Divided We Fall escrita por Augusto C S de Souza


Capítulo 20
XX — Lendas Nunca Morrem


Notas iniciais do capítulo

Oi, povo, de boas? Sei que passei muito tempo longe de vocês, mas muitas coisas aconteceram e me impediram de continuar escrevendo. Mas aqui estou eu, com o capítulo final da fic.
Muito obrigado por me acompanharem nessa longa jornada e bem, espero que gostem desse final e bem, me deixem saber o que acharam ♥ Também começarem a responder vcs nessa semana de carnaval.
Boa leitura.



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Do lado de fora da sala de emergência, Visão fitava o corpo de Rhodes ser colocado dentro de uma máquina de ressonância magnética, enquanto Tony andava de um lado para o outro, nervoso com a situação. O bilionário tinha alguns machucados no rosto, enquanto seu olho direito ainda estava inchado. Além disso, seu braço esquerdo estava preso à uma tipoia.

 

— O que aconteceu lá? — Stark perguntou baixo, parando ao lado do Sintozóide, mas logo voltando a andar.

— Eu me distraí.

— Não achei que isso fosse possível.

— Também não.

 

Tony suspirou, enquanto se afastava e encostava em uma parede, apoiando o braço direito em sua cintura. Ao olhar para o lado, encontrou Natasha lhe fitando, antes de o chamar com um movimento da cabeça.

Stark seguiu a mulher até uma área mais silenciosa do hospital, que tinha como vista um belo gramado, além de árvores ao fundo.

 

— O que aconteceu com eles? — Tony questionou, fitando a grama verde em sua frente.

— Eles se renderam e aceitaram a prisão de forma pacífica. Até mesmo Astrid. A Capitã Danvers está cuidando de seus ferimentos em Lugar Nenhum — respondeu a ruiva. — Josh me deu o endereço do cemitério onde os pais haviam sido enterrados. Pediu para que o corpo de seu irmão fosse levado até o local.

 

— Eu não queria que isso tivesse acontecido. — Suspirou o moreno. — Não queria que nada disso tivesse acontecido.

— Mas aconteceu e teremos que viver com isso — Natasha disse simples, o fitando. — Vamos sobreviver.

— Espero que sim. — Sorriu fraco, desviando o olhar. — Onde está o T’Challa?

— Ele recebeu provas de que o Barnes não estava envolvido na morte de seu pai e que seu reino estava em perigo, então voltou para Wakanda.

— Então ele não vai nos ajudar a achar o verdadeiro culpado?

— Não. — Deu de ombros. — Segundo ele, os desejos de um rei não estão acima dos de seu povo.

— Talvez ele esteja certo.

— Talvez — Romanoff concordou, enquanto um curto período de silêncio os deixavam desconfortáveis. — Como está o Rhodes?

— O médico disse que ele quebrou da L4 até a S1. Laceração extrema da medula espinhal. Estão prevendo alguma forma de paralisia.
— Se você não parar, o Rhodes vai ser o menor de seus problemas, Tony.

— Não posso deixar o Capitão sozinho por aí. Ele já é um idoso.

— Só não faça nada estúpido, Tony.

 

E com um sorriso fraco e um leve tapa nas costas do Stark, Natasha o deixou sozinho no lugar.  Tony se apoiou na pequena mureta à sua frente, respirando pesadamente. Porém, teve sua atenção voltada para o seu pulso ao ouvir um “bip” em seu relógio. Tocou duas vezes na tela e fez um pequeno holograma azulado aparecer em cima dela, mostrando a palavra “urgente” na tela.

— O que é isso, Sexta-feira? — perguntou, fitando a imagem.

Upload prioritário da polícia de Berlim.

— Droga.



Quinjet dos Vingadores, próximo à Sibéria



A única coisa que podiam ser vistas por Steve, eram nada mais do que nuvens acinzentadas. Mais atrás, Bucky fitava a janela, com uma expressão séria em seu rosto.

 

— O que vai acontecer com seus amigos? — perguntou o moreno.

— Não sei, mas eles são a minha responsabilidade e eu vou cuidar disso.

— Sabe, Steve, às vezes eu acho que não mereço isso tudo — comentou baixo, balançando a cabeça negativamente.

— Bucky, nada do que aconteceu é culpa sua — Rogers respondeu, olhando para trás. — Não era você.

— Eu sei… mas eu fiz do mesmo jeito.

 

Ficaram em silêncio por alguns minutos, enquanto Rogers voltava sua atenção para a frente, mexendo em alguns botões do quinjet.

 

— Steve, tem uma coisa que eu quero te perguntar já tem um tempo.

— Diga.

— Depois que eu fui dado como morto, o que aconteceu com a Annie?

— Ainda se lembra dela?

— É uma das poucas coisas que eu não consigo esquecer. — Sorriu fraco, fitando a janela.

— Entendo. — Riu baixo, balançando a cabeça. — Bem, foi uma época difícil para ela, principalmente os primeiros dias sem você. Mas alguns anos depois, ela conseguiu seguir em frente, construiu uma família, até o dia em que faleceu, por conta de uma forte pneumonia.

— Fico feliz com isso. Sempre disse para ela seguir em frente caso alguma coisa acontecesse comigo.

— Eu também fiquei bem, obrigado por perguntar.

