O céu depois de nós escrita por F T


Capítulo 2
Josephine


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos. Aqui está o segundo capítulo da fic que é ainda explicativo. Escolhi uma história que todo mundo conhece para que possam compreender, já nos próximos capítulos começarei a atender os pedidos então os façam para que eu vá pensando na história. Espero que esse capítulo esclareça muitas dúvidas. Por favor me digam o que acharam, comentem e favoritem por favor. Não me deixem sozinha.
Beijos e boa leitura.



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2. Josephine: significa mulher que acrescenta algo (Dicionário dos Nomes)

Ela sabia que estava sendo tola, compreendia que estava no Titanic em sua primeira viagem e isso deveria ser mágico, uma oportunidade única afinal se tratava do navio que não podia afundar. Ainda assim havia interrompido o jogo do marido no salão principal da primeira classe porque não gostava do modo pelo qual ele flertava com uma estranha. Clara já devia ter se acostumado com o fato de que sempre seria traída, todas as suas amigas casadas também eram e nada poderia ser empreendido contra um homem. Agora a garota, após o surto de ciúmes na primeira classe, estava sendo arrastada pelo marido para o convés do gigantesco navio. Eles continuam a discutir. Ele tem cabelos loiros, olhos negros e é excessivamente bonito para que pudesse pertencer apenas a uma mulher.

—Eu sou sua esposa e estou nesse navio! Não pode ter uma amante diante dos meus olhos!- Clara gritou com os olhos cheios de lágrimas erguendo o dedo indicador para o marido.

—Não ouse me dar ordens Clara! Você é minha e eu pertenço a mim mesmo! - Gritou ele enfaticamente. - Uma esposa incapaz de me dar filhos! Estamos casados há seis anos!

—Você é incapaz de gerar um filho! - Clara gritou e então recebeu um forte tapa no rosto.

A garota caiu no convés, no convés do navio que não podia afundar em uma noite qualquer em uma história que ela não lembrava de ter assistido quando criança. Ela caiu abatida e humilhada pelo tapa do homem que deveria ser seu marido, ele se aproximou furioso da garota caída no chão segurou seu braço como se fosse arrasta-la caso ela se recuasse a se colocar de pé.

—Senhora, está tudo bem? - Um homem de cabelos brancos, pele enrugada, olhos azuis surgiu.

Clara não conseguia encara-lo, olhou para as próprias pernas e se recusou a aceitar que o estranho havia assistido o marido bater na esposa. A presença do velho homem parece ter sido intimidadora o bastante para que o braço de Clara fosse deixado e o homem abandonasse furioso o convés retornando a amante, ao jogo e a primeira classe.
O estranho e velho homem que também pertencia a primeira classe ofereceu uma de suas mãos para que Clara se colocasse de pé. Ele tinha olhos muito azuis, havia algo altivo e poderoso em sua figura mesmo que a garota nunca o tivesse visto antes, ou no mínimo não se lembrasse de já ter se deparado com ele.

—Obrigada por ter aparecido, não sei o que teria acontecido…estou tão envergonhada - Disse a garota se colocando de pé ao lado do homem e caminhando rumo a extremidade do convés para admirar o mar.

—Ele não devia ter batido em você - Disse o homem se colocando ao lado da garota.

—Eu me casei com ele aos quinze anos, não compreendo porque não pude dar um filho a ele - Clara tinha alguma amargura em seus cabelos negros curtos, em suas roupas vermelhas dos anos de 1912. - Me diga senhor, como se chama?

—John Smith - O velho homem parecia pouco convicto quanto as próprias palavras.

Foi então que sentiram o impacto. Sentiram que o navio batia em algo naquela noite gelada. Clara foi a primeira a ver o iceberg, foi a primeira a enxergar que o obstáculo era grande demais. Foi também ela a gritar “Corra!Corra!” para John Smith que segurou sua mão intuitivamente e correu ao lado dela. Um grande bloco de gelo caiu sob o convés, tudo tremeu e então se estabilizou e a garota havia se jogado no piso do convés ao lado de John Smith protegendo a cabeça com as mãos. Eles se encararam ainda imóveis, estiveram perto de serem atingidos por um bloco de gelo e agora estavam próximos demais.

—Clara - O homem disse como se acordasse de um sonho - Lembra-se de mim?

—Acabamos de nos conhecer senhor - Disse Clara com um sorriso esperto, como se tivesse recuperado a vida que não tinha minutos antes.

Clara se colocou de pé ao lado do Doctor. O homem agora parecia ansioso, olhava tudo ao redor e parecia reconhecer cada parte de tudo aquilo, ele parecia buscar uma resposta mais clara e uma saída mais específica para um dilema que a garota não conseguia compreender ainda. Foi então que ele se aproximou quase violentamente colocando as mãos no rosto de Clara com uma intimidade que ela não havia se lembrado de autorizar, ainda assim não se afastou.

—Minha garota impossível - Começou ele a fitando com intensidade - Lembre-se de mim.

Clara não compreendeu exatamente porque mas colocou as mãos sob a face enrugada daquele velho homem, suas testas se tocaram e ela não soube dizer porque permitiu que se tocassem e ficassem tão próximos. Não compreendeu porque ela queria toca-lo, mesmo que o olhar assustado dele dissesse que algo assim jamais havia se passado antes. Ela fechou os olhos e então se lembrou de Clara Oswald, a garota impossível agora jogada em enredos de ficção dos livros, filmes e séries que havia lido ou assistido durante toda a sua vida.

