— Como você pôde fazer isso conosco, Emily? — A mãe de Emily, sra. Fields, gritou, olhando desapontada para a filha, que estava sentada no chão, num canto da cozinha. — Nós sempre cuidamos tão bem de você! E é assim que você retribui?

Logo após Emily ter recebido a mensagem e as fotos do sr. Fields atrás de alguns arbustos observando ela e Maya se beijando, ela desceu as escadas silenciosamente e observou os pais. Sua mãe estava com as mãos na cabeça, chorando baixinho, enquanto que Wayne apenas dizia que ser homossexual não era uma escolha, até que ela começou a estapeá-lo, dizendo que jamais pensaria que Emily seria “isso, aquilo”. Agh.

Quando os dois pararam de brigar e viram Emily na escada, abaixaram a cabeça, mas a sra. Fields foi até ela e a puxou pelo braço, numa tentativa estúpida de agredi-la, mas ela foi interrompida quando o sr. Fields puxou a esposa para longe.

— Pamela, nós não podemos mudar isso nela! — Wayne gritou com uma voz já rouca. — Ela é quem ela é!

— Eu não quero saber, Wayne — a sra. Fields começou a chorar novamente, agora encostada no balcão na cozinha. — Preciso dormir, amanhã conversamos. — Ela subiu as escadas lenta e silenciosamente, sem nem mesmo olhar para trás.

Emily se sentia um lixo. Tudo aquilo que a mãe disse, quase intitulando-a como uma aberração... foi a pior coisa que ela ouviu em toda sua vida. Mas ela sabia que a mãe estava errada, ela sabia que tudo aquilo que estava acontecendo era momentâneo, nada poderia mudá-lo, a não ser o tempo.

***

No dia seguinte, Rosewood High estava mais conturbada do que nunca. Os alunos não paravam de comentar que “a vadia estava de volta”. As garotas temiam que Alison DiLaurentis retornasse para tomar de voltar o trono, e os garotos adoravam a ideia da linda garota loira de volta, só para eles olharem. Os professores, no entanto, já se preparavam para a turbulência que seria aquela semana.

Spencer Hastings parou seu carro no estacionamento da escola e desceu do veículo com náuseas. Retornar à rotina estudantil não é nada fácil, ainda mais com Alison de volta. Ela parou e se lembrou da noite passada, quando ela e a outras se reuniram para ver Alison, logo após ela ter retornado de Connecticut.

— O que você estava fazendo por lá? — Spencer perguntou, olhando Alison nos olhos.

— Eu estava, e ainda estou, um pouco atordoada — Alison respondeu, observando as outras garotas. Mona também estava lá, vestida em um suéter de caxemira e uma calça jeans. — Oi, Mona.

— Olá, Alison.

Hanna pestanejou, Emily lambeu os lábios e Aria respirou fundo. Nenhuma das garotas estava acostumada com a presença de Ali. Foram anos sem ela, pensando pelo o quê ela estava passando, e, agora, ela está aqui, viva da silva. Mas o mistério ainda continua. Ninguém sabe quem levou Ali e quem a manteve presa durante esse tempo todo.

A rua de Ali estava infestada de repórteres e curiosos novamente. As amigas estavam reunidas no quintal, sentadas em cadeiras de plástico elegantes.

— Nós agora somos seis — Ali sorriu, observando Mona.

— Isso mesmo — Aria sorriu também, olhando para as outras garotas, que também pareciam felizes. Todas sempre pensaram que a entrada de Mona para o grupo seria improvável. Mas, agora, mais do que nunca, elas sentem que Mona sempre foi parte daquilo. E Ali estava sendo tão agradável com ela, também. Ela jamais fora tão agradável com ela. — Eu não sei vocês, meninas, mas eu tenho que ir agora. Preciso arrumar minhas coisas para amanhã.

— Todas nós retornaremos amanhã? — Spencer questionou, segurando a mão de Hanna.

— Sim, todas — Ali indagou, olhando para todas. Mona também sorriu. — Bem, garotas, eu tenho que entrar agora. Tenho bilhões de coisas para fazer para me ajustar novamente em Rosewood.

Todas as meninas caminharam até seus carros, exceto Spencer. Ali não percebeu que ela continuava parada ali perto e começou a caminhar de volta para dentro da casa, mas foi interrompida.

— Spence! Que susto! — Ali gargalhou alto e Spencer pôs o braço em frente a ela, bloqueando a passagem. — O que foi?

— Quando você vai nos contar o que aconteceu lá?

Ali respirou fundo e abaixou a cabeça, cruzando os braços.

— Spence, isso ainda é difícil para mim. Mas, quando eu estiver pronta, eu vou contar. Deixarei vocês a par de tudo o que aconteceu.

Spencer tirou o braço e pegou seu BlackBerry do bolso, logo após exibindo a imagem que recebera mais cedo de A. Ela mostrou a tela do celular para Ali.

— Você reconhece essa foto? — Spencer perguntou, parecendo brava.

— Não, mas essa aí é a Melissa.

— Disso eu sei. E esse vulto, você reconhece?

Ali olhou novamente para a imagem. Ela apertou os olhos, mas não lembrava de nada.

— Olha, Spence, eu não sei o que você está tentando fazer, mas eu não tenho nada a ver com isso.

Spencer fungou e sorriu, jogando seus cabelos volumosos para trás.

— Essa imagem foi enviada por A. Você sabe quem é A?

Ali parecia assustada. Ela recuou e jogou a cabeça para o lado, confusa.

— A? Essa pessoa também está mandando mensagens para vocês?

— A mandava mensagens para você, também? — Spencer gaguejou, pondo o BlackBerry de volta no bolso.