— Para de ser ciumento. — Bucky riu baixo, junto com Steve.



Oceano Atlântico



Stark estava em um helicóptero, pilotado por ninguém, a caminho de Lugar Nenhum. Embora não confiasse muito no General Ross, precisava alertá-lo.

 

 

A Força Tarefa pediu um psicólogo assim que Barnes foi capturado — Sexta-feira explicou, enquanto Tony visualizava uma imagem de um homem conversando com seu motorista. — A ONU mandou o Dr. Theo Broussard, de Genebra, dentro de uma hora. — A imagem ampliou, mostrando um homem branco, escondido atrás de um óculos escuros, com cabelos lisos e castanhos. — Esse foi o homem que apareceu na instalação.

— Você já fez o reconhecimento facial?

O que pensa que eu sou? — A voz robótica da mulher passou uma leve sensação de deboche.

— Sei lá, te imagino ruiva. — Tony deu de ombros.

Creio que o senhor esteja me confundindo.

— Talvez.

Enfim, o falso médico é, na verdade, o Coronel Helmut Zemo. — A imagem mudou novamente, mostrando o Coronel usando uma farda do exército, enquanto segurava um rifle. — Inteligência de Sokovia. Ele comandou o EKO Skorpion, um esquadrão assassino do país.

— O que aconteceu com o verdadeiro Broussard?

Foi encontrado morto em um quarto de hotel. A polícia também encontrou uma peruca e próteses faciais, que aproximavam a aparência de James Buchanan Barnes.

— Desgraçado. Mande para o Ross.

Sim, chefe.



Lugar Nenhum, Oceano Atlântico



Após pousar o helicóptero, com um pouco de pressa, Tony caminhou até o General, que o aguardava em uma plataforma de metal, o fitando com um pequeno sorriso debochado no rosto.

 

— Ross, o Capitão estava certo — Stark disse, ao parar em sua frente. — Redirecione os satélites, e começamos a digitalização desse Zemo.

— Acha mesmo que eu vou ouvir você depois do caos em Leipzig? — Ergueu uma sobrancelha, o fitando. — Agradeça a Capitã Danvers por você não estar preso aqui.

Ross lhe deu as costas, enquanto caminhava até a sala de câmeras, sendo seguido por Tony. Ao fitar um dos televisores, o moreno engoliu em seco, vendo a Wanda sentada no chão, com uma espécie de coleira de choque em seu pescoço.

Ao receber o acesso, Stark caminhou até as celas, vendo os seus companheiros — se é que ainda podia chamá-los assim — abatidos em seus cantos. As celas possuíam barras horizontais, junto com uma película transparente na frente e em seu interior, nada além de uma cama e um assento metálico.

 

 

— Olhem o futurista, senhores! O futurista chegou! — Clint anunciou, sentando-se na cama. — Ele vê tudo. Ele sabe o que é melhor para todos, você querendo ou não.

— Dá um tempo, Barton. — Stark o cortou, parando na frente de sua cela. —  Eu não sabia que vocês seriam colocados aqui.

— Mas você sabia que iríamos para algum lugar, Tony.

— Sim, mas não em um presídio de segurança máxima embaixo do oceano. Este lugar é para maníacos. É um lugar de...

— Criminosos? — Clint completou,se levantando e indo até a grade. — Criminosos, Tony. Eu acho que você procura por essa palavra. Certo? Ela não costumava ser usada para mim, ou para o Sam, ou Wanda. Mas aqui estamos nós.

— Porque quebraram a lei.

— Sim.

— Não forcei vocês. Vocês sabiam e mesmo assim quebraram. Vocês são todos adultos. Droga, Barton, você tem uma esposa e filhos! — Aumentou um pouco a voz, mas logo respirou fundo, a abaixando. — Eu não entendo. Não pensou neles antes de escolher o lado errado?

— É melhor tomarem cuidado com ele. Ele vai passar a perna em vocês. — Vendo que o arqueiro não iria parar, Tony deixou sua cela, caminhando pelas outras. — Pode não precisar de um pagamento em prata, mas fará mesmo assim.

— Hank Pym sempre disse que nunca se pode confiar em um Stark. — Scott falou, assim que o moreno passou.

— Quem é você mesmo? — Tony ergueu, uma sobrancelha, sem se dar o trabalho de parar.

— Ah, não é possível.

 

O Homem de Ferro continuou a andar, um pouco desconfortável pela situação em que estava. Passou na frente  da cela de Astrid, que estava deitada em sua cama, não parecendo estar preocupada com o que acontecia. A cela seguinte era a de Josh, que estava parado com os braços cruzados, enquanto fitava o Stark.

Tony pôde então perceber como era o olhar de um homem que havia perdido tudo. O olhar de alguém que teria que passar o resto de sua vida convivendo com seus erros. Pensou por um momento, se ele teria o mesmo semblante caso se olhasse no espelho.

 

— Stark! — O Kane o chamou, fazendo-o voltar até a sua cela. — Quando eu sair dessa lugar e eu vou sair — caminhou até a porta gradeada, o fitando —, eu vou arrancar a sua cabeça e pendurar na minha sala.

 

Engolindo em seco, Tony apenas abaixou a cabeça e se afastou, caminhando para a cela ao lado, onde o Falcão estava, de costas para a porta.

