Roda do Tempo escrita por Seto Scorpyos


Capítulo 6
Capítulo 6




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Harry entrou em sua sala e Hilda lhe passou os recados. O auror os olhou e então, sorriu de leve.

— Recuse os convites e chame a equipe, está bem?

Quando ele entrou na sala, parou. Inúmeros presentes estavam cuidadosamente sobre as mesas e alguns, no chão.

— Vieram depois que sobreviveu mais uma vez, senhor. – ela explicou, parada atrás dele – Arkyn e Janus testaram todos para magias e armadilhas, por isso tem alguns abertos.

— Tudo bem, guarde todos em uma caixa e deixe juntos os cartões. Depois eu vejo – orientou, dando a volta cuidadosamente – Ah! E veja para mim o que preciso para fazer o teste para mendibruxo.

A secretária o encarou, espantada e ele encolheu os ombros – Não sei bem porque preciso de um pedaço de papel para ajudar alguém, mas parece que se tiver um, vai ser melhor.

Hilda concordou e juntou todos os presentes com a varinha e os guardou, enfeitiçando a caixa. Deixou-a no bolso do casaco dele e saiu, deixando uma porta aberta.

— Como assim ele não respondeu a nenhuma pergunta? – o mago encarou a equipe, a testa franzida – Lucius Malfoy era claramente o alvo naquele ataque!

— Ele veio quando convocamos, mas entrou já com o ministro do lado e disse que não sabia quem nos atacou e não fazia idéia do que aconteceu. – Tek suspirou – Não permitiu que investigássemos a casa ou o escritório que usa agora e no fim, o ministro garantiu que você ia fazer pessoalmente a segurança dele até que tudo seja esclarecido.

Harry estreitou os olhos – Não sou um guarda costas, ainda mais de um Malfoy.

O tom raivoso surpreendeu os outros aurores.

— Argumentei isso, mas o ministro disse que o Malfoy é uma pessoa importante e blá blá blá... Arkyn estava inconformado, mas antes que dissesse mais alguma coisa, a porta se abriu e próprio ministro entrou. Kingsley Shacklebolt estava velho e encurvado, mas ainda inspirava respeito. Harry e os outros se levantaram.

— Ministro... – o auror deu a volta e cumprimentou o homem, sem sorrir.

O ministro recebeu os cumprimentos e os outros aurores saíram da sala, deixando os dois sozinhos.

— Vejo que seus amigos já contaram a novidade. – o mais velho constatou, sentando-se pesadamente.

— Não vou fazer isso, ministro. – Harry afirmou, decidido.

O outro o encarou atentamente.

— Sei que considera Lucius Malfoy uma peça solta e eu também acho. Acho que devia pagar pelo que fez durante as duas guerras, mas não temos provas cabais para prendê-lo e muitos dos altos escalões o protegem. Sabe disso, Harry. – a voz saiu cansada – Discuti com o Conselho por horas, mas não consegui convencê-los a não determinar isso.

— Eu não vou fazer.

Kingsley fechou os olhos e suspirou. – Você é o chefe dos aurores e empregado do ministério. Infelizmente, Harry, não tem escolha.

— Tenho sim. – o mago se sentou – Tenho um documento assinado pelo ministro e pelo conselho me garantindo o emprego por três meses depois que eu voltasse da licença compulsória. Ou antes, se eu quisesse.

O ministro arregalou os olhos, espantado. – Mas certamente não vai usar...

— Me deram isso porque queriam se livrar de mim. – o mago ignorou a interrupção – E tudo conspirou para isso mesmo. Eu pensei em sequer voltar, mas não queria deixar o departamento bagunçado para o próximo, então vim. – ergueu a mão ao ver o outro se preparar para falar – Enfrentei a terceira avada kedrava por puro instinto de auror e posso afirmar, quando o sangue esfriou, que me embrulhou o estômago quando percebi que podia ter dado a minha vida em troca da de Lucius Malfoy.

O tom de Harry mudou até a raiva contida. Kinsgley se ajeitou na cadeira e encarou o auror.

— Harry, sei que isso é... eu não sei... mas seu poderes estão em um nível que... – parou, sem saber como continuar.

