Blue Eyes escrita por Marih Yoshida


Capítulo 7
VII


Notas iniciais do capítulo

OIEN!
Agora que eu fui perceber que esse é o penultimo capítulo da fic. Bem, teoricamente ele é o último, mas ainda tem um epílogo bonitinho.
Enfim, espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/682825/chapter/7

E, mais uma vez, eu me esqueci de perguntar seu nome. Suspirei feliz. No dia anterior, senti como se eu e ele nos aproximássemos, como nunca me aproximei de uma pessoa. Coisas simples como o nome não eram relevantes.

Cheguei à escola e andei até a biblioteca, certo de que ele estaria lá, mas não estava. Era estranho, considerando que ele sempre chegava cedo. Andei até a sala, um pouco incomodado com o fato.

E aconteceu a mesma coisa durante os três dias seguintes, eu não o encontrava em hora nenhuma na escola, nem no ponto de ônibus coberto. Apenas no quarto dia que algo mudou.

Assim que cheguei à escola, andei até a biblioteca, e, como nos outros dias, ele não estava lá. Andei até a sala, minha cabeça doendo por causa das noites passadas em claro.

Mas, assim que a aula começou, o diretor da escola entrou na sala e chamou meu nome. Hesitante, me levantei. "Seu amigo, Rafael, foi encontrado morto há alguns dias." Foi o que disse. Eu estava prestes a dizê-lo que não conhecia nenhum Rafael, quando ele me entregou o livro do garoto de olhos azuis. "Ele já foi velado e enterrado, não sabiam que você era amigo dele até que abriram esse livro, que ele deixou para você. Sinto Muito."

Peguei o livro e fui dispensado das aulas por aquele dia, por ser um assunto que eu precisava de tempo para processar.

Andei até o ponto de ônibus coberto, e me sentei ali, abrindo o livro onde havia uma página marcada. Havia uma folha de caderno ali, com o meu nome. Abri-a.

"É engraçado, porque eu sei o seu nome, embora você não saiba o meu. Eu achei engraçado também, o fato de, sem querer, eu ter feito tanto mistério quanto a ele. Não vou dizê-lo, pelo menos não agora, gosto de mistérios.

Eu quero te explicar o que aconteceu, acho que você merece isso.

Embora eu tenha lhe dito, ainda hoje, que já havia me acostumado com tudo o que os garotos faziam comigo, não era verdade. A cada vez que tocavam em mim, eu me sentia pior. E isso fez com que, inúmeras vezes, eu planejasse minha própria morte, até que uma dessas teorias se mostrara fácil de por em prática.

Devo lhe agradecer: era para isso estar acontecendo no dia que você se interessou pelo meu livro. No entanto, minha curiosidade me fez aguentar um pouco mais, para ver se você era diferente dos outros. E era.

Você me lembra muito meu irmão mais velho. Eu sempre fui bem magro, e, por causa do meu cabelo e dos meus olhos, muitas pessoas sempre disseram que eu me parecia com uma garota, e isso deixou de ser apenas uma brincadeira com o tempo. Ele era assim, como você. Um cara grande, desajeitado e forte, com um coração gigante. Sempre me protegera de tudo, ele era meu herói. Mas ele sofreu um acidente há alguns anos e morreu.

Ele quem me dera o livro tão importante para mim.

Sei que você vai sofrer com minha partida. Sei disso porque eu sou o Pequeno Príncipe e você é o homem, sei porque você vê esse livro como um livro triste.

Por favor, faça o que me disse. Proteja aqueles que não conseguem fazê-lo.

Você me cativou, e eu te cativei. Mas sempre temos que dizer adeus. Eu não sou forte como você.

Obrigado por ter sido um amigo, mesmo que por tão pouco tempo.

Rafael.”               

Olhei, com lágrimas caindo de meus olhos e molhando o livro, a página em que ele deixara a carta. Havia uma frase grifada:

"Tu compreendes. É longe demais. Eu não posso carregar esse corpo. É muito pesado."

E, antes que pudesse perceber, eu chorava como uma criança. Perdera um amigo, um amigo querido. Alguém que, finalmente, me fizera sentir algo sobre minhas ações. A pessoa que mais me ajudara em minha vida, e que eu não conseguira ajudar.

Eu entendia agora. Eu entendia seu ponto de vista. Para ele, a flor era seu irmão, e encontrá-la, mesmo deixando alguém para trás, era algo necessário. Eu entendia o porquê de ser um livro tão feliz e especial para ele.

No entanto, continuava sendo um livro triste para mim, assim como a felicidade. Porque, para mim, a flor era ele. Minha flor, assim como todas as outras flores do mundo, literais ou não, era efêmera. E, assim como o Pequeno Príncipe, eu a deixei sozinha.

Rafael. Eu nunca mais esqueceria aquele nome. Nunca mais esqueceria o ponto de vista feliz do livro. Nunca mais esqueceria o Garoto de Olhos Azuis.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então?
Uma curiosidadezinha: o nome original dessa história é O Garoto de Olhos Azuis. Legal né? Não? Okay.
Enfim, não sei quando vou trazer o epílogo, mas não acho que vai demorar.
~Kisses!