 

— Como está o Rhodes? — Sam perguntou, sem o olhar em um primeiro instante.

— Vamos mandá-lo para o Columbia Medical amanhã. Então... vamos torcer. — Tony abaixou o olhar, ficando em silêncio por um tempo. — O que você precisa? Está com fome?

— Você é o policial bom agora? — Wilson perguntou irônico ao se virar, mostrando um grande inchaço em seu olho direito.

— Só preciso saber para onde o Steve foi.

— Bem, é melhor ir buscar o policial mau, porque você vai ter que pegar muito pesado comigo para conseguir informações. — O rapaz aumentou um pouco a voz, enquanto Stark mexia discretamente em seu relógio.

— Acabei de cortar o som da vigilância — comentou, fazendo Sam olhar ao redor. — Temos uns trinta segundos até que percebam o problema. — Tocou novamente no relógio, agora mostrando a imagem do psicólogo morto. — Porque esse é o sujeito que deveria ter interrogado o Barnes. — Desligou a tela, fitando o homem. — Claramente, eu cometi um erro. Sam, eu estava errado.

— Melhor tirar as roupas do varal. — Wilson riu fraco, cruzando os braços.

— O Capitão perdeu a noção, mas ele vai precisar de toda ajuda possível. Não nos conhecemos muito bem, então você não tem que...

— Está tudo bem. — Sam o interrompeu, suspirando. — Olha, eu vou te falar, mas você tem que ir sozinho e como um amigo.

— Fácil.

 

**

 

Após descobrir o que precisava, Tony saiu do local, indo para onde o seu helicóptero estava, além de passar sem dar satisfações ao General.

 

— Stark, ele te disse alguma coisa? — Ross questionou, enquanto seguia o moreno pelos corredores escuros.

— Não, ele só me mandou ir para o inferno, mas vou para a base ao invés disso. — Deu de ombros. — Se precisar de mim, me liga, vou te deixar na espera mesmo.

 

Tony fechou a porta do helicóptero ao entrar e saiu, deixando um irritado General para trás. Alguns quilômetros de distância depois, Stark tirou a tipoia de seu braço esquerdo e colocou o indicador em um buraco ao lado de sua cadeira.

Em segundos, uma armadura envolveu o seu corpo e uma rampa de desembarque se abriu embaixo da aeronave, deixando o Homem de Ferro cair, pronto para seguir o seu rumo até a Sibéria.



Sibéria, Rússia



Pouco tempo depois, Steve havia pousado o quinjet dos Vingadores próxima a base onde Bucky ficava. Enquanto abria a rampa de desembarque, Barnes puxou um compartimento com uma variedade de rifles, até que pegou um M4A1, antes de caminhar para a rampa, parando ao lado de Rogers.



— Você se lembra daquela vez que tentamos voltar para Rockaway Beach, na parte de trás daquele caminhão. — Steve puxou assunto.

— Foi daquela vez que gastou o dinheiro do trem com cachorro quente? — Bucky franziu o cenho

— Gastou três dólares comprando aquele urso de pelúcia para a Annie.

— Ela deveria ter quase uns cem anos agora.

— Nós também. — Rogers completou, rindo junto com Barnes.

— Eu me encontrei com a neta dela.  Jessie. As duas são idênticas.

— E você chegou a falar com ela?

— Sim, mas eu acabei estragando tudo. — Deu de ombros.

— Não seria você se não tivesse feito isso. — Steve o provocou, antes dos dois descerem.



Caminhando pela neve, o Capitão avistou um Piston Bully, uma espécie de caminhão pequeno, que, ao invés de rodas, possui esteiras de metal, um pouco mais para o canto. Seguiram em frente, encontrando a porta da base entreaberta. Graças aos soros que receberam há décadas, o frio mal os incomodava, enquanto caminhavam pela área coberta por neve.

 

 

— Ele não deve estar aqui mais do que algumas horas — Steve comentou.

— O suficiente para acordá-los.



Rogers e Barnes entraram em um elevador com portas gradeadas, descendo até o que deveria ser o subterrâneo. Ao chegarem no andar, Steve saiu primeiro, colocando o escudo na frente dos dois, enquanto Barnes olhava ao redor, atento a qualquer movimento.

Percorreram alguns metros, até que, ao subirem um pequeno lance de escadas, ouviram um barulho vindo de suas costas, o que fez com que se virassem na hora. O Capitão agachou na frente de Bucky, cobrindo quase que o seu corpo inteiro com escudo, enquanto o Soldado ficava atrás e um degrau acima, com o rifle apontado para a porta.

 

— Está pronto? — Steve perguntou, enquanto o metal começava a ranger.

— Sim.

 

E então a porta começou a se abrir lentamente, revelando primeiro uma luz um tanto quanto azulada, para depois mostrar uma armadura vermelha e amarela. A armadura do Invencível Homem de Ferro.

— Você está tão na defensiva — Tony comentou, retirando o capacete de sua armadura.

— É, foi um dia difícil — Rogers devolveu, se aproximando devagar.

— Descansar, soldado — Stark disse um pouco mais alto, fitando o Barnes. — Não estou atrás de você.

— Então por que está aqui? — indagou o Capitão.

— Talvez sua história não seja tão louca. Ross não sabe que eu estou aqui, então não conte para ele. — Deu de ombros. — Ou eu terei que me prender.