— Encontrei um amigo durante a licença que me mostrou o valor da vida e o que eu poderia perder se perdesse a luta contra mim mesmo. Me esforcei mais do que qualquer um para sair do buraco onde estava e consegui, mas não para morrer por alguém daquela família. – Harry se levantou e encarou o mais velho de cima – Soube que ele sequer quis responder as perguntas e não autorizou uma investigação. Está mesmo me dando a ordem de morrer por algo que ele fez e não quer contar?

— Ele disse que pode ajudar, mas só depois de garantirmos a segurança dele e da família – Kingsley se levantou – Se você não for e usar aquele documento, mandaremos alguém da sua equipe, que pode morrer por estar menos preparado.

— Duvido que eles passem na frente de um avada kedrava como eu fiz. – o mago rebateu, calmo – Eles vão garantir que ele viva, mas não vão dar a vida pela dele. Como eu venho dizendo, o único herói idiota por aqui sou eu.

— Um auror protege os inocentes. – o ministro soou seco.

— Lucius Malfoy não é inocente. Ele sabe de algo sobre o ataque, mas não vai dizer porque provavelmente, tem a ver com Voldemort e todo o resto. – Harry recuou e deu a volta na mesa – E o dever de um auror é combater as artes das trevas e proteger os inocentes dela. Não somos guarda costas pessoais de amigos do governo, mas se quer um da minha equipe, tudo bem. Todos são igualmente capazes e muito mais espertos que eu.

Kingsley suspirou e encarou o auror.

— Se ele der informações, você vai considerar?

— Não.

— Harry... você não pode simplesmente se recusar desse jeito. – o homem abriu os braços, balançando a cabeça – Você é o chefe dos aurores!

— Ainda bem que percebeu. Fiquei me perguntando se notou que eu sempre dou um jeito de cortar as cordas.

A resposta afiada fez o ministro empalidecer. Harry sustentou o olhar dele por alguns minutos até que o outro capitulou.

— Está bem, Harry. Entendi. Você não é um marionete.... – respirou fundo e passou a mão no cabelo – Entendi. Vou comunicar ao conselho que Malfoy terá proteção, mas não a sua pessoalmente. – olhou para o homem, inclinando levemente a cabeça – Mas vai terminar esse caso, não é? Independente do prazo de leve?

— Vou fazer o possível para encerrar a investigação dentro do prazo que vocês mesmos me deram. – o mago respondeu, frio – Se não, qualquer um dessa sala vai ser capaz de fazê-lo. Não pretendo deixar nada sigiloso.

O homem ainda encarou o auror por mais alguns minutos e então, balançou a cabeça e saiu. Harry respirou fundo e abriu e fechou as mãos, tenso. Depois de alguns minutos a porta reabriu e os aurores entraram de novo. Antes que perguntassem, o mago contou sobre a conversa enquanto se sentavam.

— Cara! Isso ainda vai dar problema. – Tek comentou, para ninguém.

— Vai mesmo deixar tudo quando seu prazo acabar? – Arkyn perguntou, curioso.

— Vou. Tenho muito mais coisas para ver e fazer, e não posso ficar preso como estou. – Harry encolheu os ombros – Mas como eu disse, vou deixar a investigação totalmente aberta para qualquer um que assumir depois de mim, se até lá não conseguir.


*****

Assim que Harry aparatou no jardim de casa, uma coruja planou e deixou cair um pequeno envelope a seus pés. O mago a observou ir embora e então, se abaixou. O envelope estava vazio, mas sabia o que significava: era o antigo jeito de Draco Malfoy dizer que queria vê-lo.

O auror ergueu o corpo e caminhando lentamente, entrou em casa. Deixou o envelope sobre a mesa e usando cada grama de força de vontade, se forçou a tomar banho calmamente, se vestir e arrumar algo para comer. Sabia que o envelope se queimaria depois de algum tempo e quando ouviu o barulho característico, ergueu os olhos do prato para ver as cinzas desaparecem.

— Sem deixar rastros... como você vivia dizendo... – murmurou, voltando os olhos para o molho de carne.

Depois de alguns minutos, desistiu de comer e se levantou. Deu algumas voltas e sentiu o coração acelerar cada vez mais, as mãos começarem a suar. Encarou-as, irritado.

— Você jura que depois de tudo, está realmente louco para ir lá? Para ser fodido como um maldito brinquedo? – a voz se ergueu a gritos – No mesmo apartamento sujo e escondido onde o pai também leva suas amantes? Sério mesmo, Potter idiota?!?!

