Entre Irmãs escrita por Cristabel Fraser, Paty Everllark


Capítulo 14
Expectativas


Notas iniciais do capítulo

Oieeee boa noite galerinha! Aqui é a Paty Everllark postando, mas acho que isso vocês já sabem né? Rsrsrs.
Em primeiro lugar confesso que estou super feliz com o convite da Belrapunzel para acompanha-la neste projeto que ADOROOOO. Posso dizer que foi Entre Irmãs que me deu a oportunidade de conhecer, e ter a Belzinha em meu ciclo de amizades.

Agradeço ao acolhimento carinhoso que tive das leitoras de EI manifestado através dos comentários. Meninas vocês são MARAVILHOSASSSSS.


Eu e a Belrapunzel ficamos imensamente felizes por continuarem conosco nesta jornada, agradecemos por todos os comentários deixados no capitulo passado, aos novos favoritos e acompanhamentos desejamos as boas vindas.

Boa leitura! Amanhã responderemos aos comentários.



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POV  Peeta

 

 – Considero um pecado, mãos tão valiosas, quanto as suas estarem assim... Cobertas de graxa, como se você fosse apenas um reles mecânico. – Sempre que tinha oportunidade, meu patrão, tentava persuadir-me a falar sobre minha antiga vida, principalmente em momentos como este, em que me encontrava lavando as mãos no lavabo com tamanho afinco, afinal, ele enxergava no meu ritual metódico de assear minhas mãos e braços, resquício do meu passado vindo à tona.  Eu mesmo, por diversas vezes fazia tal associação. 

— Minhas mãos são tão valiosas, quanto as suas, senhor Small.

— Anthony.  Já lhe disse para me chamar pelo primeiro nome, rapaz. Sabe que não precisamos dessa formalidade toda, não é? Enfim, nos conhecemos há anos, tu é como se fosse um filho e ainda não consigo entender por que desistiu de tudo que conquistou assim... – calou-se a espera de respostas. Mantive silêncio terminando rapidamente de retirar a incomoda gordura negra e aproveitando para molhar o rosto.

Logo o toque estridente do aparelho telefônico ecoou nos fundos da oficina mecânica silenciando-o, o som não podia ser mais oportuno. O homem parado à porta soltou um muxoxo descontente e dando uma tapa em meu ombro saiu para atender a ligação, mas parou no meio do caminho e dirigiu-me o olhar por cima do ombro.

— Ah! Já estava esquecendo, na verdade, vim lhe dizer que minha velha está preparando um cozido caprichado para almoçarmos, caso queira fazer a refeição conosco, será muito bem-vindo em nossa casa – assenti com a cabeça, e ele foi atender o telefone, que não parava de tocar. Oficina Small’s, quem gostaria? Peeta? Só um minuto... Peeta! Telefone pra você.

“Telefone para mim, quem poderia ser?”

— Pois não?

— Oi... Peeta, sou eu, Katniss.— Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios, sendo percebido pelo senhor que fez um sinal com o polegar e encaminhou-se para o pequeno escritório, onde passava boa parte do dia. Respirei fundo antes de dizer qualquer coisa.

— Olá... Nossa achei que ia demorar mais, para escutar sua voz, que bom que ligou e a que devo a honra?

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

— Senhora Louise, com licença? – Fazia anos que não entrava naquela pequena e aconchegante casa, no entanto, falar com Katniss ao telefone, após uma semana sem nem ao menos vê-la. Contudo, sem tira-la do pensamento um minuto sequer abriu meu apetite, fazendo-me pensar que não seria nada mal partilhar com meus amigos uma bela refeição.

— Oh, meu querido, entre! Fique à vontade, colocarei mais um prato na mesa para ti. – A alegria de ter visita em casa, era nítida em sua face. 

Desde que cheguei a Belleville passei tanto tempo no chalé, quando não na oficina sobrecarregado de trabalho, assombrados por meus fantasmas, que mal notei o quanto meus amigos também estavam sofrendo com a ausência do filho único. Por um segundo, ao observar o casal à minha frente, pensei em Nicole. Minha irmã caçula havia sonhado tanto em ser feliz no seu casamento e agora estava separada, e pior, passando por toda a dor de ter seus sonhos destruídos sozinha, sem o meu apoio. Ela que por tantas vezes foi meu porto seguro quando me vi em desespero.

— Me acompanha numa cervejinha gelada, Peeta?

— S-senh... quer dizer, Anthony, não sei se devo. O carro do Sr. Mackenzie deverá ser entregue até às quatro.

— Deixa de bobagens garoto, é só uma cervejinha para lembrar os velhos tempos – disse o homem enquanto me servia.

Só me restava acatar a ordem de meu patrão e acompanha-lo numa cerveja bem gelada, o carro que me aguardasse, por hora somente aproveitaria a companhia de pessoas tão especiais. 