— Bem, isso seria um grande problema. — Steve sorriu fraco, abaixando o escudo. — É bom te ver, Tony.

— Também é bom ver você, Capitão. — Assentiu, antes de voltar a olhar para o Barnes, que ainda o tinha na mira. — Ei, Exterminador do Passado, dá parar com isso? Está rolando uma trégua aqui.

O Capitão fez um gesto com a mão para o Soldado, que assentiu com a cabeça, abaixando o rifle. Segundos depois já estavam se movimentando novamente. Tony ia na frente, com Steve ao seu lado e Bucky um pouco mais atrás.

 

— Eu tenho assinaturas de calor. — Stark disse baixo.

— Quantas? — Rogers questionou.

— Uma.

 

E ao terminar de dizer isso, luzes nas laterais de uma grande câmara foram acesas, mostrando três tubos criogênicos à direita e dois à esquerda. Um pouco mais ao centro, uma grande torre responsável por dar suporte a um foguete se erguia diante deles.

Nos tubos criogênicos, estavam os cinco super soldados, com pequenos buracos em suas testas. Bucky caminhou para a direita, deixando Steve no meio e Tony, à esquerda.

 

Se serve de algo, eles morreram dormindo. — Uma voz com um forte sotaque russo surgiu nos alto-falantes espalhados pela câmara. — Achou mesmo que eu iria querer outros como você?

— Mas que merda é essa? — Bucky disse baixo, olhando ao redor.

Sou grato a eles, porque trouxeram vocês aqui.

 

E então mais uma luz se acendeu, mostrando o psicólogo atrás de uma câmara de ferro, podendo ser visto apenas por uma pequena janela de vidro. Vendo o homem, Steve atirou seu escudo, que ricocheteou no metal e voltou para sua mão.

 

Por favor, Capitão. Construíram esta câmara para suportar a explosão do lançamento de um foguete UR-100.

— Aposto que consigo atravessar — Tony se gabou, o fitando.

Eu tenho certeza que sim, Sr. Stark. Com o devido tempo. — Zemo sorriu fraco. — Mas então você nunca saberia porque veio.

— Matou pessoas em Viena só para nos trazer aqui? — Rogers questionou.

Eu não penso em nada há mais de um ano. Estudei você, segui você — respondeu sério, enquanto Steve e Tony se aproximavam. — Mas agora que você está aqui, eu pude perceber... Tem um pouco de verde no azul dos seus olhos. — Riu. — Como é bom achar uma falha em algo tão perfeito.

— Você é de Sokovia — concluiu o Capitão. — É disso que se trata?

Sokovia era um país falido muito antes de vocês o destruírem. Não. — Zemo mantinha o seu olhar preso ao do Capitão.

Eu estou aqui porque fiz uma promessa.

— Você perdeu alguém?

Eu perdi todos. E vocês também vão perder. — Sorriu de canto, fazendo uma pausa de efeito. — Um império derrubado por seus inimigos, pode se reerguer, mas aquele destruído de dentro para fora, está morto. Para sempre.

 

Zemo apertou um botão no painel da câmara em que estava, ligando um monitor ao lado de Rogers e Stark. Na tela, primeiro apareceu a data 16 de dezembro de 1991, para logo depois mostrar uma estrada deserta à noite.

 

— Conheço essa estrada — Tony comentou baixo, antes de olhar para Zemo. — O que é isso?!

 

Segundos depois, um carro se chocou contra um poste de luz, enquanto uma moto parava ao lado deles. Um homem, já em uma idade avançada, caiu do banco do motorista e se arrastou para fora.

O motoqueiro então desceu e foi até o homem, o sentando no chão e o encostando no carro.

 

Por favor, ajude ela. — A voz do homem saiu fraca, antes de erguer a cabeça — Sargento Barnes? — disse ao reconhecer o homem em sua frente.

 

Sem responder, Bucky acertou dois socos no rosto do homem sentado no chão, fazendo o barulho dos golpes ecoar pela cabeça de Tony, enquanto Steve o olhava.

Na gravação, Barnes colocou o corpo do homem de volta no banco do motorista, enquanto dava a volta.

 

— Howard. — A voz de uma mulher pode ser ouvida, quase suplicando pela vida do homem ao seu lado. — Howard!

 

Falou um pouco mais alto, antes do Soldado Invernal parar ao seu lado e lhe enforcar. Após terminar o trabalho, Barnes caminhou até o poste de luz e tirou uma pistola da cintura, atirando na câmera que o filmava.

A transmissão se encerrou, enquanto Zemo caminhava para o lado de fora. Stark respirava pesadamente, absorvendo a cena que acabara de assistir. Olhou para o lado e fitou o Barnes, avançando contra ele, porém, teve seu braço segurado por Steve.

 

— Tony! Não foi culpa dele — Rogers disse, enquanto Bucky apontava o rifle para o Stark.

— Você sabia? — perguntou o bilionário, fitando o Capitão.

— Eu não sabia que foi ele.

— Não me enrola, Rogers! — disse entre os dentes. — Você sabia?

— Sim.

 

Tony abaixou o rosto, claramente abalado, enquanto seus olhos enchiam-se de lágrimas, que não desceram pelo seu rosto. E então, em um lampejo de fúria, Stark girou, acertando as costas da mão no rosto de Steve, o lançando para trás.