— Sim, logo após nós termos iniciado nosso grupo — Ali respondeu, segurando o corpo com o braço. — Spence, é sério, eu preciso ir, amanhã conversamos.

— Ok, tudo bem, tudo bem — Spencer sorriu e olhou para longe, para sua casa, lembrando que seus pais e sua irmã estavam com ódio pelo o que ela fez. — Está ficando tarde, de qualquer jeito.

Spencer saiu de seus devaneios e observou Aria e Emily caminhando de mãos dadas. Ela correu até elas e se juntou.

— Meninas, hoje o dia será longo — ela disse, meio sorrindo. — Vocês já sabem, não é?

— É, eu sei — Emily respondeu com afinco.

Quando as três chegaram na calçada da escola, perceberam Ali, Mona e Hanna chegando. Elas se reuniram e comentaram sobre as aulas e tudo mais. As pessoas da escola as observaram a cada nanosegundo, mas elas não se importavam mais. Nada mais importava, nem mesmo para Ali, surpreendentemente.

***

Mais tarde, Aria entrou na sala do sr. Fitz. Ele estava acompanhado de uma xícara de café e um exemplar de O sol é para todos de Harper Lee. Quando ele percebeu a presença dela, um sorriso incrivelmente bonito e, ao mesmo tempo, sedutor, brotou em seus lábios. Aria, sentindo-se feliz, sorriu para ele de volta.

— Eu preciso que você corrija uma redação, sr. Fitz — disse Aria, sorrindo maliciosamente.

— Que tipo de redação, srta. Montgomery?

— Essa — Aria respondeu e pulou no colo dele, beijando-o logo em seguida. Ezra também a beijou, segurando-a pelas costas. Seus corpos estavam juntos, novamente; e um calor absurdo tomava conta do lugar. Eles continuaram com o beijo, até que tiveram que se separar. — Eu adorei as flores, Ezra.

— Que bom que gostou — ele respondeu, beijando a bochecha dela. — Você sabe que é perigoso nos beijarmos aqui, não é? — Ela concordou. — Quer passar no meu apartamento mais tarde?

Um brilho se formou nos olhos de Aria, uma sensação explosiva tomou conta de seu corpo.

— É claro que sim, só me passe o endereço — Aria respondeu e, mais uma vez, eles se beijaram.

Logo após, Aria saiu do colo dele e caminhou de volta até a porta.

— Obrigado pela ajuda, sr. Fitz.

***

Enquanto isso, no Shopping King James, três garotas com roupas modernas, cabelos alinhados e corpos magérrimos caminhavam pelos corredores imensos do lugar. Mona, Hanna e Alison haviam escolhido as melhores roupas para a terapia em trio, e tinham bastante recurso para comprar novas roupas na Steam, ou na Tiffany, ou até mesmo na Blockbuster, uma loja recém-chegada. Mona estava sentindo algo incrível no peito, a emoção de ter novas amigas, uma vida nova. Hanna estava ainda mais feliz, comprando roupas com Mona e Ali.

— Meninas, eu estava pensando em passar em algum McDonald’s — Ali indagou, ainda as segurando pelas mãos. — Que tal?

— É claro, Ali — Mona respondeu, segurando suas sacolas com a logo da Tiffany. — Vamos logo após comprarmos algo na Blockbuster.

— Isso aí — Hanna comentou. Ela sorriu e percebeu Sean Ackard, Noel Kahn, Mason Byers e Mike Montgomery sentados em um dos bancos do shopping. Eles conversavam sobre algo excepcionalmente engraçado.

— Olha só — zombou Mona, apontando para os garotos com o queixo.

— Você ainda tem uma quedinha pelo Sean, Hanna? — Ali perguntou solenemente.

— Não, Ali, por favor — Hanna respondeu, sorrindo.

Um segundo depois, Naomi Ziegler e Riley Wolfe chegaram perto dos garotos e começaram a se exibir. Argh.

— Essas garotas nunca entendem que elas não podem ser ninguém — Mona queixou-se.

— Eu nem entendo como eu era amiga delas — Ali concordou. — Naquela época, eu precisava de amigas de verdade, sabem?

Mona e Hanna concordaram. As três sentaram num banco, também.

— Mas Naomi e Riley só queriam saber de serem umas vadias — Ali completou. — Mas agora eu tenho vocês!

As três sorriram e começaram a digitar em seus celulares. De repente, um som estranho foi ouvido pelas garotas, algo que vinha de fora do shopping. Elas se entreolharam e correram até a varanda, que estava próxima. Quando elas chegaram, um vulto com casaco roxo rapidamente se escondeu entre os arbustos e sumiu logo em seguida. Ali olhou em volta, não havia ninguém na varanda seguinte, nem na anterior e muito menos no andar inferior, onde o vulto se encontrava. Mona se aproximou da cerca, tentando obter uma visão melhor, mas ela não conseguia ver nada, era como se a pessoa que estava ali tivesse simplesmente evaporado. Hanna sentiu um terror florescer dentro dela.

Em seguida, os celulares das garotas soltaram bipes assustadores. Novas mensagens haviam chegado. Hanna pegou seu Nokia e apertou em LER, assim como Mona. Ali capturou seu iPhone logo em seguida e fez o mesmo.

Ah, garotas, garotas. Vocês acham que está tudo bem enquanto gastam a fortuna de suas famílias na Tiffany? Algo está podre por aqui. E estou prestes a revelar.

Beijinhos, —A.

Mona parecia escandalosamente frenética.

— Vocês também receberam? — perguntou Hanna, claramente confusa. Ali e Mona concordaram. — Meu Deus.