Irado e magoado, Harry ergueu o candelabro da mesa e jogou-o do outro lado da sala. Pálido e arfando, passou a mão pelos olhos e segurou uma mecha de cabelo.

— Não, Harry. Chega disso! – balançou a cabeça, fazendo força para não chorar – Chega de ser usado e largado... isso não é vida e depois de tudo... mereço coisas melhores...

Sem parar para pensar, o auror pegou a firebolt e saiu quase correndo pela porta dos fundos. Subiu acima das nuvens e acelerou até sentir as gotas de água das nuvens no rosto. As lentes dos óculos ficaram embaçadas e no fim, estava chorando.

O vôo, quase cego e vertiginoso, durou até que os braços do auror doeram de frio e tensão. Mais calmo, Harry foi diminuindo a velocidade até parar em uma montanha de neve. Olhou em volta, pisando a neve macia.

— Onde será que estou? – perguntou-se, a voz rouca.

Andou um pouco e viu o oceano logo abaixo da montanha. A lua estava no máximo no céu e o brilho prateado deixou o cenário irreal. O auror se sentou e atravessou a vassoura no colo, respirando fundo e limpando o rosto.

O turbilhão de emoções deu lugar a uma tristeza resignada. O mago ainda ficou por ali até sentir o corpo meio duro por causa do frio e da falta de movimento e então, levantou-se pesadamente e subiu na vassoura.

A volta para casa coincidiu com a primeira claridade da manhã e Harry sorriu quando finalmente pousou em casa, sendo recebido pelo silêncio e pela calma.

— Eu mereço isso. Ninguém mais pode achar, mas eu sei que mereço. – murmurou, entrando em casa.


****

Hilda entrou na sala e Harry ergueu a cabeça, franzindo a testa quando a viu hesitante com o jornal na mão.

— Manchete de novo? – ele perguntou, um pouco surpreso.

— Não vai gostar. – ela respondeu, deixando o jornal aberto sobre a mesa, de frente a ele.

“CASA DE HARRY POTTER DESCOBERTA”

O auror arregalou os olhos ao ver fotos da sua casa, tanto por fora quanto por dentro. Pegou o jornal e leu a matéria.

— Como eles descobriram? – perguntou-se, furioso.

A secretária balançou a cabeça, também irritada.

— No último parágrafo. – orientou, baixo.

Ela viu o rosto dele se cobrir com uma máscara de raiva contida.

— Como ela pôde? – a voz dele saiu glacial – Como ousou me expor?

Remus encarou o jornal com os olhos arregalados e depois de ler a matéria, levantou-se e atravessou a sala, jogando-o sobre o colo do companheiro, que o olhou abismado.

— Isso é o que Gina faz quando a colocamos perto de Harry. – o professor cuspiu, irado – Espero que não aconteça nada, Sirius. Espero mesmo!

Depois de ler a matéria, o outro o colocou de lado e encarou o companheiro, andando de um lado para outro.

— Acha que é verdade? Que ela...

Parou, fulminado pelo olhar gelado de Remus.

— É claro que foi ela! Eu bem que disse que levar os garotos lá não era boa idéia, mas você e ela ficaram falando na minha cabeça... eu devia ter notado que ela nunca quis os filhos com o pai, antes. – a raiva deixou o rosto do lobisomem vermelho – Ela queria espionar, queria saber sobre ele e olha só... contou ao jornal onde ele mora... agora, todos sabem!

— Talvez não seja tão ruim assim. – Sirius murmurou, incerto.

Remus o encarou e sorriu, irônico.

— Dúzias de inimigos que sabem exatamente onde ele mora... é... pode ser que não seja tão ruim assim...

Sem esperar resposta, o professor deixou a sala. Sirius se levantou e andou um pouco pela sala, pensativo.

— Porque fez isso, Gina?


XXXXXXXX

Draco Malfoy olhou as fotos da casa de Harry com interesse. O único quarto, as roupas penduradas...

— Mais livros que eu podia imaginar... – murmurou, pensativo.

— Acha que ela fez isso de propósito?

A pergunta o fez erguer a cabeça, encontrando o filho parado ao lado da mesa.

— Claro que sim. É uma mulher desprezada, no fim, e mulheres assim são capazes de tudo.

— Ele deve ter um sistema de segurança muito fraco. – Scorpius respondeu, olhando a foto – Pensei que a casa dele devia ser uma fortaleza.