—Doctor - Sussurrou a garota finalmente abrindo os olhos e se afastaram do toque mútuo em um susto - Estamos no Titanic.

—Você assistiu mesmo esse filme não é? - Disse o Doctor procurando a chave de fenda sônica nos bolsos e não encontrando nada. - E começamos por uma ironia, já que também é uma história real.

—Fomos jogados nesse enredo - Declarou a garota apreensiva - Como secundários.

—Não poderíamos ser lançados como protagonistas Clara, o mais interessante é que nossa história começou desse ponto…faltam poucas horas para que o navio afunde a história que assistiu termine - Comentou o Doctor tentando compreender a lógica dessas criaturas - Acho que elas nos lançam com falsas memórias sempre para o final da história.

—Por que elas nos lançariam para o fim da história? Parece que é menos do que poderia ser para que se alimentem - Perguntou Clara segurando no braço do Doctor e então andaram pelo convés lado a lado.

—Se nos lançarem para o início poderemos nos lembrar de nossas verdadeiras histórias, quando nos colocam no final com falsas lembranças temos pouco tempo para rememorar o que somos de fato - Explicou o Doctor também deduzindo - Cada vez que nos lembramos do que realmente somos estamos desfazendo essa fantasia e então elas não podem se alimentar.

—Isso é inteligente, muito inteligente - Comentou Clara sorrindo com seu batom vermelho - O que devemos fazer agora Doctor?

—Nos lembrar ainda mais cedo da próxima vez - Explicou o Doctor como se isso fosse óbvio e fácil - Creio que quando nos lembramos elas aceleram mais a história para que o final chegue antes que possamos desfazer essa realidade fictícia.

—Então temos minutos antes que o navio afunde, precisamos nos concentrar na realidade - Constatou Clara - Precisamos matar essas criaturas aos poucos impedindo que elas se alimentem.

Foi então que o caos se instaurou de modo acelerado. A orquestra tocava no convés, pessoas corriam, o navio afundava, gritos por toda parte e um desespero absoluto. Clara correu ao lado do Doctor porque compreendia que se morressem nesse mundo fictício também morreriam na realidade. Eles tentaram se equilibrar em meio ao caos, eles pularam na água gelada antes que fosse tarde demais e eles se perderam no mar gelado enquanto Clara sentia que se afogava.
Clara tentava nadar, contudo jamais foi excelente nadadora e agora o oceano parecia terrivelmente infinito e seu corpo era levado para o fundo devido ao impacto da queda no oceano. A única coisa que ela de fato sentiu foi seus braços serem puxados pelo Doctor que a segurava tentando retira-la da evidente selvageria que havia se instaurado no oceano em meio a todas aquelas almas perdidas. O Doctor a conduziu a um fino pedaço de madeira, ambos apoiaram os braços, os corpos ainda estavam imersos no oceano congelante e a temperatura parecia cair cada vez mais.

—Eu não deveria ter visto esse filme - Comentou Clara com a voz fraca tremendo de frio.

—A história está quase no final Clara, resista - Pediu o Doctor em voz baixa.

Clara compreendeu que o que até então era o infinito do oceano agora se reduzia, aparentemente a consciência do Doctor e dela própria de que não era real e de que as falsas lembranças eram apenas falsas estava causando o efeito desejado de destruir algumas daquelas criaturas que haviam os inserido naquela realidade. Ainda assim o processo não seria tão rápido quanto Clara poderia desejar, a água era fria demais e ela perdia os sentidos do próprio corpo.

—Clara! Precisa ficar acordada - Pediu o Doctor segurando a mão dela, ele permanecia quente.

—Está muito frio - Respondeu a garota já com os lábios roxos pelo frio.

O Doctor se aproximou, segurou a madeira com uma das mãos e passou um dos braços ao redor dos ombros a mostra de Clara Oswald na tentativa vã de faze-la sentir algum calor. Ainda assim ela congelava rápido demais, precisava se manter consciente. Ela não podia morrer na ficção porque morreria na realidade.

—Cante uma musica Clara e quando a musica terminar estaremos em outro lugar - Assegurou o Doctor a colocando com mais força contra ele, as duas mãos da garota permaneciam agarradas a madeira para que ela não se afogasse.

—Venha Josephine na minha máquina voadora, indo para cima ela vai, até que ela vai… - Clara começou a entoar a canção de suas lembranças e sabia que precisava chegar até o fim da musica.

Foi então que o Doctor assistiu aquela realidade se desfazer, eles haviam vencido uma primeira batalha contra aquelas criaturas ao se lembrarem. Ele piscou e então nesse mísero segundo não estavam em lugar nenhum para que no instante seguinte já estivessem em outra realidade. Seriam muitas batalhas a serem vencidas. Clara Oswald ao seu lado ainda cantou por mais um instante a canção com os olhos fechados e tudo que a garota impossível pôde sentir era aquela música: “Venha Josephine na minha máquina voadora, para o céu tão alto…”


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Notas finais do capítulo

Gostaram da aventura no Titanic? Alguma dúvida ou sugestão? Pedidos? Críticas? Falem comigo por favor. Beijos queridos e até o próximo.