No mesmo instante, Bucky levantou o seu fuzil e mirou, enquanto o Homem de Ferro virava em sua direção, já liberando uma rajada seu propulsor, o que desarmou o soldado. Com nada em mãos, Barnes tentou socar o Stark, que apenas segurou o seu punho, antes de dar um leve impulso com as suas botas e voar até o outro lado da sala, onde ele jogou o soldado no chão.

Desativando os propulsores, Tony caiu em cima de Bucky, prendendo o seu braço biônico contra chão frio da base. O Homem de Ferro mirou contra o rosto do rapaz, pronto para atirar.

Stark teria acertado, se não fosse atingido pelo escudo do Capitão América, o que fez atirar contra o chão, à centímetros do rosto de Barnes. Steve, sem perder tempo, correu até o Homem de Ferro e o atingiu com o ombro, o lançando para o lado. Em resposta, Tony fez o mesmo, porém, sem conter a sua força, o que levou Steve ao chão novamente. Para o manter ocupado, o Stark lançou discos de contenção nos pés de Rogers, antes pegar o Soldado Invernal pelo pescoço e voar com ele até a parede oposta, o prendendo contra ela.

Novamente, o Homem de Ferro mirou seu propulsor manual contra o rosto de Barnes, que tentava o afastar, segurando e apertando a mão do bilionário, até ouvir algumas peças se quebrando. Tony então o atingiu com uma cabeçada, antes de fazer um míssil de baixa potência surgir do antebraço da armadura e, sem perder tempo, atirou a queima roupa contra o Bucky, que apenas conseguiu evitar o ataque por poucos segundos, fazendo o míssil atravessar a sala, até acertar umas das paredes da base, que começou a desabar.

Explosões ocorreram em cadeia, enquanto Steve usava o seu escudo para livrar-se dos discos de contenção. Mais a frente, Tony e Barnes precisaram se soltar, graças a uma estrutura metálica e incandescente  que caía em sua direção.

Bucky pode sair ileso ao pular para a esquerda, ao mesmo tempo em que alguns escombros caíram sobre o Homem de Ferro. Correndo para se manter vivo, Steve e Barnes trocaram um olhar rápido.

 

— Saia daqui! — bradou o Capitão, virando-se para o Stark.

 

O bilionário demorou um pouco para se erguer, mas logo voou para onde Barnes estava ao se pôr de pé, porém, sendo bloqueado por Steve.

 

— Não foi ele, Tony — disse firme, fitando o Vingador. — A Hydra controlava a mente dele.

— Sai! — devolveu, erguendo-se a poucos centímetros do chão.

— Não foi ele!

 

Tony tentou passar voando por cima de Steve, mas o Capitão segurou em sua perna, enquanto atingia o seu pé com o escudo, tentando danificar o seu propulsor.

 

Falha no jato da bota esquerda — alertou Sexta-Feira assim que o Stark pôs o pé no chão. — Sistema de voo comprometido.

 

Vendo que não teria como impedir o Capitão por muito tempo, Tony ativou o laser de sua mão esquerda e direcionou para o teto à sua frente, fazendo com que os escombros bloqueassem o caminho de Steve e lhe garantindo um pouco de tempo.

Aproveitando a distração causada por Rogers, Bucky aproveitava para escapar pela escotilha que era usada para lançar os mísseis nucleares. Tony tentou levantar vôo, porém, não conseguiu subir mais do que três níveis, o obrigando a parar e mirar contra o Soldado, fazendo um segundo míssil surgir de sua armadura.

 

— Vamos lá — sussurrou, tentando focar em Barnes. — Vamos.

Sistema de mira danificado, chefe.

— Mas a minha não está.

 

E com isso, Tony abriu o seu capacete, enquanto fechava o olho esquerdo e atirava, atingindo a dobradura da escotilha, o que fez com que o Bucky caísse em cima de uma plataforma de metal.

Stark tentou voar novamente, conseguindo dessa vez, e foi até onde o Barnes estava. Vendo a aproximação do Homem de Ferro, Bucky defendeu-se com o que pôde, que, no caso, era com uma barra ferro.

Ele atingiu o Tony na primeira vez e errou a segunda, o que lhe deixou com a guarda aberta, permitindo que o Stark o segurasse por trás, enquanto o enforcava.

 

— Você pelo menos se lembra deles? — Sua voz saiu como um sussurro.
— Eu me lembro de todos eles.

 

 

A frase de Barnes apenas fez com que Tony aumentasse a pressão em seu estrangulamento, enquanto os dois desciam, graças ao sistema de vôo danificado da armadura. Os dois perderam altitude rapidamente, até chegarem à plataforma em que Steve estava.

O Capitão, vendo a situação de Barnes, pulou contra os dois, sobrecarregando o peso suportado por Tony, o que os fez cair mais rápido. Barnes ainda conseguiu ficar em uma das plataformas, enquanto os dois Vingadores caíam para uma câmara mais abaixo, onde ficava concentrada a saída da fumaça que seria liberada, caso algum míssel fosse lançado.

Steve, que havia perdido o escudo na queda, rolou por uma rampa, até conseguir parar no chão, ao mesmo tempo em que Tony erguia-se mais atrás.