Malfoy se recostou e olhou o filho. – No que posso te ajudar?

O jovem deu a volta na mesa e sentou-se, olhando o pai com cautela.

— Não quero trabalhar nas empresas nem ser treinado pelo senhor Anton, e muito menos, me casar. – apesar da palidez e da hesitação clara, manteve os olhos no pai – Quero trabalhar no ministério...

Diante do olhar fixo do pai, acabou finalmente desviando o seu.

— Em qual departamento?

A pergunta o pegou de surpresa, mas respirou fundo e se mexeu na cadeira.

— Quero trabalhar com os artefatos mágicos... artefatos e magia antiga... – o jovem parou, encabulado.

Draco respirou fundo e juntou as pontas dos dedos, encarando o filho.

— Sabe que como um Malfoy, não pode se afastar do seu dever.

— Mas eu posso ser um Malfoy e orgulhar a família! – o rapaz respondeu, inclinando-se para frente – Posso me destacar e fazer muitas outras coisas! Eu não preciso me casar e me enterrar em alguma propriedade da família! Eu posso ser mais!

O loiro ficou em silêncio por alguns minutos, observando o filho e então, balançou levemente a cabeça.

— Engraçado...

Scorpius se mexeu, inquieto – O que é engraçado? Meus sonhos são engraçados para você?

— É engraçado você me dizer isso, depois de ter me dito algo totalmente diferente, há alguns meses. – diante do olhar espantado sorriu, frio – Você disse que eu, como um Malfoy de respeito e prestígio, não podia nem pensar em viver um romance com outro homem e envergonhar a família.

O jovem franziu a testa.

— Isto é totalmente diferente! – rebateu, incomodado.

— Eu estava pensando seriamente em me afastar das minhas responsabilidades de Malfoy e começar a viver. A fazer outras coisas e quem sabe... me destacar e ser mais. – Scorpius empalideceu diante do olhar fixo do pai – Mas você me disse que eu sou um Malfoy e que tenho deveres, acima de qualquer outra coisa ou sonho bobo que eu pudesse ter.

O jovem desviou o olhar e Draco balançou a cabeça, ainda sorrindo friamente.

— Você me disse que eu não podia realmente querer ficar com outro homem, se isso fizesse a família pagar. Me disse que era vergonhoso e sujo! – a voz do loiro saiu glacial – Me disse para tomar vergonha na cara e ser o Malfoy que a família precisava que eu fosse.

— Pai, isso é totalmente...

— Diferente, eu sei. – Draco inclinou a cabeça, sem deixar o olhar se afastar do filho – Mas veja, eu queria algo e você me disse que eu não podia ter por causa do dever Malfoy. Não argumentou sobre sentimentos nem sequer o fato de eu amar ou não sua mãe. Usou a família, os deveres da família para me lembrar de quem eu sou e o que não devia fazer.

Scorpius se remexeu na cadeira, pálido e sem jeito.

— Eu não quis... – parou, sem saber o que dizer – Vocês são casados, por Merlim! Não podia querer terminar um casamento por causa de algo totalmente fora do normal! Relacionamento entre homens, por favor!

O sorriso de Draco se abriu mais, apesar de continuar gelado.

— Não foi o que disse a seu tio, quando nos visitou com o companheiro ano passado.

O jovem engoliu seco e encarou o pai, que devolveu o olhar.

— Seu problema não foi um relacionamento entre homens, Scorpius. Seu problema sou eu. – baixou os braços e pegou o jornal, finalmente tirando os olhos do filho – Mas não espere que eu dê a você o benefício que me negou.

— Você não pode querer determinar meu futuro... são meus sonhos, pai! – o jovem se levantou de um ímpeto.

— Não sou eu que determino seu futuro, Scorpius, é seu sobrenome. – Draco voltou a olhar o filho, a expressão dura e seca – Você é um Malfoy e fará o que se espera de um, queira ou não.

A porta se abriu e Lucius entrou, olhando pai e filho com uma sobrancelha erguida.

— Interrompo? – perguntou, a voz fria.

— Eu não vou me casar e me enterrar no fim do mundo por essa família! Vocês não valem isso! – Scorpius gritou, descontrolado – Não um avô criminoso e um pai invertido e degenerado!

O jovem avançou para a porta e Lucius simplesmente o parou com uma bofetada, desequilibrando-o. Diante do olhar espantado, encarou o neto friamente.