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

— Anda Peeta, me diga ao menos como ela é, senão não levará nem um mísero pano de prato desta residência. Quanto mais minhas toalhas de renda, que mamãe me deixou de herança. Vamos logo, desembucha maninho. – Era impossível não me contagiar de alguma forma com a animação momentânea de Nicole. Minha irmã era dessas pessoas que guardava sua dor no bolso para não “contaminar” com suas tristezas as pessoas a sua volta. Assim que cheguei notei seus olhos e nariz extremamente vermelhos, uma demonstração clara de que estava chorando, entretanto, após dar a desculpa esfarrapada de TPM, somada a filme romântico sem final feliz na TV à cabo, Nick que ainda não conseguira superar a separação de John, tentava descobrir o nome da mulher para quem eu faria um jantar especial.

— Não sei por que, eu tinha que te pedir essas benditas toalhas, poderia ter pego as da senhora Small.

—  Que a Louise me perdoe, mas garanto que todas as suas toalhas, ou estão amareladas, ou  cheirando a naftalina.

— Que maldade Nick!

— Ao menos eu tenho uma pista dessa mulher misteriosa. Ela deve ser alguém chique, para que venha a se preocupar com coisas tão triviais, como louças e toalha de mesa... – suspirei. – Não vou te obrigar a falar, sei que quando estiver preparado me contará, todavia, estou feliz por estar se permitindo, meu irmão. – Sua voz saiu baixa e nostálgica, retribuí segurando suas mãos por sobre a mesa, em que ela, minutos antes servira-nos um lanche. 

— Ainda não há nada para contar, só isso. – Dessa vez quem suspirou foi à loira defronte. – Mana, sabe que não precisa ser forte a todo tempo, não sabe? O que tem passado nesses meses, não é algo que se pode superar de uma hora para outra.

— Eu sei... Ainda estou tentando entender onde eu errei para que John fosse embora. Eu não percebi a que pé estávamos, até que ele simplesmente chegou um dia pegou suas coisas e se foi. Meses depois assinei aquele papel e puff, estava divorciada. – Ela sorriu, mas o sorriso não chegou aos olhos.

— Não tem que se culpar, por algo que compete a vocês dois, John também tem sua parcela de responsabilidade. Além do mais, nem tudo foi em vão, é só olhar para a Willow...

— Eu senti tanto a sua falta.

 Então ela se lançou para meus braços e a acolhi com carinho. A frase curta me fez lembrar do quanto fui egoísta nos últimos anos. Sempre houve tanto amor e cumplicidade entre nós dois. Como pude me perder tanto diante de minhas mazelas, largar tudo para trás e me fechar para tudo ao meu redor?  Mas como concertar meu passado?

— Eu estou aqui agora.

Já havia falado tantas vezes para Nicole, contudo era a primeira vez que realmente me sentia de fato em casa e era a primeira vez que de fato sentia como se estivesse no lugar certo outra vez. Coincidência, ou não, tudo acontecera quando Katniss Everdeen irrompeu minha vida de maneira abrupta em pleno néon no Monk’s puxando uma cadeira e sentando-se comigo. Eu a afastaria de mim, se ela não fosse tão persistente.

Devo ter passado muito tempo divagando. A mente totalmente aprisionada, nas lembranças da noite em que vi a morena pela primeira vez, pois quando olhei novamente para minha irmã ela me encarava com uma fisionomia curiosa, como se de alguma forma tentasse decifrar meus devaneios.

— Mesmo sem a conhecer, já gosto desta garota. Há anos eu não vejo essa expressão em seu rosto Peeta.

⊱━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━⊰

Minha irmã tinha razão, há anos não me sentia assim, como um adolescente preparando-se para o primeiro encontro. De cinco em cinco minutos, olhava o relógio, ajeitava os talheres e as taças sobre a mesa. Corria os olhos por toda extensão do chalé refazendo uma lista mental de “itens para confirmar” lençóis limpos, ok. Vinho gelado, ok . CDs de jazz,  ok.

Acalme-se Peeta, é só um jantar, esse não é seu primeiro encontroprocurei pelo relógio de pulso, sobre a mesinha de centro, e coloquei em meu pulso, confirmando o horário pela quarta vez na noite 21h30.

Deve ter acontecido algo.

Resolvi ligar o som e tomar um cálice de vinho, enquanto esperava por Katniss, já que não tinha seu contato para ligar. Sentei-me na poltrona da sala e aguardei. Segundos transformaram-se em minutos, minutos em horas e quando dei por mim já estava com a segunda garrafa de vinho pela metade. A comida, que preparara com tanto esmero, encontrava-se gelada. As velas derretidas nos candelabros e eu era apenas um farrapo bêbado jogado no sofá.