 

— Isso não vai mudar o que aconteceu — disse Rogers, com um certo cansaço, pondo-se de pé.

— Eu não me importo — a voz do bilionário aparentava nada mais do que desprezo. — Ele matou a minha mãe.

 

Com um impulso, Tony avançou, acertando um soco no rosto de Steve, seguido de um cruzado de direito. O Capitão revidou, bloqueando um terceiro soco e chutando a perna esquerda da armadura, o fazendo pôr o joelho no chão, ao mesmo tempo em que Bucky se aproximava, jogando o escudo para o Rogers.

Em uma troca de escudos e golpes rápido, os dois soldados iam danificando a armadura do Stark, até o momento em que o Vingador pôde revidar, acertando uma rajada de seu repulsor em Steve, o lançando para trás. Em seguida, avançou contra o Soldado Invernal, lhe atingindo com um soco no rosto. Tony tentou acertá-lo com mais uma rajada de energia, porém Barnes conseguiu segurar em seu pulso, afastando o ataque, até que socou o peito do Homem de Ferro e o prensou na parede.

Com o braço biônico, Barnes tentou  arrancar o reator central da armadura, enquanto Tony lutava para se soltar. Mais atrás, Steve se recuperava do ataque, quando uma luz forte e amarelada iluminou o local e, ao levantar o olhar, viu Barnes no chão, sem o seu braço biônico. Enfurecido, o Capitão avançou contra o Homem de Ferro, que ainda teve tempo de lançar mais um ataque em Bucky, antes de voltar sua atenção para o Vingador. Ele lançou duas rajadas fracas contra o escudo, antes de lançar uma terceira e mais potentes, o que fez com que Steve parasse por alguns segundos, enquanto os dois tentavam se superar pela força.

Graças à mais uma falha da armadura, Rogers avançou, acertando o escudo no peito de Tony, o prendendo na parede logo em seguida. Sem perder tempo, Steve o atacou com o que tinha, em uma sequência de socos e chutes.

 

Não vai conseguir derrotá-lo assim — alertou Sexta-Feira.

— Analise o seu padrão de luta. — Tony devolveu com dificuldade.

Escaneando. — A voz metálica quase não fora ouvida. — Contra medidas prontas.

— Vamos chutar a bunda dele — disse o Stark, segurando o escudo do Capitão.

 

Com a mão livre, o Homem de Ferro disparou uma curta rajada de energia, antes de investir contra o Capitão, lhe atingindo com dois potentes cruzados. Steve tentou socá-lo com a esquerda, mas fora facilmente bloqueado, antes de receber uma cabeçada em resposta, seguida de um forte soco no estômago, que o levou ao chão.

 

— Ele é meu amigo — disse Steve, com dificuldade.

— Eu também era.

 

Tony o socou mais duas vezes, fazendo o Sentinela da Liberdade cuspir sangue, para logo depois, o segurar pelo uniforme e o atirar contra uma pilastra. Cansado, o Stark parou em sua frente, erguendo a mão direita contra o Capitão, pronto para atirar.

 

— Renda-se — pediu, respirando pesadamente, enquanto Steve lutava para se levantar. — Último aviso.

— Posso fazer isso o dia todo.

 

Querendo apenas que aquilo terminasse, Tony endireitou a sua postura e energizou a mão, preparado para atirar, quando sentiu algo segurar em seu pé. Ao olhar para trás e ver a mão de Barnes lhe segurando, o bilionário não pensou duas vezes antes de chutar o rosto do rapaz, o lançando para trás.

Steve, aproveitando da distração criada pelo amigo, correu até o Stark e o ergueu pelas costas, o jogando contra o chão logo em seguida. Sem perder tempo, Rogers pegou o seu escudo e ficou por cima do Vingador Dourado, batendo em seu capacete. Com raiva, ele puxou a proteção, revelando o rosto machucado e assustado de Tony, que o fitava com os olhos arregalados. Cego pela raiva, o Capitão América ergueu o seu escudo, pronto para aplicar o golpe final.

 

— Steve! — Barnes, também com o rosto ensanguentado, bradou, chamando a atenção do Vingador. — Olha onde nós chegamos. Olha o que estamos fazendo. Nós já paramos de lutar pelo que era certo, nós…

— Nós estamos apenas lutando — a voz de Steve mal saiu, enquanto ele abaixava os braços e saía de cima do Stark.

 

Os dois Vingadores trocaram um longo olhar pesaroso, repletos de arrependimentos e culpa, enquanto buscavam o ar para os seus pulmões. Tudo aquilo havia ido longe demais e os três sabiam disso. Haviam sido manipulados facilmente por Zemo, que agora estava solto, graças ao seu conflito.

Com um pouco de dificuldade, Rogers se levantou e parou ao lado de Tony, lhe estendendo a mão. O Stark o fitou por alguns instantes, alternando o olhar entre a mão do Vingador e os seus olhos, até que, por fim, ele assentiu, segurando na mão de Steve e se levantando. Em seguida, Barnes se levantou, porém, evitou se aproximar.

 

— Olha, Stark, eu sei que nada do que eu disse vai mudar algo, mas eu sinto muito pelo o que aconteceu. — Bucky assentiu fraco, o fitando. — Howard era meu amigo e…

— Escuta, Barnes, não é como se eu fosse esquecer isso ou te perdoar de um dia para o outro — Tony desviou o olhar —, mas dizem que o tempo cura as feridas, então vamos deixar isso para o futuro e ver o que eles nos reserva.