— Todos os Malfoy devem fazer o que for necessário para o bem da família, Scorpius. – a voz do avô fez o rapaz se encolher – A não ser que queira ser deserdado e desterrado.

Scorpius se reequilibrou e respirou fundo, olhando para trás. Draco se levantara da cadeira, mas fora isso, não havia nada na expressão do pai que denunciou estar minimamente afetado pela cena.

— Você nunca ergueu a mão para mim... vai permitir que... – parou, o olhar faiscando.

— Seu descontrole foi lamentável. – o loiro respondeu, seco, sentando-se de novo.

O jovem andou lentamente para a porta e parou de frente para o avô. Havia desprezo e frieza nos olhos azuis, o que o fez tremer levemente.

— Você não é especial, Scorpius, apenas um membro de uma família antiga e importante. – Lucius deu um passo para o lado e quando o neto passou, acrescentou – Não espere regalias que nenhum de nós teve.

Draco observou o filho sair da sala e balançou levemente a cabeça. Lucius fechou a porta e atravessou a sala, sentando-se na mesma cadeira.

— Potter se recusou a fazer nossa segurança. – começou, sem preâmbulos – Conseguiu contato com ele?

O loiro encarou o pai, erguendo uma sobrancelha – Contato com Harry Potter?

O mais velho respirou fundo, apoiando-se na bengala com castão de ouro.

— Devo deduzir que não tentou contato com ele desde que voltou? – perguntou, seco.

— E deveria? – Draco rebateu, sustentando o olhar gelado do pai.

— Agora é de valia que o tivesse feito. – o outro respondeu, levantando-se e se dirigindo para o pequeno bar.

Draco franziu a testa ao ver o pai preparar uma dose generosa de uísque àquela hora da manhã, mas não disse nada.

— Ele se recusou a ser nosso guarda costas e o ministério mandará outro auror. – Lucius virou o copo, bebendo mais da metade do líquido âmbar – Eu não estou satisfeito com isso.

— Não posso forçá-lo a nada, sabe disso. – o loiro respondeu, neutro.

— Pode simplesmente trazê-lo de volta. – o outro voltou e se sentou, encarando o copo – Temos que colocar a segurança da família em primeiro lugar, e por menos que queira admitir, ele é um bruxo poderoso... – a voz soou distante – Temos que ter Potter a nosso lado.

— A resposta dele para a intimação do ministério é clara, meu pai. – Draco ignorou o sentimento estranho – Não acho que qualquer iniciativa minha será bem vinda, depois de tudo.

— Eu me encontrei com ele, depois que partiu.

A declaração fez Draco estreitar os olhos, mas antes que dissesse qualquer coisa, Lucius continuou, ainda sem olhar para ele.

— Ele foi para o apartamento, certamente atrás de você. Eu disse que também dividia o lugar, levando minhas amantes para lá. Cheguei a usar a palavra nefasta “matadouro”. – deu um sorriso irônico e bebeu mais um gole – Ofensivo, não? Sempre mantive um olho sobre vocês, o tempo todo. – explicou, baixando o copo – Soube do caso no minuto que começou. – hesitou e finalmente ergueu os olhos e encarou o filho - Eu não queria que ele fosse atrás de você. Na verdade, notei sua relutância em partir e sabia que existia uma possibilidade, remota, mas ainda assim preocupante, de você deixar tudo e ir atrás dele. Eu não podia deixar que acontecesse.

Draco não encontrou nada para dizer, mas os olhos azuis se tornaram glaciais e a expressão de seu rosto endureceu.

— A família Malfoy acima de tudo, não é? – o mais velho perguntou, tomando o resto da bebida de um gole – E agora enfrentamos uma ameaça real e muito, muito insidiosa.

— Quem é ele?

A voz do loiro pareceu vir de um túnel.

— Ninguém importante. – Lucius se levantou, apoiando-se pesadamente na bengala – Deve tentar contato com Potter e convencê-lo a nos proteger. – parando perto da porta, virou-se e encarou o filho – Use todos os meios necessários e caso precise, posso mandar Astoria com sua mãe para uma pequena viagem.

Draco ficou encarando a porta muito tempo depois de Lucius ter saído.

— Eu não acredito que ele está me mandando retomar o caso com Potter só para que ele nos proteja... – murmurou, chocado – Isso é... por Merlim!

