais... -me sentei na beirada da fonte.

— Argh... Devo ter engordado uns cinco quilos! -a loira colocou a mão em cima da barriga, suspirando ao meu lado.

— Pff... -comecei a rir- Você nem mesmo engorda Lu-chan! No máximo os peitos crescem mais.

— Hahaha que absurdo! Eu sou uma pessoa que está sempre preocupada com o peso, então faço exercícios, ok?

— Quanta mentira! Os seus exercícios se chamar ler?

— Você está me difamando!

Rimos juntas a ponto que precisei secar lágrimas.

— Oh... -ela murmurou.

— O que houve? -tombei a cabeça, com um sorriso nós lábios.

— Espera um pouco -ela pegou uma chave- Abre-te! O portão do leão! Loki!

— Huh? -fiquei confusa.

O rapaz de cabelo alaranjado mostrou carranca nas sobrancelhas. Então ele percebeu que estou aqui e sorriu, limpando a expressão.

— Olá Levy!

— Oh, iae Loki.

Então o homem olhou a loira de soslaio.

— O que houve? Porque você me pediu para te chamar? -a maga celestial ficou igualmente confusa.

Ele não a respondeu, continuou falando comigo.

— Levy, eu posso levar Lucy?

— Me levar? -a pessoa em questão ficou pasma- Me levar aonde?

— Ela me prometeu um encontro.

— Ah... Ah? -pisquei sem saber direito o que dizer.

Conheço Loki desde que ele foi um membro da Fairy Tail, então confio nele. Igualmente como agora é um espírito de Lucy, então não vi nenhum problema.

— Cla... -concordei, mas antes de terminar de falar, ele circulou os ombros da loira e a puxou veloz.

— Obrigado Levy!

— E... Ei Loki!

E fui deixada para trás.

— Pff... -a visão deles é tão engraçada que comecei a rir.

Então congelei. Hoje eu ri bastante. Foi tão divertido que passei o dia muito bem.

Olhei para o céu pacífico.

E hoje, Lucy riu e ficou alegre igual antigamente. Parecendo que nós nunca nos despedimos em lágrimas e dor alguma vez. Mas isso só foi possível porque ela não se lembra das coisas que a fizeram sofrer?

De alguma forma, meu coração se sentiu estranho.

 

Loki POV

Puxei a loira por um tempo, até que nos distanciamos dos olhos das pessoas. Então a levei a um beco e segurei nos seus ombros. Obriguei ela me encarar nos olhos.

— Por que você fez outra coisa estúpida!? -rugi realmente bravo.

— Loki? -seus olhos agrandaram- Por que você está imitando um gangster?

— Não é por que você se jogou no perigo de novo!? -fiquei mais furioso- Quando fechou meu portal a força, não sabe o quanto ficamos preocupados! Só porque é loira, não precisa ser burra! Como pode ser tão sem noção!?

Está certo que eu não podia fazer nada naquele momento, a magia não estava fazendo diferença. Era completamente inútil para Lucy. Ainda assim, essa angústia não sumia.

— Sabe o quanto tentei te contatar por telepatia!?

— Calma, do que você está falando? Eu te devo dinheiro por acaso? -seu tom mais confuso me deixou mais irritado.

— Agora vai fingir que sabe de nada!? -explodi- Se não fosse a prova que nosso contrato não desapareceu, eu teria forçado o portal achando que você estava morta!

— Você não pode forçar o portal! É ruim para sua alma -sua sobrancelha frisou.

— É, eu sei! Por sua culpa, eu também nem posso mais forçar o maldito portal.

— Loki, você está muito alterado...

— Alterado!? Quem está alterado!? -gruni.

— Loki! Primeiro me solta! Meus ombros estão começando a doer!

Tremi, despertando. A soltei imediatamente e ao ver as leves marcas vermelhas, fiquei constrangido.

— Desculpe. -suspirei, escondendo o rosto na mão.

Foi realmente tenso. Quantas vezes tentei chamar ela para ver como estava? Mas essa mulher simplesmente não respondia. Sinto que a cada momento ficava mais calvo de nervosismo.

— Enfim, o que houve depois disso? -respirei fundo me acalmando.

— Depois?

— Que você fechou meu portal.

— Quando foi isso?

Congelei. Estudei os olhos dela e fiquei um pouco em conflito.

— Lucy, você lembra que estava em uma missão?