— É o suficiente pra mim. — Sorriu fraco, antes de assentir uma última vez.



Torre dos Vingadores, Nova York



Alguns longos meses se passaram desde a batalha da Sibéria. Com a verdade revelada sobre o Coronel Zemo, as acusações sobre o Capitão América e o seu time foram retiradas, assim como o Tratado de Sokovia havia sido anulado.

Haviam sido meses de mudança. Carol e Astrid entraram para os Vingadores, enquanto Tony havia refeito o braço biônico de Barnes. Clint voltou para a sua aposentadoria, levando Wanda com ele. Peter reprovou em artes, por não ter terminado o trabalho pedido pela professora Harper, embora isso não tenha sido de todo o ruim, já que agora o Flash não poderia mais encher a sua paciência. E não só pelo fato dele ter reprovado, mas por conta de uma nova aluna da qual ele só sabe que seu sobrenome também é Parker, o pôs para correr.

Porém, nada disso era importante naquele dia, quando em 25 de Fevereiro de 2017, o Capitão América apareceu em um palco montado na frente da Torre dos Vingadores, diante de uma gigantesca multidão de fãs dos Vingadores, para falar um pouco sobre os acontecimentos em Leipzig. Cartazes e faixas enfeitavam as ruas, assim como pessoas utilizando blusas com estampas referentes aos seus Vingadores favoritos.

No palco, Steve caminhou por um corredor criado pelos seus companheiros reunidos, que prestavam uma tímida continência ou assentia com a cabeça, enquanto sorriam para o Capitão, que seguia até os microfones. Com um suspiro demorado, ele se posicionou, recebendo uma calorosa recepção, junto com um mar de flashes.

 

— Toda a minha vida, eu lutei para me tornar um símbolo! — iniciou o seu discurso, olhando para o público. — Um símbolo de tudo o que havia de certo nesse país. E agora, eu vejo que me perdi nessa luta. Como outros péssimos líderes, priorizei as minhas vontades, ignorando meus amigos e ao povo que eu sempre busquei defender. — Parou por um momento, desviando o olhar para os Vingadores, recebendo um sorriso reconfortante de Wanda e um joinha de Sam. — Cidade de Nova York! — prosseguiu — Como sempre, é uma honra te chamar de casa. Que seja ouvido nas ruas desta cidade, e nas ruas de nossos aliados, por todo o mundo... Nós somos um planeta livre, de pessoas livres! E se um dia alguém decidir entrar no caminho dessa liberdade, esse alguém irá ouvir duas palavras:  Avante, Vingadores!

 

Um brado de aprovação encheu a praça, junto com os aplausos, vindos tanto da multidão, quanto dos Vingadores atrás de si. Steve virou-se para eles e sorriu, porém, franziu o cenho ao ver seus sorrisos morrerem, enquanto uma repentina dor em seu peito aumentava.

Olhando para baixo, pôde ver o líquido escarlate manchar a sua blusa branca, enquanto ele caía para o lado, vendo os Vingadores correrem em sua direção. Wanda fora a primeira a chegar, parando ao seu lado, enquanto apoiava a cabeça dele em seu colo. Steve podia sentir sua vida esvair aos poucos, enquanto sua visão começava a escurecer, fitando nada mais do que a Maximoff em prantos.

 

— Vai ficar tudo bem, Steve, vai ficar tudo bem — disse ela, entre o soluços, enquanto o abraçava. — Fica comigo, por favor.

— Eu… eu vou ficar — sussurrou o Capitão — até o fim da linha.

 

Atônitos, os Vingadores nada puderam fazer além de ver o seu líder partir tão subitamente, enquanto os gritos de alegria da multidão tornavam-se gritos de dor e agonia. A Capitã Marvel, junto com o Josh e o Visao tentaram controlar o público, enquanto evacuavam o local. Bucky olhava para cima, fitando os prédios, à procura do atirador, embora ele já estivesse longe a esse momento. O Barnes então voltou a sua visão para o corpo falecido de Steve, junto com uma inconsolável Wanda, que não o soltava. Tony estava ao lado de Sharon e Peter, que usava o seu uniforme de Homem-Aranha, sem saber o que fazer, além de olhar e deixar que lágrimas involuntárias descessem pelo seu rosto.

Em 25 de Fevereiro de 2017, uma lenda tornava-se apenas uma lenda.

 

Um mês após a morte do Capitão América

 

Bucky, Wanda e Sam estavam diante do túmulo de Steve, em silêncio. Uma fraca chuva açoitava o guarda-chuva onde o Wilson e a Maximoff estavam, embora o Barnes não parecesse se importar com as gotas frias que atingiam o seu corpo.

 

 

— Eu tenho que ir — sussurrou a garota, antes de dar um beijo na bochecha de cada. — Se cuidem.

— Você também. — Sam sorriu, colocando a mão na barriga dela em seguida. — E desse pequeno Vingador que está à caminho também.

— Vai ser uma menina. — Ela sorriu, esforçando-se para não chorar. — Até outro dia, rapazes.