Espantado, passou a mão pelo cabelo e se levantou, incapaz de ficar parado. Andou pela sala por alguns minutos e então, encarou a pequena mesinha do outro lado da porta. Havia uma pilha de pequenos envelopes brancos.


++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

 

— Podemos reforçar o lugar, disfarçar... – Tek disse, olhando a casa e em volta.

— Mas tem os vizinhos e agora... – Andreas parou, fulminando um grupo de pessoas que tirava fotos da casa e dos aurores.

Harry segurou uma mecha de cabelo, desanimado.

— Vou ter que me mudar. – constatou, sombrio – Não posso...

Antes que terminasse a frase, um som o fez olhar para cima. Cinco bruxos usando mantos escuros estavam pairando sobre a casa, em vassouras. Arkyn puxou a varinha, mas não deu tempo. Feitiços lançados pelos bruxos explodiram no chão, destruindo a fonte e fazendo o grupo de pessoas se espalharem, correndo e gritando. Tek puxou a varinha e Andreas correu para o lado, protegendo-se.

Harry e Janus até tentaram um escudo, mas não deu tempo. Uma enorme bola de magia caiu e explodiu, lançando os dois aurores pelo ar e destruindo a casa completamente. A onda de choque jogou Andreas para o lado, rolando-o como uma bola.

Tek foi jogado nas árvores, batendo violentamente contra uma, antes de cair pesadamente.

Harry tentou se mexer, mas não conseguiu. A visão estava tapada por algo em seu rosto e ele tentou limpar com movimentos erráticos. De longe, ouviu gritos e choro, mas não conseguiu levantar a cabeça.

Desmaiou.


****

Luna saiu do quarto do amigo quando ouviu gritos. Um pouco além da porta do quarto, os olhos azuis escureceram ao ver Gina gritando com dois aurores, tentando passar. Hermione e Rony estavam atrás dela e a morena tentava acalmá-la, sem sucesso.

— EU SOU A ESPOSA DELE E EXIJO...

A loira não se conteve e em segundos, estava ao lado do auror intimidado.

— Correção, você é a ex esposa dele, para o pior que isso podia ser e se não parar de gritar como a louca que é, por Merlim, enfeitiço você.

Havia tanta raiva contida na voz de Luna que Gina parou e engoliu seco. Rony se aproximou.

— Luna, quem você pensa que é? – perguntou, o rosto vermelho de raiva.

— Sou uma amiga melhor que você. – ela rebateu, os olhos lançando chispas.

— Eu só queria vê-lo... eu estou preocupada e as crianças... – Gina retorceu as mãos, os olhos chorosos.

— Isso tudo é culpa? – a loira perguntou, impiedosa.

Gina olhou em volta nervosamente e notou que havia enfermeiras e outros aurores, que a encararam de volta com clara hostilidade.

— Eu não tenho culpa... eu não sabia... – começou, ameaçando chorar.

— Você não sabia que se desse o endereço de Harry, inimigos podiam atacá-lo? – a ironia de Luna fez Gina se encolher – Não... você pensou que com Voldemort morto não havia mais inimigos? Sério?

— Ela fez uma coisa sem pensar, Luna. – Hermione interrompeu, incomodada – E Harry também tem culpa. Se ele não a tivesse afastado...

— Ela não teria se vingado como uma mulher desprezada cheia de ódio, amarga e invejosa. – a loira completou, cruzando os braços.

Gina empalideceu e Rony avançou, tirando a varinha do bolso. Assim que ergueu o braço para lançar o feitiço, Arkyn empurrou o braço dele para cima e o desarmou.

— Isso é covarde, até mesmo para você, Weasley. – disse, empurrando o ruivo para trás – E só para constar, Luna está certa.

— Senhor... como é mesmo seu nome? – Hermione passou à frente, decidia.

— Arkyn.

Ela molhou os lábios, desconcertada diante da visível hostilidade do auror.

— Senhor Arkyn, somos amigos do Harry e Gina é a esposa... – a sobrancelha dele se ergueu e ela limpou a garganta – Ex esposa. Não importa. Tem o direito de vê-lo.

— Não o visitaram antes, porque agora? – ele rebateu, encarando-a.

— Não precisamos explicar para você, é assunto de família. – a morena respondeu, recuperando um pouco da arrogância de antes.