— Sim. Eu e Natsu.

— Você e... Natsu?

— Sim! E também o Hap... -mas no segundo em que ela ia dizer o nome do exceed, seus olhos ficaram vagos, logo voltaram a vida- Não, fomos apenas eu e o Natsu.

Esses sintomas...

Arregalei os olhos. Lucy sofreu alguma lavagem cerebral?

As pessoas podem não entender esses sintomas. Mas eu sou um espírito que viveu incontáveis anos. Quantas coisas já não vi nesse mundo?

Acontece que conheço os efeitos. Mas não sei como curar isso.

— Lucy. Você se lembra do que estava fazendo nessa missão?

— Oh... -ela coçou a bochecha levemente, envergonhada- A verdade é que não me recordo...

Comprimi os lábios. Suspirei.

Bom, o importante é saber que ela está viva. Embora não esteja exatamente "bem".

— Entendi. Sinto muito por gritar com você.

— Não, não precisa se desculpar -ela sorriu.

— Bom, já que estamos aqui, que tal continuarmos? -peguei seus ombros novamente.

— Ir aonde?

— Ao encontro!

Dei uma risada, corrigindo a postura dos meus óculos.

— Mas eu não posso comer mais -ela recusou, sendo arrastada por mim.

— Podemos ver outras lojas também.

Estou um pouco curioso com essa cidade. Como ela foi fundada tal como em uns vinte ou trinta anos, e meus contratista anteriores não vieram aqui, nunca conheci esse lugar.

— Está escurecendo, seria bom voltar.

— Nah, ainda tem mais ou menos duas horas até começar o pôr do sol -respondi confiante- Aliás, você me prometeu um encontro comigo!

— Eu prometi?

— Sim, você disse isso no meio da nossa missão. Quando fechou o portal.

— O que?

Blefei, mas ela não se lembra. Então está tudo certo. Embora eu tenha pedido um encontro antes dessa missão. Quando eles estavam fazendo uma ponte?

Ela suspirou. Parou de ir contra e me seguiu obediente.

— Entendi... 

— Acho que esse colar ficar muito lindo no seu pescoço, Lucy -falei ao ver a vitrine de jóias.

Ela suspirou outra vez.

— Não, é muito pesado. E muito sufocante, tive desses quando era mais nova.

— Que tal um anel? Seus dedos são tão lindos que qualquer um deles ficaria bom.

— Muito chamativos -suas respostas robóticas não me desanimaram.

— Lucy, já que nenhuma dessas coisas você gosta, que tal eu te dar uma estrela? Tão bonita quanto seus olhos?

— Sei... -respondeu secamente, suspirando.

— Como é que até seus suspiros podem ser como música aos meus ouvidos? Como pode ser tão encantadora?

— Não sei.

Rodamos muitas lojas de presentes. E os atendentes se vestiam como elfos desse lado da cidade.

— E... -enquanto divagava, meus olhos pousaram em uma loja de roupas.

Congelei. Peguei a mão da loira e me aproximei do vestido da vitrine.

— É um vestido bonito -a loira se surpreendeu.

Sim, seu traço delicado e babados esvoaçantes. De um olhar já chama a atenção. Por culpa do brilho misterioso causado.

Mas eu conheço esse tecido. Estremeci, arregalando mais os olhos.

— Oh, queridos clientes! -uma atendente saiu da loja e sorriu para nós- Esse vestido é uma novidade que chegou ontem na nossa loja.

— Ontem? -murmurei.

— Sim! -a atendente ficou empolgada- Não foram produzido muitos vestidos, nós mesmos recebemos apenas essa peça, são uma coleção limitada. Por que seu material é bastante raro.

— Quem... Quem é que fez esses vestidos? -a encarei.

— O fornecedor se denomina como M.O. não sabemos mais do que isso.

M.O.?

Eu não conheço. Mas esse tecido é muito familiar.

— Loki? -Lucy se assustou quando foi puxada por mim outra vez.

É impossível. Eu retirei todos. Todos esses não deveriam mais existir!

Mordi o lábio.

— Loki? Loki!? -ela me chamou urgente.

Parei os passos. As pessoas passavam retos, ocupadas demais para prestar atenção em nós.

— Lucy -me virei seriamente- Você andou usando a lã de Áries para comercializar?

— O que!? -suas sobrancelhas franziram.

— Me diga, sim ou não?