 

E com isso, Wanda foi embora, entrando em um carro preto, guiado por Clint, que agora cuidava da garota. Não demorou para que o silêncio voltasse a reinar entre os dois. Sam e Bucky podiam ser as pessoas mais opostas no planeta, porém, compartilhavam uma dor igual: a dor de uma perda.

 

— Ele ainda está lá fora — Sam comentou baixo, fitando o horizonte.

— Não por muito tempo — devolveu ele, com sua característica voz rouca.

— Olha, eu sei que vocês dois passaram por muita coisa juntos e que nós dois nos odiamos, mas saiba que se precisar de mim…

— Eu agradeço por isso, Sam, mas é algo que prefiro fazer sozinho. — Ele assentiu, fitando o rapaz ao seu lado. — Mas de qualquer forma, talvez você possa me ajudar de um jeito.

— E o que seria?

— O mundo ainda precisa de um Capitão América. — Ele sorriu, dando um leve tapa nas costas de Sam, se afastando em seguida. — Faça um bom trabalho, Wilson.

 

**

 

O local parecia um tanto quanto tranquilo naquela tarde de domingo. Astrid e Visão estavam na sala de treino, embora apenas a Asgardiana lutasse contra os hologramas. Em Washington, a Capitã Danvers fora apresentada à agente Maria Hill e as duas agora trabalhavam juntas na reconstrução da S.H.I.E.L.D.

Na sala de recuperação dos Vingadores, Tony ajudava Rhodes com sua locomoção. O bilionário havia desenvolvido dois suportes de ferro, que ajudavam a manter o amigo em pé.

 

— Me dá um feedback, ok? — disse o Stark, caminhando ao lado dele. — Qualquer coisa que você pensar. Absorção de impacto, movimento lateral. Carregador USB?
— Não, estive pensando em colocar um ar-condicionado lá embaixo. — Rhodes brincou.

 

O Máquina de Combate deu mais um passo, antes de sentir uma fraqueza em suas pernas, o que o levou para o chão. Tony fez menção de ajudar, mas fora impedido por ele.

— Não, deixa. Não me ajuda — disse com um pouco de esforço, enquanto se sentava e recuperava o fôlego. — Cento e trinta e oito — comentou, chamando a atenção do Stark. — Cento e trinta e oito missões de combate. São quantas eu participei.

— É um número bem assustador.

— É, e cada uma delas poderia ter sido a última, mas eu continuei voando. Porque a luta tinha que ser lutada. É o mesmo com o Acordo. Eu assinei porque foi a coisa certa a fazer.

— E isso é uma merda.

— Sim, é. Mas não mudou a minha cabeça. Bem, eu acho que não.

 

Os dois trocaram um olhar rápido, antes de batidas na porta chamarem a atenção dos dois. Ao olharem para ela, viram Josh com uma pequena caixa na mão e uma mochila nas costas.



— Isso chegou pra você, Stark — disse o Kane, antes de lhe dar as costas.

— Já volto pra essa sessão de fisioterapia, Rhodey.

— Sem pressa, eu não vou a lugar nenhum mesmo.

 

Com um sorriso fraco, Tony seguiu o Kane, mas sem deixar de notar a mochila em suas costas. Ao chegarem no escritório dele, Josh colocou a caixa em cima da mesa e caminhou para o lado de fora, sem ao menos trocar um olhar com o bilionário.

 

— Está indo embora? — perguntou ele, fitando o rapaz.

— Sim — respondeu simples, após suspirar. — Eu ainda quero arrancar a sua cabeça, Stark e sinto que se eu continuar aqui, isso vai acontecer.

— Obrigado pela consideração, mas para onde você vai?

— O mundo é grande, quem sabe? — Josh deu de ombros, antes de deixar a sala.



Tony franziu o cenho por alguns segundos, imaginando o que poderia passar na mente do rapaz a essa altura. Porém, como estava curioso, ele caminhou até a sua mesa e puxou uma cadeira, enquanto abria a caixa e encontrava um envelope dentro dela, com o seu nome assinado e a data de 17 de setembro de 2016. Um pouco receoso com o que poderia estar ali dentro, ele respirou fundo, antes de o abrir.



“Tony

Eu queria que tivéssemos concordado sobre o Acordo. Eu realmente queria. Eu sei que está fazendo tudo o que acredita estar certo e isso é tudo o que podemos fazer.
Fico feliz que você tenha voltado para a Base dos Vingadores. Não gosto da ideia de você andando sozinho em uma mansão. Todos nós precisamos de uma família. Os Vingadores são a sua, talvez até mais do que a minha. Eu tenho estado sozinho desde os dezoito anos. Eu nunca me adaptei em lugar nenhum, nem mesmo no exército. Minha fé está... nas pessoas, eu acho. Em indivíduos. E eu fico feliz em dizer que, a maioria não me decepcionou. É por isso que não posso decepcioná-los também.
Eu sei que te machuquei, Tony. Eu imaginei que se não te contasse sobre os seus pais, estaria te poupando. Agora posso ver que estava poupando a mim mesmo. E eu sinto muito. Espero que um dia você possa me entender.  Mas saiba que não importa o que acontecer, eu prometo a você, que se um dia precisarem de mim... Eu estarei lá.”


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Gostaram, não gostaram? Me deixem saber com um comentário. Muito obrigado por tudo. Amo vocês ♥



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