— Tudo bem. – Arkyn respondeu e ela tentou passar, mas ele deu um passo para o lado, impedindo – Assim que ele acordar, comer e ser medicado, e souber o que a ex esposa dele provocou, então sim, falarei que vocês vieram e querem vê-lo. Se ele concordar, tudo bem.

 - Estamos aqui agora. – Hermione afirmou, a expressão fechada.

— Estou vendo. Na verdade, está todo mundo vendo vocês aqui, agora.

A frase fez a morena empalidecer e perder um pouco a segurança. Rony se colocou ao lado dela.

— Somos a família dele. – afirmou, irritado.

— Foram, não são mais. – Arkyn rebateu, calmo.

— O que está acontecendo?

Ao ouvir Remus, Gina se virou e lançou-se em seus braços, chorando desesperadamente. Hermione piscou, surpresa e Sirius franziu a testa.

— Mas o que... – o professor teve dificuldade em fazer a bruxa se afastar.

— Eles não querem me deixar vê-lo – ela disse, a voz esganiçada pelo choro descontrolado – Eu preciso ver meu marido!

Sirius se aproximou do auror, a expressão carregada. Arkyn não se mexeu e outros aurores cercaram o grupo. Remus sentiu o clima mudar e separou Gina bruscamente de si.

— Pessoal, por favor! Isso é um hospital! – disse, largando a chorosa nos braços de Hermione, que arregalou os olhos – Por favor!

— Não vou deixar ninguém entrar por agora. – Arkyn falou, calmo.

— Ela estava lá dentro! Eu a vi sair! – Gina apontou o dedo para Luna, que a olhou e balançou a cabeça.

— Se ela pode entrar... então nós também. – Sirius afirmou, dando mais um passo.

— O senhor não vai passar. Nenhum de vocês vai. – Arkyn acrescentou – Bem, talvez o senhor Lupin e só ele. Parece o mais controlado do grupo e sei que não vai piorar a situação de Harry.

— Por que ele? Eu sou a esposa e... – Gina se desvencilhou de Hermione e se aproximou, o rosto vermelho.

— Você é a causa dele quase ter morrido. – Arkyn respondeu, gelado – Por causa do que fez, Harry está lá dentro queimado e delirando. Isso sem falar em Janus, que está morto, em Andreas, que perdeu um braço e Tek, que está imobilizado do pescoço para baixo.

Gina se encolheu visivelmente e Hermione empalideceu mais, retorcendo as mãos nervosamente. Lupin se adiantou, preocupado.

— Por Merlim! Eu sinto muito... – falou, agoniado – Harry não recobrou a consciência?

— Ele ainda estava sofrendo os efeitos da imperdoável da semana passada. Não teve a menor chance de reagir. – o auror explicou, mais calmo.

— Mais alguma perda? – o professor perguntou, baixinho.

— Não. O grupo de curiosos que estava cercando a casa se espalhou na hora do ataque e para sorte deles, o alvo era Harry. Atacaram a ele e destruíram a casa no processo. – Arkyn tossiu de leve e Luna o apoiou.

— Devia estar na cama. – a loira disse, baixinho.

— Estou bem. – o auror afirmou, respirando fundo – Não ficaria tranqüilo se não estivesse aqui.

Remus se virou e passou os olhos pelo grupo.

— Gina, acho que devia ir embora com Hermione e Rony. Vou entrar um pouco e ver o estado de Harry e depois conto a vocês. – calou o companheiro com um olhar fulminante – Ficarei aqui até ele acordar.

— Mas as crianças... eu disse que... – Gina parou, olhando-os agitada.

— Diga a eles que o pai está no hospital e que darei notícias. – Remus acrescentou, sério – Tente se controlar, Gina.

— Eu não queria que nada disso tivesse acontecido. – a bruxa comentou, baixo – Nunca pensei que...

— Agora não adianta nada ficar pensando no que queria que acontecesse e sim, no que aconteceu. – o professor soou frio – Ficar gritando e exigindo o que não tem direito não resolve nada.

A mulher o encarou com os olhos arregalados e ele devolveu friamente.

— Você não tem direito nenhum sobre seu ex marido, Gina. E é a culpada pelo que aconteceu aqui e por todas essas perdas. Em vez de ficar exigindo estar ao lado de Harry, devia pensar em como ele vai reagir ao saber de tudo isso.

Sem esperar resposta, Remus passou pelo auror com um cumprimento e com delicadeza, pegou o braço de Luna e a fez o acompanhar.


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