Senti um revolto no meu estômago.

Se Aquários inunda um lugar, as pessoas continuam molhadas, então por que a lã de Áries seria diferente e sumiria no ar?

Existiu um contratista de Áries que percebeu isso e teve uma ideia brilhante. Usar a lã criada com pó estelar para fazer roupas.

Uma roupa tão incrível e luxuosa, usando um material muito raro. As estrelas e um espírito que as filtre.

— Sim ou não, Lucy!?

— Loki, eu nunca usaria Áries para isso -respondeu, ficando séria- Ela não é uma galinha de ovos de ouro. Existem limites para a moral.

Mas isso não é proibido no contrato. Pensei.

E a contratista de Áries, quando viu que a qualidade da lã não era boa, a espancou até mostrar resultados satisfatórios e torturou até espremer toda a magia dela. Uma vez que o dinheiro entrou aos montes no bolso, sua ganância ficou pior a cada dia. Áries tinha virado uma máquina dessa pessoa, num ciclo sem fim e vicioso.

Por isso sua Wool Bomb é impressionantemente maravilhosa. Foi aperfeiçoada através de sua dor e lágrimas.

O pior é que eu não sabia. Quando descobri, o contratista estava morto, viveu bem a vida toda pelas custas da minha irmã. Foi tão horrível ver Áries quase desaparecer, que peguei todas as roupas existentes no mundo feitas de lã estelar.

Ela disse que estava bem e era para esquecer o que aconteceu. Mas fiquei furioso, com raiva desse contratista e de mim que sabia de nada.

Mesmo assim não pude destruir as roupas. Porque foram criadas com o esforço da minha irmã. Se eu as destruir, não jogaria fora todo o sofrimento que ela passou para criar isso?

Então escondi tudo na minha casa. Um dia ela até as encontrou, mas simplesmente sorriu, como se não fosse da sua conta.

Essa também foi a roupa que dei para Roguinia outro dia.

— Loki -me chamou, acordando do meu estupor- ... Loki, olhe para mim.

Encarei seus olhos claros e brilhantes.

— Em nome das constelações -ela começou a cantar uma magia, fazendo meus olhos arregalarem- Eu sou a guardiã das chaves. Honrar o rei dos espíritos com uma promessa de ouro. Uma alma pura dos Zodíacos, eu prometo.

Minha mão apertou um pouco, sentindo o calor da sua palma.

A luz brilhou levemente em seus lábios, mostrando que as suas próximas palavras foram encantadas.

— Juro que nunca usei o espírito do carneiro para uma imoralidade tão horrível como explora-la. E nunca usarei o seu poder para esse fim.

E a luz ficou mais fraca até desaparecer. Mesmo que Lucy perca a memória, a magia funciona. E a penalidade desse encanto é ser banida de poder usar as chaves. Mas o meu contrato com ela continuou em perfeitas condições.

De repente me senti um idiota por duvidar dela. E emocionado porque ela fez um juramento de alma só para acalmar minha  consciência, sem perguntar sobre porque eu estou assim.

Seu sorriso limpo gravou no meu coração.

Existe uma linha tênue entre pedir ajuda e abusar. Lucy prometeu que nunca cruzaria essa barreira.

Me lembrei o que Áries um dia me disse, secretamente.

"Irmão, eu tive muito azar com meus contratistas... Então sempre fiquei com medo dos olhos cheio de ódio deles e pedi desculpas porque só assim eles ficavam satisfeitos. Mas dessa vez, estou realmente feliz que a filha de Layla também é muito gentil! Irmão, eu decidi que vou continuar pedindo desculpas para nunca ser odiada por ela!"

Uma garota estúpida que tem uma mentalidade simples, sempre me fazia ficar preocupado com ela, não importando quantos anos passem. Essa irmã disse que queria agradar Lucy.

— Loki, agora acho que eu devo voltar de verdade. Já foi o suficiente para cumprir essa promessa de encontro, né?

Realmente, o céu está alaranjado.

E pensei que essa contratista é tão estúpida quanto minha irmã. Como pode uma pessoa que é tão dependente do poder dos outros, agir desse jeito?

Ela é incrível. 

Soltei sua mão e falei bem alto.

— Lucy... É verdade que você é a minha musa.

A chave do portal do leão brilhou entre os seus dedos, e minha contratista sorriu sem comentar nada, me enviando de volta para casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Caminhantes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.