Caminhei tropegamente até a mesa posta e analisei-a durante uma eternidade. Taças de cristal, talheres arrumados com primor, a toalha rendada, que Nicole tanto recomendara cuidado. Todo meu esforço esvaziado por completo. Num ataque de fúria, puxei a toalha da mesa e destruí toda a produção que levei horas para conceber, tendo cuidado somente de poupar a garrafa de vinho que seria minha companhia para o resto da noite. 

Na manhã seguinte acordei largado no sofá com uma baita dor de cabeça e sentindo novamente aquele velho incomodo de abandono. Acabei por tomar uma aspirina e preparei um café forte. Agradeci mentalmente por ser sábado e Anthony ter me liberado da tarefa do meio período. Tentei distrair minha cabeça limpando o jardim e realizando pequenos concertos aqui e ali.

Quando me perguntaram sobre o “jantar” respondi apenas um “ela não pôde vir”. A omissão parecia ser mais válida do que “ela queria apenas sexo”.

Mais uma semana corriqueira se arrasta na tão pacata Belleville. Não havia nenhuma novidade até que, na sexta-feira, a pessoa mais improvável apareceu na oficina e por azar, Anthony estava ausente.

— Peeta, então é verdade, você voltou.

Limpei minhas mãos num pano velho e estendi a mão para o homem parado à minha frente aguardando meu cumprimento.

— Sr. Lawrence...

Fiquei sem palavras diante do meu ex-sogro. A família Lawrence, assim como a minha, era tradicional na pequena Belleville. Em grandes comemorações sempre lembravam os nossos sobrenomes.

— Por que não foi nos visitar? Martha anda perguntando por você, desde que ouvimos boatos sobre seu retorno. Sabe que nós nunca o julgamos, não sabe, Peeta? – as palavras pareciam me fugir, algo raro em outra época.

— Sinto muito...

Eu tremia por dentro. Estar diante de alguém que lhe trazia toda uma vida para o presente, não era algo fácil de se encarar, ainda mais quando você sentia toda culpa.

— Se isso te alivia, e te dá um pouco mais de conforto, Dylan irá embora daqui uns dias, pois as férias das crianças estão acabando. Peço que venha nos visitar – encarei aqueles olhos sem ter o que responder.

Dylan era o irmão mais velho de Daphne, morava em Nova Jersey e sempre que podia passava as férias de verão em Belleville com a esposa e filhos, que a essa altura não sabia ao certo quantos tinha. Eu não temia a ele, pois só se enfureceu comigo na época em que tudo aconteceu, depois disso nunca mais o vi. A verdade era que não queria me encontrar com ninguém ligado a ela.

— Quando eu me desafogar um pouco do trabalho, apareço, mas não sem antes avisar. – Nossas famílias nunca foram de aparecer de bico um na casa do outro, sempre tinha um combinado antes.

— Tudo bem, filho, mas gostaria muito que aparecesse. Tenha um bom dia.

— Igualmente.

Tentei voltar para o que estava fazendo e um simples problema com o carburador, que sempre dei conta, me pareceu um bicho de sete cabeças. Respirei profundamente e fui até a garrafa térmica, que todas as manhãs Anthony trazia para a oficina, e me servi do café exageradamente adoçado pela senhora Louise. Sabia que a cafeína só aumentaria minha adrenalina, mas não era assim que eu fazia em minha antiga vida?

Aos poucos me recompus e após o almoço consegui voltar, ao meu quase, estado normal.

No fim do dia, afundei o boné na cabeça e passei pelo Monk’s afim de beber. Depois de alguns copos fui pra casa. Lá pelas tantas, escutei batidas na porta e não estava nem um pouco animado para visitas, ainda naquele horário. A contragosto atendi e para minha surpresa era alguém que fez meu coração falhar míseras batidas.

— Você só pode estar curtindo com a minha cara – sorri acidamente.

— O jantar... Oh, por favor, Peeta desculpe-me.

— Dê-me apenas um motivo para que eu não feche a porta na sua cara.

Sei que pareceu rude e nada cavalheiro da minha parte, mas eu estava cansado de tudo. E, olhando para ela tão lindamente banhada pelo clarão da lua, mesmo tendo o semblante aparentando um cansaço incomum não pude deixar de exigir uma resposta no mínimo plausível.

— Minha irmã tem um tumor no cérebro.

Senti um aperto no peito e minha alma parecia ter saído e entrado em meu corpo durante os seguintes segundos. A razão se afastou de imediato e quando abri os braços, ela sem hesitar, me apertou e pude sentir suas lágrimas molharem meu peito.

 


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Notas finais do capítulo

É isso gente. POV de nosso amado Peeta... O que acharam? Nós adoraríamos saber a opinião de vocês, então não sejam tímidos.

Ps.: Para quem acompanha minhas fanfics deixo um recadinho por aqui.
Essa semana não poderei atualiza-las, peço desculpas e também a compreensão de todos.

Beijos e bom fim de semana.



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